CAPÍTULO 132 Maicon Prass Fernandes Aquilo não estava certo, e eu sabia disso no instante em que a vi. A italiana não estava pronta, e eu jamais insistiria. Estávamos juntos há tanto tempo que o silêncio dela falava mais alto que qualquer palavra. Ela me olhava, mas seu corpo falava outra coisa — o cansaço, a dor, a confusão, e principalmente o medo, o tremor e a agonia do local fechado — tudo isso gritava, e eu não podia ignorar. Segurei sua mão com delicadeza e a levei de volta ao nosso quarto. Aquele quarto sempre foi nosso refúgio, o único lugar que nos dava paz, onde podíamos ser quem éramos, longe do caos e da violência que muitas vezes nos cercava. Ali dentro, estávamos seguros, ela se sentia segura. As paredes claras, o nosso cheiro, o chão carregava as marcas de tantos momentos, e a cama era onde nossos corpos se encontravam e descansavam. Nem sempre sou o mesmo que impõe regras e ordem, as vezes também consigo ceder..., mas é apenas por ela, a italiana qu
CAPÍTULO 133 Maicon Prass Fernandes Ela me puxou pela gravata com uma intensidade que só ela sabia ter. O sorriso no rosto de Duda me dizia que ela estava armando alguma coisa. Não era qualquer coisa. Era diferente. Eu a segui, desconfiado, com os olhos fixos na jaula à nossa frente. A mesma maldita jaula que, antes, quase a despedaçou. — Que diabos você está pensando, italiana? — minha voz saiu mais dura do que pretendia, mas não importava. Ela precisava entender que eu não estava com paciência pra mais jogos. Ainda mais com isso. Ela virou para mim, o sorriso permanecendo no rosto. Não respondeu de imediato, o que só me deixou mais alerta. O que estava por vir? Eu odeio surpresas desse tipo, mas ela adorava brincar com os meus limites. — Entra comigo, Maicon. — A voz dela foi mais baixa dessa vez, mas o comando era claro. Eu encarei a jaula por um segundo. Que porra ela queria com isso agora? — Você tá maluca? Não precisa provar nada pra ninguém, Duda... mui
CAPÍTULO 134 Maria Eduarda Duarte As coisas mudaram de figura quando ele me pediu para olhar a jaula e desviar do seu olhar. Consegui por um momento, mas o incômodo ainda estava lá. Maicon não era bobo, percebeu minha tensão. — Feche os olhos! — ordenou com firmeza. Obedeci de imediato, apertando as pálpebras — Mais rápido, agora. Com os olhos fechados, o mundo ao redor pareceu se acalmar um pouco, mas a tensão permanecia, latente sob a pele. Ele me afastou de leve, interrompendo o contato. — O que foi? — minha voz saiu um pouco mais trêmula do que eu esperava. — Sente-se! — ordenou novamente. O espaço era pequeno, mal cabia nós dois sentados, mas segui suas instruções sem questionar. Maicon ficou em pé por um instante, seu olhar analisando cada movimento meu. Abaixou-se logo depois, e com delicadeza, passou os dedos firmes pela minha cinta-liga. O toque dele, ao mesmo tempo firme e cuidadoso, me trouxe uma sensação inesperada de conforto. Senti o calor de suas
Capítulo 135 Maria Eduarda Duarte Acordei com a luz da manhã através das cortinas, e vi Maicon de pé perto da janela. Ele estava tão concentrado, mas sua expressão era distante. A noite anterior ainda queimava em minha memória; foi intensa e repleta de paixão, mas também deixou um gosto de vulnerabilidade que não conseguia ignorar e ele deve saber muito bem. Quando ele se virou para mim, nossos olhares se cruzaram, e um sorriso involuntário brotou em meu rosto. O desejo de tocá-lo novamente era forte, mas percebi que ele estava hesitante. — Bom dia, peste — ele murmurou, seu tom suave fazendo meu coração acelerar. — Já vai? — perguntei, ainda meio sonolenta. — Tenho coisas para resolver cedo. Alguém especializado da máfia virá para averiguar o sistema de segurança da casa, já que tem se preocupado. Ele vai mexer em tudo — ele respondeu, enquanto pegava sua camisa. O modo como evitava o contato me deixava um pouco confusa, como se houvesse uma batalha interna acontecendo de
