P.V. Daniel Hart
– Pode falar. – Atendi o telefone, olhando os papeis em minha mão.– A senhorita Cameron está aqui, senhor. – Minha secretaria diz.– Deixe entrar. – Desligo sem esperar uma resposta.Assino os papéis confirmando mais um projeto. A porta é aberta segundos depois, Sophia Cameron entra na sala bem vestida como sempre. Vestindo um vestido tubinho preto, social Oxford, justo em seu corpo. Seu cabelo em ondas negras indo até o meio das costas.– Já acertei com seu pai sobre a nova quantidade de peças que será realizada para a coleção dos carros. – Abrir a gaveta do lado esquerdo da minha mesa e eu peguei uma pasta.Não tem porque a Sophia ter vindo aqui, há não ser que tenha havido algum problema. Olho para ela.– Você sempre indo direto ao assunto. – Sophia está com as mãos de frente ao corpo e um sorriso no rosto.– Sabe que não gosto de perder o meu tempo, Sophia. – Olhei a quantidade de papéis naquela pasta e passei a língua preguiçosamente pelo lábio. – O que você faz aqui?– Sim, eu sei muito bem. – Ela olha a pasta em minhas mãos. – Não sei se você se lembra, mas precisa se alimentar também. Almoçou hoje? – Sophia apoiou as mãos na cadeira da minha frente, inclinando o seu corpo levemente para frente. – Sabe que horas são? – Ela estreita os olhos em minha direção.Quatorze horas da tarde. É claro que sei a hora, ela dá um sorriso sem graça.– Tenho alguns trabalhos pendentes. – Volto minha atenção para os papéis que estão na pasta. – Posso almoçar depois.Sophia deu a volta na mesa e escorou seu corpo contra a mesa.– Trabalhos pendentes? Você é o homem mais pontual e organizado que conheço, Daniel. – Ela queria uma sobrancelha. – Vamos lá, apenas um almoço.– Troco o almoço pelo jantar, que tal?Eu não estou nem um pouco a fim de parar o meu trabalho agora. E conversar com ela nesse momento só está me atrasando.– Sempre negociando. – Sophia cruza os seus braços na altura do peito, seu sorriso aumentou. – Ok, te espero para jantar hoje. Na sua casa?Faça um gesto de cabeça concordando.– Até. – Não dou espaço para que ela prolongue o assunto.Sophia me conhece bem e não insiste, logo sai de minha sala me deixando sozinho novamente. Quase 7 minutos perdidos. Ouço duas batidas na porta quando estou na segunda linha da primeira folha em minhas mãos. Parece que ninguém quer me deixar trabalhar hoje. Soltei os papéis sobre a mesa e olho em direção a porta. Relaxando o corpo na cadeira e apoiando o cotovelo no apoio, passo o polegar pelo queixo. Jeff entra na minha sala e vê que estou olhando para ele dar um sorriso sem graça.– Vejo que você não está no seu melhor humor. – Jeff fecha a porta atrás dele.Jeff está em um perfeito terno na cor azul-escuro. Seu cabelo em um dread na altura do ombro está amarrado em um rabo de cavalo. Jeff é alguns centímetros mais baixo do eu e ele adora chama atenção com as suas vestimentas, esse tom de azul-escuro é o mais básico que ele consegue usar. Não é à toa que ele é chefe do setor de publicidade e propaganda da minha empresa. Seu tom de pele em um marrom avermelhado, Jeff está sempre sorrindo e conversando. Essa é a parte ruim de conversar, pelo menos comigo, já que se dependesse dele poderíamos passar horas e horas conversando sobre assuntos aleatórios.– Comparando que você é a segunda pessoa no dia que vem atrapalhar meu trabalho. – Fingi pensar em suas palavras. – Sim, estou de mau-humor.– Cara, você precisa relaxar. – Jeff ajeita terno em seu corpo e senta na cadeira na minha frente sem ser convidado. – Você por acaso já almoçou?– Por que todo mundo agora resolveu se preocupar com a minha alimentação? – Faço um estalo com a língua e não escondo a minha irritação.Jeff riu.