CAPÍTULO 129 Maria Eduarda Duarte Quando as portas do hospital se abriram, o ar fresco bateu no meu rosto e senti um alívio imediato. Depois de tantos dias de tensão, finalmente estávamos indo para casa, agora com dois novos membros da família nos braços. Eu carregava um dos gêmeos, enquanto Maicon segurava o outro com uma leveza que contrastava com seu tamanho. Ele olhou para mim, e por um segundo vi nos seus olhos aquele brilho de felicidade que eu sabia que ele tentava esconder. O motorista nos aguardava e, assim que ajeitou as cadeirinhas no banco de trás, percebi o quanto tudo havia mudado. Deixamos o hospital, mas o silêncio entre nós era quase sagrado, como se tivéssemos medo de quebrar o momento. Ao chegarmos em casa, notei algo diferente logo na entrada. Havia balões discretos pendurados nas árvores e uma movimentação na varanda. Suspirei, já desconfiada do que estava por vir, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, as portas se abriram de uma ve
CAPÍTULO 130 Maria Eduarda Duarte Já fazia três meses desde o nascimento dos gêmeos, e apesar de toda a alegria que eles trouxeram, eu não conseguia me livrar de uma sensação estranha, como se algo estivesse prestes a acontecer a qualquer momento. Era como se uma nuvem pairasse sobre nós, mesmo nos momentos de paz. Eu tentava afastar isso, focar nas risadas deles, nos pequenos movimentos de suas mãos, mas aquela inquietação não me abandonava. Estava sentada na cama, com os olhos fixos no berço ao lado, observando-os dormir. Maicon entrou no quarto e, como sempre, percebeu que eu estava inquieta. Ele sentou ao meu lado, silencioso por um momento, até que sua voz firme, mas suave, me tirou dos meus pensamentos. — Italiana, o que tá acontecendo? — ele perguntou, com aquele tom direto, mas preocupado. Suspirei e passei a mão pela testa, tentando explicar o que nem eu mesma conseguia entender direito. — Não sei, Maicon... só sinto que algo ruim vai acontecer. Nã
CAPÍTULO 131 Maria Eduarda Duarte — Quem sabe não deveríamos voltar naquele quarto que está trancado? — comentei sentindo Maicon bem perto, o corpo pressionando o meu. Ele me olhou com aquele sorriso de canto que sempre fazia meu coração disparar. O calor entre nós era palpável, e ele sabia disso tão bem quanto eu. — Quarto de jogos, é? — ele provocou, a voz rouca invadindo meus sentidos, me deixando ainda mais inquieta. Não respondi, apenas o empurrei, e ele se deixou ser empurrado, me encarando com um sorriso malicioso. Percebi que fui caminhando de volta para dentro da casa e ele me seguiu em silêncio. Entramos no nosso quarto, então peguei o cartão de acesso do armário, mantendo meu olhar fixo no dele. Dei alguns passos até a porta, sentindo o peso do momento enquanto deslizava o cartão na fechadura eletrônica. O clique suave da porta abrindo parecia ecoar na minha mente, aumentando ainda mais a tensão no ar. Quando entramos, o ambiente era exatamente
CAPÍTULO 132 Maicon Prass Fernandes Aquilo não estava certo, e eu sabia disso no instante em que a vi. A italiana não estava pronta, e eu jamais insistiria. Estávamos juntos há tanto tempo que o silêncio dela falava mais alto que qualquer palavra. Ela me olhava, mas seu corpo falava outra coisa — o cansaço, a dor, a confusão, e principalmente o medo, o tremor e a agonia do local fechado — tudo isso gritava, e eu não podia ignorar. Segurei sua mão com delicadeza e a levei de volta ao nosso quarto. Aquele quarto sempre foi nosso refúgio, o único lugar que nos dava paz, onde podíamos ser quem éramos, longe do caos e da violência que muitas vezes nos cercava. Ali dentro, estávamos seguros, ela se sentia segura. As paredes claras, o nosso cheiro, o chão carregava as marcas de tantos momentos, e a cama era onde nossos corpos se encontravam e descansavam. Nem sempre sou o mesmo que impõe regras e ordem, as vezes também consigo ceder..., mas é apenas por ela, a italiana qu
