02 - Petter Harris

Petter Harris

Chegar na casa da Helena, me trouxe diversas preocupações, principalmente quando notei que a Laís estava mais eufórica do que imaginava, enquanto Helena estava com o mesmo olhar tristonho e podia notar que ela se esforçava para que seus pais não percebessem que ela estava atuando.

Estou tão acostumado com as fotos que recebo da vigilância que coloquei sobre ela que consigo perceber o seu humor pelo olhar. Ver as duas se despedindo dos pais da Helena me deu a chance de mandar mensagem para o Henrique e todos os nossos amigos avisando que já estávamos saindo da casa dos Lira. No mesmo instante chegam as notificações deles afirmando que estarão a postos assim que avisar.

O mochilão da Laís estava programado para ser por quinze dias, passaríamos em cinco países e terminaríamos na Alemanha, entregando ela na casa da avó em Berlim. Tivemos sorte que ela escolheu justamente o período que o irmão dela Matheus teria a sua primeira missão.

O que deixaria os olhos dos pais dela focados nessa missão, em vez de estar na primogênita que estaria conhecendo vários países acompanhada de mim e da Helena.

Finalmente embarcamos para o demorado voo, me sentei o mais distante que pude das meninas e via a Helena tentando se concentrar em algo no seu tablet, mas conseguia notar os momentos em que seu olhar se perdia olhando para fora da aeronave.

Quando percebo que a Laís finalmente se aconchegou em sua poltrona, saio do meu lugar, começo a caminhar entre as poltronas e me sento na poltrona de frente da Helena e penso no que falar, fico sem ter o que falar para ela, as ideias me somem.

Não consigo evitar olhar para o seu rosto delicado e imaginar beijando-a, fazendo ela gemer o meu nome e principalmente senti-la implorando pelo meu toque.

— Quantos anos você está? — É a primeira coisa que me vem a mente, como se não soubesse até o tamanho de sua lingerie.

Seu olhar parece confuso com a minha pergunta e a vejo voltar novamente a sua atenção para o tablet que ela tinha em suas mãos delicadas.

Mas ela me responde com outra pergunta e o que me faz respirar fundo tentando controlar a irritação por ela não me responder, custa ser educada e conversar comigo?

— Idade suficiente para não ter de responder, se me der licença estava estudando um pouco. — Sua atitude retira o resto de paciência que tenho.

Me inclino sobre a mesinha e pego o tablet de sua mão, afasto o dispositivo do corpo e a vejo se levantar no intuito de conseguir recuperar o aparelho, vê-la ganhando um tom avermelhado em suas bochechas pela irritação me divertiu por um momento, é a primeira vez que a vejo corar e como ela ficou linda. A vejo respirando fundo e olhar em meus olhos, percebo que ela ia se sentar novamente e tomo a atitude.

Passo meu braço por sua cintura e a puxo na minha direção a sentando em meu colo, seu susto foi momentâneo e aproveito a posição e sinto o seu perfume, encaixo meu rosto na curva de seu pescoço, não resisto e passo a mão por sua costa e a vejo se rendendo ao meu toque e me sinto um pouco sortudo com isso.

— Estou com vinte anos, em alguns meses farei aniversário. — A ouço e me lembro que havia perguntado a sua idade.

— Desculpa Helena, hoje estou a serviço do senhor Fritz, mas quando voltar para casa, conversarei com o Henrique, sobre te fazer a minha esposa. — Digo sem pensar, sentindo um sorriso brotar em meus lábios.

Talvez ela tenha uma ideia do que sinto e aceite tranquilamente o que acontecerá e se não aceitar faremos conforme é feito em nosso meio, um casamento para fechar alianças, aceitarei de bom grado a mão da irmã do meu líder, do chefe da minha casa. O pensamento me tira um sorriso satisfeito em saber que as possibilidades de que ela seja minha sejam realmente reais.

— Está louco, quem te disse que quero algo sério com você… — Deixo uma risada sair e olho novamente para a Laís conferindo para ver se ainda estava dormindo.

— Essa é a nossa forma de ser, não quero brincar com você e nem te iludir, então posso muito bem pedir a sua mão em casamento para o seu irmão. — A vejo bufando irritada.

