Khrona, 1716.
Layla, com seus 15 anos recém completos, ganhou autorização dos pais para ir até o centro com seu irmãozinho Adrien, de apenas 7 anos. Estavam precisando de novas verduras pois a seca que castigou aquele lugar secou e destruiu todas que Diara tinha plantado.
-Adrien, você não pode sair de perto de mim. Tudo bem?
-Tudo bem, Lay. Eu vou ficar com você.
Adrien nasceu inteiramente com a parte vampírica do pai. Até o momento não tinha manifestado nada em relação a bruxaria que possivelmente teria herdado da mãe.
Layla começou a comprar as verduras que necessitava, mas sempre ficava de olho em Adrien. A garota sabia que tinha poderes, mas só funcionavam com uma ativação que era desconhecida para ela. Então, aparentava e cheirava como humana. Já Adrien era vampiro e parecia como tal. Os olhos eram bem azuis e a pele um tanto pálida.
Caminhando tranquilamente, algo em Layla avisava que alguma coisa poderia a qualquer momento acontecer. Apertou a mão de Adrien e andou mais rápido. O garoto, não entendendo nada, andou mais rápido sem questionar.
-Ei, humana!-Alguém gritou.-Nos entregue esse vampiro e prosseguirás em paz.
Layla engole seco e aperta Adrien ao corpo. Ela entrega as sacolas ao garoto e pede para que ele se esconda atrás dela. Adrien obedece.
-Ele é só uma criança!-Gritou de volta para os quatro homens que a encarava.-Deixe-nos em paz. Sempre vivemos em paz com vocês.
-Ele é nosso inimigo. Não podemos deixar que vivam entre nós com esse monstro.-Um dos homens gritava e Adrien se encolhia.-Peço que deixem nossa vila ou vamos matar o garoto. Vocês tem até o pôr do sol de amanhã.
Layla assentiu, colocou Adrien nas costas e correu o mais rápido que podia. Eles moravam mais afastado da vila, mas ainda sim eram considerados parte dela. Otto não trabalhava na vila, por isso não tinha sido reconhecido pela sua sobrenaturalidade. Adrien era aceito por parte da vila e na escola, mas sempre existiu os radicais.
Depois que Layla contou tudo a sua mãe, Diara abraçou Adrien. O coração daquela mãe estava em pedaços ao imaginar que o filho escutou tantas barbaridades.
-Vamos começar a arrumar nossas coisas.-Diara enxuga as lágrimas e beija seus filhos na testa.-Quando o papai chegar vamos partir. Não podemos mais continuar aqui. Vamos retornar para o sul de Khrona, lá temos uma casa.
Diara sabia que lá também seria perigoso, mas era o único lugar que às pressas poderiam ir. Otto chegou algumas horas mais tarde e ajudou a arrumar as coisas também. Havia uma velha charrete que servia para carregar hortaliças para vender na vila; usaram-na para sair daquele lugar.
Adrien abraçava forte sua mãe por enquanto que Layla observava sua antiga casa ficando cada vez mais distante. Engoliu o choro e se viu perguntando por que tanto ódio. Chorou ao deixar para trás seus amigos.
Ao anoitecer, se abrigaram em uma velha casa que encontraram no meio do nada. Diara estava com um péssimo pressentimento, alertou o marido e os dois se recusaram a dormir.
-Layla ainda é uma criança, Otto. Ela não sabe como ativar seus poderes e nem eu sei como ajudar.-A mulher agasalha-se com um cobertor.-Você sabe que Adrien pode ser mais bem aceito lá do que ela. E se ela ativar o lado lobisomem na frente de todos? Vão matá-la.
-Eu não sei o que vai ser de nós, mas vamos ficar juntos. Precisamos protegê-la acima de tudo.-Otto agarra sua mulher. -Layla é a esperança. Eu dou a minha vida por ela, sem dúvidas.
Diara sabia que era uma missão muito difícil proteger alguém que é tão poderosa, mas não sabe nada dos seus poderes. Layla não estava dormindo, tinha ouvido tudo que estavam falando. Se viu perguntando de que esperança eles estavam comentando.
De olhos fechados, lembrou dos amigos que deixou para trás. Ela os amava muito, mas tinha um carinho diferente por Rael. Ele a tratava diferente das outras garotas, com respeito e gentileza. Deixou algumas lágrimas escaparem. Logo adormeceu.
Chegaram no sul de Khrona dois dias depois da partida. Estavam exaustos. Enquanto Otto fazia alguns reparos na casa, Diara limpava e arrumava. Layla foi ajudar Adrien a tomar banho pois o mesmo não queria ir sozinho. A casa estava em bom estado e isso deixou Diara aliviada.
