Capítulo 04

Neal Sullyvan

Quando abro a porta do meu quarto que vejo a minha namorada, de quatro, com meu primo por trás segurando seus cabelos, chamando-a por palavras obscenas, enquanto a tomava feito um desesperado, meu sangue ferve em minhas veias.

— Isso Damon, com força! Assim... — Fala a ordinária, miando e gemendo com o rosto enterrado em meu travesseiro enquanto é tomada por Damon. Eu não consigo acreditar no que vejo!

MAS O QUE É ISSO? Minha namorada de quatro, sendo tomada por meu primo, enquanto grita como uma felina e para completar, estão no meu quarto!

— Isso gata! Toma sua safada. — Berra, Damon gemendo. — Empina esse rabinho pra mim, vai sua cadela, isso, empina esse rabo gostoso.

Por dez segundos eu observo a cena sem poder acreditar no que estou vendo. Acho que meu sangue subiu todo para minha cabeça pois meus ouvidos estão zunindo e estou sentindo meu rosto esquentar.

— THAÍS! — Grito com fúria.

— Neal! — Thaís me encara com surpresa, atreves do espelho na parede oposta, sua boca abrindo e fechando, buscando uma explicação que não tem.

Sem conseguir raciocinar direito, arranco Damon de cima da minha cama e desfiro um soco bem em cheio no seu nariz, usando toda a minha força. Vejo o sangue jorrar, enquanto ele me encara com expressão de choque. Por essa você não esperava, não era seu babaca!

Esses dois filhos de uma chocadeira estavam rindo da minha cara me fazendo de corno há muito mais tempo? E eu idiota confiando cegamente nessa ordinária! Que idiota que eu fui.

— Neal, não é o que está pensando — Thaís coloca as roupas com pressa e vem em minha direção. — Eu posso explicar, querido.

Sério! Não é o que estou pensando? Ela vai mesmo usar isso? Que tipo de idiota manipulável ela acha que eu sou? Claro, o idiota que a respeitou por todos esses anos, que aguentou todos os seus chiliques e foi burro o bastante para comprar um anel de noivado achando que seus sentimentos eram correspondidos.

Desgraçados!

— Dane-se vagabunda! — Grito, dando-lhe as costas. — Era para isso que você queria casar, era esse o seu grande amor que dizia sentir por mim? Desde quando estou sendo feito de idiota? Em Thaís!

A gritaria no corredor e o idiota do meu primo com o nariz quebrado jorrando sangue para todo lado, chama a atenção das pessoas e quando desço as escadas tem várias pessoas nos encarando querendo entender o que de fato está acontecendo.

Eu pego essa cachorra me traindo com outro homem como uma gata no cio e ela me vem com: não é o que você está pensando. Sério isso? Vá ver se estou na esquina!

Anos desperdiçados com uma ordinária a qual eu pensava que me amava. Anos fazendo planos, criando expectativas de uma vida juntos. Estudar, trabalhar para dar para NÓS DOIS um bom futuro. Como fui idiota! Imbecil. Imbecil.

— Neal, espere! — Ouço sua voz estridente atrás de mim e não acredito que ela ainda tem coragem de dizer que não é o que estou pensando como se eu fosse louco ou cego. — Ouça-me, Neal.

— Não tenho nada para ouvir, Thaís. O que eu vi foi o bastante — viro-me para ela com olhar de desprezo — Aliás, nunca mais quero ver sua cara na minha frente.

— Não é o que você está pensando — Thaís começa a chorar como se fosse uma menininha que tivesse sido obrigada a fazer sexo contra sua vontade. — Ele me seduziu.

Sinceramente, tenho vontade de rir e é isso que faço. Minha gargalhada é libertadora. Rio tanto que chego a me dobrar segurando meu abdômen. A sua capacidade ilimitada de me tachar de imbecil é incrível. Será que pareço ser tão estúpido assim? Vai ver pareço sim.

— Acho que isso explica tudo — suspiro usando um tom tão sarcástico quanto o dela e me aproximo para dá mais ênfase a cena que irei contracenar. — Ele a seduziu?

— Sim — ela balança a cabeça, fazendo cara de inocente coisa que nunca foi.

— Acha mesmo! — Seguro seus cabelos e puxo-os para trás com força. — Acha mesmo que acredito que seja uma pobre inocente, e que vou cair nessa desculpa ridícula? Empurro-a para longe de mim, sentindo-me como se me contaminasse ao tocar-lhe. Vejo-a bater as costas contra a parede e cair de quatro bem na minha frente.

— Mas o que é isso Neal? Porque seu primo está com o nariz quebrado sangrando e você está falando assim com sua namorada? — pergunta a estupida da minha tia que não sabe a hora de manter a porra da boca fechada, mas quer saber, que dane-se todos. Já que estão todos reunidos, vamos ao show.

— Porque acabei de pegar seu filhinho e minha EX-NAMORADA se atracando como dois animais no cio em cima da minha própria cama. — digo em alto e bom som.

Todo mundo faz cara de choque me olhando como se tivesse nascido três cabeças em mim, ou vai ver são os chifres apontando. Deve estar igual as renas do papai Noel.