– Deixa eu adivinhar? – Ele ainda diz risonho. – Sophia estava aqui por causa disso? Te convidando novamente para almoçar.Sofia só consegue me encontrar aqui pela parte da manhã e muito raramente como hoje na parte da tarde, então a chance dela fazer algum convite é almoçar. Porque na parte da noite sempre tenho um compromisso, exceto caso sugiro que a gente se encontre na parte da noite. Recusei os últimos cinco convites dela para almoçar e não temos luz encontrado nos eventos familiares, resolvi aceitar dessa vez.– Perdi 7 minutos e uma conversa tola. – Suspirei. – Algo que podemos combinar por uma troca de mensagem no celular.Jeff riu alto. Já se foram três minutos gastando com esse cara.– Como se você usasse o seu celular para falar com alguém sobre qualquer outro assunto que não seja trabalho, Daniel. – Jeff nega com a cabeça. – Você tem que lembrar que tem uma vida pessoal, mano. Uma vida…– E você está aqui para falar sobre trabalho ou não? – Interrompi ele.Ele ergueu as mãos no ar como se estivesse se rendendo.– Ei, calma. – Riu novamente. Ele está rindo bastante, talvez eu devesse dá mais trabalho para esse homem. – Estou aqui para falar sobre o trabalho.– E por que não mandou uma mensagem? – Olhei para ele chocado. – Porque, no fundo, eu tenho certeza que isso poderia ter resolvido com uma simples mensagem.Jeff tem uma mente brilhante e uma coisa que eu não me arrependo é de ter contratado ele. Deixei toda a área de publicidade e marketing com ele, confiando completamente no seu trabalho. E até hoje nunca me decepcionou.– Porque eu não estava a fim de ouvir um não. – Não havia mais sorriso em seu rosto. – Recebemos uma proposta de uma faculdade de Publicidade. É um lugar bem respeitado e bem frequentado atualmente. Sr. Willis é o diretor e está promovendo essas palestras no qual você foi convidado.– Acabei de autorizar a produção de mais de 50 máquinas para uma construção civil daqui a dois meses. – Massageei as têmporas. – Não tenho tempo para dar palestra em uma faculdade.– Vai ser importante para a empresa, nos dando mais visibilidade…Olhei para ele chocado com o tamanho interesse nessa faculdade.– Por acaso você se lembra onde trabalha, Jefferson? – Encaro ele seriamente. – Com toda certeza não estamos necessitados.– Não, não estamos. – Ele concorda. – Mas marketing nunca é demais e você sabe disso. Você atingiu um patamar que não é mais questionável, produzimos mais de 100 mil peças por hora. Ok, isso é perfeito! – Ele dá um sorriso admirado e vejo essa empolgação enquanto ele se ajeita na cadeira, inclinando o seu corpo levemente para frente. – É um engenheiro mecânico bem invejado, e largou a engenharia mecânica automotiva porque achou que a faculdade estava muito atrasada para o seu conhecimento. Fechou uma parceria incrível com a família Cameron, produzindo peças de primeira mão e uma quantidade enorme para uma linha de carros que sinceramente revolucionará o mercado. – Jeff riu. – Mas quem é Daniel Hart? Sabemos que você é perfeito na sua área profissional, mas os seus esforços até aqui? O que você sentiu? O que você passou? Daniel, encontramos uma forma perfeita de trazer o lado mais humano para essa empresa. Aqueles futuros profissionais podem estar trabalhando para você daqui a um tempo. Proponho lidarmos com o lado emocional das pessoas e assim conseguir mais clientes e inspirando outras pessoas.– Odeio quando você vem com esses textos para tentar me convencer. – Relaxei na cadeira e fechei os meus olhos por alguns segundos.– Bem, como falei, eu não queria receber um homem não. – Senti desconforto em suas palavras e abrir meus olhos. – Espero ter te convencido porque eu já confirmei a sua participação nas palestras.– Você o quê?! – Me levanto.P.V. Layla BarrettCecília e Fernando Barrett são donos de uma marca de roupas femininas e masculinas. Não tão famosa no mercado e o serviço é totalmente terceirizado, o que não tem um lugar fixo e uma grande empresa para comandar. Mas conseguimos um bom dinheiro, o que nos torna ricos, não tenho problema algum em ser rica. Além dessa empresa de roupas, eles lidam muito com investimentos, o que na maioria das vezes acaba saindo boa parte desse dinheiro dos investimentos feitos.É bom, mas acaba não dando tanto valor para a loja.Sou uma pessoa bem criativa e modesta parte, sou boa no que faço. Gostaria muito de ajudar eles em toda questão de marketing da empresa, mas a escolha da minha faculdade para eles é perda de tempo. Gosto de desenhar e tenho me aventurado até mesmo em alguns rascunhos de algumas roupas, consegui vender o figurino e assim consigo um dinheiro além do que meus pais me dão. Trabalho com muito freelancer em alguns sites e que meus pais não descubram isso.– Então vo
P.V. Layla Barrett– Sim, eu sou uma mulher. – Arqueio uma sobrancelha. – Está desapontado?Ele me olha descendo o seu olhar lentamente pelo meu corpo e subindo novamente.– Você é bem ousada. – Sua voz sai baixa e seus olhos estreitos em minha direção. Parecia estar controlando o seu tom de voz.Não queria aquele olhar que ele direcionou ao Gabe, mas não consegui segurar minha língua.– Quer que eu prove? – Continuei desafiando ele. – Pode ser que você goste.Estou com raiva, muita raiva, mas não é dele que estou com raiva. Por que não pode me deixar em paz? Tudo devido ao que eu visto? Estou agredindo alguém por usar moletons? Estou matando alguém por isso? Por que simplesmente não me deixam em paz?! Senti meus olhos marejados e virei meu rosto, evitando olhar para ele.– Sou Daniel Hart. – Ele estende a mão em minha direção. Olhei para sua mão e depois para o seu rosto. – Fui convidado a dar uma palestra aqui hoje.Com um leve franzido em sua testa, posso dizer que ele não está mui
P.V. Daniel HartParei no meio do corredor, piscando algumas vezes.Ela não me disse o nome dela.Fico tentado a me virar e volta… Não, eu não vou. Por que eu iria? Nego com a cabeça e sigo em direção a sala de Edmon Willis. Sua secretária rapidamente se apressa em me guiar até a sala de Edmon e acaba se atrapalhando, suspirei irritado. Ela percebe e se atrapalha mais ainda.– Sr. Hart, é um prazer vê-lo. – Edmon com grande sorriso no seu rosto, ele estende a sua mão, aperto, mas recusei um abraço. – Por favor, sente-se.Edmon é diretor dessa faculdade há mais de 7 anos e realiza um bom trabalho. É elogiado por muitos, mas parece que quem deixamos algo passar. Ele tem seus 45 anos, o filho mais novo da família Willis. Seu cabelo é bem curto e preto, com alguns fios brancos se fazendo presente. Edmon deve ter uns 1,70 de altura, rechonchudo e tem bigode. Ocupo a cadeira em sua frente abrindo um dos botões do meu terno.– Agradeço por aceitar o convite…– Ao chegar me deparei com uma ce
P.V. Layla BarrettColoquei o caderno contra a parede. Os traços não estavam saindo como eu queria, solto um xingamento baixo ignorando as pessoas que passam ao meu redor. Soltei a minha mochila no chão e me sento ao lado dela, cruzando as minhas pernas. Agora toda curvada por cima do caderno consigo ter uma precisão maior e realizando o traço daquela calça com perfeição.Pego a borracha para dar uma apagada no cós e refazer a parte esquerda, a borracha acaba escapando da minha mão e eu me estico para pegar ela como se minha vida dependesse daquela borracha.– Fica quieta! – Brigo com a borracha.Apago e refaço.– Você sabe que ficará com dor de coluna, não é? – A voz grave é inconfundível.Virei a minha cabeça lentamente em direção da voz. Daniel. Faz uma semana que eu não o via.– É sempre pode tentar posições novas, senhor Hart. – Daniel inclinou a cabeça para o lado e os seus lábios se curvaram em um sorriso malicioso. Arregalei os olhos. – O desenho! – Me apresso em dizer e lev
