Capítulo 3

P.V. Layla Barrett

Cecília e Fernando Barrett são donos de uma marca de roupas femininas e masculinas. Não tão famosa no mercado e o serviço é totalmente terceirizado, o que não tem um lugar fixo e uma grande empresa para comandar. Mas conseguimos um bom dinheiro, o que nos torna ricos, não tenho problema algum em ser rica. Além dessa empresa de roupas, eles lidam muito com investimentos, o que na maioria das vezes acaba saindo boa parte desse dinheiro dos investimentos feitos.

É bom, mas acaba não dando tanto valor para a loja.

Sou uma pessoa bem criativa e modesta parte, sou boa no que faço. Gostaria muito de ajudar eles em toda questão de marketing da empresa, mas a escolha da minha faculdade para eles é perda de tempo. Gosto de desenhar e tenho me aventurado até mesmo em alguns rascunhos de algumas roupas, consegui vender o figurino e assim consigo um dinheiro além do que meus pais me dão. Trabalho com muito freelancer em alguns sites e que meus pais não descubram isso.

– Então vocês vão viajar de novo? – Perguntei.

Estou sentada no enorme sofá na sala enquanto vejo um andando de um lado para o outro pegando as suas coisas e passando ordens para os empregados.

– Muito trabalho, querida. – Minha mãe suspira pegando seu óculos em cima da mesinha de centro. – Muitas coisas sendo decididas, um dia você vai entender. É nesse ano que termina… hum…

– A faculdade. 

– Isso! É esse ano, não é? – Ela abaixa seus óculos para poder me olhar.

– Sim. – Digo e sinto uma alegria em meu peito.

– Perfeito! Assim você pode começar um trabalho de verdade. – Meu pai diz vestindo o casaco. – Leva essas duas malas para o carro.

Abaixei minha cabeça e evitei olhar para eles. O motorista prontamente pega as duas malas das cinco que ele já havia levado para o carro.

– Isso! – Cecília concorda com ele e pega sua bolsa em cima do sofá. – Agora vamos, amor. Não temos muito tempo. – Ela apressa o marido.

Os dois dizem um tchau e sai pela porta.

– Não, papai e mamãe, eu não quero um abraço ou um beijo de despedida. – Falei para mim mesmo até porque eu me encontrava sozinha na sala.

Me levantei do sofá e fui para o meu quarto. Preciso me arrumar para a faculdade.

[…]

Assim que saí do carro, coloquei o meu capuz. A minha vontade de vir para a faculdade hoje era a mínima, mas não sou de faltar. Tenho que estar muito doente e olhar lá. Falta apenas alguns meses para concluir um ciclo e essa carência por falta de carinho dos meus pais… eu já deveria estar acostumada. Tenho 21 anos, não é nada para mim. Estou seguindo a minha vida e quando concluí a faculdade talvez seja um choque para eles, porque eu não seguirei os passos que tanto querem. Não, eu com certeza não vou viver a vida que eles querem para mim. Até porque eu não sei que vida é essa.

Já passei todos esses anos com um pouco do que foi dado por eles, posso passar o resto da minha vida.

Caminho de cabeça baixa até a minha sala. É hoje a palestra? Merda! Eu não me lembro. Será que eu trouxe meu caderno de anotações? Droga, eu acho que esqueci na mesa do meu quarto. Passei a mão pela testa fechando meus por alguns segundos. Quem são as pessoas que vão à palestra mesmo? Perdido em meu pensamento acabo esbarrando em alguém.

– Desculpa. – falei rapidamente recuperando o equilíbrio.

Ah, Droga. Gabe, amigo do Ethen com mais três pessoas do seu grupinho.

– Olha, olha quem está aqui. – Ele sorriu para mim. – Não imagina a minha felicidade em ver você agora.

– Hoje não, Gabe. – Me afasto seguindo o meu caminho.

Um dos seus amigos segura o meu braço me impedindo de continuar. Suspirei. Hoje não, olhei para cima e respirei fundo. Eu não quero chorar. Não quero chorar e ser mais um motivo de chacota para eles.

– Onde você pensa que vai tão rápido? Eu ainda não terminei de falar com você.

– Gabe, por favor. – Minha voz saiu abafada.

Olhei para ele.

– Olha, que linda! Ela sabe ser educada. – Ele faz uma expressão confusa. – Ou devo dizer a ele.

Puxei meu braço com força fazendo seu amigo me soltar.

– Não enche! – Gritei para eles.

Um dos seus amigos segura meu braço com força, fazendo resmungou de dor e puxou para baixo, minha baixinha um pouco há tempo de acertar um soco bem nas suas partes íntimas. Ele grita de dor e me solta. O outro me puxa para cima e me prende o contra a parede mais próxima, Gabe vem até mim com a mão levantada pronta para me dar um tapa. Fechei meus olhos pronta para receber o tapa em meu rosto, mas nada aconteceu.

Abrir meus olhos.

– Não é certo bater em uma mulher. – Sua voz é grave e baixa.

Um homem que tinha alguns centímetros mais alto do que Gabe, segurava sua mão no alto e assim pedindo que eu levasse o tapa. Seu cabelo tom de preto e curto, ele deve ter sido rápido para impedir que eu levasse o tapa e alguns fios caíram em sua testa. Com um maxilar marcado e o rosto bem sério. 

Seus olhos demonstraram faíscas de raiva e eu vi Gabe tremer sem ao menos olhar para quem segurava o seu braço. Sinceramente agradeço por está me defendendo e não me olhar com esse olhar. O amigo de Gabe soltou meus braços rapidamente e deu alguns passos para trás. Gabe engoliu em seco.

– Desculpa, senhor…

– Não é a mim que você deve pedir desculpas. – O homem apertou o braço de Gabe com mais força.

Olhei com mais atenção. Acho que o conheço. Gabe me olhou.

– Desculpa! Isso não vai mais acontecer, eu garanto. – Ele diz rapidamente.

Concordei com a cabeça.

– Sai! – O homem diz. Gabe e seus amigos saem correndo sem olhar para trás. 

Me perdi por alguns segundos olhando na direção que eles foram.

– Belo soco. – Voltei a olhar para o homem à minha frente. – Sério! Aposto que teria acabado com eles se eu não tivesse aparecido.

Não sei dizer se foi deboche, mas não existia mais aquele olhar de raiva e seu rosto não estava tão sério como antes.

– Olha, foi eles que começaram… – Comecei a dizer.

Eu não posso ser chamada atenção novamente por algo que eu não causei. Já estou cansada de ser chamada atenção e parar na diretoria por causa deles. Edmon vai surtar se me ver mais uma vez na sala dele esse mês. Tudo seria bem fácil se ele controlasse seus alunos encrenqueiros.

– Eu vi tudo. Pode ficar tranquilo. – Garantiu. – Mas deveria parar de se meter encrenca, garoto.

Arrumei o capuz do moletom na minha cabeça que cobre metade do meu rosto.

– É só eles pararem de mexer comigo. – Ajeitei a bolsa em meu ombro e suspirei irritada.

Sim, ele me chamou de garoto, mas já estou acostumada com isso.

– Espera. – Ele me olhou não acreditando. – Você é uma mulher? 

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