Helena Lira
Nosso voo foi muito, muito, muito longo, no meio da viagem resolvi pegar meu tablet e começar a olhar algumas das minhas matérias para o próximo semestre, Laís decidiu fazer faculdade de turismo já que não queria seguir os passos da mãe que foi uma enfermeira e nem de CEO como o tio Bruno, mas ela estava quase dando orgulho para a tia Bonnie que durante muitos anos administra o museu que ela tanto ama.
Vejo que terei umas matérias, bem complicada. Diferente da minha amiga, seguirei os passos do meu pai, com o tio Augusto e a tia Vanessa, eles me treinarão com a Alisson para assumir a empresa deles.
Já que o Henrique, reviro os olhos só de me lembrar dele.
Bom o Henrique por motivos óbvios não assumirá a empresa que eles tanto se empenharam em fazer crescer e a transformar no que é hoje.
Estou olhando as matérias e fazendo algumas anotações em um bloquinho, vejo quando o Petter sentar na minha frente, ele tira o fone do ouvido e afrouxa um pouco a sua gravata, ele realmente é um homem muito bonito, tem os olhos azuis e fico impressionada em como se parece com a mesma tonalidade do mar em Santorini, ele tem um olhar penetrante e algo me fazia ter pensamentos com ele me imprensando no banheiro da aeronave, sacudo a cabeça e afasto esses pensamentos para beeeem longe, ele é o segurança da minha melhor amiga.
— Helena está com quantos anos? — Largo o meu tablet e tento entender o motivo da sua pergunta, mas o respondo com outra.
— Por que o interesse, vai me levar para a Disney? — Ele me dá um sorriso e vejo que seus dentes são lindos também.
— Perguntei primeiro, pode responder à pergunta por favor? — Posso ter crescido, mas continuo a mesma sapeca.
— Idade suficiente para não ter de responder, se me der licença estava estudando um pouco. — Ele se inclina na mesinha e pega o tablet da minha mão, tento pegar o tablet, mas ele o afasta do seu corpo.
Temos um pequeno embate, acabo sentada no colo dele e sinto seu carinho em minha costa, tento manter a minha mente no agora e não nos sentimentos que me levam para a noite na praia.
— Meu irmão é uma criança, ele não tem envolvimento com isso. — Saio do seu colo e vou para dentro do banheiro e me sento um pouco no sanitário e deixo minhas lágrimas saírem.
Consigo me lembrar do Henrique gritando comigo durante o aniversário da Laís, isso me magoou tanto, foi como se todo aquele sentimento que ele sempre alegava dizer que tinha por mim, tivesse sumido, por isso não nos falamos mais.
Evito até hoje qualquer contato com ele e não me arrependo, mas a minha mãe ficou muito magoada com o nosso afastamento. Mesmo assim não conseguia olhar para ele e não me lembrar da forma como ele me olhou com raiva e falou comigo como se eu fosse alguém que devia obedecer às suas ordens.
Sei o quanto ele sofreu quando a sua noiva sofreu o “acidente”, ele se fechou para o mundo e não quis mais contato com ninguém, ainda quis ir até o velório, mas a tia Carol fez questão que fosse passar as férias com a Laís na Grécia, meus pais concordaram, então acabei não indo, e isso só nos afastou mais ainda.
Ouço uma leve batida na porta.
— Amiga, está tudo bem? — Era a Laís preocupada comigo, devo ter demorado mais que devia aqui dentro.
— Está, sim, estou saindo… — Lavo minhas mãos e tento melhorar um pouco o meu rosto
Saio do banheiro e pego o meu tablet, me sento de frente para minha amiga que tinha um sorriso no rosto e o Petter estava um pouco mais afastado e tinha sua aparência novamente impecável.
— Vai me dizer o que ouve enquanto eu cochilava. — Ela me pergunta baixinho.
— Não aconteceu nada, deixe de ser curiosa e se acontecer algo pode ter certeza que será a primeira a saber. — Ela senta na poltrona ao meu lado e levanta o meu rosto.
— Helena, por mais que sempre tenha ouvido as regras impostas a mim, nada disso se aplica a você, então minha amiga se gosta de alguém pode ir fundo e se entregue a paixão, mais faça o que o tio Edu falou, use preservativo. — Ela é tão sacana que fala mais alto e tenho certeza que o Petter ouviu o que essa engraçadinha falou.
