Petter Harris
Chegar na casa da Helena, me trouxe diversas preocupações, principalmente quando notei que a Laís estava mais eufórica do que imaginava, enquanto Helena estava com o mesmo olhar tristonho e podia notar que ela se esforçava para que seus pais não percebessem que ela estava atuando.
Estou tão acostumado com as fotos que recebo da vigilância que coloquei sobre ela que consigo perceber o seu humor pelo olhar. Ver as duas se despedindo dos pais da Helena me deu a chance de mandar mensagem para o Henrique e todos os nossos amigos avisando que já estávamos saindo da casa dos Lira. No mesmo instante chegam as notificações deles afirmando que estarão a postos assim que avisar.
O mochilão da Laís estava programado para ser por quinze dias, passaríamos em cinco países e terminaríamos na Alemanha, entregando ela na casa da avó em Berlim. Tivemos sorte que ela escolheu justamente o período que o irmão dela Matheus teria a sua primeira missão.
O que deixaria os olhos dos pais dela focados nessa missão, em vez de estar na primogênita que estaria conhecendo vários países acompanhada de mim e da Helena.
Finalmente embarcamos para o demorado voo, me sentei o mais distante que pude das meninas e via a Helena tentando se concentrar em algo no seu tablet, mas conseguia notar os momentos em que seu olhar se perdia olhando para fora da aeronave.
Quando percebo que a Laís finalmente se aconchegou em sua poltrona, saio do meu lugar, começo a caminhar entre as poltronas e me sento na poltrona de frente da Helena e penso no que falar, fico sem ter o que falar para ela, as ideias me somem.
Não consigo evitar olhar para o seu rosto delicado e imaginar beijando-a, fazendo ela gemer o meu nome e principalmente senti-la implorando pelo meu toque.
— Quantos anos você está? — É a primeira coisa que me vem a mente, como se não soubesse até o tamanho de sua lingerie.
Seu olhar parece confuso com a minha pergunta e a vejo voltar novamente a sua atenção para o tablet que ela tinha em suas mãos delicadas.
Mas ela me responde com outra pergunta e o que me faz respirar fundo tentando controlar a irritação por ela não me responder, custa ser educada e conversar comigo?
— Idade suficiente para não ter de responder, se me der licença estava estudando um pouco. — Sua atitude retira o resto de paciência que tenho.
Me inclino sobre a mesinha e pego o tablet de sua mão, afasto o dispositivo do corpo e a vejo se levantar no intuito de conseguir recuperar o aparelho, vê-la ganhando um tom avermelhado em suas bochechas pela irritação me divertiu por um momento, é a primeira vez que a vejo corar e como ela ficou linda. A vejo respirando fundo e olhar em meus olhos, percebo que ela ia se sentar novamente e tomo a atitude.
Passo meu braço por sua cintura e a puxo na minha direção a sentando em meu colo, seu susto foi momentâneo e aproveito a posição e sinto o seu perfume, encaixo meu rosto na curva de seu pescoço, não resisto e passo a mão por sua costa e a vejo se rendendo ao meu toque e me sinto um pouco sortudo com isso.
— Estou com vinte anos, em alguns meses farei aniversário. — A ouço e me lembro que havia perguntado a sua idade.
— Desculpa Helena, hoje estou a serviço do senhor Fritz, mas quando voltar para casa, conversarei com o Henrique, sobre te fazer a minha esposa. — Digo sem pensar, sentindo um sorriso brotar em meus lábios.
Talvez ela tenha uma ideia do que sinto e aceite tranquilamente o que acontecerá e se não aceitar faremos conforme é feito em nosso meio, um casamento para fechar alianças, aceitarei de bom grado a mão da irmã do meu líder, do chefe da minha casa. O pensamento me tira um sorriso satisfeito em saber que as possibilidades de que ela seja minha sejam realmente reais.
— Está louco, quem te disse que quero algo sério com você… — Deixo uma risada sair e olho novamente para a Laís conferindo para ver se ainda estava dormindo.
— Essa é a nossa forma de ser, não quero brincar com você e nem te iludir, então posso muito bem pedir a sua mão em casamento para o seu irmão. — A vejo bufando irritada.
