A escuridão do meu quarto era mais acolhedora do que a luz que dançava pelas janelas. O castelo sempre estava silencioso à noite, com as paredes carregadas de segredos e sombras. Mesmo com a cama grande e os travesseiros macios, eu não conseguia dormir. O tormento da minha mente nunca cessava.Olhei para o relógio ao lado da cama, a pequena esfera dourada refletindo as horas. As duas da manhã. Eu não conseguia mais ficar ali, ouvindo meus próprios pensamentos me consumindo. Então, com um suspiro, me levantei calmamente da cama, a insônia pesando sobre mim. Minha camisola de seda se arrastava suavemente sobre a pele, fazendo o vento da noite parecer ainda mais frio.Caminhei até as portas duplas que separavam o quarto da sala de estar, onde Raven normalmente dormia. Aquele ambiente espaçoso parecia mais opressor do que nunca, como se a quietude e o peso do castelo me sufocassem. Eu sentia falta de algo – de Dylan, do que éramos juntos. Mas ele não estava mais aqui.Abrindo as portas si
O jardim estava silencioso, mas o ar fresco da manhã parecia carregar a promessa de algo. A brisa suave fazia as folhas das árvores sussurrarem segredos e as flores, ainda molhadas pelo orvalho da noite, exalavam uma fragrância doce que quase me fazia esquecer a pesada carga que carregava dentro de mim.Eu e Ivy estávamos sentadas em um banco de madeira antiga, uma das poucas coisas que parecia não ter sido tocada pelas mãos implacáveis do tempo ou da morte. Ivy não falou nada, apenas observava as flores, os dedos brincando distraidamente com uma mecha do seu cabelo. Ela sabia que algo estava acontecendo, sabia que algo estava errado, mas nunca forçava minhas palavras. Ela sempre me deu o espaço que eu precisava para respirar, mesmo quando as correntes da minha mente estavam prestes a me afogar.— Ivy… — Eu comecei, a voz mais fraca do que eu gostaria. — Preciso te contar algo.Ela virou a cabeça, os olhos curiosos, mas sempre acolhedores, e apenas esperou que eu continuasse.Suspirei
A biblioteca era um dos poucos lugares onde eu podia respirar. As estantes imponentes, carregadas de livros antigos e pergaminhos empoeirados, formavam um labirinto silencioso, um refúgio onde o mundo exterior parecia distante. O cheiro amadeirado do papel envelhecido se misturava ao perfume de velas apagadas, criando uma atmosfera carregada de história e mistério.Eu caminhava lentamente pelos corredores estreitos, os dedos deslizando pelas lombadas dos livros enquanto procurava algo que, no fundo, eu nem sabia o que era. Talvez eu estivesse apenas tentando me distrair, encontrar uma resposta para perguntas que nem mesmo sabia como formular.Foi quando meus olhos pousaram em um volume de capa escura e desgastada, escondido entre outros tomos esquecidos. O título, gravado em dourado desbotado, chamou minha atenção de imediato: "Rituais Antigos e o Cristal da Alma".Meu coração acelerou. Meu instinto dizia que aquilo era importante. Com cuidado, puxei o livro da prateleira e o abri, so
O castelo estava inquieto. Murmúrios se espalhavam pelos corredores como uma peste invisível, carregados de suspeita e medo. Sempre que eu passava, sentia olhares cravados em minhas costas, como se cada criado, cada guarda, estivesse sussurrando sobre mim.Eu tentava ignorar, mas era impossível. Desde o acidente na biblioteca, algo havia mudado.Sentei-me no jardim, deixando o vento frio soprar contra minha pele. Ivy e Gwen estavam comigo, e, por um momento, o ambiente parecia quase pacífico. Mas a tensão no ar era impossível de dissipar.— Você ouviu os boatos, não ouviu? — Ivy quebrou o silêncio, sua voz carregada de preocupação.Eu apertei os dedos contra a taça de chá em minhas mãos. O líquido quente deveria me aquecer, mas, por dentro, eu só sentia gelo.— Que boatos?Ela hesitou. Troquei um olhar com Gwen, que mordeu o lábio antes de responder por Ivy:— Estão dizendo que a estante não caiu sozinha.Meus dedos se afrouxaram, e a xícara tremeu em minha mão. Um calafrio percorreu
