Dia seguinte, oito horas da manhã, casa de Helena...KhadijaEu envolvo a xícara de porcelana com os dedos para sentir seu calor. Helena e eu estamos na cozinha tomando chocolate quente.—Essa casa agora tem perfume de rosas.Eu fungo.—Ele está tentando amolecer meu coração.Os cartões agora estão cheios de declarações de carinho e amor. “Rosas para uma mulher especial, com amor Rashid”. “Te amo, Rashid” E não com alguma palavra que me agradasse e depois as falas: “preciso de seu serviço, esteja pronta essa noite. ”—E tem conseguido?—Não sei. Ele ainda me assusta, e muito. Tenho medo de me machucar. Desculpe-me por ontem. As flores tumultuaram as coisas para você.—Imagina, deu tudo certo. Ele de certa forma entendeu. —Ela riu. —Roger precisa confiar em mim. Mas sabe que gostei do ciúme dele? Isso prova que ele me ama. Ele só não gostou de saber que Rashid te descobriu.—Homem conhece outro homem. Sabe que tenho medo que ele esteja certo?—Nada disso! Não pensa assim. Dê uma chance
RashidSou engolfado pela dor, meu pesadelo se torna realidade, o desespero está a ponto de me envolver com o medo de perdê-la e isso está a ponto de me derrubar, mas uma força parece ganhar terreno em meu interior, a força do amor.Eu avanço em sua direção e a envolvo em meus braços. Ela grita, depois luta. Mas eu a seguro firme enquanto ela se mexe, tentando sair do meu abraço. Fico assim, até ela parar de lutar.Quando ela para, cheiro seus cabelos e começo a arder de desejo, saudade e paixão. Beijo seus cabelos. —Eu não vou desistir de você, Khadija. —Digo emocionado.—Me solta ...eu estava tão bem até você aparecer. —Ela diz erguendo a cabeça e olhando no fundo dos meus olhos.—Eu quero você. Sou louco por você.... —Aproximo o rosto, esfrego meus lábios nos dela, emocionado. —Você não sabe o que é o amor. Se soubesse....Enfio os meus dedos em seus cabelos e a beijo na boca. Ela se assusta e empurra meu peito. Mas eu a mantenho firme e enfio a língua em sua boca, gemendo rouco,
Dez dias depois do meu último encontro com Rashid...Sábado, hora do almoço...KhadijaEstamos todos acomodados em torno da mesa na sala de jantar comendo macarronada que Helena fez. Eu, Roger, Helena e Anna de cinco anos, sobrinha dela e que veio visitá-la.O molho à bolonhesa dela é divino. Tento fazer igual, mas não consigo. Comemos todos num clima gostoso. Anna é uma gracinha. Estou feliz que terei menino, mas vejo que se tivesse uma menina, estaria muito feliz também.Quando finalizamos o almoço eu ajudo Helena com a louça. Depois nos juntamos a Anna e Roger na sala. Anna está sentada no tapete desenhando e Roger assistindo o noticiário. Helena se acomoda ao lado dele. Ele a abraça.—Barak não te procurou mais, mesmo? —Roger questiona.Eu encaro Roger.—Não. Ele está me dando um tempo para me decidir por nós. E o que você resolveu?Eu sinto meu coração se agitar no peito.—A verdade é que eu não entendi esse tempo que ele me deu, embora ele tenha me ligado e perguntado como eu es
—Vem, quero te mostrar outra coisa.Eu prometi a mim mesma que iria tentar entender Rashid, por isso não relutei em ir. Eu respiro fundo e me deixo ser levada por ele.Passamos pela sala e entramos num corredor amplo. Então paramos, passamos por algumas portas e paramos em uma. Rashid abre e entra primeiro, eu depois. Eu me deparo com um belíssimo quarto. Todo decorado de azul e branco. Um berço grande com um lindo mosquiteiro todo bordado. Uma poltrona confortável ao lado do berço.Armários combinando. Outro com fraldas e trocador. Vários brinquedos arrumados de forma estratégica em prateleiras.—Rashid, é isso então? Você quer me ganhar com uma nova casa?Seus olhos brilham nos meus.—Não. Esse é o cenário apenas. Mas eu quero te ganhar te prometendo todo meu amor, uma nova vida. Quero ser seu marido, e não seu amante. Quero ser o pai presente do nosso filho.Eu o encaro emocionada.Quando olho para Rashid agora, vejo amor em seus olhos, vejo o reconhecimento de seus erros. Vejo o
