CAPÍTULO 76 Maria Eduarda Duarte O Maicon guarda coisas demais pra ele, até seu corpo tem notado sua falta de cuidado, ele não para nunca. Percebi que ele gostou bastante do meu toque ali no peito, provavelmente seja algo muscular, a massagem ajudou. . — Vem vamos deitar na cama... — ele me chamou quando desliguei o chuveiro. — Estou com fome, na verdade... — sorri sem graça. — Pode deitar, eu vou buscar a comida — ele disse naturalmente, provavelmente já desencanou com o assunto do preservativo, embora eu não quis preocupar mais o homem, contando que esqueci a cartela do anticoncepcional em casa, mas depois eu compro outro. Estreitei os olhos vendo o Maicon enrolando uma toalha na cintura e saindo do banheiro. — Não precisamos ir até a mesa? — perguntei confusa, colocando um roupão. — Vai me dizer que nunca comeu na cama? — sorriu descontraído, fiquei sem graça de questionar. Não entendi muito o que ele quis dizer, mas fiz conforme diss
CAPÍTULO 77 Maicon Prass Fernandes — Tem certeza senhor? Essas pessoas são seus convidados? — o gerente perguntou com cara de espanto, olhei para alguns rostos conhecidos ali. — Claro que sim. Sirva tudo o que eles quiserem comer, e que sejam muito bem tratados — disse fuzilando aquele homem. — Muito bem, fiquem à vontade! — o homem falou alto e esperei até que todos entrassem, inclusive a Ingrid, agora com um vestido comportado que foi altamente analisado por Duda quando ela entrou. — Viu só, meu filho... — minha mãe me puxou e disse no meu ouvido — Sua esposa me procurou, pediu para convidar todos em seu nome. Espero que já tenha se lembrado como seu pai me tratava. Inclusive na noite em que não pudemos entrar aqui. — Sim, mãe... eu me lembro. Ele foi no mercado e comprou coisas diferentes, tentando reproduzir as batatas daqui. Não deixou que você cozinhasse e ainda serviu seu prato e os nossos — lembrei do coração bom do meu pai. — Então agora, não esqueç
CAPÍTULO 78 Maicon Prass Fernandes — Calma, porque está tão agitada? — me aproximei só pra sentir os empurrões da italiana a todo vapor. — Você... você vai se vestir agora mesmo, consigliere! Ou eu vou ligar para o Don e contar que o seu homem de confiança precisa de psiquiatra! — ela começou a bater no meu peito muito brava, olhei ao redor e as atendentes tentavam disfarçar o riso. Soltei as minhas coisas num canto e puxei a minha italiana enfurecida para um dos provadores imediatamente, a peste nem respirava direito. Fechei as cortinas, a prensei contra a parede, cheguei bem perto, e num tom normal a provoquei: — Não tem nada que você já não tenha visto aqui... para de causar que não quero problemas — ela me bateu nos ombros me empurrando, estava muito enciumada. — Você quer acabar com o passeio, né? Eu não vou deixar você sair daqui desse provador pelado. Caramba, nem sua arma está usando, o que deu em você, maledetto? — passou as mãos nos cabelos, complet
CAPÍTULO 79 Maicon Prass Fernandes Senti a mão de Maria Eduarda no meu ombro, como se ela quisesse me acalmar, mas era tarde demais para isso. — Está tudo bem? — Ela perguntou, mas eu já estava longe de ficar bem. — Tudo ótimo! — Respondi, ainda encarando o Gilberto, aquele desgraçado que estava pedindo para levar uma surra. Ele percebeu que o clima tinha azedado e tentou sair de fininho, como o rato que é. — Rapaz... não é à toa que é ciumento. Mas fica sussi que eu já entendi, vou circular! Falô! — Levantou, se achando o tal, tentando fingir que estava tudo certo. Nem me dei ao trabalho de responder. Só fiquei olhando para ele, com os punhos cerrados, pensando se valia a pena ou não quebrar a cara dele ali mesmo. O encarei até que saísse, pensando se me virava ou não. Aquela peste devia estar rindo de mim, agora. — Meu consigliere lindo... ciumento, possessivo... olha pra mim! — A voz de Maria Eduarda cortou meus pensamentos como uma lâmina.
