Helena Lira
Minha festa estava maravilhosa, esperava apenas por Tanaka, para que tudo estivesse perfeito, hoje havia programado de depois da festa, ter um momento com ele. Estava pronta para me entregar ao homem que amava e sabia que ele iria fazer o meu tão sonhado pedido de casamento.
Mas algo aconteceu, ele terminou, não dei chances de explicar, porque não havia explicação para nada do que ele estava fazendo comigo.
Apenas fui…
Não olhei para trás, nem me expliquei para ninguém.
Sair da minha própria festa sem rumo, com esse vestido me apertando, não foi a melhor de todas as ideias, o coitado do taxista não sabia o que me falar, chorava desesperadamente deitada no banco de trás enquanto sentia o carro se movimentando sem rumo.
Como pude ser tão boba, achar que ele realmente fosse me fazer a sua esposa, não sou uma deles, meu único elo com esse mundo sombrio é a Laís e nada mais que isso.
Mesmo achando que a tia Carol jamais deixaria que ele fizesse algo que fosse me deixar magoada.
Mas agora estou aqui, em um táxi chorando porque meu namorado me deu um chute na bunda no dia do meu aniversário, o mesmo dia que ele iria oficializar nosso noivado.
— Moça, estamos na praia… — O taxista se vira na minha direção e fala.
Sinto que o carro estava parado, seco as lágrimas que estavam no meu rosto e percebo que não tenho como pagar o pobre homem que ouviu as minhas lamúrias sem dizer nada que me deixasse ainda pior.
— Não se preocupe, imagino o que tenha acontecido. — Ele diz com um olhar carinhoso.
— Você seria a minha última corrida, percebi que está sem bolsa e tenho uma filha na sua idade. — Ele sorri com ternura.
— Pode ir e ficar na praia até se sentir melhor, ficarei de longe vigiando você. — Começo a chorar assim que ele termina de falar. — Pode ficar o tempo que precisar. — Ele diz por fim.
Aceito a sua ajuda a sair do carro e beijo o rosto do homem desconhecido que estava ali com um olhar paternal, que me fez lembrar do meu próprio pai, sabia que ele deveria estar entrando em desespero de preocupação por não saber onde estava.
Me afasto um pouco e me sento na faixa da areia branca, consigo ver o senhor com um cigarro entre os dedos e olho para as ondas do mar que pareciam tão revoltas como o meu tolo coração e minha mente que não conseguia entender como o meu japonês pôde fazer isso comigo.
Os últimos anos a tia Carol tentou me preparar o máximo que pode para me tornar a senhora Shantei, uma angústia começa a me consumir e mal consigo respirar com esse vestido.
Me levanto e tento abrir o zíper do vestido na esperança que me sentisse um pouco mais confortável, mas pelo contrário o turbilhão de sentimentos que estava sentindo estava me fazendo sentir um calor descomunal.
Olho para as ondas enquanto elas se quebravam em cima da areia, o som começava a me tranquilizar e por um instante resolvi me deitar na areia e chorar mais um pouco.
As lembranças me tomam, tento encontrar uma justificativa, algo que me conforte, algum sinal de que ele nunca me amou. Mas nada, Tanaka sempre foi tão amoroso e principalmente cuidadoso com meus sentimentos, ele nunca deixou de me mandar mensagem de boa noite ou dizer que me amava.
Lembro que quando fiz meus quinze anos, ele transformou a minha casa em uma floricultura, escolheu cada um dos buquês que chegava, todos estavam com um cartão escrito a mão.
Naquela noite ele oficializou o nosso namoro na frente de todos os convidados que estavam na minha festa, mesmo não sendo alguém da máfia, meu círculo de amigos eram filhos importantes da máfia e era tratada como uma deles, então aquele gesto que o Tanaka fez foi algo importante entre eles, significava que já pertencia a uma casa e que quando alcançasse a maioridade me tornaria a sua esposa.
Me sento novamente na areia e decido entrar no mar, olho para o taxista e via que ele ainda estava lá, retirei meus sapatos e deixei onde estava, comecei a caminhar lentamente enquanto sentia a água fria.
Olhei para a lua e me lembrei da noite que estávamos na festa da Laís e a lua estava tão linda como estava agora. Caminho devagar entrando em meio as ondas, deixei que elas me levasse para longe, fechei os olhos e deixei que o mar tirasse a dor que estava sentindo.
