Como imaginei, Leonard não resistiu à tentação de me seguir. Contive a risadinha nervosa e continuei caminhando despretensiosa pelo clube em direção do hotel. Os corredores pareciam labirintos, era fácil se perder ali dentro, mas não para mim, que o conhecia com a palma da mão. Frequentava aquele clube desde criança, lembro-me de brincar e correr por todo ele enquanto meus pais bebiam e jogavam no cassino.
Encostei na parede entre os banheiros para tentar me esconder de Leonard, mas por algum milagre, ele havia chegado lá primeiro. Uma de suas mãos cobriram minha boca e a outra me puxou pela cintura, colidindo minhas costas contra o seu peito. Ele se recostou na parede atrás, fazendo com que sumíssemos de vista.
— Privado o suficiente pra você agora? — Sussurrou no meu ouvido, roçando seus lábios na minha orelha. Outra vez me arrepiei, mas agora o motivo era seu hálito quente perto demais.
Virei-me bruscamente na sua direção e o empurrei contra a parede, o afastando de mim.
— Acho que você entendeu errado. — Me fiz de sonsa, fingindo querer aquela distância que eu mesma impunha. — Não sou como Seth. Não sou infiel.
— Então é tola. — Ele rebateu, aproximando os lábios do meu. — Vai se manter fiel a um homem que não é a você?
— É o que todas nós fazemos.
Ele riu.
— Não finja que é como elas.
— Não sou. Se eu fosse... — Retribuí aquela proximidade, roçando meus lábios aos dele. — Também me entregaria a você. — E me afastei rápido, impedindo Leonard de me beijar. — Preciso ir ao banheiro. Não precisava me acompanhar, mas muito gentil da sua parte. — Repousei o indicador nos lábios do loiro, sentindo seu olhar meu queimar.
Dei uma piscadela e me afastei, entrando no cômodo.
Quando entrei numa das cabines do banheiro, ouvi passos ao lado de fora de saltos finos ecoando no piso. Saltos muito finos e barulhentos, a mulher que estava lá fora, parecia bem irritada, capaz de abrir um buraco ao chão.
Estranhei por não a encontrar ao sair. Todas as cabines estavam vazias.
Dei de ombros e lavei as mãos, olhando meu reflexo em frente ao espelho; ajeitei o decote no vestido vermelho e retoquei o batom.
Para a minha surpresa, Seth entrou no banheiro feminino feito um furacão e parou atrás de mim, lançando um olhar furioso pelo reflexo.
— O que está fazendo aqui? — franzi o cenho, virando para ele.
— Sua puta de merda! — Bravejou, avançando para cima de mim. Dei longos passos para trás, mas Seth agarrou meus cabelos com fúria, depois esbofeteou meu rosto, lançando-me contra o chão. — Você não vai me envergonhar na frente dessas pessoas, Astryd! — ele gritou.
— O que... — engoli o choro, sentindo o rosto arder e os olhos encherem-se d'água. Bastou uma piscada para que as lágrimas escorressem. — Por que fez isso?
— Por quê? — Ele riu de escárnio. Nunca vi Seth tão furioso. Parecia possuído. — Desde quando tá abrindo as pernas para o duque, sua meretriz?
— Do que está falando, Seth? Eu nunca... — Minha voz tremeu.
Não era possível! Ele viu alguma coisa?
Quando Seth me ergueu com brutalidade, devolvi o tapa em seu rosto com força o suficiente para sentir a mão arder. Ele arregalou os olhos e me encarou enfurecido, então agarrou meus cabelos e me arrastou para fora do banheiro pela porta dos fundos.
Seus colegas não nos viram, mas os funcionários do hotel, sim. Porém, nenhum deles teve coragem para enfrentar Seth, tampouco para me defender.
Foi a sensação mais humilhante que senti em toda a minha vida. Desejei que o duque aparecesse, mas temi que ele também não intercedesse por mim. Afinal, por que ele faria isso?
