Ela é a Sublime
Ela é a Sublime
Por: Lua Solitária
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Khrona, 1701.

O país de Khrona nem sempre foi essa calmaria toda. Na batalha de cem anos atrás, conhecida como Guerra das Espécies, muito sangue foi derramado. Todos queriam poder; ninguém cederia ou aceitaria um diálogo.

Mas aquilo teve um fim. Ou achavam que teve.

Kézia Rostoff, a bruxa conhecida como Olhos Videntes, teve uma visão sobre uma salvadora. Uma mulher que deveria herdar poderes dos principais seres sobrenaturais e restaurar o equilíbrio para a sobrevivência harmônica de todas as espécies.

Só acreditaram no que a bruxa viu porque ela era conhecida e respeitada. Uns diziam que suas visões eram divinas; outros, maldições.

No mesmo dia, as espécies assinaram um selamento de paz em nome da salvadora que viria com uma marcação no corpo avisando assim que era encarregada de manter a paz.

Anos se passaram... Para ser mais exata, um século.

Uma sensação de insegurança se apoderou das espécies. Rumores de que a visão de Rostoff era falsa e de que a paz sem um líder maior era volátil demais.

Homens, vampiros, lobos e bruxos não se olhavam mais com respeito. Cada um tinha receio do que o outro estava a tramar. As coisas pareciam frágeis e o medo, principalmente nos humanos, passou a ser presente.

Ali, no sul de Khrona, Diara segurava nos braços sua filha recém nascida. Layla nasceu com uma marca nas costas, algo parecido com um grande mapa. Diara era bruxa e sabia o que aquela marca significava. Otto, marido de Diara, era vampiro e também estava temeroso com o que estava diante dos seus olhos.

Layla era a garota da visão de cem anos atrás. Ela nasceu pra restaurar o equilíbrio.

–Não posso continuar frequentando as reuniões do clã Sartori...–Otto expressava todo seu nervosismo. –Se souberem da existência da Layla... Vão matá-la.

–Eu sei, eu sei...–Diara acariciava a cabeça da sua filha. –Precisamos nos afastar, Otto. Layla é a esperança de uma nação, é a nossa esperança. Precisamos protegê-la custe o que custar.

Diara e Otto mudaram-se para a região mais pobre de Khrona. Lá, a maioria eram humanos e daria para esconder Layla por um tempo. Eles sabiam que não esconderiam a garota para sempre.

Layla tinha os olhos pretos, cabelos negros, escorridos e pele branca. Aqueles olhos com certeza mudariam. Era a certeza que Daria e Otto carregavam consigo.

Uma bruxa do clã Vallency, mesmo clã que Kézia e Diara pertencia, teve uma outra visão. Nessa nova visão coisas terríveis acontecia com a garota salvadora, muita dor e sangue eram vistos. Ela nasceu destinada a um homem de uma das espécies e sofreria por isso.

Com medo e querendo proteger a todo custo a garota, a bruxa permaneceu calada sobre a visão. Assim, a protegeria de quem quisesse lhe fazer mal.

Khrona, 1709.

De frente a um lindo bolo, Layla assoprou as oito velinhas que o enfeitavam. Nunca foi uma garota cheia de amigos, mas os poucos que tinha estavam ali. Isaac, Rael, Maisha e Violet.

–Qual pedido você fez, Lay?–Curiosa, Violet perguntou em voz alta.

–Que possamos brincar tranquilamente nas ruas sem ter medo de um possível ataque.

Diara ao escutar aquilo, sentiu-se emocionada. Sua filha realmente tinha sede de paz. Após cortar o bolo e todos serem servidos, a festinha acabou. Eram só 16hrs, mas não era mais indicado estar na rua perto de escurecer. Boa parte dos moradores são humanos e temem qualquer ataque.

–Toma, Layla.–Rael entrega nas mãos da garota um colar simples. –Fiz pra você. Espero que goste.

Layla abraçou forte Rael e agradeceu. Como era uma área muito pobre, não tinham muitas condições de presentear, mas o gesto de Rael tocou-lhe o coração. Depois que todos foram embora, Layla correu para junto dos pais. Diara estava grávida quase perto de ter o bebê e sentia-se sempre cansada.

–Mãe, por que eu tenho uma marca nas costas? Ninguém tem uma igual na escola, aposto.

–Você mostrou isso a alguém, Layla Dominic?–Diara sentiu seu corpo tremer.

–Não, mamãe. Não teria coragem. Só quero saber o porquê disso em mim.

Otto, que segurava uma xícara de chá quente, chamou a filha para seu colo. Layla começaria com os questionamentos e não pararia até obter respostas. A fase mais complicada tinha chegado.

–Essa marca é um sinal, pequenina. Ela te faz única, especial. Mas não é pra ninguém ver ou saber além de nós. Entendeu?

–Tá, tudo bem. –Layla desce do colo do pai. –Vou comer mais bolo.

Layla caminhou até a cozinha e se direcionou até o bolo. Ela pegou a faca e desajeitada acabou cortando o dedo. Quando Layla pensou em gritar de medo, a ferida cicatriza rapidamente diante dos seus olhos. Diara aparece na cozinha e se assusta ao ver sua filha com os olhos vermelhos.

Diara toma a faca da mão de Layla e observa os olhos da garota retomar o preto de sempre. Layla estava começando a ativar seus poderes sem querer e isso era uma péssima notícia.

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