A dor de ter meu coração quebrado foi demais para mim…
Ondas raivosas começaram a me puxar para o fundo, por um instante tentei lutar, mas estava doendo muito.
“Me perdoe mamãe…”
É meu último pensamento.
— Pare com isso, respira…
Uma voz tão irritada me trouxe da escuridão que estava, não tinha forças para abrir os olhos e xingar quem teve a coragem de me trazer de volta para a dor que estava.
Sinto estar deitada novamente no carro e alguém gritava ordens que não conseguia entender.
— Ela tentou se matar, porra!
Ao ouvir isso, sinto que tudo novamente se desliga.
Petter Harris Desde o dia que sai atrás dela por que tivemos a infeliz ideia de interferir no relacionamento dela com o Tanaka me sinto o maior cretino que existe e não posso negar que a Helena é uma mulher linda, a vi crescendo ao lado do alvo do meu amigo Henrique estava tão fudido quanto eu, não podia negar isso a mim mesmo. Mas diferente dele, não tinha uma vingança me cegando, assim como a nossa amiga Faína achava que ele deveria usar o casamento para poder se vingar, mas era de conhecimento de todos que o Henrique acabará cedendo ao sentimento que ele não quer aceitar, mesmo estando na cara dele que está apaixonado por seu alvo. Saber que estaria novamente com aquela morena com os cabelos cacheados até a cintura estava me enlouquecendo, sabia que não iria suportar ficar tão próximo dela e não tocar. Mesmo não sendo irmã de sangue do Henrique, ela era tão importante quanto, sei que se a magoar ele me mata com uma puta tortura. Ainda sinto o remorso me corroendo por ela sentir
Petter HarrisChegar na casa da Helena, me trouxe diversas preocupações, principalmente quando notei que a Laís estava mais eufórica do que imaginava, enquanto Helena estava com o mesmo olhar tristonho e podia notar que ela se esforçava para que seus pais não percebessem que ela estava atuando.Estou tão acostumado com as fotos que recebo da vigilância que coloquei sobre ela que consigo perceber o seu humor pelo olhar. Ver as duas se despedindo dos pais da Helena me deu a chance de mandar mensagem para o Henrique e todos os nossos amigos avisando que já estávamos saindo da casa dos Lira. No mesmo instante chegam as notificações deles afirmando que estarão a postos assim que avisar.O mochilão da Laís estava programado para ser por quinze dias, passaríamos em cinco países e terminaríamos na Alemanha, entregando ela na casa da avó em Berlim. Tivemos sorte que ela escolheu justamente o período que o irmão dela Matheus teria a sua primeira missão.O que deixaria os olhos dos pais dela foc
Helena LiraNosso voo foi muito, muito, muito longo, no meio da viagem resolvi pegar meu tablet e começar a olhar algumas das minhas matérias para o próximo semestre, Laís decidiu fazer faculdade de turismo já que não queria seguir os passos da mãe que foi uma enfermeira e nem de CEO como o tio Bruno, mas ela estava quase dando orgulho para a tia Bonnie que durante muitos anos administra o museu que ela tanto ama.Vejo que terei umas matérias, bem complicada. Diferente da minha amiga, seguirei os passos do meu pai, com o tio Augusto e a tia Vanessa, eles me treinarão com a Alisson para assumir a empresa deles.Já que o Henrique, reviro os olhos só de me lembrar dele.Bom o Henrique por motivos óbvios não assumirá a empresa que eles tanto se empenharam em fazer crescer e a transformar no que é hoje.Estou olhando as matérias e fazendo algumas anotações em um bloquinho, vejo quando o Petter sentar na minha frente, ele tira o fone do ouvido e afrouxa um pouco a sua gravata, ele realmente
Helena Lira Depois do nosso passeio resolvemos ir descansar um pouco, a Laís ficou no seu quarto, resolvi ir me refrescar um pouco, estava uma tarde quente e me sentia um pouquinho pegajosa do calor, entrei no meu quarto e fechei a porta, comecei tirar toda a minha roupa e coloquei em um cesto, entrei no box e deixei correr a água fria para melhorar meu calor, do nada ouço um tossida na porta me assustando, o que me fez desequilibrar e cair de bunda no chão. — Que merda está fazendo dentro do meu banheiro, Petter? — Olho na direção do Petter e tento esconder a minha nudez com as mãos. Fiquei assustada vendo que ele estava ali no meu banheiro, ele virou o rosto na outra direção e me entregou a toalha que estava sobre a pia, a peguei numa velocidade que o assustei e me cobri com ela. — Vim te chamar para passear, assim podemos conversar um pouco mais, o que acha? — Não estou me sentindo a vontade ainda sentada no chão. — Pode me dar licença para poder terminar o meu banho? — Ele e
