Vamos até o quartinho de Alice, onde me deito na cama com ela. Pego um livrinho de histórias e começo a contar uma historinha, minha voz suave, tentando me concentrar na tarefa e não na presença dele. Dante está sentado na poltrona em frente a nós, com as pernas abertas, observando. Ele está se divertindo. Seu sorriso é torto, os olhos fixos em mim com um brilho de desafio. Ele é incrivelmente sexy, quase perigoso. Não posso negar, ele é o próprio demônio sedutor. Com aqueles olhos penetrantes, aquele corpo musculoso, e os braços que parecem feitos para me dominar. Ele é um monstro de bonito, impossível não perceber.Não se culpe, isso que você sente é apenas atração. Você não gosta dele!Quando Alice adormece, eu a cubro cuidadosamente. Me levanto da cama e, ao olhar para Dante, encontro seus olhos fixos em mim. Ele sorri de forma preguiçosa, seus lábios se esticando de um jeito que me desconcentra.Desvio os olhos, o coração batendo forte dentro do peito. Saímos do quarto, mas no co
Isabela— Caramba! Nem parece a mesma pessoa. — Ouço a voz de Tânia entrando no vestiário do BOPE. Ela está visivelmente impressionada com a transformação. É a minha primeira missão real em campo, e estou decidida a provar que sou mais do que apenas uma especialista em relatórios. Passei um ano inteiro observando e analisando comportamentos, treinando infiltrações simuladas e estudando os perfis de traficantes e líderes de facções criminosas. Agora, finalmente, chegou a hora de colocar tudo isso em prática.Sorrio nervosamente e me avalio no espelho. Caracterizada como uma mulher fatal, meu objetivo é me infiltrar em uma festa promovida por Rafael Ferreira, num clube exclusivo. A festa é conhecida por atrair empresários, influenciadores e, especialmente, os nomes mais perigosos do tráfico local. Rafael é suspeito de usar sua fachada de empresário para lavar dinheiro e facilitar o transporte de cargas de drogas. Mas ele não é o verdadeiro alvo.O alvo real é seu irmão, Dante Ferreira d
Leandro bate com uma das mãos em um armário e o faz vibrar. Os olhos dele chispam quando ele se volta para mim. Encaro-o, mantendo a calma, tentando manter meu foco no objetivo. Leandro bufa, mas recua, visivelmente frustrado. Ele respira fundo e então diz, com um tom de voz mais calmo. — Tudo bem. Mas lembre-se: o foco é me infiltrar. Você é apenas o primeiro passo. Então você sairá de cena. Nem que você me apresente como seu meio-irmão. Eu sorrio achando graça nas palavras dele. Seus olhos têm um puxadinho dos orientais. —Leandro, você não se parece com meu meio-irmão. Ele fecha os olhos, parecendo exercitar a paciência comigo. —Tudo bem. Mas foque no nosso objetivo. Você o abordará e de alguma maneira me apresentará a ele. —Ok! —Digo. Ergo os olhos para ele. Leandro sorri, e seu sorriso, apesar de rude, se torna incrivelmente atraente. Eu fico sem jeito e desvio o olhar, sentindo um arrepio percorrer a espinha. Por um momento, fico acovardada, como se ele estivesse me d
O tom na voz de Leandro carrega uma mistura de preocupação e uma tensão que eu não consigo identificar completamente. Ele mantém os olhos fixos na estrada, mas há algo de inquietante na maneira como suas mãos apertam o volante, como se tentasse se agarrar a algum tipo de controle que escapa por entre seus dedos.— Não vou desistir, Leandro. — Respondo com firmeza, minha voz cortando o silêncio abafado do carro. — Rafael é a nossa melhor chance, e você sabe disso.Ele bufa, um som baixo e contido que mais parece uma explosão controlada. Não responde imediatamente, mas a linha de sua mandíbula fica mais tensa, e seus olhos escuros brilham com algo entre frustração e resignação.— Você não entende o que está arriscando. — Ele finalmente fala, a voz grave como um trovão à distância. — Esse mundo… essas pessoas… Não é brincadeira, Isabela. Você acha que está no controle, mas eles… eles jogam sujo. Sempre.Por um momento, o peso das suas palavras me atinge. Sei que ele está certo, mas já to