CAPÍTULO 136 Maicon Prass Fernandes Que caralho! Mal saí de casa e Ivete conseguiu fazer a merda do ano. O Don vai ficar puto quando souber que o cara que iria conferir seu monitoramento mais tarde, foi baleado pela minha cozinheira, armada. Mas o pior foi o que ouvi da Maria Eduarda... nossos filhos naquele quarto? — Juro que se ainda estivesse com o meu coração, estaria morto hoje, de tanto stress. Meus homens chegaram e mandei levar o homem para um dos quartos. — Eu e Daniel retiraremos a bala! Liguem para que o médico venha até aqui — dei a ordem e fui atrás da italiana. Observei a babá saindo do quarto com nossos filhos no carrinho, mas... — Cadê a Maria Eduarda? — perguntei pra ela, me olhou assustada. — Naquele outro quarto, senhor. — Apontou para a porta do quarto de jogos, meu sangue ferveu. — Leve-os para o quarto deles — esperei que saísse e fechei a porta, depois entrei no quarto de jogos que estava entreaberto. — PORRA, MARIA ED
CAPÍTULO 137 Maria Eduarda Duarte — Poxa vida, Ivete... Maicon pegou pesado com você hoje. — Comentei com ela quando ele saiu. — Está tudo bem senhora. Eu prefiro assim, se cometi um erro devo pagar. Deixa eu dar a mamadeira para o Miguel, ele é mais calmo que Mikaela e preciso relaxar só um pouco — esticou o braço e entreguei a ela, pegando a minha pequena em seguida, já que a babá havia ido tomar banho. — É uma pena meu leite ter secado tão rápido, Ivete..., mas ainda bem que gostam da mamadeira. — Sim... — O Fred é um homem novo ainda... deve ter por volta dos cinquenta — comentei como quem não quer nada. — Nem reparei, senhora — olhei pra ela a encarando. — Percebi. Logo atirou no homem e depois que foi olhar quem era. Só que uma coisa eu sei... não tirou mais os olhos dele. — A culpa é da senhora. Vive falando que tem um pressentimento estranho, que sente um vento frio... já estou ficando paranoica. — Acho que uma temporada com esse
CAPÍTULO 138 Maria Eduarda Duarte A noite foi aconchegante, cheia de boas conversas e risadas. Os bebês deram uma folga para a babá e confesso que fico mais tranquila perto deles. Maicon foi resolver questões burocráticas, deu um jeitinho de deixar o restaurante no nome da Valentina, e ficou com um percentual baixo que será destinado à doação. Parece que o soldado que ficou no Brasil ajudando, conseguiu encontrar alguém que o substituísse e agora está feliz em voltar a trabalhar aqui. Passei um tempo gostoso com meus filhos, e o Fred, que já está conseguindo sentar, está analisando por partes o sistema da casa, enquanto Ivete presta atenção em tudo o que o homem precisa. . Alguns dias depois . Hoje, temos um jantar na casa do Don. Pelo visto é algo simples, só quer reunir a família. A noite estava fria, mas ao me olhar no espelho, eu me sentia aquecida. Vesti um vestido longo, de um azul marinho profundo, justo na cintura e com um
CAPÍTULO 139 Maicon Prass Fernandes Eu já sabia que algo estava errado desde o momento que Alexei entrou naquela sala. O Don se levantou devagar, me lançando um olhar que falava mais do que ele estava prestes a dizer. A tensão no ar ficou mais densa, e o silêncio, quase ensurdecedor. — Eu já imagino o que você quer, Alexei — disse o Don, rompendo o silêncio. — Está aqui pelo seu irmão. Eu bufei, cruzando os braços. Era óbvio que ele estava atrás do Anton. O desgraçado já tinha causado problemas suficientes para todos nós, mas confesso que, com a demora, eu cheguei a pensar que a família Kim tinha desistido dele. Só que agora, Alexei estava ali, como se o tempo não tivesse passado. — Eu sabia que esse momento ia chegar — acrescentei, me aproximando do Don. — Mas três meses? Vocês sumiram por um ano e três meses a respeito desse assunto. Pensei que já tinham deixado o Anton para apodrecer. Alexei não respondeu de imediato. Ele ficou nos observando, com aquele ol