Khrona, 1722.
Seis anos se passaram e era a hora de Layla retornar. Pouco tinha aprendido sobre como controlar os seus poderes, pois a forma como eles são ativados não é única. Existem muitos modos. É como se ela fosse um cadeado sem chave fixa, mas que nem toda chave o abre. Era complexo até para as bruxas.
Layla via seus pais e seu irmão duas vezes no ano. Era muito sofrimento a hora da despedida. O clima em Khrona ficou terrível. Os vampiros praticamente dominaram todo o país. O clã deles era muito maior que todos os outros e impunha medo em quem quisesse combater.
Uma caçada em busca da salvadora deu-se início há três anos atrás, mas nada encontraram. Muito sangue foi derramado. Vidas foram ceifadas injustamente. Layla não sabia de tudo isso. Manteram a garota isolada dos acontecimentos exteriores para poupar-lhe dores.
Layla já sabia o que era. Sabia sua missão. Só não sabia como iria cumpri-la. Sua mestre, a bruxa Ione, lhe guiou na estrada do conhecimento e poder. Layla não estava com medo por si, mas por tudo que talvez causaria para os que estariam ao seu redor.
Diara, Otto e Adrien seguiram para o ponto na floresta onde existe a grande árvore que serve como portal. Conversando animadamente, Adrien expressa sua alegria em finalmente voltar a conviver com sua irmã.
–Layla vai enfim cumprir a missão dela e ficar com a gente para sempre. Eu mal posso esperar para ensiná-la a como correr sem cair na velocidade vampírica.
–Layla tem um longo caminho, filho. Não é como se ela fosse cumprir sua missão em um ou dois dias. Mas não vamos falar sobre isso. Logo o portal se abrirá e vamos reencontrá-la.
Um barulho entre as árvores é ouvido e então Otto e Diara ficam em posição de combate. Uns lobos aparecem rosnando e em posição de ataque. Adrien engole seco.
–Fique atrás de nós, Adrien.–Otto avisa ao filho.
–Eu... Eu estou com medo, pai.
Diara esconde mais seu filho e intimida os lobos com o olhar. Logo um homem aparece por detrás das árvores sorrindo. Não era um sorriso amigável.
–Então a salvadora é filha de Otto Dominic, um membro do clã Sartori...
–Engana-se. Não faço parte desse clã a muito tempo. O que você quer?
–Não está claro?–Os lobos começam a rosnar mais alto.–Eu quero a garota que vai sair por esse portal.
Diara abaixa perto de Adrien e o beija na testa. O garoto de apenas treze anos funga com medo. Adrien sempre foi um pouco medroso.
–Corra! Se esconda, Adrien. Vamos ficar bem. Eu te amo. Vá!
Adrien assente e então começa a correr. Diara e Otto começam a lutar contra os lobos. Adrien correu muito e se escondeu dentro de uma árvore velha.
–Como vocês querem matar a garota que pode trazer o equilíbrio? Seus traidores!
Diana berrava enquanto lutava contra os lobisomens enraivados. Otto também gritava com eles afim de colocar um pouco de sanidade na cabeça daqueles lobos, mas era em vão.
–Não queremos equilíbrio. Queremos poder!
Um dos lobisomens grita quando consegue derrubar Otto arrancando-lhe um braço. Diara se distrai e é acertada com uma cabeçada feroz. Seu corpo é jogado contra uma árvore e o som de ossos quebrando é audível. Otto rasteja até perto da mulher e segura sua mão com dificuldade.
–Exploda-os, Diara. Só assim destruiremos todos eles e a informação sobre Layla não sairá daqui.
–Mas...–Diara encara seu marido muito ferido e entende a situação. Eles não terão chance e esses lobos poderão colocar as mãos em Layla.–Eu te amo, Otto.
–Eu te amo, Di.
Ele fecha os olhos e então Diara começa a concentrar poder dentro da sua barriga. Ela guardava isso para um dia especial. Era um ato suicida para proteger sua família. Diara então sorriu.
–EU TE AMO, LAYLA! EU TE AMO, ADRIEN!
Uma forte explosão tomou conta do lugar carbonizando qualquer ser vivente que estava por perto. Adrien sentiu o impacto da explosão sendo jogado para frente. Nesse momento o portal é aberto e Layla o atravessa sozinha. Ela olha ao redor estranhando o caos que estava o lugar. Apenas a grande árvore permaneceu intacta.
–Mãe? Pai? –Ao longe, Adrien vem gritando.
Adrien olhava para o lugar destruído tentando encontrar seus pais. A verdade batendo em sua face, mas ele se recusava a acreditar.
