Marina Salazar Eu sempre sonhei em se tornar uma médica, mas como filha de pais sem condições financeiras, me vi obrigada a se virar sozinha. Guardei cada centavo, estudava nas madrugadas, com muito esforço conseguiu uma bolsa integral no curso de medicina. Hoje, lembrando de toda a loucura que foram os anos em que estava estudando, cansaço, fome, muitas vezes não tinha dinheiro para o ônibus, minha vida só deu uma trégua quando conheci Nicolas, meu namorado há cinco anos. — Que foi, Marina? Está com uma carinha de quem está sonhando acordada. Eu desperto das minhas lembranças e olho para Mabel, que está sentada no tapete da minha sala, procurando em prego no site da cidade. Faz uma semana que ela está morando conosco, por ser despejada do apê onde morava com a mãe, pois o novo namorado dela não queria uma filha desempregada que não arca com as despesas. — Nada, não, Mabel, só estava me lembrando da época da faculdade, o quanto foi difícil, sei bem o que você está passando. Então,
Marina Salazar. Mabel está de quatro gemendo loucamente, enquanto é fodida pelo meu namorado. Realmente, eu não consigo acreditar no que estou vendo, minhas pernas estão travadas, com a mão na boca pelo susto, as lágrimas começam a escapar dos meus olhos. Ver o homem que amo com as mãos presas ao quadril daquela que se dizia minha amiga irmã de alma, em movimentos frenéticos das estocadas, totalmente envolvidos em seus prazeres, que nem notaram minha presença entre a fresta aberta da porta. Tudo que posso pensar é em matar esses dois, o nojo e a raiva me fazem sair da onde estava. E entrar com tudo no quarto dessa traíra que até segundos atrás ainda era minha amiga, e pensar que esse escroto nojento dizia que me amava olhando dentro dos meus olhos. — Posso saber o que é isso aqui? Mas, que depressa, Mabel puxa o lençol e se cobre, e Nicolas me olha apavorado e vem em minha direção sem se tocar de que está completamente sem roupa. Quanto mais perto ele chega, maior é a raiva
Marina Salazar. Estou devastada mais ainda, além de tudo o que aqueles dois me fizeram, agora meu nome está estampado no boletim de negligência médica. Isso pode acabar com a minha carreira, mas como pode? Tenho certeza de que não aconteceu nada. Não pode ser verdade, meu sonho de médica não pode terminar dessa maneira, ser acusada da morte de um paciente por erro médico é grave demais. Estou sentada há algum tempo aqui no sofá da sala dos médicos sem saber o que fazer, não tenho para onde ir, para casa dos meus pais, com toda a certeza eu não voltaria. Chorando sem parar, algumas enfermeiras passam e ficam me olhando com pena, meu telefone toca insistentemente e, como se estivesse chamando a desgraça final, olho a tela e é minha mãe que está ligando. Ele toca mais uma vez, então, atendo. — Alô? — Até que em fim você atendeu Marina! Estava quase chamando a polícia, meu Deus, menina. — Não é para tanto, mãe! Só estava descansando, não passei muito bem a noite, como vocês
Conrado Queiroz. Voltei à cidade há três dias, meu pai há mais de um ano vem questionando, quando finalmente assumirei os negócios da família, toda vez que me ligava era a mesma ladainha. Que eu só herdaria o hospital, se tivesse experiência como diretor ou nada feito, como ele sempre fala: — Meu filho, você precisa entender que você precisa estar no comando como eu, os Queiroz são homens importantes, você precisa cuidar de tudo, não se esqueça, trabalhei minha vida toda por esse hospital, não estrague tudo, Conrado vou deixar sua herança para sua prima Virgínia, não me teste, garoto. Nunca que aquela enxerida da Virgínia ficará com o que é meu, antes que tudo vá para a puxa saco, juntei tudo o que é meu, me despedi dos amigos aqui em São Paulo e deixei a terra da Garoa para trás e voltei para Minas Gerais. Mais ou menos um mês depois que fechei negócio da compra do meu apê, o tempo para que ele fosse mobiliado e decorado foi o suficiente para que eu resolvesse as pendências da c
