Ele sorri de forma apreciativa.
—Ótimo. Esse cargo que você ocupará não permitirá que você tenha compromissos fora, nem com ninguém.
Eu respiro fundo tentando entender aonde ele quer chegar com tudo isso. O que ele vai me propor?
—Você tem parentes? —Uma nova pergunta.
Com o coração agitado respondo:
—Não, sou só eu.
Ele me olha pensativamente.
—Eu andei te investigando. Descobri que tem uma grande dívida no São Marcos.
O quê? Meu coração dá um salto no peito e minhas mãos tremem.
Por que me investigar? Por que diabos ele precisava saber disso?
—Sei que está confusa, mas tive que entrar na sua vida para saber com quem eu estava lidando.
—Então deve saber tudo sobre mim. Por que me perguntou se tenho namorado ou parentes?
—Para você entender que se aceitar o que eu vou te propor, sua vida sentimental será zero. Amigos, parentes, tudo deve sumir nesse momento. Você se dedicará exclusivamente ao seu cargo.
Ficamos em silêncio por alguns minutos. Ele está completamente à vontade, enquanto ele olha curiosamente para mim; e eu estou à beira de perder minha mente.
Que proposta é essa? Por Allah!
Ele continua:
—O que tenho a propor a você é algo inusitado. Diferente de tudo que você já ouviu, por isso eu preciso de sua total discrição. Primeiro você terá que me prometer que esse assunto não sairá daqui!
Meu coração se agita no peito, eu me sinto dentro de um plano sórdido ou diabólico.
—Tudo bem. Nunca ninguém saberá dessa conversa.
—Você entende que se sair esse assunto dessa sala, sou poderoso o suficiente para fazer da sua vida um inferno?
O tom de sua voz não é amigável, e as palavras não fazem com que eu me sinta melhor. Eu coloco a garrafa em cima da mesa disposta em frente ao sofá e o encaro.
—Você está me ameaçando?
Nada na expressão fria de Rashid muda.
—Estou sendo prático. Só quero que entenda que precisará cumprir sua palavra, senão terá consequências.
Eu estou cansada, com fome e não vejo a hora de ouvir o que ele tem para me dizer e sair dali.
—Eu prometo. Pode ficar tranquilo.
—Ótimo. Preste atenção. Ouça primeiro uma história que eu vou te contar. Eu pertenço a uma família tradicional americana. Embora meus avós fossem libaneses, não carregamos os costumes. Todos meus irmãos se casaram, só sobrou eu, o solteirão da casa. Eu tenho sido um desgosto para meu pai. Ultimamente ele tem tido muitos desgostos, principalmente quando meu irmão largou tudo para ser professor numa cidade pequena. Por eu dar continuidade nos negócios da família, sou o mais cobrado também. Ele não vê a hora que eu me case. Só que o sonho dele é que ela seja uma mulher de nossas origens e aí que você entra.
Hã? O quê? Por quê? Onde? Como?
—Como eu poderei ajudar? Eu não conheço ninguém das minhas origens de alto poder aquisitivo para te ajudar?
Rashid soltou o ar com angústia.
—Meu pai está morrendo. Ninguém sabe. Nem meu irmão, nem minha irmã. Só eu. E eu sei porque ele me contou, porque no fundo ele quer que eu me mexa, resolva a minha vida antes que ele morra.
Eu solto o ar também angustiada e ao mesmo tempo muito nervosa.
—Desculpe-me, Rashid. Mas aonde eu entro nisso tudo?
—Eu quero que você seja a minha namorada de mentira e futura noiva.
—O quê? —Eu arregalo os olhos e pergunto alto, como se não tivesse escutado direito. Meu coração b**e erraticamente.
Rashid se inclina, seus lábios curvando-se em um sorriso pela minha reação.
—Eu preciso de alguém para bancar a minha futura noiva, e você vai servir.
Eu estou perplexa com esse tipo de proposta. Só alguém frio como ele para propor algo assim.
—Você quer enganar seu pai?
Rashid parece irado com a minha pergunta.
—Eu quero vê-lo feliz. Quero que ele se sinta realizado nesses últimos momentos. É só isso que precisa saber. Eu estou fazendo o melhor para ele. Quero que ele pare de se preocupar comigo.
Eu me levanto, me sentindo nervosa.
—Não sei.
—Sente-se e me ouça. —Eu o encaro indecisa e me sento novamente. Olho para ele com a respiração difícil. — Para começar, você não está em condições de rejeitar. Eu vi onde você mora, eu sei o quanto deve. Eu pretendo pagar tudo, todos os gastos que você teve com seu irmão no hospital e pretendo te tirar daquela espelunca. Vou te ajudar com uma boa quantia em dinheiro quando seus serviços terminarem. E todas as joias que receber serão suas.
Allah! Ele sabia que eu não tinha dinheiro para pagar de imediato as dívidas. E sabe-se lá quando eu vou conseguir quitá-las. Ele deve saber que eu estou louca atrás de outro emprego para conseguir pelo menos negociá-las.
—Você está usando das informações da minha vida para me obrigar?