Sinto as minhas bochechas queimarem com a vergonha que sinto e olho com discrição em direção do nosso segurança.
— Não sei Laís, ainda penso nele, acho que se o procurar, talvez ele podemos conversar… — Nem termino de falar com a careta que ela fazia.
Mesmo que tenha me afogado naquela noite, depois que ele terminou o nosso namoro, às vezes ainda me pego pensando na possibilidade de haver uma segunda chance para nos dois. Mesmo entendendo que algo deve ter acontecido para ele chegar na decisão de terminar.
Tenho certeza que algo aconteceu, porque Tanaka demonstrava que me amava, não seria apenas o fato de que ele assumiria o seu lugar de nascença o suficiente para nos fazer separar, algo aconteceu e um dia ainda descobrirei.
Depois que pousamos, Petter nos levou para o hotel que havíamos reservado, iriamos sair para turistar apenas no dia seguinte, já era de madrugada e estávamos todos cansados. Entrei para o meu quarto carregando a minha mala e a coloquei próxima à cama, abri e procurei uma peça mais confortável para dormir. Escolhi uma camisola de seda, tomei um banho rápido e logo cai na cama exausta.
Pela manhã, acordei com a minha mãe mandando mensagem querendo saber como estava, respondi e levantei para tomar um banho, já amanhece quente aqui. Escolho uma bermudinha e uma camiseta amarela, faço duas tranças lateral de cada lado e uso um lenço na cabeça para completar o look.
Estava pronta para passar o dia andando por algumas cidades próximas e museus, sabia que Laís me puxou para esse mochilão na esperança de que saísse dessa tristeza que ainda sentia. Antes de sair do quarto coloco a minha máscara para esconder a depressão que convivo desde meus dezoito anos, saio para a sala que dividia o meu quarto e o da Laís, percebo que o Petter estava usando algo um pouco mais com cara de turista. Estava na cara que a Laís o forçou a trocar de roupa, apenas ri da situação.
Tomamos café tranquilamente na varanda olhando o Coliseu e sei que a Laís fará de tudo para ir e passar o máximo de tempo nos pontos turísticos que havíamos escolhidos.
— Venha Petter, tome café conosco. — Minha amiga fala enquanto estou me servindo com café.
— Obrigado, mas já tomei assim que me levantei. — Ele fala e olho para o seu rosto.
Ele pisca na minha direção e reviro os olhos, volto a minha atenção para arrumar meu café. Depois de muita insistência ele acaba sentando na cadeira vazia ao meu lado, ele coloca o seu óculos escuro e sinto seu olhar em cima de mim da mesma forma.
— Não faço ideia do que tem em mente, mas quero ir passear ali. — Ele suspira e apenas concorda.
Depois que terminamos o nosso café saímos em direção ao nosso primeiro dia de passeios e não posso negar que me diverti muito com a minha amiga, ela me carregava praticamente para todos os lugares que ela queria entrar, compramos várias lembranças que tenho certeza que vão apenas acumular poeira pelos cantos.
Mesmo que o Petter tenha se mantido afastado, percebia que ele se aproximava sempre que a Laís estava um pouco mais afastada ou simplesmente fingia dar atenção alguma coisa apenas para nos dar um pouco de privacidade, estava começando a gostar de tê-lo por perto, dos toques sutis que me dava, ou quando era simplesmente chamado para tirar uma foto comigo.
— Adoro o seu perfume. — Ele disse no momento de uma foto.
Ele estava com a sua mão passando por minha barriga e apertava contra o seu corpo, não pude deixar de notar que ele tinha uma ereção sutil, encostando na minha bunda.
Alguns dias depois, em uma manhã no quarto estava sozinha com a Laís, começo a sorrir lembrando do selinho que quase aconteceu no dia anterior quando chegamos no hotel.
— Por que não deixa rolar? — Olho em direção a minha amiga.
— Você sabe o porquê! — Volto a comer o meu lanche enquanto a ouço reclamar.
Os dias do nosso mochilão foram se passando e via como ele começava a se preocupar em não dar conta de nos proteger sozinho, quando ele decide ligar para o senhor Fritz explicando sobre o seu temor, ele consegue o aval para chamar um reforço.