–Adrien, cadê mamãe e papai?–Layla estava com a boca seca.–Adrien... Não me diga que... Não...
Caída de joelhos, Layla escuta Adrien praticamente berrar tudo o que aconteceu. As mãos de Layla começaram a tremer e a esquentar. Adrien, não notando a mudança da irmã, observou que perto da árvore tinha um objeto reluzente. Pegou o objeto nas mãos reconhecendo ser o presente que Diara e Otto tinha comprado para Layla.
–Eles tinham comprado esse colar pra você. –Adrien joga o objeto na direção da irmã. –Eles morreram para te proteger! Merda! Você só trás caos, Layla! Eu preferia que você morresse. Você, Layla! Você...
Layla pega o colar e dá passos para trás sentindo sua cabeça arder. Adrien percebe a mudança dos olhos da irmã e recua. Ali, escondido, um espião do clã Sartori que seguia os lobisomens observava tudo.
–Layla... Fica calma...
Layla solta um grito estridente e seus olhos ficam completamente arroxeados. Ela começa a levitar e alguns raios lilás saem de seu corpo. Era como que se envolta dela tivesse um campo magnético. O vampiro escondido resolve recuar, voltando para seu clã cheio de informações.
–Layla... Me desculpe. Eu te amo, Layla. Não me deixa sozinho... Layla!
O grito de Adrien fez algo dentro de Layla retornar. Toda a atmosfera mágica que estava em volta dela se dispersou. A garota cai de uma altura de aproximadamente três metros. Adrien corre e consegue ampará-la. Desacordada, Layla tinha o rosto banhado em lágrimas de sangue.
Adrien jogou a garota nas costas, pegou suas malas e fugiu dali. Logo curiosos iriam surgir e não iria ser nada bom. Precisavam se proteger.
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Khrona, 1722.Castelo Sartori Tadeu, o vampiro que espionava o clã lunar, chegou afobado no castelo. Procurou imediatamente por James. Ele seria muito bem recompensado pelo êxito nas suas espionagens.–Eu preciso falar com o líder. –Alegou para o vampiro que fazia a vigilância da reunião do clã. –Eu achei a garota.Nesse momento a porta é aberta e James está com um olhar maravilhado para Tadeu. Perante boa parte do clã, foi encorajado a falar o que sabia. Afonso observava tudo calado.–...e então eu fugi ou acabaria sendo pego por ela. Quase morri com a explosão que teve. A garota parece não ter controle sobre seus poderes. Tive medo dela me matar. É isso, líder.–Como não estranhei o sumiço repentino do Otto?–James perguntava a si em voz alta.–É um grande dia para nós do clã Sartori. Encontramos a garota. Agora vamos destruí-la e tomar em definitivo o país de
Khrona, 1722.Castelo Sartori☆ Layla Dominic ☆Meu coração estava muito acelerado no exato momento que ouvi Adrien me dizer onde estávamos. Sei que as intenções do meu irmão foram boas, mas ele esqueceu que sou humana?–Eles parecem amigáveis. Pensei em te salvar, Layla. Desculpe.Adrien bufou e então eu o abracei. Lembrei das suas palavras antes do meu surto. Sei que ele está magoado, mas eu sei que aquelas palavras foram bobagens.–Tudo bem, Adrien. Você quis me proteger. Preciso de um banho. Pelo que vejo você lembrou das minhas malas. Obrigada, irmão.Adrien assentiu e então me esperou banhar o corpo. Assim que eu terminei, alguém bate na porta. Adrien atende.–Trouxe roupas limpas para vocês. O almoço logo será servido. Em alguns minutos retorno para buscá-los.Adri
Khrona, 1722.Castelo Sartori ♤ Afonso Sartori ♤Eu sei o que o John quer fazer, mas isso não é brincadeira de criança. Ele precisa entender que é o futuro disso tudo que está em jogo. Quando Layla se retirou, aproximei-me dele.–Você está achando que isso é um jogo, John. Mas não é. Eu sou o protagonista que vai destruí-la, não você.–Eu não quero destruí-la, irmão. Eu quero ser a parte boa. Eu quero que ela confie em mim. Ela merece ter um bom amigo antes de saber que vai morrer pelas suas mãos. Não me atrapalhe e eu não atrapalho você.Um vampiro aparece convocando John até a presença do nosso pai. Observo da varanda o irmão dela conversando com outros vampiros adolescente. Logo ela aparece ao lado de Ivy. Minha irmã e seu complexo de solidão. Não pode ver ninguém novo que quer fazer amizade.John quer a atenção de Layla afi