Rashid me encarou sério.
—Khadija. Não seja melodramática. Eu estou sendo seu salvador, não percebe? Quando você terá a chance de se livrar dessa dívida com a facilidade que eu estou te oferecendo?
Allah! Eu engulo em seco. O que mais me incomoda é que ele está certo. A dívida estava virando uma bola de neve. Mesmo que eu pudesse pagá-la aos poucos, ela nunca seria paga por causa dos juros.
Eu respiro fundo.
—Tudo bem. Eu aceito ser sua namorada. —Eu digo. No profundo do meu coração eu me sinto fazendo um pacto com o diabo.
Rashid sorri.
—Ótimo! Acordo fechado! —Ele se levanta e estende a mão para mim.
Eu me levanto e a aperto como se tratássemos de negócios.
—Fechado! —Eu digo e ele aperta minha mão e a solta.
—Primeiro. Você se instalará no meu hotel. Não te quero mais naquela espelunca. Vamos sair juntos para comprar roupas novas. Roupas que condizem com minha posição social. E terceiro, você não voltará mais dançar naquele lugar.
Trêmula eu concordo:
—Tudo bem. —Eu respiro fundo. —Só uma pergunta. Você não teria dificuldade de arrumar uma mulher sem precisar pagar por ela. Até das minhas origens. Seu pai poderia fazer isso, não poderia?
Ele aperta os lábios, contrariado.
—Verdade. Mas eu não estou aberto a relacionamentos, então eu estaria iludindo essa pessoa. Com você é diferente. Você vê isso como um trato, você sabe que viverá um papel.
Eu estremeço.—Entendo.Ele se aproxima de mim, assustada dou um passo para trás. Ele sorri e olha para mim por vários momentos, e eu não consigo ler sua expressão. Fico mais desconfortável a cada segundo que passa. Ele é enorme, agora que percebo como ele é forte e alto.—Khadija. —Ele fala como se tivesse provando meu nome com sua língua. —Você precisa aprender a relaxar comigo. Meu pai é muito perspicaz. Se cada vez que eu me aproximar, você saltar como fez agora, tudo irá por água abaixo.Silencio por um momento. Eu estou muito ofegante, de repente começo a sentir esse prazer inexplicável que corre através de mim, que não é tão invisível quanto eu penso que é. Minhas bochechas aquecem. Meu coração está agitado no peito. Balanço a cabeça apenas concordando, lutando para manter meus olhos fixos nos dele.Seus olhos descem para os meus lábios. Eu estremeço, pois sei o que ele fará. Posso ver seu coração agitado como o meu, ele também está ofegante. Então ele me puxa para os seus braç
No dia seguinte fico em frente ao espelho e dou uma última olhada na minha figura. Meu vestido tubinho preto vai até o joelho. Meus cabelos negros estão soltos, mas devidamente bem penteados, a maquiagem é leve. Não sou eu naquela imagem refletida no espelho, mas sei que de agora em diante eu vou ter que me vestir dessa maneira.Saio do quarto e caminho em direção aos elevadores. Os saltos altos nos meus pés me lembram do quanto eu me sinto desconfortável com eles.A secretária simpática de Rashid me recebe com um sorriso. E como da outra vez, eu entro no escritório do Rashid sem bater.Meu coração acelera como sempre acontece quando eu estou prestes a vê-lo. Não entendo muito o porquê dessa minha reação, mas respirar fica sempre mais difícil quando dou de cara com esses olhos negros.Rashid sorri para mim, um sorriso torto. Imediatamente isso envia ondas de calor pelo meu corpo. Eu sorrio com frieza para ele, pois o que eu menos quero é demonstrar que babo por ele.Posso sentir o rub
Algo que sem dúvida chamou minha atenção – e não era preciso ser muito observadora – foi o quanto essa família parecia gostar de lutas, das batalhas e guerras. Nas salas da seção central da mansão, que são decoradas em madeiras nobres, nos escritórios internos e nas suas bibliotecas, estão dispostas armas antigas. Ali, um arcabuz de algum tempo muito anterior à guerra civil; em outra parede, alabardas e espadas medievais. Ao lado da estante, na biblioteca, armaduras de cota de malha.É nessa mansão que se iniciou a minha história. Na casa antiga que domina uma colina de onde se pode ver o mar logo abaixo, que quebra em uma linda praia particular de areias claras.Depois que Rashid me mostrou a casa, o pai dele surgiu na sala para me conhecer. Rashid nessa hora envolveu minha cintura e com um sorriso me apresentou para ele. Foi neste momento que eu me apaixonei pelo velhinho simpático e de sorriso fácil. Quem olhasse para ele não diria que estava doente ou com problemas sérios de saúde
