P.V. Layla Barrett
– Sim, eu sou uma mulher. – Arqueio uma sobrancelha. – Está desapontado?Ele me olha descendo o seu olhar lentamente pelo meu corpo e subindo novamente.– Você é bem ousada. – Sua voz sai baixa e seus olhos estreitos em minha direção. Parecia estar controlando o seu tom de voz.Não queria aquele olhar que ele direcionou ao Gabe, mas não consegui segurar minha língua.– Quer que eu prove? – Continuei desafiando ele. – Pode ser que você goste.Estou com raiva, muita raiva, mas não é dele que estou com raiva. Por que não pode me deixar em paz? Tudo devido ao que eu visto? Estou agredindo alguém por usar moletons? Estou matando alguém por isso? Por que simplesmente não me deixam em paz?! Senti meus olhos marejados e virei meu rosto, evitando olhar para ele.– Sou Daniel Hart. – Ele estende a mão em minha direção. Olhei para sua mão e depois para o seu rosto. – Fui convidado a dar uma palestra aqui hoje.Com um leve franzido em sua testa, posso dizer que ele não está muito feliz de estar aqui hoje. Apertei a sua mão. Essa é a primeira vez que o vejo, e é tão lindo quanto na televisão. Daniel é alto e tem presença, conseguindo chamar atenção de longe.– CEO da empresa MecHa. É um prazer conhecê-lo. – Soltei sua mão. – Aposto que gostaria de estar em outro lugar. – Dou de ombros. – Eu gostaria de estar em outro lugar.Daniel me olha em silêncio. Me senti um pouco tímida com seu olhar.– Acredito que eu esteja exatamente onde deveria. – Seu lábio se repuxa para o lado.Isso foi um sorriso ou um quase sorriso…– É melhor irmos. – Daniel volta com a sua expressão seria. Talvez essa seja a sua expressão natural. – Espero te ver por lá.Daniel não espera a minha resposta e vai embora.[…]A sala está bem cheia. Procuro um lugar vaga antes que a palestra comece. Parece que Daniel foi para sala de Edmon, o que me deu mais tempo para chegar na sala onde aconteceria a palestra. Sinto o olhar de Gabe que está sentado ao lado de Ethen, mas ignoro eles.Daniel entra na sala ao lado de Edmon Willis, nosso diretor. Edmon começa fazendo um discurso em agradecimento pela presença de Daniel e o quanto será importante essa primeira palestra tanto quanto as outras que estão por vir. Acabei não dando tanta atenção às palavras do nosso diretor, Daniel parecia perdido em seus pensamentos tanto quanto parecia estar presente e ouvindo tudo e a todos. Em um perfeito terno preto, seus cabelos não tinham nenhum fio fora do lugar. Nenhum sinal de uma briga minutos atrás. Daniel agradeceu a oportunidade para Edmon e antes de começar a falar fez uma foto com o diretor.– Peço que os fotógrafos saem agora. – Ele diz quando ajeitou o microfone.Tinha o total de três fotógrafos presentes e eles ficaram meio sem saber o que fazer. Talvez a ordem era que ficassem ali e ficassem surpresas com a decisão de Daniel, Edmon rapidamente orientou que os fotógrafos saíssem. Daniel olhou para o grupo de oitenta alunos à sua frente. Prendi o ar por alguns segundos. Ele está me olhando. Pode ser coisa da minha cabeça, mas ele fez um leve e aceno de cabeça em minha direção. Fico sem jeito, só posso estar imaginando coisas e me distraio com a caneta em minhas mãos.– Fotos não vai encher a cabeça de vocês de conhecimentos no momento. – Daniel faz um leve silêncio. – Como muitos devem saber que sou um dos maiores engenheiros mecânicos no momento… – As pessoas começaram a olhar umas para as outras achando estranho. – Sim, no momento. Porque se eu não me atualizar sempre e buscar evoluir podem me ultrapassar. Alguém nesse exato momento pode estar procurando formas e melhorias, amanhã eu posso acordar e ter outro nome no mercado no lugar do meu. – As pessoas riram.– Se isso acontecer posso consolar ele na minha cama. – Ouvi uma das meninas atrás de mim cochichar.– Sim! – A outra concordou. – Como um homem lindo desse jeito pode estar solteiro?!Ignoro a conversa delas e prendo a minha atenção em Daniel.– Isso é possível. – Daniel não sorriu quando os outros riram. – A empresa MecHa não nasceu muito rapidamente, não foi da noite para o dia. Eu lutei para isso e o meu lema e também o que sugiro para vocês é: nunca perca uma oportunidade e se não tiver crie.– É fácil para ele. – Alguém cochichou. – Nasceu de uma família rica.