Khrona, 1716.
Diara voltou para casa com o coração muito doído. Layla seria levada para um pequeno vilarejo de bruxas desligadas do clã Vallency. Eram bruxas que buscavam a paz, assim como uma pequena parte das outras espécies.
Ainda estava muito viva as palavras que Pouline lhe disse sobre a visão que teve. Era um aviso constante de que teria que afastar Layla por um tempo.
"Eu via muitas caçadas atrás da salvadora, muita gente matando inocentes por achar que era ela. Eu vi que muito antes dela nascer, um vampiro já existia tendo nele a força de parar a missão dela, se o mesmo quisesse. Muita dor ela sentiria por passar por cima de tanta coisa em nome da sua missão. Para trazer a paz, ela teria que passar por muitas tempestades."
Encontrou Adrien brincando do lado de fora e o convidou para entrar. Layla estava terminando o jantar enquanto Otto estava inflamando o fogo da lareira. Diara, completamente cansada, segue diretamente para o banho. Otto percebeu que a sua mulher estava diferente e a seguiu.
–Você está bem, Di?
–Reúna todos na mesa. Eu já vou.
Ele seguiu o aviso da sua mulher e fez conforme pediu. Diara apareceu, sentou-se à mesa e encarou Layla. Seus olhos negros transmitiam uma paz que fez Diara sentir-se mal pelo que iria falar.
–Layla, filha, você não vai ficar conosco.–Declarou vendo os olhos da filha arregalarem-se.–É perigoso pra você aqui.
–Mas...–Layla sentiu os olhos arderem.–Por quê? Mãe, pai...
–Uma amiga vai te levar pra um lugar seguro e vai te explicar tudo, Layla. Só entenda que se você ficar aqui pode morrer. Vamos vê-la sempre que der. É para sua proteção.
Layla estava ofegante, lágrimas quentes banhavam sua bochecha. Ela apertou forte o punho sentindo ódio pela situação. A mesa começou a tremer e de leve sentia-se o chão fazendo o mesmo.
–Pequenina...–Otto abraçou a filha e facilmente foi jogado longe.
–Pai!
Layla gritou e quando foi levantar para correr até seu pai, acabou caindo totalmente apagada. Diara pegou sua filha nos braços e abraçou-a. Adrien estava com os olhos vermelhos, sentia ódio pelo que precisavam passar pra não morrer.
–Quem são eles que querem matar a Layla? Eu vou matá-los primeiro. Só diga quem são, mamãe.
Otto ajeita sua roupa e caminha até o filho. Layla o repeliu sem querer, ele sabia que ela não tinha intenção de machucá-lo. Pegou Adrien e o abraçou forte.
–Sua irmã estará segura longe daqui. Eu sei que você se tornará forte o bastante para protegê-la, mas por agora ela precisa ir, Adrien.
Diara levou sua filha para o quarto e deitou-a na cama. Resolveu deixá-la desacordada, pois sabia que foi um ápice emocional que a fez desmaiar. As malas de Layla não tinham sido totalmente desfeitas. Diara apenas as pegou e colocou em cima da mesa. Pouline viria buscá-la pela madrugada.
Layla começa a despertar preguiçosamente. Ao abrir totalmente os olhos, viu sua família ao redor da cama. Sorriu ao sentir os braços de Adrien ao seu redor.
–Tudo bem, Adrien. Eu vou ficar bem. Promete cuidar da mamãe e do papai? Você é forte pra isso, irmão.
O garoto assente e funga ao se afastar de Layla. A garota beijou a testa do irmão e lhe fez um carinho na face. Otto se aproxima da filha sentando ao seu lado.
–Desculpa, pai. Não queria te machucar. Eu te amo. Vou sentir muito a sua falta.
–Layla...–Otto toma sua filha em um abraço forte.–Você vai fazer tanto pelos outros ainda. Eu tenho tanto orgulho de você e do seu coração bondoso. Eu te amo, pequenina.
Layla sorriu, mesmo com o rosto banhado em lágrimas. Ela estava sentindo uma dor sem tamanho. Diara tomou o lugar de Otto e segura nas mãos de Layla.
–Você foi muito desejada, Layla. Quando eu soube que teria um bebê, quase que explodi de felicidade.–Afaga o rosto da filha com ternura enquanto fala.–E quando te peguei nos braços é que tive mais certeza ainda que te gerar foi a melhor coisa que fiz. Você é especial, Layla. Você é minha menininha, mas vai assumir um fardo muito pesado. Eu quero que você lembre que eu te amo e que tudo que faço é para o seu bem. Seja uma boa menina e comporte-se.
–Eu te amo, mamãe. Muito.