Capítulo 5 Conrado Queiroz Após ter ficado naquele quarto de hotel sem ao menos intender o que ouve, sentindo ardência no rosto, caminhei até o banheiro e vi alguns arranhões do lado esquerdo da bochecha. — Mas que filha da mãe essa garota. Se ela não conseguiu me deixar estéril com a joelhada lá em baixo, com toda certeza ela fez um belo estrago no meu rosto. Sai do hotel e fui procurar uma farmácia 24 horas para comprar um remédio anti-inflamatório para evitar uma inflamação devido aos arranhões. Sem falar que precisava de um remédio para dor, não tinha nada disso em casa ainda, devido à minha recém-chegada, e eu não iria essa hora para o hospital para pegar medicação. Custei a dormir pensando na doida de olhos verdes. Mesmo depois de toda a loucura que foi o nosso encontro, a lembrança da linda mulher desconhecida não sai da minha mente. O gosto dos seus lábios continua colado nos meus, o seu corpo tinha o encaixe perfeito no meu, isso eu não posso negar. O bipe do despertador
Capítulo 6 Marina Salazar Sai tão rapidamente do quarto com medo de tudo o que meu corpo está sentindo. Tudo estava indo bem, depois de alguns drinks no bar, eu me soltei e me deixei levar. Quando vi aquele par de olhos azuis me encarando como se eu fosse algo precioso, com desejo, me fez querer me aproximar do desconhecido. Estava meio tonta, já estava na hora de parar com a bebida, mesmo que realmente beber é para esquecer o quanto eu estava sofrendo. Lembrar do Nicolas e da Mabel naquela cama me fez querer ligar o modo foda-se. Com as pernas bambas, eu caminho em direção à versão de Cristian Grey parado no bar, tento me concentrar no caminho para não cair, e quando percebo, estou encaixada em uma parede de músculo. Puxando a respiração, o perfume me inebria e me deixa com vontade de me afundar mais naquele corpo. Ergo meus olhos e, para surpresa, encontrei os mesmos olhos azuis que antes me observavam. Brinco com o colar que ele tem no pescoço e aproveito para colar mais m
Capítulo 7. Marina Salazar. No momento em que pisei no hospital, já sabia que não seria boa coisa. Alguns colegas me olham com pena por saberem o quanto me dedico aos pacientes, e que claro fatalidades acontecem, mas eu jamais mataria um paciente de propósito. Atravesso o corredor rumo a falar com o diretor do hospital, ele sempre me respeitou e me trata com carinho, sei que ele fará de tudo para investigar o que realmente aconteceu. Vejo que, em uma discussão em frente à sala, o segurança pede para o casal sair calmante que tudo será esclarecido. São, Paulina e José, os pais de Miguel. Fico com receio de me aproximar, mas tomo coragem, além de que também percebo a movimentação no auditório próximo à sala do seu Fabrício. Aí que me lembro sobre o comentário da minha amiga Carol, hoje é apresentação do novo diretor e agora o que farei? — Sua assassina! Me assusto com o grito dado por Paulina, fico com medo, mas mesmo assim eu me aproximo deles. — Calma, senhora… — Calma,
Conrado Queiroz. Vê-la não minha frente novamente me fez ter uma sensação de que seria encrenca na certa. Os gritos de acusações contra ela me fizeram tirar meus olhos dos dela, se isso for verdade, é muito grave e com certeza ela irá perder seu registro médico. Meu e quem controla a situação no momento, pois assim que coloquei a frente dela, tudo à volta é como se tivesse sumido, e mais uma vez eu me vi perdido nessa mulher. Percebendo seu estado de susto no momento em que papai menciona que sou seu filho e assumirei seu lugar. Vejo rapidamente seu semblante mudar, o rosto pálido e as pernas fraquejarem, e por instinto, eu me novo rapidamente a segurando pela cintura, no momento em que ela perdeu a consciência e desmaia nos meus braços. — Claro que ela vai fingir passar mal. — O senhor me desculpa, mas ela não está fingindo. Eu a ajeito no meu colo, para sair daqui. Mas antes de ver meu pai conduzir o casal até seu escritório e pedir que sua secretária chame o advogado d