CAPÍTULO 133 Maicon Prass Fernandes Ela me puxou pela gravata com uma intensidade que só ela sabia ter. O sorriso no rosto de Duda me dizia que ela estava armando alguma coisa. Não era qualquer coisa. Era diferente. Eu a segui, desconfiado, com os olhos fixos na jaula à nossa frente. A mesma maldita jaula que, antes, quase a despedaçou. — Que diabos você está pensando, italiana? — minha voz saiu mais dura do que pretendia, mas não importava. Ela precisava entender que eu não estava com paciência pra mais jogos. Ainda mais com isso. Ela virou para mim, o sorriso permanecendo no rosto. Não respondeu de imediato, o que só me deixou mais alerta. O que estava por vir? Eu odeio surpresas desse tipo, mas ela adorava brincar com os meus limites. — Entra comigo, Maicon. — A voz dela foi mais baixa dessa vez, mas o comando era claro. Eu encarei a jaula por um segundo. Que porra ela queria com isso agora? — Você tá maluca? Não precisa provar nada pra ninguém, Duda... mui
CAPÍTULO 134 Maria Eduarda Duarte As coisas mudaram de figura quando ele me pediu para olhar a jaula e desviar do seu olhar. Consegui por um momento, mas o incômodo ainda estava lá. Maicon não era bobo, percebeu minha tensão. — Feche os olhos! — ordenou com firmeza. Obedeci de imediato, apertando as pálpebras — Mais rápido, agora. Com os olhos fechados, o mundo ao redor pareceu se acalmar um pouco, mas a tensão permanecia, latente sob a pele. Ele me afastou de leve, interrompendo o contato. — O que foi? — minha voz saiu um pouco mais trêmula do que eu esperava. — Sente-se! — ordenou novamente. O espaço era pequeno, mal cabia nós dois sentados, mas segui suas instruções sem questionar. Maicon ficou em pé por um instante, seu olhar analisando cada movimento meu. Abaixou-se logo depois, e com delicadeza, passou os dedos firmes pela minha cinta-liga. O toque dele, ao mesmo tempo firme e cuidadoso, me trouxe uma sensação inesperada de conforto. Senti o calor de suas
Capítulo 135 Maria Eduarda Duarte Acordei com a luz da manhã através das cortinas, e vi Maicon de pé perto da janela. Ele estava tão concentrado, mas sua expressão era distante. A noite anterior ainda queimava em minha memória; foi intensa e repleta de paixão, mas também deixou um gosto de vulnerabilidade que não conseguia ignorar e ele deve saber muito bem. Quando ele se virou para mim, nossos olhares se cruzaram, e um sorriso involuntário brotou em meu rosto. O desejo de tocá-lo novamente era forte, mas percebi que ele estava hesitante. — Bom dia, peste — ele murmurou, seu tom suave fazendo meu coração acelerar. — Já vai? — perguntei, ainda meio sonolenta. — Tenho coisas para resolver cedo. Alguém especializado da máfia virá para averiguar o sistema de segurança da casa, já que tem se preocupado. Ele vai mexer em tudo — ele respondeu, enquanto pegava sua camisa. O modo como evitava o contato me deixava um pouco confusa, como se houvesse uma batalha interna acontecendo de
CAPÍTULO 136 Maicon Prass Fernandes Que caralho! Mal saí de casa e Ivete conseguiu fazer a merda do ano. O Don vai ficar puto quando souber que o cara que iria conferir seu monitoramento mais tarde, foi baleado pela minha cozinheira, armada. Mas o pior foi o que ouvi da Maria Eduarda... nossos filhos naquele quarto? — Juro que se ainda estivesse com o meu coração, estaria morto hoje, de tanto stress. Meus homens chegaram e mandei levar o homem para um dos quartos. — Eu e Daniel retiraremos a bala! Liguem para que o médico venha até aqui — dei a ordem e fui atrás da italiana. Observei a babá saindo do quarto com nossos filhos no carrinho, mas... — Cadê a Maria Eduarda? — perguntei pra ela, me olhou assustada. — Naquele outro quarto, senhor. — Apontou para a porta do quarto de jogos, meu sangue ferveu. — Leve-os para o quarto deles — esperei que saísse e fechei a porta, depois entrei no quarto de jogos que estava entreaberto. — PORRA, MARIA ED