As duas se abraçaram por um longo tempo. Foram interrompidas com batidas na porta. Diara sabia que era Pouline. Todos acompanharam Layla até a porta.
–Vamos, não temos muito tempo.
Layla beija todos os membros de sua família e vai embora daquele lugar com o coração em frangalhos. Ainda ouviu Adrien gritando seu nome desesperadamente e o som da porta sendo fechada. Ela pensou que iria fraquejar, mas tomou forças nas pernas e prosseguiu.
–Você está liberando uma pequena concentração de poder, Layla.
–Eu não sei controlar isso. Me desculpe.
Pouline assentiu e sorriu amigavelmente para a garota. Ali, Pouline começou a entender que os poderes de Layla talvez sejam ativados por gatilhos emocionais.
–Talvez você aprenda muita coisa no lugar para onde estamos indo. Você vai gostar.
–Eu verei meus pais e meu irmão?
–Não muito, mas verá.–Pouline olha para frente e enxerga a grande árvore.–Segure minha mão, vou abrir o portal usando também um pouco desse seu escape de poder.
Layla assente, deixa uma das suas malas no chão e estende a mão para Pouline. A bruxa recita umas palavras e imediatamente um portal se abre bem no tronco da grande árvore.
–Vamos logo. Não podemos perder tempo.
Layla pegou sua mala e sem medo algum atravessou o portal. Saíram bem no meio de uma floresta, só que já estava de dia. A garota estava impressionada, mas manteve seu pensamento para si.
–Bem-vinda ao vilarejo das bruxas, mais conhecido como vilarejo da paz.
Pouline caminha na frente enquanto Layla observa o lugar. Ela estava com medo e com saudades da família, mas estava ansiosa para saber por que precisa ser afastada de Khrona do Sul. O que podem fazer a ela? Que mal ela causaria a eles?
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Khrona, 1716.Castelo SartoriJames Sartori reunia-se com alguns membros do clã Sartori afim de definir como caçariam a garota da visão. Irado por não saber nada sobre ela, arremessou longe a mesa central.–Acalme-se, James. Estamos nos empenhando para achar algum indício de onde está essa maldita garota.–Dimitri, irmão e braço direito de James, tentava manter a ordem na reunião.–Precisamos manter a calma ou não pensaremos direito. Vale mais estratégia do que força bruta.Nesse momento Afonso, filho mais velho de James, invade a reunião atrás do pai. James dispensa todos os membros marcando uma nova reunião para decidir o dia da caçada. Afonso senta-se na frente do pai encarando-o com aqueles olhos frios.–Você contou alguma coisa para eles?–Os olhos semicerrados do filho estavam direcionados para o pai.–Não. Não quero que saibam que a salvadora é o destino am
Khrona, 1722.Seis anos se passaram e era a hora de Layla retornar. Pouco tinha aprendido sobre como controlar os seus poderes, pois a forma como eles são ativados não é única. Existem muitos modos. É como se ela fosse um cadeado sem chave fixa, mas que nem toda chave o abre. Era complexo até para as bruxas.Layla via seus pais e seu irmão duas vezes no ano. Era muito sofrimento a hora da despedida. O clima em Khrona ficou terrível. Os vampiros praticamente dominaram todo o país. O clã deles era muito maior que todos os outros e impunha medo em quem quisesse combater.Uma caçada em busca da salvadora deu-se início há três anos atrás, mas nada encontraram. Muito sangue foi derramado. Vidas foram ceifadas injustamente. Layla não sabia de tudo isso. Manteram a garota isolada dos acontecimentos exteriores para poupar-lhe dores.Layla já sabia o que era. Sabia sua missão. Só não sabia como iria cumpri-la.