— Meu irmão é uma criança, ele não tem envolvimento com isso. — Ela sai do meu colo e vai para o banheiro.
Assim que ela se levanta, o olhar da Laís me pega de surpresa, a vejo se levantando e caminha até a poltrona a minha frente, a mesma que até ainda pouco estava a sua amiga, ela suspira e olha uma vez em direção ao banheiro.
— Helena não carrega o fardo de ser do nosso meio Petter, a minha amiga sofreu muito com o fim do namoro dela, então caso esteja interessado apenas a se divertir com ela, afasta-se. — Sorrio para a pequena garota de olhos verde na minha frente e fico feliz.
— Não quero me divertir, minha cota de diversão acabou tem algum tempo senhorita. — Digo com sinceridade.
— Acho bom, ou terei que falar com o seu líder e acho que não é isso que queremos. — Sorrio para a mulher que tem tirado a paz do Henrique e apenas confirmo com a cabeça.
Me afasto das poltronas onde elas estavam sentadas e volto a programar o roteiro do mochilão, mesmo que tenhamos planejado o sequestro tenho que agir conforme as expectativas das minhas duas protegidas.
Finalmente o nosso voo termina e chegamos à Itália, saímos em direção ao aeroporto e alugo o carro que usaremos nos primeiros dias que ficaremos aqui, o piloto tinha ordem de voltar para a Nova York assim que descansasse.
Coloco as malas das duas no porta-malas e as minhas no banco do passageiro, retiro a minha pistola da cintura e coloco na lateral do carro, mesmo que esse mochilão seja um dos maiores segredos mal guardados da “First”, pode ter alguém com interesse de fazer mal a filha da Madame Suíça, preciso estar precavido com qualquer situação.
Ao chegar no primeiro hotel que havia sido escolhido no roteiro, vamos cada um para os nossos quartos, escolho o que fica de frente para o quarto da Laís e como já era alta madrugada me deito na cama para descansar da viagem cansativa. Antes de dormir mando mensagens para todos avisando que chegamos e que as duas já estão dormindo.
Na manhã seguinte, providencio o café da manhã para as princesas enquanto tomo o meu café em meu próprio quarto, olhando pela janela vejo que o lugar está bastante movimentado, o que pode ser um problema para retirar a Laís daqui.
— Melhor avisá-los. — Falo comigo mesmo.
Passo a mensagem para o Henrique e o deixo ciente dos riscos e ele concorda em esperar que estejamos em algum lugar mais tranquilo e de fácil acesso.
Agora é hora de atuar, servir realmente de segurança da princesinha da máfia e da Helena. Olho mais uma vez para saber se a minha pistola estava carregada, a guardo no cós de minha calça e deixo o terno cobrir.
Saio do meu quarto no instante que a camareira chegava com o café da manhã no quarto das meninas, havia pegado um quarto duplo unido por uma pequena ante sala, com uma varanda de frente para o Coliseu, a vista era linda, não tem como negar que ela soube escolher um bom lugar para ficarmos.
A camareira deixa o carrinho com o café das duas e abro as portas para a varanda e sinto o calor infernal que estava hoje, tenho certeza que sofrerei com esse terno por aqui, passo a mão na testa para limpar o suor que começa a descer pelo meu rosto. Vou até a porta da Helena e bato na porta para que ela saia e chame a Laís.
Bato algumas vezes e começo a me preocupar que ela não esteja bem, seguro na maçaneta e olho para dentro do quarto e vejo a cama desarrumada e o som do chuveiro me chama atenção. Para o meu azar havia um espelho que estava na direção do banheiro e conseguia ver a silhueta dela no box…
— Ela é linda não é? — Me assusto com a voz da Laís atrás de mim.
— Bom dia, senhorita… — Digo assustado. — Bati e como ela não me respondeu, abri para saber se estava bem.
— Claro que sim, agora você voltará para o seu quarto e trocar essa roupa, me recuso ter um cara de terno e esculta atrás de mim. — Olho para o conjunto que estava usando e de ótima qualidade.
— Me quer usando o que então? — Pergunto revirando os olhos.
— Algo leve e com cara de turista, nada que o deixe você com cara de segurança. — Suspiro e olho mais uma vez para o quarto e fecho a porta.