Ele começou a ter mais oportunidades, creio que foi uma armação da Laís, então ele sempre tirava uma casquinha de mim, atualmente vive sentindo o meu cheiro, mas ele não teve realmente coragem de entrar no meu quarto. Minha mãe tem mandado mensagem diariamente querendo saber como estamos, se estou gostando do passeio e ainda não consegui conversar com ela sobre o Petter.
Helena Lira Depois do nosso passeio resolvemos ir descansar um pouco, a Laís ficou no seu quarto, resolvi ir me refrescar um pouco, estava uma tarde quente e me sentia um pouquinho pegajosa do calor, entrei no meu quarto e fechei a porta, comecei tirar toda a minha roupa e coloquei em um cesto, entrei no box e deixei correr a água fria para melhorar meu calor, do nada ouço um tossida na porta me assustando, o que me fez desequilibrar e cair de bunda no chão. — Que merda está fazendo dentro do meu banheiro, Petter? — Olho na direção do Petter e tento esconder a minha nudez com as mãos. Fiquei assustada vendo que ele estava ali no meu banheiro, ele virou o rosto na outra direção e me entregou a toalha que estava sobre a pia, a peguei numa velocidade que o assustei e me cobri com ela. — Vim te chamar para passear, assim podemos conversar um pouco mais, o que acha? — Não estou me sentindo a vontade ainda sentada no chão. — Pode me dar licença para poder terminar o meu banho? — Ele e
Petter HarrisEstar ao lado da Helena a cada dia que estamos nesse mochilão está me tirando a paz, a cada mensagem que mando para meus amigos tenho que aguentar eles curtindo com a minha infelicidade de estar próximo e tão distante ao mesmo tempo.Ainda me sinto responsável pelo período que ela mais sofreu. Ouvir pelo Henrique o quanto ela estava afundada na depressão recebendo os cuidados de seus pais e, ao mesmo tempo, a preocupação em como eles fariam para que ela voltasse para a faculdade em poucas semanas.Por isso coloquei alguém para cuidar dela a distância, pedi para que a filha de um dos nossos soldados se aproximasse dela em Harvard e por outros olhos acompanhava a sua tristeza, mas agora com ela ao meu lado, diariamente a via o se esforçando em se divertir e achar algo interessante ao lado da Laís.Mas só passei a entender os motivos de que ela estava aqui no dia que a Laís me chamou para conversar um pouco mais afastado dela.— Ela continua deprimida, Petter, sei que foi v
Helena LiraAcordo e a raiva que estava na hora que entrei naquela maldita van me domina novamente, ignoro a puta dor de cabeça que estava sentindo, sabia que não devia ter aceitado a ideia de participar do mochilão com a Laís, que loucura é essa dela não aceitar as merdas dos seguranças, mas me deixa só olhar para a cara da minha melhor amiga, provavelmente após saber que ela está bem, acertarei um belo soco em seu lindo rosto.Tento levantar da cama e uma tontura me atinge, olho para o lado e percebo que estou em algum prédio e possivelmente devo estar nos últimos andares, respiro fundo e encontro um equilíbrio meio duvidoso, caminho e me aproximo da janela de vidro, acho que devo estar no meio do prédio e tenho a leve impressão que estou no mesmo prédio onde o Henrique tem um apartamento.Me afasto do vidro gelado que estava me deixando com frio e olho ao redor do quarto, percebo a minha mala depositada em um sofá encostado na parede, caminho até lá meio tonta e me ajoelho, procuro
Helena Lira Estou tão abismada com a situação que apenas me deixo cair no sofá enquanto ele termina de recolher os vidros pelo chão, me sinto uma idiota, agora me aproximo dele e recolho alguns cacos. — Petter? — Mantenho a cabeça baixa, enquanto meus pensamentos começam a criar os cenários para explicar o motivo de estarmos aqui. — Henrique planeja matar a Laís? — Pergunto com medo de ouvir a resposta. Percebo quando ele chega mais próximo de mim e tira os vidros da minha mão, ergue meu rosto e seus olhos azuis parecem mais sinceros do que já vi nos últimos dias. — Não, porque o Henrique se apaixonou pela sua pequena Esmeralda. — Solto uma lufada de ar e sorrio para ele. — Quando éramos mais novas, uma vez ela disse que se ela não fosse tão mais jovem que ele, ela poderia considerar namorar o chefe da máfia novaiorquina. — Começo a rir. — Sinto muito que as coisas aconteceram dessa forma, mas as mudanças de plano só ocorreram depois que já estavam na van, então por hora teremos