-Eu preciso ir a um lugar agora. Cuida das crianças, por favor.
Diara beijou o marido e saiu. Ela precisava da ajuda do clã Vallency. Sabia que não tinha o menor direito de pedir ajuda quando tinha abandonado o clã sem explicações, mas custava tentar. Diria a superiora sobre Layla e tinha certeza que ela ajudaria.
-Pouline, é você?-Diara exclama ao ver uma velha amiga.
-Diara! O que você veio fazer aqui?-A mulher tinha um semblante assustado.-Isso não é mais como quinze anos atrás. Você fez bem em se afastar.
-Eu preciso falar com a superiora. Ela precisa me ajudar. Eu não tenho mais como proteger minha filha.
Pouline, ao ouvir aquilo, puxou Diara para um lugar mais distante. Implorou para que ela lhe explicasse melhor e confiando na amiga ela explicou. Pouline parecia apavorada.
-Por que essa expressão, Pouline? Você parece com medo.
-Eu tive uma visão, Diara.-A mulher respira com dificuldades.-Venha, vamos pra outro lugar longe da sede do clã. Isso aqui deixou de ser confiável a muito tempo.
As duas se afastaram e se dirigiram até uma praça. Pouline conta todos os detalhes da visão, exaltando certos pontos importantes. Também conta-lhe sobre o plano da superiora em tomar o poder de Khrona, fazendo com que as outras espécies sejam submissas.
-Khrona parece estar um caos. Se as bruxas estão assim, imagino as outras espécies...-Diara tem lágrimas nos olhos.-Viemos fugidos pois queriam matar meu filho onde estávamos. E agora sabendo que vim parar em outra tempestade...
-Planejam procurar a sua filha para exterminá-la. Não querem paz, Diara. Querem poder.
Pouline conversou com Diara por mais algum tempo e as duas tomaram uma decisão. Layla não podia ficar no meio do caos, por enquanto. Ela precisava conhecer mais de si e entender a importância da sua existência. Layla teria que se afastar.
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Khrona, 1716.Diara voltou para casa com o coração muito doído. Layla seria levada para um pequeno vilarejo de bruxas desligadas do clã Vallency. Eram bruxas que buscavam a paz, assim como uma pequena parte das outras espécies.Ainda estava muito viva as palavras que Pouline lhe disse sobre a visão que teve. Era um aviso constante de que teria que afastar Layla por um tempo."Eu via muitas caçadas atrás da salvadora, muita gente matando inocentes por achar que era ela. Eu vi que muito antes dela nascer, um vampiro já existia tendo nele a força de parar a missão dela, se o mesmo quisesse. Muita dor ela sentiria por passar por cima de tanta coisa em nome da sua missão. Para trazer a paz, ela teria que passar por muitas tempestades."Encontrou Adrien brincando do lado de fora e o convidou para entrar. Layla estava terminando o jantar enquanto Otto estava inflamando o fogo da lareira. Di
Khrona, 1716.Castelo SartoriJames Sartori reunia-se com alguns membros do clã Sartori afim de definir como caçariam a garota da visão. Irado por não saber nada sobre ela, arremessou longe a mesa central.–Acalme-se, James. Estamos nos empenhando para achar algum indício de onde está essa maldita garota.–Dimitri, irmão e braço direito de James, tentava manter a ordem na reunião.–Precisamos manter a calma ou não pensaremos direito. Vale mais estratégia do que força bruta.Nesse momento Afonso, filho mais velho de James, invade a reunião atrás do pai. James dispensa todos os membros marcando uma nova reunião para decidir o dia da caçada. Afonso senta-se na frente do pai encarando-o com aqueles olhos frios.–Você contou alguma coisa para eles?–Os olhos semicerrados do filho estavam direcionados para o pai.–Não. Não quero que saibam que a salvadora é o destino am
Khrona, 1722.Seis anos se passaram e era a hora de Layla retornar. Pouco tinha aprendido sobre como controlar os seus poderes, pois a forma como eles são ativados não é única. Existem muitos modos. É como se ela fosse um cadeado sem chave fixa, mas que nem toda chave o abre. Era complexo até para as bruxas.Layla via seus pais e seu irmão duas vezes no ano. Era muito sofrimento a hora da despedida. O clima em Khrona ficou terrível. Os vampiros praticamente dominaram todo o país. O clã deles era muito maior que todos os outros e impunha medo em quem quisesse combater.Uma caçada em busca da salvadora deu-se início há três anos atrás, mas nada encontraram. Muito sangue foi derramado. Vidas foram ceifadas injustamente. Layla não sabia de tudo isso. Manteram a garota isolada dos acontecimentos exteriores para poupar-lhe dores.Layla já sabia o que era. Sabia sua missão. Só não sabia como iria cumpri-la.