Tudo bem, vou lá trocar de roupa.
Helena LiraNosso voo foi muito, muito, muito longo, no meio da viagem resolvi pegar meu tablet e começar a olhar algumas das minhas matérias para o próximo semestre, Laís decidiu fazer faculdade de turismo já que não queria seguir os passos da mãe que foi uma enfermeira e nem de CEO como o tio Bruno, mas ela estava quase dando orgulho para a tia Bonnie que durante muitos anos administra o museu que ela tanto ama.Vejo que terei umas matérias, bem complicada. Diferente da minha amiga, seguirei os passos do meu pai, com o tio Augusto e a tia Vanessa, eles me treinarão com a Alisson para assumir a empresa deles.Já que o Henrique, reviro os olhos só de me lembrar dele.Bom o Henrique por motivos óbvios não assumirá a empresa que eles tanto se empenharam em fazer crescer e a transformar no que é hoje.Estou olhando as matérias e fazendo algumas anotações em um bloquinho, vejo quando o Petter sentar na minha frente, ele tira o fone do ouvido e afrouxa um pouco a sua gravata, ele realmente
Helena Lira Depois do nosso passeio resolvemos ir descansar um pouco, a Laís ficou no seu quarto, resolvi ir me refrescar um pouco, estava uma tarde quente e me sentia um pouquinho pegajosa do calor, entrei no meu quarto e fechei a porta, comecei tirar toda a minha roupa e coloquei em um cesto, entrei no box e deixei correr a água fria para melhorar meu calor, do nada ouço um tossida na porta me assustando, o que me fez desequilibrar e cair de bunda no chão. — Que merda está fazendo dentro do meu banheiro, Petter? — Olho na direção do Petter e tento esconder a minha nudez com as mãos. Fiquei assustada vendo que ele estava ali no meu banheiro, ele virou o rosto na outra direção e me entregou a toalha que estava sobre a pia, a peguei numa velocidade que o assustei e me cobri com ela. — Vim te chamar para passear, assim podemos conversar um pouco mais, o que acha? — Não estou me sentindo a vontade ainda sentada no chão. — Pode me dar licença para poder terminar o meu banho? — Ele e
Petter HarrisEstar ao lado da Helena a cada dia que estamos nesse mochilão está me tirando a paz, a cada mensagem que mando para meus amigos tenho que aguentar eles curtindo com a minha infelicidade de estar próximo e tão distante ao mesmo tempo.Ainda me sinto responsável pelo período que ela mais sofreu. Ouvir pelo Henrique o quanto ela estava afundada na depressão recebendo os cuidados de seus pais e, ao mesmo tempo, a preocupação em como eles fariam para que ela voltasse para a faculdade em poucas semanas.Por isso coloquei alguém para cuidar dela a distância, pedi para que a filha de um dos nossos soldados se aproximasse dela em Harvard e por outros olhos acompanhava a sua tristeza, mas agora com ela ao meu lado, diariamente a via o se esforçando em se divertir e achar algo interessante ao lado da Laís.Mas só passei a entender os motivos de que ela estava aqui no dia que a Laís me chamou para conversar um pouco mais afastado dela.— Ela continua deprimida, Petter, sei que foi v
Helena LiraAcordo e a raiva que estava na hora que entrei naquela maldita van me domina novamente, ignoro a puta dor de cabeça que estava sentindo, sabia que não devia ter aceitado a ideia de participar do mochilão com a Laís, que loucura é essa dela não aceitar as merdas dos seguranças, mas me deixa só olhar para a cara da minha melhor amiga, provavelmente após saber que ela está bem, acertarei um belo soco em seu lindo rosto.Tento levantar da cama e uma tontura me atinge, olho para o lado e percebo que estou em algum prédio e possivelmente devo estar nos últimos andares, respiro fundo e encontro um equilíbrio meio duvidoso, caminho e me aproximo da janela de vidro, acho que devo estar no meio do prédio e tenho a leve impressão que estou no mesmo prédio onde o Henrique tem um apartamento.Me afasto do vidro gelado que estava me deixando com frio e olho ao redor do quarto, percebo a minha mala depositada em um sofá encostado na parede, caminho até lá meio tonta e me ajoelho, procuro
