Eu podia sentir a tensão no ar. O castelo estava em silêncio, uma quietude estranha e desconfortante, como se o próprio ambiente soubesse que algo estava prestes a acontecer. Estávamos no meio de mais uma sessão de treinamento, um dos momentos diários onde Raven se esforçava para aprimorar suas habilidades. Eu o observava, meu olhar fixo em seus movimentos, absorvendo cada gesto, cada respiração. Algo em mim não conseguia afastá-lo, nem os pensamentos que insistiam em invadir minha mente.— Violet, você está bem? — A voz de Raven me trouxe de volta ao momento. Seu tom estava preocupado, mas havia algo mais, como se ele soubesse que algo não estava certo.Eu hesitei, as palavras estavam presas na garganta, mas não sabia o que dizer. Sabia o que havia visto quando o toque de nossas mãos se cruzaram mais cedo. Era um vislumbre fugaz, mas intenso, como um sonho que se dissolve ao despertar, mas com a sensação de que algo vital se perdeu. Eu vi imagens, fragmentos distantes... Um bebê send
Eu não conseguia parar de pensar nas visões que me atormentavam desde o toque de Raven. Cada fragmento parecia mais vívido, mais real, como se algo estivesse tentando se arrastar para a superfície da minha mente, algo que eu não queria ver. Eu queria afastar tudo isso, me concentrar no presente, no que estava acontecendo agora, mas era impossível. Algo dentro de mim sabia que a chave para entender tudo isso estava em Raven, e eu estava assustada com o que isso significava.A biblioteca estava mais silenciosa do que o normal naquela noite. Ivy e eu havíamos passado horas analisando pergaminhos antigos, livros empoeirados e tomos de magia proibida, procurando qualquer pista que pudesse explicar o que estava acontecendo. Eu sabia que algo estava acontecendo com Raven, algo além de suas habilidades recém-descobertas. Ele não era só um lobo Alfa, ele era algo mais. Algo que eu ainda não compreendia totalmente.— Encontrou algo? — A voz de Ivy me tirou de meus pensamentos, e eu a vi folhean
Eu não sabia o que me impulsionava mais: a necessidade de entender Raven ou o desejo de trazer Dylan de volta. Quando toquei Raven mais cedo, algo se quebrou dentro de mim. Eu sentia que a chave para entender os dois estava nele, e agora, sentada diante dele, eu precisava decidir se estava disposta a enfrentar o que quer que fosse que estivesse preso em sua mente.— Você tem certeza de que quer fazer isso? — Ivy perguntou, sua voz cheia de apreensão. Ela ainda estava em pé, ao lado da mesa, observando-me com uma expressão que misturava preocupação e alerta.Eu não olhei para ela. Minha atenção estava toda em Raven, que me observava com uma mistura de confusão e cansaço. Ele parecia desconectado da realidade, como se estivesse perdido em um lugar entre o presente e algo distante, algo que ele não podia compreender.— Eu não posso deixá-lo assim — disse, a voz mais firme do que me sentia. — Ele está sofrendo, Ivy. E eu preciso descobrir a verdade. Não posso ignorar isso.Ela suspirou, m
O silêncio pairava sobre a sala, mas a tensão era palpável. Raven ainda estava em choque com a revelação que eu havia feito, e, embora tentasse esconder, podia ver o conflito em seus olhos. Ele estava dividido entre a dor da descoberta e o peso daquilo que ele sabia que significava.Mas antes que pudesse me aprofundar mais nesse turbilhão, Ivy entrou na sala, com uma expressão grave. Ela não parecia preocupada, mas sua postura estava mais rígida do que o habitual.— Violet, — ela começou, e sua voz, normalmente calma, agora carregava um peso que me fez erguer os olhos. — Não é mais só um boato. O Rei prendeu um dos empregados suspeitos de estar envolvido no atentado à biblioteca.Eu senti uma onda de choque percorrer meu corpo. Minha mente começou a correr, imaginando o que isso poderia significar. Era claro que alguém, dentro dos muros do castelo, queria me calar antes que eu pudesse me tornar uma ameaça real. Mas quem? E o que mais estavam dispostos a fazer para garantir meu silênci