Khadija AzizCemitério de Miami Bem, a farsa acabou, penso olhando para o verde sombrio repleto de lápides e rodeado por cercas e portões de ferro. O céu está cinza, combinando com este dia tão triste. Uma brisa gelada farfalha pela copa das árvores. Apenas os canteiros de flores vermelhas e amarelas vibrantes quebram o aspecto sombrio do local.Intranquila eu olho de soslaio para o mais novo Sheik. Rashid Jael Barak. Ele está ali, em silêncio, não olha para mim, apenas encara o caixão do pai sendo baixado, ouvindo o Shaykh dizer algumas palavras de alento.Pó ao pó... O Sheik Al Jain está morto, penso sendo imergida pelo desânimo, desanimo este que parece me sufocar, me inundar. Eu realmente gostava dele, ele era um homem sábio, pacato e de sorriso fácil.Uma multidão de pessoas está presente para se despedir, e entre essas pessoas está o Zafir, irmão do Rashid, que segura um grande guarda-chuva preto e está ao lado da esposa com um bebê de um ano no colo.Rashid conversou muito pou
Essa é a nossa história, um amor unilateral. Eu me pego me lembrando em como os nossos caminhos se cruzaram...Três meses atrás...Conheci Rashid em um dia chuvoso, uma época difícil da minha vida. Meu irmão tinha acabado de falecer e eu já morava há dois meses em um albergue para mulheres. Local horrível. Havia um banheiro que eu dividia com mais nove pessoas, mas isso nem era o pior. Como se não bastasse tudo isso, eu ainda tinha uma tremenda dívida com o hospital que tratou do meu irmão.Nesse dia eu dancei como um robô, naquela noite eu fiz o meu papel de odalisca. Diverti os presentes, mas eu não via a hora de sair daquele lugar, queria chorar em algum canto.Quando terminei o meu trabalho me troquei rapidamente. Eu não tinha predileção por roupas caras nem nada disso. Eu nem sabia o que estava na moda, me vestia de forma desleixada. Agora no papel de odalisca eu sempre passei outra imagem, a de uma mulher linda e exuberante, que sempre chamava a atenção do seu público.Neste dia
No dia seguinte eu vou trabalhar. Visto o meu traje para dançar. Um biquíni branco com adereços e véus presos a ele. Maqueio o meu rosto como de costume, reforçando mais a área dos olhos com uma sombra escura, lápis preto, e delineador.Hoje me parece uma daquelas noites em que absolutamente nada fica fora do lugar. Passo os olhos pelas mesas baixas nos clientes sentados em almofadas. Homens sozinhos, famílias inteiras, homens e mulheres acompanhados. Estaco quando eu o reconheço. Na última mesa à direita está sentado o meu salvador, que tem a sua atenção voltada exclusivamente para mim.Os refletores se acendem, me envolvendo, e o palco se enche de suaves nuvens de fumaça. Eu ergo os braços e coloco uma das minhas pernas torneadas para frente, algumas pessoas assobiam com o meu gesto. Assim que a música Laily Lail de Mario Reyes e Carole Samaha se inicia eu começo a dançar, mexo freneticamente as minhas pernas e quadris. Agora eu não sou mais uma mulher comum, eu visto o personagem
Eu toco no meu pescoço e deslizo a mão sobre ele, incapaz de parar o gesto de nervosismo, querendo desesperadamente que ele pare de me olhar desta maneira tão estudada e tão intensa. Seus olhos negros tempestuosos me mantêm cativa.Ele abre a porta do carro e me convida para entrar fazendo um gesto com a sua mão.—Entre.Eu congelo, sem conseguir me mover. Rashid se aproxima e para na minha frente.—Eu não vou te fazer mal, ontem eu te salvei. Acho que comportamentos assim geram segurança, não?Eu estremeço diante do seu olhar quente.—Você não é nenhum mafioso ou coisa do tipo, é?Ele inclina a cabeça para trás e ri, sua garganta bronzeada zombando de mim, quase tanto quanto a sua risada musical. Eu tento lutar contra a chama do desejo que percorre o meu corpo.—Não, não sou. —Ele diz fazendo um esforço supremo para conter a sua risada. —Gosto disso, da sua ingenuidade em relação a quem eu sou. Por favor, entre e ouça a minha proposta.Eu me sinto emocionalmente confusa, me criticand