Helena Lira Estou tão abismada com a situação que apenas me deixo cair no sofá enquanto ele termina de recolher os vidros pelo chão, me sinto uma idiota, agora me aproximo dele e recolho alguns cacos. — Petter? — Mantenho a cabeça baixa, enquanto meus pensamentos começam a criar os cenários para explicar o motivo de estarmos aqui. — Henrique planeja matar a Laís? — Pergunto com medo de ouvir a resposta. Percebo quando ele chega mais próximo de mim e tira os vidros da minha mão, ergue meu rosto e seus olhos azuis parecem mais sinceros do que já vi nos últimos dias. — Não, porque o Henrique se apaixonou pela sua pequena Esmeralda. — Solto uma lufada de ar e sorrio para ele. — Quando éramos mais novas, uma vez ela disse que se ela não fosse tão mais jovem que ele, ela poderia considerar namorar o chefe da máfia novaiorquina. — Começo a rir. — Sinto muito que as coisas aconteceram dessa forma, mas as mudanças de plano só ocorreram depois que já estavam na van, então por hora teremos
Petter HarrisCéus, estou ferrado com essa mulher, como o humor dela muda mais rápido que um raio?Saio do quarto antes que ela saia do banheiro e consiga realmente me matar, caminho pelo corredor e vejo no espelho que meu rosto estava cheio de hematomas, provavelmente ela conseguiu quebrar o meu nariz, toco e sinto o latejar, com certeza não vou precisar levar um surra para provar a ninguém que também estive com elas em algum cativeiro.Um calafrio percorre minha coluna e borbulha em minha barriga, a sensação de desconforto com a dor que estou sentindo por todo o meu corpo. Porque essa mulher tem uma mão pesada. Preciso falar com o Henrique, vou levá-la para a casa de campo, tenho certeza que será muito mais fácil para ela me perdoar lá, do que aqui. Sem contar que não corro o risco de que ela me jogue aqui de cima.Ainda tenho esperança que essa seja a nossa casa, gosto da vista privilegiada para o Central Park, sem contar que a proximidade com o Henrique é ótimo, facilita muito a
Petter HarrisSe ele não estivesse tão cego naquela época, poderia ter pedido ela em casamento e não estaria vivendo nessa confusão agora.Me afasto dele e volto a sentar no sofá enquanto Henrique vai até o seu quarto. Meus sentimentos pela Helena não são tão recentes, a ver amadurecer mesmo que a distância, era como se, no fundo, a esperasse estar pronta para mim.Minha mente começa a vagar entre todos os pontos de nossa história.Vê-la tão linda no dia de sua festa, aqueceu o meu peito, mesmo sabendo que ela não estava tão linda daquele jeito para mim, a ver usando joias que provavelmente foi Tanaka que deu me entristeceu naquela noite. Ouvia as preocupações dos meus amigos enquanto tentava manter a postura na frente de todos, escondendo os meus sentimentos de cada que estava ali.Afinal sou o conselheiro do chefe da máfia da América, é esperado que me case com alguma das herdeiras de outras casa para consolidar as alianças e firmar a minha lealdade. Tenho sorte que até hoje Henriqu
Helena LiraOuço quando o Petter saio do quarto, decido ficar mais algum tempo ali sentada no chão encostada contra a porta, minha cabeça estava tão confusão, não fazia ideia do que possa fazer agora, a única coisa que sei é que esse dois não irão nos machucar.Fico um bom tempo no banheiro e saio para o closet que percebi estar organizado, abro algumas roupas e noto que eram femininas, a raiva que até ainda pouco que estava sobre controle me domina novamente quando percebo que não eram as minhas roupas.Retiro um conjunto de tricô azul-escuro e percebo que ainda estavam com as etiquetas, passo a mãos por todas as peças…— São novas. — Digo quando vejo as etiquetas em cada uma.Abro mais ainda as portas do closet e todas as minhas roupas que levei para o mochilão estavam ali, guardadas com cuidado e separadas por cor, provavelmente obra de Abigail pela organização.Caminho até o fundo do closet e abro as portas escuras, uma luz se acende e o perfume do Petter invade minhas narinas, to