— Quem não dá assistência abre a concorrência primo. — Diz Damon e acho que não quebrei o nariz dele direito, só pode ser isso já que ele ainda está falando.

— Você foi o culpado, pois ultimamente você nem liga para mim, sempre na droga da sua faculdade ou inventando desculpa dizendo que estava ocupado trabalhando. — Grita Thaís.

Ótimo. O babaca aqui ralando feito um condenado, mal dormindo para dá tempo conciliar a faculdade, o trabalho e os projetos e o pouco que esperava era que sua estúpida namorada o entendesse já que ela também seria beneficiada depois desse sacrifício. Mas vai ver eu fui mesmo negligente.

Aproveito que todo mundo está na sala vendo o escândalo e decido abrir logo o jogo.

— Sabe o porquê de ultimamente eu estar sempre ocupado? Vou te contar, Thaís. Eu, além de fazer os inúmeros trabalhos para a faculdade, de trabalhar para me sustentar como todos vocês sabem, pois não nasci em berço de ouro, estava trabalhando em um projeto que me garantiu um emprego. É, isso mesmo. Um emprego. O garçom aqui, — aponto para meu peito. — Foi convidado para trabalhar em Dubai. Vocês conhecem Dubai? Já ouviram falar? Dubai a cidade do futuro! Pois bem, eu estou indo para lá construir lindo prédios, junto com vários outros engenheiros de renome. Era nisso que eu estava ocupado sua piranha de quinta, enquanto você abria suas pernas para meu primo.

— Você está indo para Dubai e nem me avisou! Você por um acaso estava pretendendo ir sem mim? Eu sou sua namorada, e para onde você for eu vou.

Sério isso!?

— Definitivamente Thaís, Erick está certo quando diz que essa água oxigenada que você usa nos cabelos está afetando seu cérebro. Primeiro, eu estou indo a trabalho, portanto vou sozinho. Segundo, você já não é mais nada minha. Terceiro, saia da minha casa, aqui você não é mais bem vinda. Eu ia te contar, por isso falei que queria que ficássemos juntos hoje à noite. Eu não ia te levar agora, mas ia colocar um anel em seu dedo para que você soubesse o quanto eu levo a sério meus sentimentos e assim que possível viria te buscar, mas você não acreditou em mim e achou melhor me trair. Se não me amava mais, porque não chegou até mim como uma pessoa descente faria? Porque continuar insistindo em um relacionamento no qual você não queria mais viver? Mas já que você achou que o Damon era melhor do que eu, fique à vontade e aproveite para sair da minha casa, os dois. É Thais, você pensava que eu era ruim, sinto muito te dizer, agora arranjou outro pior do que eu.

— A casa é dos seus pais e não sua, seu estúpido. Você mere...

— Muito bem, então fora da minha casa e saia de perto do meu filho. — Fala minha mãe ao mesmo instante que sua mão vai em cheio no rosto de Thaís deixando a todos de olhos arregalados quando o estalo é ouvido por toda a sala e o vergão das marcas dos seus dedos começam a ficar visíveis o rosto de Thaís que o esfrega com sua mão e acredito está queimando, já que vermelho está e muito.

Meu irmão se aproxima dela, pegando-a pelo braço e sai arrastando-a para fora como se estivesse levando um saco de lixo, o que não deixa de ser.

— Oh, meu filho esqueça ela. Ela não te merece meu amor e não se culpe. Coisas melhores Deus têm reservado para você, meu filho. Parabéns meu amor! Você vai conseguir ser feliz meu filho, você merece. Eu vou sentir tanta saudade de você mais sei que vai ser para seu bem essa viagem e esse trabalho. — Murmura mamãe alisando meu rosto e me abraçando.

Eu só a abraço de volta fechando meus olhos, sentindo meu corpo esfriando depois de toda adrenalina que senti. Meu peito dói devido a traição e a humilhação, tenho vergonha de olhar na cara das pessoas que estão presentes e com isso, aproveito ainda mais os braços da minha mãe, buscando neles o controle que preciso para conseguir encerrar esse dia antes de desmoronar.

— Querido, parabéns! E perdoe seu primo, vocês jovens não pensam no que fazem, eu me sinto como uma mãe que acabou de ver seu filho formado, estou tão orgulhosa de você, Neal. — Diz minha tia vindo me abraçar mas eu me afasto do seu abraço. Já chega de cinismo, chega de pessoas falsas em minha vida. Chega de ficar quieto aceitando perto de mim quem só quer tirar proveito, pegar carona.

— Tem certeza tia? Não foi isso que me pareceu quando fui para sua casa! Não sabia que a senhora tratava um filho como me tratou! Como se eu fosse um leproso, me enfiando naquele quartinho embaixo da escada onde guarda suas vassouras, onde eu mal conseguia me mexer. Não sabia que a senhora deixava seus filhos com fome como me deixava.

— Do que você está falando meu filho? — Pergunta meu pai olhando de mim para tia Elizabeth que parece ter perdido uma boa parte do seu sangue já que seu corpo está branco como um fantasma.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo