Capítulo 4

P.V. Layla Barrett

– Sim, eu sou uma mulher. – Arqueio uma sobrancelha. – Está desapontado?

Ele me olha descendo o seu olhar lentamente pelo meu corpo e subindo novamente.

– Você é bem ousada. – Sua voz sai baixa e seus olhos estreitos em minha direção. Parecia estar controlando o seu tom de voz.

Não queria aquele olhar que ele direcionou ao Gabe, mas não consegui segurar minha língua.

– Quer que eu prove? – Continuei desafiando ele. – Pode ser que você goste.

Estou com raiva, muita raiva, mas não é dele que estou com raiva. Por que não pode me deixar em paz? Tudo devido ao que eu visto? Estou agredindo alguém por usar moletons? Estou matando alguém por isso? Por que simplesmente não me deixam em paz?! Senti meus olhos marejados e virei meu rosto, evitando olhar para ele.

– Sou Daniel Hart. – Ele estende a mão em minha direção. Olhei para sua mão e depois para o seu rosto. – Fui convidado a dar uma palestra aqui hoje.

Com um leve franzido em sua testa, posso dizer que ele não está muito feliz de estar aqui hoje. Apertei a sua mão. Essa é a primeira vez que o vejo, e é tão lindo quanto na televisão. Daniel é alto e tem presença, conseguindo chamar atenção de longe.

– CEO da empresa MecHa. É um prazer conhecê-lo. – Soltei sua mão. – Aposto que gostaria de estar em outro lugar. – Dou de ombros. – Eu gostaria de estar em outro lugar.

Daniel me olha em silêncio. Me senti um pouco tímida com seu olhar.

– Acredito que eu esteja exatamente onde deveria. – Seu lábio se repuxa para o lado.

Isso foi um sorriso ou um quase sorriso…

– É melhor irmos. – Daniel volta com a sua expressão seria. Talvez essa seja a sua expressão natural. – Espero te ver por lá.

Daniel não espera a minha resposta e vai embora.

[…]

A sala está bem cheia. Procuro um lugar vaga antes que a palestra comece. Parece que Daniel foi para sala de Edmon, o que me deu mais tempo para chegar na sala onde aconteceria a palestra. Sinto o olhar de Gabe que está sentado ao lado de Ethen, mas ignoro eles.

Daniel entra na sala ao lado de Edmon Willis, nosso diretor. Edmon começa fazendo um discurso em agradecimento pela presença de Daniel e o quanto será importante essa primeira palestra tanto quanto as outras que estão por vir. Acabei não dando tanta atenção às palavras do nosso diretor, Daniel parecia perdido em seus pensamentos tanto quanto parecia estar presente e ouvindo tudo e a todos. Em um perfeito terno preto, seus cabelos não tinham nenhum fio fora do lugar. Nenhum sinal de uma briga minutos atrás. Daniel agradeceu a oportunidade para Edmon e antes de começar a falar fez uma foto com o diretor.

– Peço que os fotógrafos saem agora. – Ele diz quando ajeitou o microfone.

Tinha o total de três fotógrafos presentes e eles ficaram meio sem saber o que fazer. Talvez a ordem era que ficassem ali e ficassem surpresas com a decisão de Daniel, Edmon rapidamente orientou que os fotógrafos saíssem. Daniel olhou para o grupo de oitenta alunos à sua frente. Prendi o ar por alguns segundos. Ele está me olhando. Pode ser coisa da minha cabeça, mas ele fez um leve e aceno de cabeça em minha direção. Fico sem jeito, só posso estar imaginando coisas e me distraio com a caneta em minhas mãos.

– Fotos não vai encher a cabeça de vocês de conhecimentos no momento. – Daniel faz um leve silêncio. – Como muitos devem saber que sou um dos maiores engenheiros mecânicos no momento… – As pessoas começaram a olhar umas para as outras achando estranho. – Sim, no momento. Porque se eu não me atualizar sempre e buscar evoluir podem me ultrapassar. Alguém nesse exato momento pode estar procurando formas e melhorias, amanhã eu posso acordar e ter outro nome no mercado no lugar do meu. – As pessoas riram.

– Se isso acontecer posso consolar ele na minha cama. – Ouvi uma das meninas atrás de mim cochichar.

– Sim! – A outra concordou. – Como um homem lindo desse jeito pode estar solteiro?!

Ignoro a conversa delas e prendo a minha atenção em Daniel.

– Isso é possível. – Daniel não sorriu quando os outros riram. – A empresa MecHa não nasceu muito rapidamente, não foi da noite para o dia. Eu lutei para isso e o meu lema e também o que sugiro para vocês é: nunca perca uma oportunidade e se não tiver crie.

– É fácil para ele. – Alguém cochichou. – Nasceu de uma família rica.

– Muitos vão pensar que nasci em berço de ouro e assim sendo dado às coisas para mim sem esforço algum. – Daniel ergueu levemente a sobrancelha esquerda. Talvez uma forma de deboche, eu queria, mas me segurei. – Não, não foi bem assim. O meu conhecimento não entraria na minha cabeça pagando pessoas para fazer por mim, tive alguns privilégios e aproveitei. Aproveitei transformando em conhecimento, por que falo tanto essa palavra? Porque minha empresa pode acabar hoje e mesmo assim conseguirei me erguer novamente. Porque o seu conhecimento ninguém tira. – Todos olhavam para Daniel sem piscar e ele parecia gostar disso. – Por ser novo demais me negavam coisas e então tive que criar minhas próprias oportunidades. – Daniel inclinou a cabeça para o lado. – No meu quarto período na faculdade criei a minha empresa, no segundo ano da MecHa já estava ganhando cinco vezes a mais do que o patrimônio da minha família. No terceiro ano, dez vezes mais e hoje em dia sinceramente não saberia dizer quanto. Persistência e constância, meus amigos.

Daniel continuou a falar e eu anotava tudo que fosse possível. Ele citou muitas partes técnicas e números, eu fui anotando. Alguma coisa ali eu poderia tirar como experiência e transformar para minha área. Eu gosto de ouvir a voz dele, é grave e sedutora. Sempre precisar aumentar seu tom de voz para ser ouvido, Daniel estava em posto perfeito naquele momento.

A palestra seguiu e quando acabou eu estava me sentindo bem mais leve do que quando cheguei aqui. Ansiosa para a próxima.

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