Caminho aleatoriamente pelo estacionamento. Não faço a mínima ideia de qual seja o seu carro, ele esqueceu de informar essa parte. Idiota! Ele não tem direito nenhum de confessar o meu caderno, aí a senhora já tinha terminado e começar outra peça. Tenho até a noite de hoje para entregar.Daniel transpira muito conhecimento. Pelo jeito que fala, poucos movimentos para conseguir se expressar e sua história de vida. Não é um homem que se envolve em polêmicas, trazendo uma segurança. Segurança que digo é uma pessoa de exemplo no profissionalismo. De família rica, mas que aproveitou bem as oportunidade e como ele mesmo diz criou essas oportunidades.E mesmo assim ele não tem direito de confiscar o meu caderno.– Está perdida, Layla. – Olhei para ele. Daniel acabou de sair do elevador. Olhei para sua mão e não vi meu caderno.– Cadê meu caderno, senhor Hart?– Esse caderno não parece ser um simples caderno de desenho. – Daniel pelo estacionamento, provavelmente indo até seu carro. Vou atrá
P.V. Daniel HartEu não tinha absolutamente nada para fazer nessa faculdade. Deveria estar na mesma empresa trabalhando como sempre, mas aqui estou eu atrás de uma mulher de 21 anos e universitária dessa faculdade. Que vi apenas na semana passada e não consegui parar de pensar nela. Quais informações que consegui, eu comecei a estudar um pouco sobre Layla Barrett, notas fantásticas na faculdade e sempre parando da sala do diretor Willis pelos mesmos motivos.Perry, Gabe e Ethen, esses são os principais.Na semana passada tive o desprazer de conhecer o Gabe. É bom saber os nomes e ficar ciente de quem são, porque não serão mais um problema para Layla. Não enquanto eu estiver por p
P.V. Layla BarrettEra um pouco estranho saber que tenho o número do celular de Daniel Hart. O CEO da empresa MecHa e agora o meu mentor. É estranho, não, é algo que esperava para o último ano de faculdade. Ocupei a minha cadeira para assistir à palestra de Daniel, hoje foram duas palestras com essa. Um CEO da área da culinária precisou adiantar sua palestra e Daniel cedeu seu horário, deixando que sua palestra fosse mais tarde.Foi uma hora e meia, Daniel como sempre mostrou elegância e seriedade ao falar. Nossos olhares se encontraram muitas vezes e diferente da primeira vez, eu não desviei. Quero que ele me veja.– Por começa cedo, encontrei resistência. – Ele explicou. – Não foi apenas na área onde queria atuar, mas em casa. Quem deveria ser seus maiores apoiadores pode te surpreender.Anotei essa última frase no meu caderno. Meus pais estão se preparando para uma próxima viagem nesse final de semana, por incrível que pareça eu fui convidada. Mas recusei. Sim, recusei! É ruim não
P.V. Layla Barrett A peça que vejo me agradava. Inclinei a cabeça para o lado, podendo olhar melhor e, ao mesmo tempo, não consigo evitar a careta em meu rosto. É diferente, mas é o que pede para a ocasião.É o vestido que ele escolheu.Um presente.Ah, que saudades do meu conjunto de moletom. Tenho certeza que o conjunto azul-claro que comprei em Moscou ficaria perfeito para essa ocasião. O evento produzido pela faculdade onde teremos contato com os donos da faculdade e seus parceiros, obviamente nem todos os alunos foram convidados. Foi feita uma seleção da qual Daniel decidiu que eu iria, sinto vontade de revirar os olhos todas às vezes que penso nisso.O último ano pode até ser obrigado, mas ele bem que poderia ter me livrado dessa. Aqui estou eu. Um vestido de costas nua na cor de creme, às vezes me sentia que estava indo para meu próprio casamento. O vestido só faltou ser completamente branco. Quando cheguei em casa e lembrei que Daniel teria contado a uma equipe, confesso que