Petter HarrisEstar ao lado da Helena a cada dia que estamos nesse mochilão está me tirando a paz, a cada mensagem que mando para meus amigos tenho que aguentar eles curtindo com a minha infelicidade de estar próximo e tão distante ao mesmo tempo.Ainda me sinto responsável pelo período que ela mais sofreu. Ouvir pelo Henrique o quanto ela estava afundada na depressão recebendo os cuidados de seus pais e, ao mesmo tempo, a preocupação em como eles fariam para que ela voltasse para a faculdade em poucas semanas.Por isso coloquei alguém para cuidar dela a distância, pedi para que a filha de um dos nossos soldados se aproximasse dela em Harvard e por outros olhos acompanhava a sua tristeza, mas agora com ela ao meu lado, diariamente a via o se esforçando em se divertir e achar algo interessante ao lado da Laís.Mas só passei a entender os motivos de que ela estava aqui no dia que a Laís me chamou para conversar um pouco mais afastado dela.— Ela continua deprimida, Petter, sei que foi v
Helena LiraAcordo e a raiva que estava na hora que entrei naquela maldita van me domina novamente, ignoro a puta dor de cabeça que estava sentindo, sabia que não devia ter aceitado a ideia de participar do mochilão com a Laís, que loucura é essa dela não aceitar as merdas dos seguranças, mas me deixa só olhar para a cara da minha melhor amiga, provavelmente após saber que ela está bem, acertarei um belo soco em seu lindo rosto.Tento levantar da cama e uma tontura me atinge, olho para o lado e percebo que estou em algum prédio e possivelmente devo estar nos últimos andares, respiro fundo e encontro um equilíbrio meio duvidoso, caminho e me aproximo da janela de vidro, acho que devo estar no meio do prédio e tenho a leve impressão que estou no mesmo prédio onde o Henrique tem um apartamento.Me afasto do vidro gelado que estava me deixando com frio e olho ao redor do quarto, percebo a minha mala depositada em um sofá encostado na parede, caminho até lá meio tonta e me ajoelho, procuro
Helena Lira Estou tão abismada com a situação que apenas me deixo cair no sofá enquanto ele termina de recolher os vidros pelo chão, me sinto uma idiota, agora me aproximo dele e recolho alguns cacos. — Petter? — Mantenho a cabeça baixa, enquanto meus pensamentos começam a criar os cenários para explicar o motivo de estarmos aqui. — Henrique planeja matar a Laís? — Pergunto com medo de ouvir a resposta. Percebo quando ele chega mais próximo de mim e tira os vidros da minha mão, ergue meu rosto e seus olhos azuis parecem mais sinceros do que já vi nos últimos dias. — Não, porque o Henrique se apaixonou pela sua pequena Esmeralda. — Solto uma lufada de ar e sorrio para ele. — Quando éramos mais novas, uma vez ela disse que se ela não fosse tão mais jovem que ele, ela poderia considerar namorar o chefe da máfia novaiorquina. — Começo a rir. — Sinto muito que as coisas aconteceram dessa forma, mas as mudanças de plano só ocorreram depois que já estavam na van, então por hora teremos
Petter HarrisCéus, estou ferrado com essa mulher, como o humor dela muda mais rápido que um raio?Saio do quarto antes que ela saia do banheiro e consiga realmente me matar, caminho pelo corredor e vejo no espelho que meu rosto estava cheio de hematomas, provavelmente ela conseguiu quebrar o meu nariz, toco e sinto o latejar, com certeza não vou precisar levar um surra para provar a ninguém que também estive com elas em algum cativeiro.Um calafrio percorre minha coluna e borbulha em minha barriga, a sensação de desconforto com a dor que estou sentindo por todo o meu corpo. Porque essa mulher tem uma mão pesada. Preciso falar com o Henrique, vou levá-la para a casa de campo, tenho certeza que será muito mais fácil para ela me perdoar lá, do que aqui. Sem contar que não corro o risco de que ela me jogue aqui de cima.Ainda tenho esperança que essa seja a nossa casa, gosto da vista privilegiada para o Central Park, sem contar que a proximidade com o Henrique é ótimo, facilita muito a