Eu não sabia o que me impulsionava mais: a necessidade de entender Raven ou o desejo de trazer Dylan de volta. Quando toquei Raven mais cedo, algo se quebrou dentro de mim. Eu sentia que a chave para entender os dois estava nele, e agora, sentada diante dele, eu precisava decidir se estava disposta a enfrentar o que quer que fosse que estivesse preso em sua mente.— Você tem certeza de que quer fazer isso? — Ivy perguntou, sua voz cheia de apreensão. Ela ainda estava em pé, ao lado da mesa, observando-me com uma expressão que misturava preocupação e alerta.Eu não olhei para ela. Minha atenção estava toda em Raven, que me observava com uma mistura de confusão e cansaço. Ele parecia desconectado da realidade, como se estivesse perdido em um lugar entre o presente e algo distante, algo que ele não podia compreender.— Eu não posso deixá-lo assim — disse, a voz mais firme do que me sentia. — Ele está sofrendo, Ivy. E eu preciso descobrir a verdade. Não posso ignorar isso.Ela suspirou, m
O silêncio pairava sobre a sala, mas a tensão era palpável. Raven ainda estava em choque com a revelação que eu havia feito, e, embora tentasse esconder, podia ver o conflito em seus olhos. Ele estava dividido entre a dor da descoberta e o peso daquilo que ele sabia que significava.Mas antes que pudesse me aprofundar mais nesse turbilhão, Ivy entrou na sala, com uma expressão grave. Ela não parecia preocupada, mas sua postura estava mais rígida do que o habitual.— Violet, — ela começou, e sua voz, normalmente calma, agora carregava um peso que me fez erguer os olhos. — Não é mais só um boato. O Rei prendeu um dos empregados suspeitos de estar envolvido no atentado à biblioteca.Eu senti uma onda de choque percorrer meu corpo. Minha mente começou a correr, imaginando o que isso poderia significar. Era claro que alguém, dentro dos muros do castelo, queria me calar antes que eu pudesse me tornar uma ameaça real. Mas quem? E o que mais estavam dispostos a fazer para garantir meu silênci
A brisa fria da noite cortava a pele, mas não era isso que estava me perturbando. A sensação estranha de inquietação na minha mente não cessava. O que antes era uma conexão tênue com Raven agora parecia intensificado. Ele estava mais presente, mas ao mesmo tempo, mais distante, como se o próprio espaço entre nós estivesse distorcido.Observei-o, parado na janela, seus olhos fixos nas sombras que se arrastavam sob a luz pálida da lua. Os corvos que normalmente o seguiam em silêncio agora estavam mais agitados, como se percebessem algo que nós não podíamos compreender ainda. Eu podia sentir a energia crescente em sua presença, algo diferente, algo mais forte.Eu me aproximei lentamente, hesitando. Eu queria perguntar, mas não sabia como.Raven virou-se para mim com um olhar distante. Ele parecia confuso, os músculos tensos, como se estivesse lutando contra algo que não podia controlar. Ele deu um passo em minha direção, seu olhar agora intenso, buscando algo em meus olhos.— Eu... — Ele
A biblioteca estava mergulhada em sombras, a única luz vinha das tochas presas às paredes de pedra fria. O cheiro de pergaminhos envelhecidos pairava no ar, misturado ao leve aroma de madeira queimada. Eu não gostava daquele lugar. Havia algo ali, algo que me fazia sentir como se estivesse sendo observada, como se os próprios livros tivessem olhos.Raven estava à minha frente, percorrendo as prateleiras com os dedos, suas mãos firmes e seguras, mas seus olhos carregavam uma intensidade diferente. Algo o incomodava, eu podia sentir. Desde que sua conexão com Dylan ficou mais forte, ele estava mudando.Ele parou diante de um dos nichos ocultos da biblioteca e se agachou, afastando uma pilha de livros até revelar uma pequena abertura. Seus olhos brilharam quando encontrou o que procurava. Com cuidado, puxou um livro antigo, a capa encadernada em couro negro, adornada com inscrições rúnicas desgastadas pelo tempo.Meu coração apertou. Eu conhecia aquele livro.— "Magia da Alma e Ritos Pro