Quando o elevador se fechou, me encolhi no canto; abracei meus braços e abaixei a cabeça. Senti raiva por não ter aproveitado a oportunidade e caído nos braços do duque. Pelo menos, apanharia com um motivo. Seth não me olhou durante todo o percurso até nosso quarto. Eu sei que deveria ter agradecido pelo silêncio. Pela distância. Mas mal sabia, que o pior ainda estava por vir.
Ele me empurrou para dentro do nosso quarto e começou a rasgar meu vestido do decote para a barra. Tentei lutar contra ele, mas não tive a menor chance. O homem de bigode perfeitamente alinhado e cabelos negros tinha o dobro da minha força. O máximo que consegui causar, não passou de um arranhão no rosto; pequeno demais para afastá-lo, mas grande e ensanguentado o suficiente para mostrar que tentei.
Seth conseguiu me imobilizar sobre a cama ao me jogar de bruços e deitar-se por cima de mim. Quando me penetrou, por trás, - porque segundo ele, era bem mais doloroso - não pude discordar.
Nenhuma dor que senti se assemelhava àquela. Era dilacerante, ele entrava e saía de dentro de mim com rispidez, dava a sensação de que estava me rasgando de dentro para fora. Meus gritos de agonia e o meu choro copioso não o incomodavam. Nada era capaz de pará-lo. Apenas um monstro sádico sentiria prazer com algo assim.
Uma sensação melada lubrificou meu ânus durante a invasão não permitida, mas não foi o suficiente para amenizar a dor. Os soluços escapavam da minha garganta. As lágrimas embaçariam minha visão se minha cabeça não fosse constantemente empurrada contra o colchão. Ao menos, não precisei olhar para ele. Não precisei olhar para nada. Apertei os olhos o mais forte que pude e engasguei com meu choro, tendo cada vez mais dificuldade para respirar.
Aquela tortura durou pouco menos de vinte minutos, mas pareceram horas.
— Espero que tenha sido tão bom para você quanto foi para mim. — Disse com deboche após se levantar. O acompanhei com os olhos inchados, mas não disse uma só palavra. Seth então pegou a toalhinha branca da mesa e limpou o sangue do pênis. O meu sangue. Me apavorei, sentindo uma pontada forte ao tentar me sentar. — Você me sujou inteiro. — Se vangloriou sádico daquilo, fazendo meu estômago revirar. Ele então agarrou meu tornozelo e puxou meu corpo para baixo. Eu gemi dolorida outra vez, mordendo o lábio para conter o choro que voltou a dar as caras, antes mesmo de ter sido cessado completamente. — Espero que nunca se esqueça desse momento. Porque foi aqui, que você se tornou minha para sempre. — Sentenciou como uma maldição e me beijou, afastando-se. — Vista-se e me encontre no restaurante, jantaremos juntos essa noite. E todas as outras. — Ordenou, vestindo-se outra vez. — E não me faça vir atrás de você.
***
Senti tanto nojo de mim mesma que mal aguentei me olhar. Levantei-me com extrema dificuldade e caminhei até o banheiro com as pernas bambas, o sangue pegajoso escorrendo da minha bunda para as coxas. Busquei apoio nas paredes e depois na banheira.
Quando, de relance, vi meu reflexo pelo espelho, minhas pernas cederam e eu me joguei ao chão.
O grito agudo e fino arranhou minha garanta ao escapar. Segurei meus cabelos e puxei com força o bastante para machucar enquanto voltava a chorar. Eu queria morrer.
Eu não havia feito nada. Nada!
Seth me arruinou, para sempre.
Entrei na banheira com muita dificuldade e afundei toda a cabeça, desejando que a mulher da noite anterior aparecesse outra vez e terminasse de acabar comigo. Eu não resistiria agora.
Mas ela não voltou. E eu não consegui fazer isso sozinha.
Levantei-me muito tempo depois, quando a pele já estava enrugada e a água fria. Estava fria e ensanguentava.
Dei passos lentos para fora da banheira e vesti um roupão. Estudei a cama com cautela, mas não me aproximei dela. Lembrei dos remédios para dormir de Seth e os peguei da gaveta, mas restavam apenas três. O choro veio à garganta outra vez. Não poderia me matar com três pílulas. Suspirei desesperançosa e as tomei mesmo assim com o auxílio do champanhe ao lado da cama.
