CAPÍTULO 125 Maicon Prass Fernandes Depois de toda aquela correria no hospital, a médica insistiu para que Maria Eduarda ficasse mais um tempo em observação, mas eu sabia que a peste ia me enlouquecer se continuasse lá. Então, depois de algumas horas e mais exames do que eu achava necessários, finalmente conseguimos ir para casa. — Eu juro que achei que ia acontecer, Maicon. Você precisava ver... — Ela começou, ainda um pouco envergonhada enquanto ajustava o cinto de segurança. — Eu sei que foi um susto falso, mas parecia tão real. — Italiana, você tem um dom pra me matar de susto. De qualquer forma, a gente vai ter que reforçar essa segurança. Daniel vai ter que te acompanhar até na farmácia agora, senão eu infarto de vez. — Sorri a ajudando se ajeitar. — Ah... O caminho até em casa foi tranquilo, diferente da viagem de ida. As ruas de Roma pareciam menos hostis, e meu coração já batia em um ritmo mais normal. Era estranho, mas a presença dela ao meu lado sempre
CAPÍTULO 126 Maria Eduarda Duarte As dores vieram com tudo, de uma hora pra outra, sem aviso. Era como se uma onda me atingisse, me deixando sem ar. Me segurei no braço do sofá, tentando me concentrar, mas cada segundo parecia um século. — Maicon... — consegui murmurar, mas ele já estava à minha frente, os olhos arregalados. Eu nunca o tinha visto tão rápido. Em menos de um minuto, ele já estava me ajudando a levantar, me carregando quase como uma boneca, enquanto eu tentava respirar entre uma contração e outra. — Respira, italiana, respira fundo — ele dizia, mas o tom era tenso. Eu sabia que ele estava tentando manter a calma por mim, mas o jeito que ele segurava o volante quando me colocou no Maserati, estava branco de tensão, deixava claro que ele também estava surtando por dentro. Sentei no banco do passageiro, ofegante, e a dor não dava trégua. Eu segurava a barriga, tentando controlar a respiração, mas cada vez que ela vinha, parecia que eu ia desmoronar.
CAPÍTULO 127 Maria Eduarda Duarte Enquanto isso, o médico assumiu sua posição, e a equipe se preparava para o parto. Parecia que finalmente estávamos a caminho de trazer nossos filhos ao mundo, mesmo sem a presença da doutora Mari. A sala de parto estava um caos completo, mas as dores intensas não me permitiam focar em mais nada além de respirar e empurrar. As contrações vinham cada vez mais fortes, e os sons ao meu redor pareciam distantes, como se o mundo estivesse se fechando naquele momento crucial. — Vamos, Maria Eduarda, você está indo muito bem. Só mais um pouco! — o médico tentava me incentivar. Senti a mão de Maicon apertando a minha. Seu toque era forte, mas seu rosto, normalmente controlado e frio, mostrava uma mistura de medo e raiva. Seus olhos estavam cheios de preocupação, algo raro nele. — Força, italiana, tô aqui com você! — ele rosnou ao meu lado, mas sua voz tinha um tom de desespero. A próxima contração rasgou meu corpo, e gritei enqua
CAPÍTULO 128 Maria Eduarda Duarte Eu me recostei na cama ao lado de Maicon, sentindo o peso das últimas horas se dissipar aos poucos. Estar com ele ali, respirando normalmente depois de tudo, parecia um milagre. Eu passava os dedos pelo cabelo dele, que agora estava mais curto, e pela primeira vez em dias, não havia aquela tensão no ar. Ele abriu os olhos devagar e sorriu para mim. Aquele sorriso... Era o que eu precisava. — Você tem que avisar a Ivete — falei, lembrando de como ela ficou quando saímos às pressas. — Coitada, ninguém sabe que estamos no hospital, e ela deve estar louca em casa, imaginando onde estamos. Já deve estar surtando, sem entender nada. Maicon riu baixinho, balançando a cabeça. — Eu sei, italiana... Ela deve estar achando que aconteceu o pior. A Ivete sempre pensa no pior quando se trata de nós. Eu dei uma risada, mas por dentro, o aperto no coração era real. Ivete estava conosco desde o início de tudo, e sei que, por trás daquele je
