Algo que sem dúvida chamou minha atenção – e não era preciso ser muito observadora – foi o quanto essa família parecia gostar de lutas, das batalhas e guerras. Nas salas da seção central da mansão, que são decoradas em madeiras nobres, nos escritórios internos e nas suas bibliotecas, estão dispostas armas antigas. Ali, um arcabuz de algum tempo muito anterior à guerra civil; em outra parede, alabardas e espadas medievais. Ao lado da estante, na biblioteca, armaduras de cota de malha.É nessa mansão que se iniciou a minha história. Na casa antiga que domina uma colina de onde se pode ver o mar logo abaixo, que quebra em uma linda praia particular de areias claras.Depois que Rashid me mostrou a casa, o pai dele surgiu na sala para me conhecer. Rashid nessa hora envolveu minha cintura e com um sorriso me apresentou para ele. Foi neste momento que eu me apaixonei pelo velhinho simpático e de sorriso fácil. Quem olhasse para ele não diria que estava doente ou com problemas sérios de saúde
Eu concordo. Rashid dá um sorriso lento e me puxa de encontro a ele. Tudo isso é uma farsa? Eu me pergunto quando vejo o calor do seu olhar. Com a respiração presa nos meus pulmões, observo a sua boca. Meu corpo inteiro vibra quando ele me puxa ainda mais perto e desce os lábios sobre os meus. Ele deveria ir para o inferno por ser tão sedutor. Sua língua invade a minha boca e se move sobre a minha. Meu coração se agita.Uma mão se enrosca nos meus cabelos e agarra uma mecha deles, de modo que o meu rosto se incline mais para o seu. Ele me beija longamente, e só vai me soltando aos poucos.— Então, vamos recapitular — Ele diz quando se inclina para sussurrar no meu ouvido. —Quando eu estiver em casa nós vamos encenar, debaixo dessas câmeras seremos bem convincentes. O meu pai é muito esperto e com toda certeza ele vai buscar as imagens para saber como está evoluindo o namoro.Logo depois ele me afasta.—De vez em quando vou precisar entrar no seu quarto e ficar algum tempo por lá.Eu e
Rashid ri e abre o cinto. Eu fico vermelha. Outro sorriso e ele puxa o zíper, sua calça indo para o chão. Ele se senta na cama tranquilamente, e sem me dar ouvidos retira as suas meias.—Você precisa se acostumar comigo. Vamos para a praia, andar de iate e ficaremos na piscina. Em todas essas oportunidades o meu pai pode querer nos acompanhar. Se você tiver essa reação toda vez que me ver só de calção, vai acabar com o nosso disfarce. Então relaxa, eu não vou fazer nada com você.Ele fica de pé e me olha como se fosse normal ele estar só de cueca preta Calvin Klein no meio do meu quarto.Com o coração agitado eu reviro os olhos e, balançando a cabeça, saio em direção ao banheiro pisando duro. Fico por lá um tempão, ando de um lado para o outro me questionando se eu fiz a coisa certa ao fechar um acordo com esse cara. Toda hora ele surge com alguma novidade, algo que ele não explicou ou não revelou antes.Com o coração agitado resolvo sair do banheiro. Rashid está lá, deitado tranquil
No dia seguinte eu acordo cedo e arrumo-me. Coloco um dos vestidos que ele me deu. Pego um preto de corte simples, mas que valoriza as minhas formas e rejeito as outras opções de cores. O meu humor está mais para o vestido preto, não quero agir como um pavão que clama pela sua atenção. Na verdade, se eu puder passar despercebida será melhor. Eu estou uma pilha de nervos pois não sei o que me espera daqui para frente.Não!Na verdade, eu sei!Saio do quarto e logo sou recepcionada pela empregada, a Zilá.—Bom dia Senhorita.—Bom dia, Zilá.—Rashid já se levantou. Ele está na biblioteca, me pediu para que a Senhorita o aguardasse na sala.Eu respiro fundo, dou-lhe um sorriso e digo:—Tudo bem.Quando ela sai vou até a janela, e ao abrir um pouco as cortinas me pego admirando a praia.Há um pequeno gramado verdinho em frente à casa, depois a areia fofa e branca, logo adiante se erguem altos coqueiros e embaixo deles espreguiçadeiras com guarda-sóis. Tudo isso de frente para um lindo mar