Khrona, 1722.Castelo Sartori Tadeu, o vampiro que espionava o clã lunar, chegou afobado no castelo. Procurou imediatamente por James. Ele seria muito bem recompensado pelo êxito nas suas espionagens.–Eu preciso falar com o líder. –Alegou para o vampiro que fazia a vigilância da reunião do clã. –Eu achei a garota.Nesse momento a porta é aberta e James está com um olhar maravilhado para Tadeu. Perante boa parte do clã, foi encorajado a falar o que sabia. Afonso observava tudo calado.–...e então eu fugi ou acabaria sendo pego por ela. Quase morri com a explosão que teve. A garota parece não ter controle sobre seus poderes. Tive medo dela me matar. É isso, líder.–Como não estranhei o sumiço repentino do Otto?–James perguntava a si em voz alta.–É um grande dia para nós do clã Sartori. Encontramos a garota. Agora vamos destruí-la e tomar em definitivo o país de
Khrona, 1722.Castelo Sartori☆ Layla Dominic ☆Meu coração estava muito acelerado no exato momento que ouvi Adrien me dizer onde estávamos. Sei que as intenções do meu irmão foram boas, mas ele esqueceu que sou humana?–Eles parecem amigáveis. Pensei em te salvar, Layla. Desculpe.Adrien bufou e então eu o abracei. Lembrei das suas palavras antes do meu surto. Sei que ele está magoado, mas eu sei que aquelas palavras foram bobagens.–Tudo bem, Adrien. Você quis me proteger. Preciso de um banho. Pelo que vejo você lembrou das minhas malas. Obrigada, irmão.Adrien assentiu e então me esperou banhar o corpo. Assim que eu terminei, alguém bate na porta. Adrien atende.–Trouxe roupas limpas para vocês. O almoço logo será servido. Em alguns minutos retorno para buscá-los.Adri
Khrona, 1722.Castelo Sartori ♤ Afonso Sartori ♤Eu sei o que o John quer fazer, mas isso não é brincadeira de criança. Ele precisa entender que é o futuro disso tudo que está em jogo. Quando Layla se retirou, aproximei-me dele.–Você está achando que isso é um jogo, John. Mas não é. Eu sou o protagonista que vai destruí-la, não você.–Eu não quero destruí-la, irmão. Eu quero ser a parte boa. Eu quero que ela confie em mim. Ela merece ter um bom amigo antes de saber que vai morrer pelas suas mãos. Não me atrapalhe e eu não atrapalho você.Um vampiro aparece convocando John até a presença do nosso pai. Observo da varanda o irmão dela conversando com outros vampiros adolescente. Logo ela aparece ao lado de Ivy. Minha irmã e seu complexo de solidão. Não pode ver ninguém novo que quer fazer amizade.John quer a atenção de Layla afi
Khrona, 1722.Castelo Sartori ☆ Layla Dominic ☆Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas desde que entrei no quarto meus olhos não querem voltar a serem pretos. Sei que desde a proximidade com Afonso eu sinto uma bagunça estranha em mim.–Ainda estão vermelhos, Layla.–Adrien confirma o que o espelho reflete.–Eles não podem descobrir o que você é, Layla.–Por quê? Eles parecem ser amigáveis. Querem que eu cumpra a minha missão. Talvez se eu mostrar a eles, eu tenha apoio e consiga o meu objetivo.–E te protejam também. Sei que não sou forte o suficiente pra te proteger, mas eles são. Depois que souberem quem você é, isso pode se espalhar e você pode ser perseguida, Layla. Não quero perder você.Abraço Adrien em sinal de conforto. Se para mim está sendo difícil, imagine para ele. Uma criança, praticamente.–S
Khrona, 1722.♤ Afonso Sartori ♤Eu sabia que tinha algum gatilho contra mim dentro da ratinha. Eu precisava fazer algo rápido, pois eu já estava começando a cair nesse feitiço que ela emana. E então veio a ideia de jogá-la dentro do rio. Para não parecer realmente uma tentativa contra a vida dela, me joguei junto.Vi quando seus olhos estavam dourados e ouvi seus ossos começarem a se partir. Tirei-a de dentro da água e fiz com que ela se acalmasse. Não sei a dimensão de seus poderes e possivelmente eu seria morto pela sua fúria.Mais uma vez eu não contava com ela assumindo o que era tão facilmente para mim. E dessa vez, o gatilho dentro de mim é ativado. Perante sua confissão eu fui obrigado a fazer a minha. Droga!–E eu sou o seu prometido. Você é minha, Layla. Minha.Ela imediatamente foge do meu toque e sobe seu vestido ainda de costas par
Khrona, 1722.☆ Layla Dominic ☆Eu não esperava que isso surgiria. Um amor já predestinado? Mesmo Afonso tendo explicado tudo calmamente, minha cabeça ainda doía muito. Retornamos para o castelo e Afonso se despede me pedindo para aquecer-me. John está olhando para mim quando tiro meu olhar de Afonso.–A noite estava quente e acabamos dando um mergulho. Estou com dor de cabeça. Se me der licença, vou me aquecer. Boa noite, John.–Boa noite.Após ouvir sua resposta, sigo para o quarto. Passei por alguns vampiros que me cumprimentam amigavelmente. Ao entrar no quarto, vejo Adrien dormindo. Me aproximo e cubro melhor seu corpo. Beijo sua testa e sigo para o banho.–O que vai ser agora?–Sussurro enquanto passo a esponja pelo meu corpo.Não sei como vai ser a nossa convivência, mas não posso deixar isso me atrapalhar. Ainda não sei de que for