– Muitos vão pensar que nasci em berço de ouro e assim sendo dado às coisas para mim sem esforço algum. – Daniel ergueu levemente a sobrancelha esquerda. Talvez uma forma de deboche, eu queria, mas me segurei. – Não, não foi bem assim. O meu conhecimento não entraria na minha cabeça pagando pessoas para fazer por mim, tive alguns privilégios e aproveitei. Aproveitei transformando em conhecimento, por que falo tanto essa palavra? Porque minha empresa pode acabar hoje e mesmo assim conseguirei me erguer novamente. Porque o seu conhecimento ninguém tira. – Todos olhavam para Daniel sem piscar e ele parecia gostar disso. – Por ser novo demais me negavam coisas e então tive que criar minhas próprias oportunidades. – Daniel inclinou a cabeça para o lado. – No meu quarto período na faculdade criei a minha empresa, no segundo ano da MecHa já estava ganhando cinco vezes a mais do que o patrimônio da minha família. No terceiro ano, dez vezes mais e hoje em dia sinceramente não saberia dizer quanto. Persistência e constância, meus amigos.Daniel continuou a falar e eu anotava tudo que fosse possível. Ele citou muitas partes técnicas e números, eu fui anotando. Alguma coisa ali eu poderia tirar como experiência e transformar para minha área. Eu gosto de ouvir a voz dele, é grave e sedutora. Sempre precisar aumentar seu tom de voz para ser ouvido, Daniel estava em posto perfeito naquele momento.A palestra seguiu e quando acabou eu estava me sentindo bem mais leve do que quando cheguei aqui. Ansiosa para a próxima.P.V. Daniel HartParei no meio do corredor, piscando algumas vezes.Ela não me disse o nome dela.Fico tentado a me virar e volta… Não, eu não vou. Por que eu iria? Nego com a cabeça e sigo em direção a sala de Edmon Willis. Sua secretária rapidamente se apressa em me guiar até a sala de Edmon e acaba se atrapalhando, suspirei irritado. Ela percebe e se atrapalha mais ainda.– Sr. Hart, é um prazer vê-lo. – Edmon com grande sorriso no seu rosto, ele estende a sua mão, aperto, mas recusei um abraço. – Por favor, sente-se.Edmon é diretor dessa faculdade há mais de 7 anos e realiza um bom trabalho. É elogiado por muitos, mas parece que quem deixamos algo passar. Ele tem seus 45 anos, o filho mais novo da família Willis. Seu cabelo é bem curto e preto, com alguns fios brancos se fazendo presente. Edmon deve ter uns 1,70 de altura, rechonchudo e tem bigode. Ocupo a cadeira em sua frente abrindo um dos botões do meu terno.– Agradeço por aceitar o convite…– Ao chegar me deparei com uma ce
P.V. Layla BarrettColoquei o caderno contra a parede. Os traços não estavam saindo como eu queria, solto um xingamento baixo ignorando as pessoas que passam ao meu redor. Soltei a minha mochila no chão e me sento ao lado dela, cruzando as minhas pernas. Agora toda curvada por cima do caderno consigo ter uma precisão maior e realizando o traço daquela calça com perfeição.Pego a borracha para dar uma apagada no cós e refazer a parte esquerda, a borracha acaba escapando da minha mão e eu me estico para pegar ela como se minha vida dependesse daquela borracha.– Fica quieta! – Brigo com a borracha.Apago e refaço.– Você sabe que ficará com dor de coluna, não é? – A voz grave é inconfundível.Virei a minha cabeça lentamente em direção da voz. Daniel. Faz uma semana que eu não o via.– É sempre pode tentar posições novas, senhor Hart. – Daniel inclinou a cabeça para o lado e os seus lábios se curvaram em um sorriso malicioso. Arregalei os olhos. – O desenho! – Me apresso em dizer e lev
Caminho aleatoriamente pelo estacionamento. Não faço a mínima ideia de qual seja o seu carro, ele esqueceu de informar essa parte. Idiota! Ele não tem direito nenhum de confessar o meu caderno, aí a senhora já tinha terminado e começar outra peça. Tenho até a noite de hoje para entregar.Daniel transpira muito conhecimento. Pelo jeito que fala, poucos movimentos para conseguir se expressar e sua história de vida. Não é um homem que se envolve em polêmicas, trazendo uma segurança. Segurança que digo é uma pessoa de exemplo no profissionalismo. De família rica, mas que aproveitou bem as oportunidade e como ele mesmo diz criou essas oportunidades.E mesmo assim ele não tem direito de confiscar o meu caderno.– Está perdida, Layla. – Olhei para ele. Daniel acabou de sair do elevador. Olhei para sua mão e não vi meu caderno.– Cadê meu caderno, senhor Hart?– Esse caderno não parece ser um simples caderno de desenho. – Daniel pelo estacionamento, provavelmente indo até seu carro. Vou atrá