A noite estava fria e silenciosa quando saí da sala, caminhando pelos corredores do castelo. A escuridão não me incomodava mais; ela parecia acolhedora, quase familiar, como se tudo estivesse em seu devido lugar. Mas, na verdade, nada estava certo. Algo se agigantava dentro de mim, um sentimento estranho, como se eu estivesse à beira de descobrir algo que não poderia ser desfeito.Meus poderes estavam voltando. Era um processo lento, gradual, mas inegável. Às vezes, eu sentia uma leve brisa passando por mim, como se estivesse ouvindo os pensamentos dos outros, como se estivesse absorvendo a energia ao meu redor. Eu não conseguia controlar tudo, mas podia sentir os fragmentos — pequenos pedaços de mim que começavam a se encaixar.Andei até o jardim, onde a luz da lua iluminava as árvores antigas. O vento acariciava minha pele, mas algo estava diferente. Algo se movia na escuridão.Raven estava ali, de pé perto da fonte de pedra, com o olhar distante. Ele parecia imerso em seus próprios
Eu podia sentir a tensão no ar. O castelo estava em silêncio, uma quietude estranha e desconfortante, como se o próprio ambiente soubesse que algo estava prestes a acontecer. Estávamos no meio de mais uma sessão de treinamento, um dos momentos diários onde Raven se esforçava para aprimorar suas habilidades. Eu o observava, meu olhar fixo em seus movimentos, absorvendo cada gesto, cada respiração. Algo em mim não conseguia afastá-lo, nem os pensamentos que insistiam em invadir minha mente.— Violet, você está bem? — A voz de Raven me trouxe de volta ao momento. Seu tom estava preocupado, mas havia algo mais, como se ele soubesse que algo não estava certo.Eu hesitei, as palavras estavam presas na garganta, mas não sabia o que dizer. Sabia o que havia visto quando o toque de nossas mãos se cruzaram mais cedo. Era um vislumbre fugaz, mas intenso, como um sonho que se dissolve ao despertar, mas com a sensação de que algo vital se perdeu. Eu vi imagens, fragmentos distantes... Um bebê send
Eu não conseguia parar de pensar nas visões que me atormentavam desde o toque de Raven. Cada fragmento parecia mais vívido, mais real, como se algo estivesse tentando se arrastar para a superfície da minha mente, algo que eu não queria ver. Eu queria afastar tudo isso, me concentrar no presente, no que estava acontecendo agora, mas era impossível. Algo dentro de mim sabia que a chave para entender tudo isso estava em Raven, e eu estava assustada com o que isso significava.A biblioteca estava mais silenciosa do que o normal naquela noite. Ivy e eu havíamos passado horas analisando pergaminhos antigos, livros empoeirados e tomos de magia proibida, procurando qualquer pista que pudesse explicar o que estava acontecendo. Eu sabia que algo estava acontecendo com Raven, algo além de suas habilidades recém-descobertas. Ele não era só um lobo Alfa, ele era algo mais. Algo que eu ainda não compreendia totalmente.— Encontrou algo? — A voz de Ivy me tirou de meus pensamentos, e eu a vi folhean
Eu não sabia o que me impulsionava mais: a necessidade de entender Raven ou o desejo de trazer Dylan de volta. Quando toquei Raven mais cedo, algo se quebrou dentro de mim. Eu sentia que a chave para entender os dois estava nele, e agora, sentada diante dele, eu precisava decidir se estava disposta a enfrentar o que quer que fosse que estivesse preso em sua mente.— Você tem certeza de que quer fazer isso? — Ivy perguntou, sua voz cheia de apreensão. Ela ainda estava em pé, ao lado da mesa, observando-me com uma expressão que misturava preocupação e alerta.Eu não olhei para ela. Minha atenção estava toda em Raven, que me observava com uma mistura de confusão e cansaço. Ele parecia desconectado da realidade, como se estivesse perdido em um lugar entre o presente e algo distante, algo que ele não podia compreender.— Eu não posso deixá-lo assim — disse, a voz mais firme do que me sentia. — Ele está sofrendo, Ivy. E eu preciso descobrir a verdade. Não posso ignorar isso.Ela suspirou, m