As horas passaram mais lentas do que o normal. O relógio na torre parecia arrastar os segundos, como se o próprio tempo estivesse ciente de que nada poderia ser mais torturante para mim do que esperar por aquele maldito baile. Duas semanas haviam se passado desde o confronto com Raven. Desde aquele momento, eu havia me afastado dele, evitando olhá-lo, não encontrando mais palavras para compartilhar. Ele, com sua calma insistente, havia feito sua escolha, e eu não conseguia mais olhar nos olhos dele sem sentir um peso esmagador em meu peito. O fato de que ele estava disposto a sacrificar sua vida para trazer Dylan de volta me fazia sentir uma mistura de raiva e impotência, e eu não sabia como lidar com isso.Eu respirei fundo, tentando afastar os pensamentos sombrios que me assombravam, mas a ansiedade estava consumindo minha mente. Hoje, o baile anual do Rei Vampiro aconteceria, e eu tinha a certeza de que seria impossível escapar da presença dos lobos traidores que haviam se alinhado
A raiva pulsava em minhas veias, uma chama incandescente que me consumia por dentro. Eu não sabia o que me movia mais, o desejo de entender o que havia acontecido com Ayla, ou o impulso selvagem de fazer ela pagar por aquilo. Eu sabia que ela tinha se perdido, mas ver o sorriso cínico dela ao lado de Klaus, como se estivesse celebrando a morte de seu próprio irmão, me dilacerava de uma maneira indescritível. Cada passo que eu dava em direção ao corredor escuro parecia um pesadelo se tornando realidade. Eu não conseguia pensar em mais nada além de enfrentar Ayla e ouvir dela, de uma vez por todas, o que havia acontecido.Foi então que eu a vi. Ela estava ali, encostada em uma das paredes do corredor, com o rosto pálido e as mãos tremendo. Ela me olhou por um momento, e eu pude ver a maneira como seus olhos brilharam com algo que eu não soubera identificar. Medo? Culpa? Ou apenas a frieza de quem se perdeu completamente? — Ayla! — Eu gritei, minha voz saindo como um rosnado, carregada
O salão ressoava com o som de conversas animadas, risadas abafadas e o tilintar das taças de cristal. Tudo parecia tão perfeito à primeira vista, tão incrivelmente normal. As cores e as luzes do ambiente, as vestes luxuosas e os olhares cúmplices entre os convidados formavam um quadro de pura ostentação e dissimulação. Mas, em minha mente, uma tempestade se formava, uma tensão crescente, cada suspiro meu pesado como o ar antes de um trovão.E então, o estrondo veio.— Ele é o Rei Supremo dos Lobos! — A voz ressoou como um raio atravessando o salão, cortando o clima como uma faca afiada. A declaração ecoou, abrupta e irreversível, e a sensação de pânico tomou conta de mim com a mesma velocidade com que um incêndio consome tudo em seu caminho.Meu corpo paralisou. O mundo ao meu redor pareceu se desfazer, os rostos borrando-se à minha volta enquanto o sangue retumbava nos meus ouvidos. Meu coração disparou, batendo forte o suficiente para que eu temesse que todos no salão pudessem ouvir
A noite avançava lentamente, os ecos do baile se dissipando conforme os convidados começavam a deixar o salão. O castelo, que antes pulsava com a energia das conversas e risos, agora parecia ainda e pesado, como se a própria estrutura estivesse retendo a respiração. O ambiente, antes luxuoso e vibrante, agora exalava uma tensão quase palpável, como uma corda esticada prestes a se partir.Mas a verdadeira tempestade ainda estava por vir.Estávamos em pé no centro do salão, o lobo que havia revelado o segredo ainda tentando se recompor, enquanto Ivy e eu tentávamos entender a magnitude do que acabara de acontecer. Raven, ao meu lado, parecia uma sombra de si mesmo. Seu corpo estava rígido, seus olhos fixos no chão, tentando processar o que isso significava para ele, para nós.E foi quando tudo começou.O estrondo que ecoou pela vastidão do castelo foi como um trovão rasgando a noite. Um estrondo baixo, porém imensamente forte, que parecia vir das fundações do próprio castelo. Um grito q