— Entraremos juntos, e lá nos separamos. Caso consiga seu objetivo com o nosso alvo, me chame, e me apresente ao Rafael, como quem não quer nada. Eu tentarei me infiltrar. E lembre-se, você é Rebeca Silva, uma secretária desempregada, e eu sou Ricardo Félix, seu amigo de infância. Estou procurando emprego. Se ele perguntar como conseguimos o convite, já sabe o que dizer: uma amiga desistiu de ir à boate com o namorado e nos deu a vaga.Eu suspiro, engolindo a ansiedade.— Esta certo. E você tem tanta certeza assim que eu vou conseguir alcançar nosso objetivo?Ele me observa com um olhar sério e profundo.— Deus! Você ainda pergunta? Não percebe o quanto é bonita? E, mais, você é inteligente o suficiente para despertar a atenção de qualquer um. — Ele respira fundo, com um semblante que, apesar de preocupado, tem uma ponta de confiança. — Você vai conseguir.— Se sou inteligente como diz, por que teme?— Por isso mesmo... — Ele parece soltar um suspiro tenso, como se fosse uma luta inte
"Será que ele está envolvido na lavagem de dinheiro do irmão? Ou a imobiliária é só fachada para negócios mais sujos? É isso que estou aqui para descobrir."A música troca para uma batida ainda mais intensa, dificultando qualquer conversa. O loiro aproveita o momento e me convida:— Vamos dançar?Avalio rapidamente. Preciso passar despercebida, ser apenas mais uma convidada comum. Atrair a atenção de Rafael agora seria arriscado, mas parecer entrosada na festa é essencial.— Tudo bem.Fecho os olhos por um instante, tentando relaxar, e deixo meu corpo acompanhar a batida da música. A pista está cheia, os passos rápidos e os risos misturam-se à vibração elétrica do ambiente. De tempos em tempos, lanço um olhar discreto em direção à mesa de Rafael. Ele parece absorto na conversa, gesticulando de forma moderada, como quem expõe um argumento importante.Suspiro, voltando minha atenção à dança, enquanto o loiro ao meu lado me observa com um sorriso cada vez mais convencido. Retribuo com um
Ele me afasta, e seus olhos verdes, intensos e penetrantes, deslizam pelo meu rosto como lâminas afiadas, dissecando cada detalhe com uma precisão quase cruel. A sensação é avassaladora, como se ele estivesse tentando me decifrar por completo, arrancando segredos que nem eu mesma sabia que guardava. O peso do seu olhar queima minha pele, deixando-me exposta de um jeito que me faz querer fugir e, ao mesmo tempo, me atrai como um ímã.— Estou rindo de mim — murmuro, os lábios curvando-se em um sorriso travesso, mas há um nó na minha garganta, uma inquietação latente que não me deixa relaxar por completo. — Dançando com um desconhecido desse jeito.A risada dele, grave, profunda e envolvente, vibra em um tom baixo, quase um sussurro carregado de algo que não consigo nomear. Mas logo desaparece, sugado por uma tensão invisível, como se ele também sentisse o peso da atmosfera que se instala entre nós.— Você é diferente, mesmo. — Ele diz, e sua voz desliza por mim como uma carícia perigosa
Fico tentando manter a calma, forçando um sorriso tranquilo, mas a ansiedade ainda está clara demais.— Seu irmão? Desculpe-me, mas eu não sei quem você é, e não conheço seu irmão. Eu apenas dancei com ele, e ele não faz o meu tipo. — Tento soar casual, mas sei que falhei.Rafael apoia um braço no balcão, inclinando-se ligeiramente para mais perto de mim. O perfume amadeirado dele é diferente do de Dante, mais suave, mas ainda assim carregado de uma masculinidade inquietante.— Rafael Souza. — Ele se apresenta com um sorriso que me faz sentir como se estivesse sendo observada sob uma lente de aumento.— Rebeca Silva.— Interessante. — Ele diz, com o sorriso nos lábios, aquele sorriso intrigante, quase desafiador. — As mulheres costumam cair de joelhos pelo Dante, mas você parece... diferente.Dou de ombros, tentando afastar a tensão crescente.— Não preciso de bebida ou de homens como ele para me sentir bem.— Homens como ele? — Rafael pergunta, seus olhos azuis estreitando com uma cu