A brisa fria da noite cortava a pele, mas não era isso que estava me perturbando. A sensação estranha de inquietação na minha mente não cessava. O que antes era uma conexão tênue com Raven agora parecia intensificado. Ele estava mais presente, mas ao mesmo tempo, mais distante, como se o próprio espaço entre nós estivesse distorcido.Observei-o, parado na janela, seus olhos fixos nas sombras que se arrastavam sob a luz pálida da lua. Os corvos que normalmente o seguiam em silêncio agora estavam mais agitados, como se percebessem algo que nós não podíamos compreender ainda. Eu podia sentir a energia crescente em sua presença, algo diferente, algo mais forte.Eu me aproximei lentamente, hesitando. Eu queria perguntar, mas não sabia como.Raven virou-se para mim com um olhar distante. Ele parecia confuso, os músculos tensos, como se estivesse lutando contra algo que não podia controlar. Ele deu um passo em minha direção, seu olhar agora intenso, buscando algo em meus olhos.— Eu... — Ele
A biblioteca estava mergulhada em sombras, a única luz vinha das tochas presas às paredes de pedra fria. O cheiro de pergaminhos envelhecidos pairava no ar, misturado ao leve aroma de madeira queimada. Eu não gostava daquele lugar. Havia algo ali, algo que me fazia sentir como se estivesse sendo observada, como se os próprios livros tivessem olhos.Raven estava à minha frente, percorrendo as prateleiras com os dedos, suas mãos firmes e seguras, mas seus olhos carregavam uma intensidade diferente. Algo o incomodava, eu podia sentir. Desde que sua conexão com Dylan ficou mais forte, ele estava mudando.Ele parou diante de um dos nichos ocultos da biblioteca e se agachou, afastando uma pilha de livros até revelar uma pequena abertura. Seus olhos brilharam quando encontrou o que procurava. Com cuidado, puxou um livro antigo, a capa encadernada em couro negro, adornada com inscrições rúnicas desgastadas pelo tempo.Meu coração apertou. Eu conhecia aquele livro.— "Magia da Alma e Ritos Pro
As horas passaram mais lentas do que o normal. O relógio na torre parecia arrastar os segundos, como se o próprio tempo estivesse ciente de que nada poderia ser mais torturante para mim do que esperar por aquele maldito baile. Duas semanas haviam se passado desde o confronto com Raven. Desde aquele momento, eu havia me afastado dele, evitando olhá-lo, não encontrando mais palavras para compartilhar. Ele, com sua calma insistente, havia feito sua escolha, e eu não conseguia mais olhar nos olhos dele sem sentir um peso esmagador em meu peito. O fato de que ele estava disposto a sacrificar sua vida para trazer Dylan de volta me fazia sentir uma mistura de raiva e impotência, e eu não sabia como lidar com isso.Eu respirei fundo, tentando afastar os pensamentos sombrios que me assombravam, mas a ansiedade estava consumindo minha mente. Hoje, o baile anual do Rei Vampiro aconteceria, e eu tinha a certeza de que seria impossível escapar da presença dos lobos traidores que haviam se alinhado
A raiva pulsava em minhas veias, uma chama incandescente que me consumia por dentro. Eu não sabia o que me movia mais, o desejo de entender o que havia acontecido com Ayla, ou o impulso selvagem de fazer ela pagar por aquilo. Eu sabia que ela tinha se perdido, mas ver o sorriso cínico dela ao lado de Klaus, como se estivesse celebrando a morte de seu próprio irmão, me dilacerava de uma maneira indescritível. Cada passo que eu dava em direção ao corredor escuro parecia um pesadelo se tornando realidade. Eu não conseguia pensar em mais nada além de enfrentar Ayla e ouvir dela, de uma vez por todas, o que havia acontecido.Foi então que eu a vi. Ela estava ali, encostada em uma das paredes do corredor, com o rosto pálido e as mãos tremendo. Ela me olhou por um momento, e eu pude ver a maneira como seus olhos brilharam com algo que eu não soubera identificar. Medo? Culpa? Ou apenas a frieza de quem se perdeu completamente? — Ayla! — Eu gritei, minha voz saindo como um rosnado, carregada