Khrona, 1722.Castelo Sartori Tadeu, o vampiro que espionava o clã lunar, chegou afobado no castelo. Procurou imediatamente por James. Ele seria muito bem recompensado pelo êxito nas suas espionagens.–Eu preciso falar com o líder. –Alegou para o vampiro que fazia a vigilância da reunião do clã. –Eu achei a garota.Nesse momento a porta é aberta e James está com um olhar maravilhado para Tadeu. Perante boa parte do clã, foi encorajado a falar o que sabia. Afonso observava tudo calado.–...e então eu fugi ou acabaria sendo pego por ela. Quase morri com a explosão que teve. A garota parece não ter controle sobre seus poderes. Tive medo dela me matar. É isso, líder.–Como não estranhei o sumiço repentino do Otto?–James perguntava a si em voz alta.–É um grande dia para nós do clã Sartori. Encontramos a garota. Agora vamos destruí-la e tomar em definitivo o país de
Khrona, 1722.Castelo Sartori☆ Layla Dominic ☆Meu coração estava muito acelerado no exato momento que ouvi Adrien me dizer onde estávamos. Sei que as intenções do meu irmão foram boas, mas ele esqueceu que sou humana?–Eles parecem amigáveis. Pensei em te salvar, Layla. Desculpe.Adrien bufou e então eu o abracei. Lembrei das suas palavras antes do meu surto. Sei que ele está magoado, mas eu sei que aquelas palavras foram bobagens.–Tudo bem, Adrien. Você quis me proteger. Preciso de um banho. Pelo que vejo você lembrou das minhas malas. Obrigada, irmão.Adrien assentiu e então me esperou banhar o corpo. Assim que eu terminei, alguém bate na porta. Adrien atende.–Trouxe roupas limpas para vocês. O almoço logo será servido. Em alguns minutos retorno para buscá-los.Adri
Khrona, 1722.Castelo Sartori ♤ Afonso Sartori ♤Eu sei o que o John quer fazer, mas isso não é brincadeira de criança. Ele precisa entender que é o futuro disso tudo que está em jogo. Quando Layla se retirou, aproximei-me dele.–Você está achando que isso é um jogo, John. Mas não é. Eu sou o protagonista que vai destruí-la, não você.–Eu não quero destruí-la, irmão. Eu quero ser a parte boa. Eu quero que ela confie em mim. Ela merece ter um bom amigo antes de saber que vai morrer pelas suas mãos. Não me atrapalhe e eu não atrapalho você.Um vampiro aparece convocando John até a presença do nosso pai. Observo da varanda o irmão dela conversando com outros vampiros adolescente. Logo ela aparece ao lado de Ivy. Minha irmã e seu complexo de solidão. Não pode ver ninguém novo que quer fazer amizade.John quer a atenção de Layla afi
Khrona, 1722.Castelo Sartori ☆ Layla Dominic ☆Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas desde que entrei no quarto meus olhos não querem voltar a serem pretos. Sei que desde a proximidade com Afonso eu sinto uma bagunça estranha em mim.–Ainda estão vermelhos, Layla.–Adrien confirma o que o espelho reflete.–Eles não podem descobrir o que você é, Layla.–Por quê? Eles parecem ser amigáveis. Querem que eu cumpra a minha missão. Talvez se eu mostrar a eles, eu tenha apoio e consiga o meu objetivo.–E te protejam também. Sei que não sou forte o suficiente pra te proteger, mas eles são. Depois que souberem quem você é, isso pode se espalhar e você pode ser perseguida, Layla. Não quero perder você.Abraço Adrien em sinal de conforto. Se para mim está sendo difícil, imagine para ele. Uma criança, praticamente.–S
Khrona, 1722.♤ Afonso Sartori ♤Eu sabia que tinha algum gatilho contra mim dentro da ratinha. Eu precisava fazer algo rápido, pois eu já estava começando a cair nesse feitiço que ela emana. E então veio a ideia de jogá-la dentro do rio. Para não parecer realmente uma tentativa contra a vida dela, me joguei junto.Vi quando seus olhos estavam dourados e ouvi seus ossos começarem a se partir. Tirei-a de dentro da água e fiz com que ela se acalmasse. Não sei a dimensão de seus poderes e possivelmente eu seria morto pela sua fúria.Mais uma vez eu não contava com ela assumindo o que era tão facilmente para mim. E dessa vez, o gatilho dentro de mim é ativado. Perante sua confissão eu fui obrigado a fazer a minha. Droga!–E eu sou o seu prometido. Você é minha, Layla. Minha.Ela imediatamente foge do meu toque e sobe seu vestido ainda de costas par