Eu concordo. Rashid dá um sorriso lento e me puxa de encontro a ele. Tudo isso é uma farsa? Eu me pergunto quando vejo o calor do seu olhar. Com a respiração presa nos meus pulmões, observo a sua boca. Meu corpo inteiro vibra quando ele me puxa ainda mais perto e desce os lábios sobre os meus. Ele deveria ir para o inferno por ser tão sedutor. Sua língua invade a minha boca e se move sobre a minha. Meu coração se agita.Uma mão se enrosca nos meus cabelos e agarra uma mecha deles, de modo que o meu rosto se incline mais para o seu. Ele me beija longamente, e só vai me soltando aos poucos.— Então, vamos recapitular — Ele diz quando se inclina para sussurrar no meu ouvido. —Quando eu estiver em casa nós vamos encenar, debaixo dessas câmeras seremos bem convincentes. O meu pai é muito esperto e com toda certeza ele vai buscar as imagens para saber como está evoluindo o namoro.Logo depois ele me afasta.—De vez em quando vou precisar entrar no seu quarto e ficar algum tempo por lá.Eu e
Rashid ri e abre o cinto. Eu fico vermelha. Outro sorriso e ele puxa o zíper, sua calça indo para o chão. Ele se senta na cama tranquilamente, e sem me dar ouvidos retira as suas meias.—Você precisa se acostumar comigo. Vamos para a praia, andar de iate e ficaremos na piscina. Em todas essas oportunidades o meu pai pode querer nos acompanhar. Se você tiver essa reação toda vez que me ver só de calção, vai acabar com o nosso disfarce. Então relaxa, eu não vou fazer nada com você.Ele fica de pé e me olha como se fosse normal ele estar só de cueca preta Calvin Klein no meio do meu quarto.Com o coração agitado eu reviro os olhos e, balançando a cabeça, saio em direção ao banheiro pisando duro. Fico por lá um tempão, ando de um lado para o outro me questionando se eu fiz a coisa certa ao fechar um acordo com esse cara. Toda hora ele surge com alguma novidade, algo que ele não explicou ou não revelou antes.Com o coração agitado resolvo sair do banheiro. Rashid está lá, deitado tranquil
No dia seguinte eu acordo cedo e arrumo-me. Coloco um dos vestidos que ele me deu. Pego um preto de corte simples, mas que valoriza as minhas formas e rejeito as outras opções de cores. O meu humor está mais para o vestido preto, não quero agir como um pavão que clama pela sua atenção. Na verdade, se eu puder passar despercebida será melhor. Eu estou uma pilha de nervos pois não sei o que me espera daqui para frente.Não!Na verdade, eu sei!Saio do quarto e logo sou recepcionada pela empregada, a Zilá.—Bom dia Senhorita.—Bom dia, Zilá.—Rashid já se levantou. Ele está na biblioteca, me pediu para que a Senhorita o aguardasse na sala.Eu respiro fundo, dou-lhe um sorriso e digo:—Tudo bem.Quando ela sai vou até a janela, e ao abrir um pouco as cortinas me pego admirando a praia.Há um pequeno gramado verdinho em frente à casa, depois a areia fofa e branca, logo adiante se erguem altos coqueiros e embaixo deles espreguiçadeiras com guarda-sóis. Tudo isso de frente para um lindo mar
Eu me levanto da cadeira e ele me conduz através de um corredor largo e extenso, as paredes são revestidas com papel de parede creme e dourado e há lindos quadros espalhados estrategicamente. Há também vasos com flores do campo em cima de um lindo aparador de ouro envelhecido.Ele abre uma grande porta e me vejo diante de uma biblioteca repleta de livros, uma grande televisão em frente a um sofá confortável e reclinável. Ao lado um bom aparelho de som. Mais adiante um piano que está localizado em frente a uma grande janela e uma escrivaninha com um notebook de última geração.—Aqui é o lugar preferido do meu pai, mas até isso a doença lhe roubou. Agora eu o vejo poucas vezes por aqui.Eu assinto e olho para o alto, não vejo nenhuma câmera. Encaro Rashid que me dá um sorriso diabólico.Rashid se aproxima e me envolve nos seus braços. Ele se inclina para frente até que o seu nariz quase toque o meu.—Sim, não há câmeras aqui. Mas a repetição do comportamento nos levará a perfeição. Ente
E agora? É ele no seu papel de homem apaixonado? Esse murmurar no meu ouvido é para que eu tenha esta reação? De olhá-lo com olhos apaixonados, de sorrir para ele?Mais uma vez ele consegue, logo eu estou fascinada por seus olhos fixos nos meus.—Obrigada. —Digo rouca, já com o coração agitado.—Pedi para que o capitão nos leve até um ponto do alto mar. Você sabe nadar? Podemos pular no mar, ou você prefere usar a Jacuzzi?Eu observo a linda Jacuzzi para 16 pessoas de águas claras e borbulhantes e o encaro.—Eu adoro esportes radicais, prefiro pular no mar. Adoro emoções fortes.Ele parece impressionado com a minha resposta porque as suas sobrancelhas se erguem. Seus olhos brilham com um incompreensível sentimento. Me remexo incomodada diante do seu olhar avaliador. Meu coração pulsa rapidamente.Seus olhos negros estão semicerrados. Os cantos da sua boca sensual se curvam no que parece ser o leve indício de um sorriso.Parece que eu nunca o vi tão arrogante, tão pecaminosamente sexy