CAPÍTULO 129 Maria Eduarda Duarte Quando as portas do hospital se abriram, o ar fresco bateu no meu rosto e senti um alívio imediato. Depois de tantos dias de tensão, finalmente estávamos indo para casa, agora com dois novos membros da família nos braços. Eu carregava um dos gêmeos, enquanto Maicon segurava o outro com uma leveza que contrastava com seu tamanho. Ele olhou para mim, e por um segundo vi nos seus olhos aquele brilho de felicidade que eu sabia que ele tentava esconder. O motorista nos aguardava e, assim que ajeitou as cadeirinhas no banco de trás, percebi o quanto tudo havia mudado. Deixamos o hospital, mas o silêncio entre nós era quase sagrado, como se tivéssemos medo de quebrar o momento. Ao chegarmos em casa, notei algo diferente logo na entrada. Havia balões discretos pendurados nas árvores e uma movimentação na varanda. Suspirei, já desconfiada do que estava por vir, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, as portas se abriram de uma ve
CAPÍTULO 130 Maria Eduarda Duarte Já fazia três meses desde o nascimento dos gêmeos, e apesar de toda a alegria que eles trouxeram, eu não conseguia me livrar de uma sensação estranha, como se algo estivesse prestes a acontecer a qualquer momento. Era como se uma nuvem pairasse sobre nós, mesmo nos momentos de paz. Eu tentava afastar isso, focar nas risadas deles, nos pequenos movimentos de suas mãos, mas aquela inquietação não me abandonava. Estava sentada na cama, com os olhos fixos no berço ao lado, observando-os dormir. Maicon entrou no quarto e, como sempre, percebeu que eu estava inquieta. Ele sentou ao meu lado, silencioso por um momento, até que sua voz firme, mas suave, me tirou dos meus pensamentos. — Italiana, o que tá acontecendo? — ele perguntou, com aquele tom direto, mas preocupado. Suspirei e passei a mão pela testa, tentando explicar o que nem eu mesma conseguia entender direito. — Não sei, Maicon... só sinto que algo ruim vai acontecer. Nã
CAPÍTULO 131 Maria Eduarda Duarte — Quem sabe não deveríamos voltar naquele quarto que está trancado? — comentei sentindo Maicon bem perto, o corpo pressionando o meu. Ele me olhou com aquele sorriso de canto que sempre fazia meu coração disparar. O calor entre nós era palpável, e ele sabia disso tão bem quanto eu. — Quarto de jogos, é? — ele provocou, a voz rouca invadindo meus sentidos, me deixando ainda mais inquieta. Não respondi, apenas o empurrei, e ele se deixou ser empurrado, me encarando com um sorriso malicioso. Percebi que fui caminhando de volta para dentro da casa e ele me seguiu em silêncio. Entramos no nosso quarto, então peguei o cartão de acesso do armário, mantendo meu olhar fixo no dele. Dei alguns passos até a porta, sentindo o peso do momento enquanto deslizava o cartão na fechadura eletrônica. O clique suave da porta abrindo parecia ecoar na minha mente, aumentando ainda mais a tensão no ar. Quando entramos, o ambiente era exatamente
CAPÍTULO 132 Maicon Prass Fernandes Aquilo não estava certo, e eu sabia disso no instante em que a vi. A italiana não estava pronta, e eu jamais insistiria. Estávamos juntos há tanto tempo que o silêncio dela falava mais alto que qualquer palavra. Ela me olhava, mas seu corpo falava outra coisa — o cansaço, a dor, a confusão, e principalmente o medo, o tremor e a agonia do local fechado — tudo isso gritava, e eu não podia ignorar. Segurei sua mão com delicadeza e a levei de volta ao nosso quarto. Aquele quarto sempre foi nosso refúgio, o único lugar que nos dava paz, onde podíamos ser quem éramos, longe do caos e da violência que muitas vezes nos cercava. Ali dentro, estávamos seguros, ela se sentia segura. As paredes claras, o nosso cheiro, o chão carregava as marcas de tantos momentos, e a cama era onde nossos corpos se encontravam e descansavam. Nem sempre sou o mesmo que impõe regras e ordem, as vezes também consigo ceder..., mas é apenas por ela, a italiana qu