Petter HarrisCéus, estou ferrado com essa mulher, como o humor dela muda mais rápido que um raio?Saio do quarto antes que ela saia do banheiro e consiga realmente me matar, caminho pelo corredor e vejo no espelho que meu rosto estava cheio de hematomas, provavelmente ela conseguiu quebrar o meu nariz, toco e sinto o latejar, com certeza não vou precisar levar um surra para provar a ninguém que também estive com elas em algum cativeiro.Um calafrio percorre minha coluna e borbulha em minha barriga, a sensação de desconforto com a dor que estou sentindo por todo o meu corpo. Porque essa mulher tem uma mão pesada. Preciso falar com o Henrique, vou levá-la para a casa de campo, tenho certeza que será muito mais fácil para ela me perdoar lá, do que aqui. Sem contar que não corro o risco de que ela me jogue aqui de cima.Ainda tenho esperança que essa seja a nossa casa, gosto da vista privilegiada para o Central Park, sem contar que a proximidade com o Henrique é ótimo, facilita muito a
Petter HarrisSe ele não estivesse tão cego naquela época, poderia ter pedido ela em casamento e não estaria vivendo nessa confusão agora.Me afasto dele e volto a sentar no sofá enquanto Henrique vai até o seu quarto. Meus sentimentos pela Helena não são tão recentes, a ver amadurecer mesmo que a distância, era como se, no fundo, a esperasse estar pronta para mim.Minha mente começa a vagar entre todos os pontos de nossa história.Vê-la tão linda no dia de sua festa, aqueceu o meu peito, mesmo sabendo que ela não estava tão linda daquele jeito para mim, a ver usando joias que provavelmente foi Tanaka que deu me entristeceu naquela noite. Ouvia as preocupações dos meus amigos enquanto tentava manter a postura na frente de todos, escondendo os meus sentimentos de cada que estava ali.Afinal sou o conselheiro do chefe da máfia da América, é esperado que me case com alguma das herdeiras de outras casa para consolidar as alianças e firmar a minha lealdade. Tenho sorte que até hoje Henriqu
Helena LiraOuço quando o Petter saio do quarto, decido ficar mais algum tempo ali sentada no chão encostada contra a porta, minha cabeça estava tão confusão, não fazia ideia do que possa fazer agora, a única coisa que sei é que esse dois não irão nos machucar.Fico um bom tempo no banheiro e saio para o closet que percebi estar organizado, abro algumas roupas e noto que eram femininas, a raiva que até ainda pouco que estava sobre controle me domina novamente quando percebo que não eram as minhas roupas.Retiro um conjunto de tricô azul-escuro e percebo que ainda estavam com as etiquetas, passo a mãos por todas as peças…— São novas. — Digo quando vejo as etiquetas em cada uma.Abro mais ainda as portas do closet e todas as minhas roupas que levei para o mochilão estavam ali, guardadas com cuidado e separadas por cor, provavelmente obra de Abigail pela organização.Caminho até o fundo do closet e abro as portas escuras, uma luz se acende e o perfume do Petter invade minhas narinas, to
Helena LiraRetiro tudo o que estava vestindo, visto um conjunto preto de renda que coube perfeitamente em meu corpo, olho no espelho e fico satisfeita em como fiquei linda usando o tom preto, vou até a parte das camisas de do Petter e pego uma, sinto o seu perfume nela e sinto uma felicidade que não sei explicar, mas é algo novo. Algo que nem mesmo com o Tanaka consegui sentir, tento não pensar nele agora, pelo menos não nesse momento. Está na hora de experimentar outras sensações. Passo meus braços pelas mangas da camisa e a deixo aberta, saio do closet praticamente correndo. Mal havia subido na cama, ouço a porta sendo aberta. Perceber o olhar cheio de luxúria do Petter fez com que o meu desejo por aquele homem aumentasse ainda mais, o vejo incerto do que fazer, quando ele se vira para ir em direção ao closet percebo que já havia uma ereção ali. — Petter? — Chamo a sua atenção, principalmente por que o quero daquele jeito. — Sente-se. Ele parece em dúvida ao que pedi, mas algo