Tentei me sentar na cadeira em frente à mesinha, mas a dor não me permitiu, então desisti.
Toc, toc.
Duas batidas na porta.
Meu corpo gelou. Rezei para que não fosse Seth outra vez. Engoli em seco e ignorei.
Não devia ser Seth. Não podia ser Seth. Por favor, Deus.
Suspirei e soltei os cabelos para cobrir os hematomas do rosto e pescoço. Caminhei até a porta e respirei fundo, segurando a maçaneta. Não queria abrir. Não queria encarar quem quer que fosse. Eu poderia viver ali dentro para sempre a partir de agora.
— Sei que está aí. Ouço sua respiração. — A voz do duque soou.
Senti a garganta fechar. Lágrimas voltaram a encher meus olhos.
— P-por favor, vá embora! — Tentei soar firme, mas minha voz falhou.
— Não enquanto não abrir. Ande logo! — Insistiu com uma voz dura. Mas não obedeci, permaneci parada, encarando a porta. — É uma ordem da sua Alteza, Astryd.
Engoli seco ao ouvi-lo pronunciar meu nome.
Com muito receio, abri lentamente a porta, evitando me mostrar na brecha. Ele bufou impaciente e enfiou um dos pés nela entes que eu fechasse, adentrando bruscamente e me empurrando para trás.
— Me deixou sozinho lá embaixo, imaginei que... — começou dizendo, mas calou-se ao olhar para mim.
Ele apertou os olhos, levando as mãos até meu rosto. Tentei me esquivar, mas Leonard não desistiu; segurou meu queixo, inclinando minha cabeça até que meus cabelos caíssem para trás, revelando os hematomas dos t***s de Seth.
— Bem, o que temos aqui?
— Você estava enganado. — cuspi com raiva, segurando a vontade de chorar. — Eu não conhecia o homem com quem vou me casar. E preferia não ter conhecido. — Completei, sentindo o choro preso e um nó se formar na garganta outra vez. — Por favor, me deixe em paz. Ele será capaz de me matar se me flagrar com você novamente.
— Está dizendo que... isso — apontou para o meu rosto. — Foi por minha causa? — Assenti. — Por uma conversa?! Impressionante. — Completou chocado, estalando a língua no céu da boca. — Não imaginei que Seth fosse tão ciumento, não com o histórico de traições que ele tem; homens, mulheres, arrisco dizer que tenha trepado até com cavalos. — Disse com humor, fazendo meu estômago revirar.
O encarei com indignação.
— Que bom que isso o diverte.
— Não me entenda mal, não acho graça do que ele fez com você. — Explicou, adentrando o quarto sem ser convidado. Me esquivei para trás, receosa que alguém nos visse juntos novamente. O duque não compartilhou da minha preocupação. — Me diverte o que o inferno fará com ele. — Completou sombrio, fechando a porta atrás de si.
— Acredita mesmo nisso? — Indaguei com desdém. — Se Deus existisse eu não estaria passando por isso.
— O que Deus tem a ver com o que eu disse? — Rebateu provocante e virou a chave na porta, enfiando-a dentro do bolso da calça. — Quem comanda o inferno é outro. Talvez já tenha ouvido falar dele.
Olhei Leonard com atenção, engolindo em seco.
Deus, outra vez não, por favor.
Caminhei lentamente para trás, afastando-me dele.
— O que está fazendo? P-por favor. — Implorei com a voz chorosa.