CAPÍTULO 80 Maria Eduarda Duarte Embora Maicon tenha me tirado o juízo com aquela sunga branca, ele estava tão diferente e divertido que não liguei dele arrancar o short quando entrou na água. O meu medo é que tudo acabe quando voltarmos pra Roma, porque ele está tão mais humano, aqui. Acabou me jogando no mar, e saímos nadando... é claro que no meu caso, fugindo dele para que não me afundasse. A água estava gelada, mas isso não importava. — Você sabe nadar muito bem. Nem teve tanta graça ter te jogado... — reclamou quando me encontrou. — É que a minha irmã só acalma suas crises na água quando perde o controle. Passei grande parte da infância e adolescência nadando ao seu lado, queria garantir que ela ficaria bem — respirei fundo, abracei seu pescoço. — Que estranho, nunca ouvi nada a respeito. — Sempre fomos discretos — falei e acho que me distraí por um momento, Maicon colocou a mão no peito de repente e vi sua expressão de dor. — Maicon, o que foi? O
CAPÍTULO 81 Maicon Prass Fernandes Assim que me despedi da italiana, caminhei rapidamente até o carro. Algo estava errado. Minha mãe nunca mandava mensagens confusas, ainda mais sobre um lugar que conhecia tão bem. Acelerei pelas ruas de São Paulo, cada quilômetro aumentando minha ansiedade. Eu conhecia aquele lugar, um beco escondido entre os prédios do centro, onde eu morava. Cheguei ao local, as luzes fracas e as paredes marcadas por grafites desgastados. Um lugar que sempre me trouxe uma sensação de controle, mas hoje tudo parecia diferente. Parei o carro no final do beco e desci, os sons abafados da cidade ecoando ao meu redor. Mas, ao invés da segurança familiar, senti um frio na espinha. O beco estava vazio. Nenhum sinal da minha mãe ou da Ivete. A preocupação começou a se transformar em algo mais sombrio. Peguei o celular e liguei para minha mãe, mas a ligação foi direto para a caixa postal. A sensação de que algo estava terrivelmente errado se intensi
CAPÍTULO 82 Maicon Prass Fernandes Saí do hotel com o sangue fervendo, celular na mão e um foco: encontrar Maria Eduarda. Então comecei a fazer muitas ligações, dirigindo pela cidade, a procura dela e da minha mãe com a Ivete, que com certeza também deveriam ter sido levadas, mas por quem? A cada segundo que passava, a angústia crescia, e era quase insuportável. As minhas ligações não surtiam resultados, uma incerteza me corroía por dentro, uma sensação de impotência, eu estava fora dos meus domínios, sem meus recursos. Fiquei prestes a perder o controle quando, de repente, algo me veio à mente. A pulseira. Aquela maldita pulseira que Maria Eduarda sempre usava, que eu nunca dei muita importância... mas que tinha um rastreador. A ficha caiu como um soco no estômago. Como pude esquecer disso? Era minha chance, a única pista concreta. Sem perder tempo, puxei o celular, já abrindo o aplicativo que eu sabia que estava lá, esperando para ser usado, e percebi
CAPÍTULO 83 Maria Eduarda Duarte Acordei devagar, com a cabeça pesada, como se estivesse saindo de um pesadelo. Tudo ao redor parecia frio. Quando tentei me mover, algo estava errado. Minhas mãos estavam presas, amarradas às costas da cadeira. Tentei mexer as pernas, mas elas também estavam imobilizadas. Um pânico tomou conta de mim, fazendo o coração disparar. Olhei ao redor, tentando entender onde estava. A sala era escura, iluminada apenas por uma luz fraca num canto. As cordas apertavam meus pulsos, machucando a pele, e a cadeira rangia a cada movimento que eu fazia. Minha respiração ficou pesada, e senti o medo se espalhar, subindo pela garganta. Eu tentava lembrar o que havia acontecido. A última coisa que veio à mente foi quando eu estava atravessando a rua para ir à farmácia. Depois disso, tudo se tornou um borrão. E agora, aqui estou, sozinha, amarrada, sem ter ideia de onde estou ou quem me trouxe até aqui. Fechei os olhos, tentando me acalmar, buscando al