P.V. Daniel HartEu não tinha absolutamente nada para fazer nessa faculdade. Deveria estar na mesma empresa trabalhando como sempre, mas aqui estou eu atrás de uma mulher de 21 anos e universitária dessa faculdade. Que vi apenas na semana passada e não consegui parar de pensar nela. Quais informações que consegui, eu comecei a estudar um pouco sobre Layla Barrett, notas fantásticas na faculdade e sempre parando da sala do diretor Willis pelos mesmos motivos.Perry, Gabe e Ethen, esses são os principais.Na semana passada tive o desprazer de conhecer o Gabe. É bom saber os nomes e ficar ciente de quem são, porque não serão mais um problema para Layla. Não enquanto eu estiver por p
P.V. Layla BarrettEra um pouco estranho saber que tenho o número do celular de Daniel Hart. O CEO da empresa MecHa e agora o meu mentor. É estranho, não, é algo que esperava para o último ano de faculdade. Ocupei a minha cadeira para assistir à palestra de Daniel, hoje foram duas palestras com essa. Um CEO da área da culinária precisou adiantar sua palestra e Daniel cedeu seu horário, deixando que sua palestra fosse mais tarde.Foi uma hora e meia, Daniel como sempre mostrou elegância e seriedade ao falar. Nossos olhares se encontraram muitas vezes e diferente da primeira vez, eu não desviei. Quero que ele me veja.– Por começa cedo, encontrei resistência. – Ele explicou. – Não foi apenas na área onde queria atuar, mas em casa. Quem deveria ser seus maiores apoiadores pode te surpreender.Anotei essa última frase no meu caderno. Meus pais estão se preparando para uma próxima viagem nesse final de semana, por incrível que pareça eu fui convidada. Mas recusei. Sim, recusei! É ruim não
P.V. Layla Barrett A peça que vejo me agradava. Inclinei a cabeça para o lado, podendo olhar melhor e, ao mesmo tempo, não consigo evitar a careta em meu rosto. É diferente, mas é o que pede para a ocasião.É o vestido que ele escolheu.Um presente.Ah, que saudades do meu conjunto de moletom. Tenho certeza que o conjunto azul-claro que comprei em Moscou ficaria perfeito para essa ocasião. O evento produzido pela faculdade onde teremos contato com os donos da faculdade e seus parceiros, obviamente nem todos os alunos foram convidados. Foi feita uma seleção da qual Daniel decidiu que eu iria, sinto vontade de revirar os olhos todas às vezes que penso nisso.O último ano pode até ser obrigado, mas ele bem que poderia ter me livrado dessa. Aqui estou eu. Um vestido de costas nua na cor de creme, às vezes me sentia que estava indo para meu próprio casamento. O vestido só faltou ser completamente branco. Quando cheguei em casa e lembrei que Daniel teria contado a uma equipe, confesso que
P.V. Daniel HartAté agora estou me perguntando o motivo de estar aqui. E toda vez é a mesma resposta: Layla. Layla deveria ter chegado no mínimo uma hora. Estava difícil esconder a minha irritação por conta disso. Sim, estava ficando irritado porque Layla ainda não havia chegado. Nenhuma mensagem ou ligação. E tem que aguentar essas pessoas, esse não é o ambiente do qual faria algum negócio. Estão aproveitando a oportunidade, oportunidade que raramente eu dou.Layla, cadê você?Fico tentado em pegar meu celular e mandar uma mensagem para ela e foi quando olho de relaxe em direção a escada. Não precisava mais atenção no que eles dizi
P.V. Layla BarrettAquela voz rouca e um vamos para casa? Droga, Daniel! Não sei como conseguir me manter firme naquele salto alto, mas parabéns para mim. Chamar ele pelo sobrenome foi por pura provocação, ele está bem ali na minha frente. Toda atenção para mim. Não resisti em fazer joguinhos e com a sua aproximação senti meu corpo esquentando a cada hora. Está muito na cara que estou querendo ele? Daniel soltou a minha mão e pelo cantinho conseguimos passar por aquela multidão e ir embora.Sem ninguém nos parar.No lado de fora esperamos o motorista de Daniel aparecer, a noite está fria e a chuva mesmo que fina começava. Daniel pegou o guarda-chuva que o homem do