Khrona, 1722.Castelo Sartori ☆ Layla Dominic ☆Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas desde que entrei no quarto meus olhos não querem voltar a serem pretos. Sei que desde a proximidade com Afonso eu sinto uma bagunça estranha em mim.–Ainda estão vermelhos, Layla.–Adrien confirma o que o espelho reflete.–Eles não podem descobrir o que você é, Layla.–Por quê? Eles parecem ser amigáveis. Querem que eu cumpra a minha missão. Talvez se eu mostrar a eles, eu tenha apoio e consiga o meu objetivo.–E te protejam também. Sei que não sou forte o suficiente pra te proteger, mas eles são. Depois que souberem quem você é, isso pode se espalhar e você pode ser perseguida, Layla. Não quero perder você.Abraço Adrien em sinal de conforto. Se para mim está sendo difícil, imagine para ele. Uma criança, praticamente.–S
Khrona, 1722.♤ Afonso Sartori ♤Eu sabia que tinha algum gatilho contra mim dentro da ratinha. Eu precisava fazer algo rápido, pois eu já estava começando a cair nesse feitiço que ela emana. E então veio a ideia de jogá-la dentro do rio. Para não parecer realmente uma tentativa contra a vida dela, me joguei junto.Vi quando seus olhos estavam dourados e ouvi seus ossos começarem a se partir. Tirei-a de dentro da água e fiz com que ela se acalmasse. Não sei a dimensão de seus poderes e possivelmente eu seria morto pela sua fúria.Mais uma vez eu não contava com ela assumindo o que era tão facilmente para mim. E dessa vez, o gatilho dentro de mim é ativado. Perante sua confissão eu fui obrigado a fazer a minha. Droga!–E eu sou o seu prometido. Você é minha, Layla. Minha.Ela imediatamente foge do meu toque e sobe seu vestido ainda de costas par
Khrona, 1722.☆ Layla Dominic ☆Eu não esperava que isso surgiria. Um amor já predestinado? Mesmo Afonso tendo explicado tudo calmamente, minha cabeça ainda doía muito. Retornamos para o castelo e Afonso se despede me pedindo para aquecer-me. John está olhando para mim quando tiro meu olhar de Afonso.–A noite estava quente e acabamos dando um mergulho. Estou com dor de cabeça. Se me der licença, vou me aquecer. Boa noite, John.–Boa noite.Após ouvir sua resposta, sigo para o quarto. Passei por alguns vampiros que me cumprimentam amigavelmente. Ao entrar no quarto, vejo Adrien dormindo. Me aproximo e cubro melhor seu corpo. Beijo sua testa e sigo para o banho.–O que vai ser agora?–Sussurro enquanto passo a esponja pelo meu corpo.Não sei como vai ser a nossa convivência, mas não posso deixar isso me atrapalhar. Ainda não sei de que for
Khrona, 1722.♤ Afonso Sartori ♤O irmão da ratinha, mesmo tendo um coração de manteiga, mostrou-se muito determinado e forte. Não é pra menos, ele é filho de Otto. Ficamos "treinando" um bom tempo, só paramos na hora do almoço.–Hoje é o dia da homenagem ao seu pai, Adrien. Você sente falta dele?–Eu fico pensando nos meus pais, mas depois eu paro. Não posso insistir no que me deixa fraco. Pensar neles me deixa vulnerável, Afonso.–Ele me encara.–Preciso ser forte pela Layla.Assinto e então caminhamos para dentro do casarão. Depois de matar Layla eu até poderia fazer desse menino meu aprendiz. Ele parece que vai se tornar um bom vampiro. Adrien segue para o quarto e eu sigo para o escritório. Meu pai não está, então me sento na cadeira e me sirvo de algo forte.Enquanto bebo, mexo em uns papéis que estavam dentro de uma pasta escura. Encontro esboços d
Khrona, 1722.☆ Layla Dominic ☆Confesso que foi muito difícil falar sobre meus pais na frente de todo mundo. Mais difícil ainda assumir quem eu sou e qual minha missão em voz alta. Mas eu fiz! E isso me deixou um pouco mais leve. Eu sei que com a ajuda desse clã que tanto preza pela paz eu conseguirei alcançar meu objetivo.Depois de um bom banho e de olhar pela janela Adrien treinando com John, sigo ao encontro de Afonso. Ele quer falar comigo sobre nós e isso me deixa inquieta. É uma sensação estranha saber que vamos conversar sobre coisas desse tipo, sei lá. Nunca fui de ter assuntos com meninos/homens.–Desculpe tê-lo feito esperar, Afonso.–Digo diante de sua presença.–Onde vamos?–Mesmo estando um pouco tarde, poderíamos dar uma volta na beira do riacho. O que acha?Assinto e então ele me oferece o braço para que eu enlace. A noite está fria, mas