— Acalme-se, quero um momento a sós com você. — Apontou para a cama.— Então abra a porta! — exigi, me recusando a sentar. Pelo contrário, me mantive o mais longe possível da cama.Ele riu pelo nariz e revirou os olhos, sentando-se na cama indiferente ao meu desespero.— Me disseram lá embaixo que já está de casamento marcado. Os boatos são verdadeiros?Semicerrei os olhos, atenta.— Receio que sim.— Uma pena. — Ele suspirou, encostando as costas no apoio da cama. — Pretende levar isso para frente?— A não ser que tenha uma ideia melhor para me salvar, temo não ter saída. — Disse com deboche, mesmo que ansiasse para que ele tivesse algum plano de resgate mirabolante.Como se ele se importasse...— Por que a pergunta? Você já sabia que eu estava noiva. Vai me dizer que agora se importa com o meu status de relacionamento?— Não me importo. — Disse simplista. Pelo menos era sincero... Um pouco sincero demais. — Mas me importo com o seu bem-estar. — Completou pensativo. — Bem, mais ou me
— Acalme-se, quero um momento a sós com você. — Apontou para a cama.— Então abra a porta! — exigi, me recusando a sentar. Pelo contrário, me mantive o mais longe possível da cama.Ele riu pelo nariz e revirou os olhos, sentando-se na cama indiferente ao meu desespero.— Me disseram lá embaixo que já está de casamento marcado. Os boatos são verdadeiros?Semicerrei os olhos, atenta.— Receio que sim.— Uma pena. — Ele suspirou, encostando as costas no apoio da cama. — Pretende levar isso para frente?— A não ser que tenha uma ideia melhor para me salvar, temo não ter saída. — Disse com deboche, mesmo que ansiasse para que ele tivesse algum plano de resgate mirabolante.Como se ele se importasse...— Por que a pergunta? Você já sabia que eu estava noiva. Vai me dizer que agora se importa com o meu status de relacionamento?— Não me importo. — Disse simplista. Pelo menos era sincero... Um pouco sincero demais. — Mas me importo com o seu bem-estar. — Completou pensativo. — Bem, mais ou men
Acordei em meu quarto, na mansão Anghel. Percorri o olhar por todo o ambiente, tentando reconhecê-lo o mais depressa possível e confirmar se aquilo havia sido apenas um sonho ruim.Com dificuldade, me levantei da cama, recebendo as memórias de todo o ocorrido da noite passada. Um frio na espinha percorreu meu corpo e corri na direção do banheiro.Arranquei todas as minhas roupas, conferindo onde estavam os hematomas. E não havia mais nenhum. Exceto uma pequena cicatriz no formato de uma estrela no pulso.No modo automático, vesti-me e sentei na cadeira da cômoda para pentear os cabelos. Meu olhar estava perdido, era como se eu fosse uma hóspede no meu próprio corpo.Eu me sentia completamente... Oca.Atentei-me ao colar desconhecido ao lado da escova de cabelo, só então, reparei na carta que o acompanhava.Quebrei o selo do envelope e retirei a carta de dentro dele... Ela estava completamente em branco.Uma interrogação formou-se na minha cabeça. Quem mandaria uma carta em branco?Ant
Capítulo três.Leonard Scorpius. Joguei o cigarro dentro da lareira, sentindo o olhar de Keimon sobre mim. Ele estava na sua forma de lobo, analisando-me silenciosamente sentado pouco à frente com uma postura impecável como se fosse um cão adestrado. Até parece. Vira-lata dos infernos, a sua obediência equivalia a de uma miniatura humana, birrenta e pavorosa, popularmente conhecidas nessa dimensão como crianças. Não havia muitas delas no inferno. Eram entediantes demais para pararem lá.— O que você quer? Está começando a me incomodar! — resmunguei, ajeitando as luvas curtas de couro sobre as mãos.Ele latiu e saiu do ambiente, deixando-me, finalmente, em paz.Não precisava dos seus julgamentos. Eu sabia o que estava fazendo.Ajudar os humanos não fazia parte da minha tarefa. Eu sei. Nunca os ajudaria de bom grado. Keimon devia saber. Eu os condenava ao fogo eterno, não os poupava.Ninguém que cruzava meu caminho era poupado, nunca. Mas esses demônios estúpidos não me deram alternativ
— Como disse, preciso de mais do que somente a sua palavra. Digamos que eu não posso conceder favores de graça. — Informei. E eu poderia. Mas eu não quero. Não existe razão pela qual eu faria isso.Ela me olhou com mais atenção.Astryd apertou os lábios e assentiu, abraçando os cotovelos enquanto me olhava. Ela parecia mais indefesa do que nunca.— Eu... Tudo bem. — Suspirou, parando na minha frente. — Onde quer que eu assine?Me levantei, guiando Astryd para a próxima ala do castelo e subimos alguns lances de escada. Ela estava atenta em tudo, seu olhar entregava o encanto com a decoração estrategicamente escolhida para despertar desejo e cobiça.As dimensões eram divididas por pecado, sendo assim, o castelo aflorava os sentimentos mais destrutivos em cada alma que nela pisava, na vida e após a morte.Milhares de almas eram condenadas todos os dias. E quanto mais cheio o inferno ficava, mais o castelo crescia.Tranquei a porta da última sala do corredor.Estávamos na zona umbralina.