— Meu irmão é uma criança, ele não tem envolvimento com isso. — Ela sai do meu colo e vai para o banheiro.

Assim que ela se levanta, o olhar da Laís me pega de surpresa, a vejo se levantando e caminha até a poltrona a minha frente, a mesma que até ainda pouco estava a sua amiga, ela suspira e olha uma vez em direção ao banheiro.

— Helena não carrega o fardo de ser do nosso meio Petter, a minha amiga sofreu muito com o fim do namoro dela, então caso esteja interessado apenas a se divertir com ela, afasta-se. — Sorrio para a pequena garota de olhos verde na minha frente e fico feliz.

— Não quero me divertir, minha cota de diversão acabou tem algum tempo senhorita. — Digo com sinceridade.

— Acho bom, ou terei que falar com o seu líder e acho que não é isso que queremos. — Sorrio para a mulher que tem tirado a paz do Henrique e apenas confirmo com a cabeça.

Me afasto das poltronas onde elas estavam sentadas e volto a programar o roteiro do mochilão, mesmo que tenhamos planejado o sequestro tenho que agir conforme as expectativas das minhas duas protegidas.

Finalmente o nosso voo termina e chegamos à Itália, saímos em direção ao aeroporto e alugo o carro que usaremos nos primeiros dias que ficaremos aqui, o piloto tinha ordem de voltar para a Nova York assim que descansasse.

Coloco as malas das duas no porta-malas e as minhas no banco do passageiro, retiro a minha pistola da cintura e coloco na lateral do carro, mesmo que esse mochilão seja um dos maiores segredos mal guardados da “First”, pode ter alguém com interesse de fazer mal a filha da Madame Suíça, preciso estar precavido com qualquer situação.

Ao chegar no primeiro hotel que havia sido escolhido no roteiro, vamos cada um para os nossos quartos, escolho o que fica de frente para o quarto da Laís e como já era alta madrugada me deito na cama para descansar da viagem cansativa. Antes de dormir mando mensagens para todos avisando que chegamos e que as duas já estão dormindo.

Na manhã seguinte, providencio o café da manhã para as princesas enquanto tomo o meu café em meu próprio quarto, olhando pela janela vejo que o lugar está bastante movimentado, o que pode ser um problema para retirar a Laís daqui.

— Melhor avisá-los. — Falo comigo mesmo.

Passo a mensagem para o Henrique e o deixo ciente dos riscos e ele concorda em esperar que estejamos em algum lugar mais tranquilo e de fácil acesso.

Agora é hora de atuar, servir realmente de segurança da princesinha da máfia e da Helena. Olho mais uma vez para saber se a minha pistola estava carregada, a guardo no cós de minha calça e deixo o terno cobrir.

Saio do meu quarto no instante que a camareira chegava com o café da manhã no quarto das meninas, havia pegado um quarto duplo unido por uma pequena ante sala, com uma varanda de frente para o Coliseu, a vista era linda, não tem como negar que ela soube escolher um bom lugar para ficarmos.

A camareira deixa o carrinho com o café das duas e abro as portas para a varanda e sinto o calor infernal que estava hoje, tenho certeza que sofrerei com esse terno por aqui, passo a mão na testa para limpar o suor que começa a descer pelo meu rosto. Vou até a porta da Helena e bato na porta para que ela saia e chame a Laís.

Bato algumas vezes e começo a me preocupar que ela não esteja bem, seguro na maçaneta e olho para dentro do quarto e vejo a cama desarrumada e o som do chuveiro me chama atenção. Para o meu azar havia um espelho que estava na direção do banheiro e conseguia ver a silhueta dela no box…

— Ela é linda não é? — Me assusto com a voz da Laís atrás de mim.

— Bom dia, senhorita… — Digo assustado. — Bati e como ela não me respondeu, abri para saber se estava bem.

— Claro que sim, agora você voltará para o seu quarto e trocar essa roupa, me recuso ter um cara de terno e esculta atrás de mim. — Olho para o conjunto que estava usando e de ótima qualidade.

— Me quer usando o que então? — Pergunto revirando os olhos.

— Algo leve e com cara de turista, nada que o deixe você com cara de segurança. — Suspiro e olho mais uma vez para o quarto e fecho a porta.

Tudo bem, vou lá trocar de roupa.

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