Eu me levanto da cadeira e ele me conduz através de um corredor largo e extenso, as paredes são revestidas com papel de parede creme e dourado e há lindos quadros espalhados estrategicamente. Há também vasos com flores do campo em cima de um lindo aparador de ouro envelhecido.Ele abre uma grande porta e me vejo diante de uma biblioteca repleta de livros, uma grande televisão em frente a um sofá confortável e reclinável. Ao lado um bom aparelho de som. Mais adiante um piano que está localizado em frente a uma grande janela e uma escrivaninha com um notebook de última geração.—Aqui é o lugar preferido do meu pai, mas até isso a doença lhe roubou. Agora eu o vejo poucas vezes por aqui.Eu assinto e olho para o alto, não vejo nenhuma câmera. Encaro Rashid que me dá um sorriso diabólico.Rashid se aproxima e me envolve nos seus braços. Ele se inclina para frente até que o seu nariz quase toque o meu.—Sim, não há câmeras aqui. Mas a repetição do comportamento nos levará a perfeição. Ente
E agora? É ele no seu papel de homem apaixonado? Esse murmurar no meu ouvido é para que eu tenha esta reação? De olhá-lo com olhos apaixonados, de sorrir para ele?Mais uma vez ele consegue, logo eu estou fascinada por seus olhos fixos nos meus.—Obrigada. —Digo rouca, já com o coração agitado.—Pedi para que o capitão nos leve até um ponto do alto mar. Você sabe nadar? Podemos pular no mar, ou você prefere usar a Jacuzzi?Eu observo a linda Jacuzzi para 16 pessoas de águas claras e borbulhantes e o encaro.—Eu adoro esportes radicais, prefiro pular no mar. Adoro emoções fortes.Ele parece impressionado com a minha resposta porque as suas sobrancelhas se erguem. Seus olhos brilham com um incompreensível sentimento. Me remexo incomodada diante do seu olhar avaliador. Meu coração pulsa rapidamente.Seus olhos negros estão semicerrados. Os cantos da sua boca sensual se curvam no que parece ser o leve indício de um sorriso.Parece que eu nunca o vi tão arrogante, tão pecaminosamente sexy
—Acho que vou tomar um banho quente depois de você.—Venha cá! —Ele me puxa e me conduz até Jacuzzi. —Relaxe. Depois você toma um banho. A temperatura da água é mais quente do que a do mar. Esse seu frio já vai passar.Ele entra na Jacuzzi e estende a mão para mim. Eu seguro a sua mão e entro.—Allah, que delícia! —Digo sentindo a água quentinha nas minhas pernas. —Me dê a sua toalha. Agora entre e relaxe.Eu lhe entrego a toalha e faço como ele manda, me deito na água quente e logo sinto o meu corpo aquecido.Rashid me dá um sorriso e deixa a toalha na espreguiçadeira, logo depois pega as suas roupas que estão em um canto e some no interior do iate.Quem diria!? Eu gozando dessa vida boa, olhando para o céu com poucas nuvens, sem aquele fardo pesado sobre os meus ombros, sem aquela preocupação com as contas. Pouco tempo depois Rashid surge com uma bandeja nas suas mãos. Nela, um copo de suco de abacaxi. Eu sei disso pois ele teve o capricho de colocar uma rodela da fruta presa ao c
—Não quero que as palavras que eu disse agora a pouco causem um mal-estar entre nós. Eu estou protegendo os nossos sentimentos.O maxilar contraído dele reforça a sua determinação em me afastar sentimentalmente dele e isso me causa uma leve irritação. Só que eu não vou deixar que ele perceba isso. Não posso permitir que ele saiba até que ponto exerce este efeito sobre mim. Levanto o queixo em desafio, procurando me agarrar à convicção de que estou bem, que estou em paz.—Eu te entendo perfeitamente. Não se preocupe comigo.A expressão de Rashid se suaviza. Ele me dá um sorriso sedutor.—Ótimo.Consciente demais da presença dele eu nem percebi que o iate estava reduzindo a sua velocidade e que já estávamos encostando no ancoradouro.É uma ironia. Reflito.O único homem na face da Terra que eu tenho todos os motivos para evitar é justamente o que me prende a ele dessa maneira, lançando seu magnetismo poderoso e que me prende em uma atração irresistível... uma atração perigosa.Ele se le