Os olhos avelãs de Astryd foram transformando-se, ganhando os mesmos pigmentos avermelhados dos meus. Os cabelos antes negros, clarearam, da raiz às pontas, assumindo a coloração platinada da minha. Ao me dar conta do que estava acontecendo, gargalhei, numa mistura de indignação e escárnio.— Do que está rindo? — ela disse confusa e puxou uma mecha dos cabelos longos e ondulados para frente, assustando-se. — O que você fez? — gritou, levantando-se depressa.— Ora, não me dê os créditos por isso. — Disse debochado. — O mérito é todo seu.— O-o que? — Gaguejou. — O que isso quer dizer?— Não fui eu que fiz isso, Anghel. — Expliquei.Ela negou prontamente, dando voltas pela sala.— Eu não fiz isso. Não sei fazer isso! — Gritou. — Eu não... Não entendo. — Balbuciou confusa, o seu olhar se perdeu outra vez.Oh, Astryd. Alguém lá em cima a odeia muito para ter lhe dado de presente para mim com tanta facilidade.Aproximei-me dela em passos largos e segurei seu braço bruscamente, forçando a g
Astryd Anghel.Meu coração batia acelerado. Nunca senti tanto medo em toda a minha vida. O frio esquisito da floresta ainda gelava o meu corpo e mantinha todos os meus pelos arrepiados.O que era aquela coisa?Engoli seco, revivendo na cabeça os gritos e a imagem daquele homem sendo devorado vivo pela criatura mais assustadora que já vi. Tinha certeza de que aquele monstro habitaria meus pesadelos de agora em diante.Ou será que ainda estava sonhando?Tentei falar alguma coisa, mas não consegui. Minha voz não saiu. Entrei em desespero. O que tinha acontecido com a minha voz?— Oh, claro. — O duque revirou os olhos e uma fumaça preta saiu dos seus dedos.Minha garganta ardeu e eu tossi forte. Minha voz havia voltado!— O que foi isso? Por que ele não me viu? — Disse apavorada, levantando-me depressa.— Preferia que tivesse visto? Vou me lembrar disso na próxima vez. — Ele rebateu, debochando. Depois franziu o cenho, me olhando de cima a baixo. — Como me seguiu até a floresta negra? Ela
Dia seguinte. O sol adentrava pelas janelas do quarto, iluminando todo o ambiente. Mal preguei o olho durante toda a noite, e quando finalmente conseguia dormir, mesmo que por poucas horas, era despertada pelos pesadelos mais esquisitos possíveis logo após. Não que eles superassem qualquer coisa que eu estivesse passando agora.Apertei os olhos ao me levantar, estranhando a lama no chão e nos meus pés.— Bom dia. — Um homem de cabelos longos e olhos negros entrou pela porta carregando uma bandeja de café da manhã. Sua voz era muito grave, mal parecia humana. Ele usava roupas tão elegantes quanto Leonard, além de ser muito bonito e excêntrico. Os acessórios que usava pareciam de um pirata. Entretanto, ele não podia ser comparado à Leonard. Ninguém poderia. Não que isso significasse alguma coisa. Sua beleza já não parecia encantadora, mas me causava arrepios. — Mantenha as janelas fechadas. — Ordenou, erguendo as mãos para fechá-las com magia.— Que ótimo. Outro feiticeiro. — Resmunguei