Não me agradeça

CAPÍTULO 6

Maria Eduarda Duarte

Com os olhos pesados e meu corpo mole, tentei levantar a cabeça muitas vezes, mas não consegui.

Não sei quanto tempo durou isso, mas de repente ouvi vozes familiares, e quando por fim abri os olhos ouvi:

— Filho, por que a sua noiva está dormindo tanto? Acho que vou chamar nosso médico de confiança para examiná-la quando chegarmos em casa. — “era o senhor Kim?“

— Pai, ela está cansada, só isso! Me dê um momento com ela, vou acordá-la e enviaremos o áudio que o senhor pediu.

— Não demore, Anton! Já faz dez minutos que está sozinho com ela, e ainda não se casaram! Sabe que seu casamento precisa ser honrado! — tentei falar, erguer a mão para pedir ajuda, pois aquele senhor não parecia compactuar com esse louco, porém não consegui.

— Claro pai... — ouvi a porta fechar, e me enchi de raiva quando o infeliz jogou a água que estava num copo na minha cara.

— Acorda, querida! Envie uma mensagem dizendo que está tudo bem, e vou te tratar como uma rainha! — ele disse, mas eu estava com tanta raiva que não conseguia fazer nada.

Do nada, senti uma mão gelada na minha coxa, por cima do vestido longo que eu usava, e em choque consegui sentar.

— Tire as mãos de mim! — a minha voz saiu fraca, eu estava muito estranha.

— Diga como quer fazer isso... — ele falou, tirando a mão de mim e segurando um celular. Em seguida digitou algo.

— Me leva de volta agora mesmo! A minha família não vai concordar com isso... — tossi, e ele sorriu.

— Ótimo! Só pra avisar, eles já sabem que vamos nos casar e nesse momento você comprovou com seu tom de voz. É só mais alguns ajustes e... — ele simplesmente me fez ouvir um áudio, onde eu mesma dizia que iria me casar e me desesperei, porque a minha família acreditaria.

Com forças que fiz brotar em mim, tentei derrubar aquele celular, mas o homem era alto, grande, e simplesmente se moveu rapidamente, guardando o aparelho e tirando uma injeção do bolso, enfiando de qualquer jeito no meu braço.

(...)

Quando acordei novamente, já não estava no mesmo lugar, estava num carro. Me senti um saco de batatas, porque não conseguia firmar o pé no chão, e nem falar, com certeza me deram alguma droga.

Aquele infeliz ficava me abraçando e eu me sentindo horrível; não vi mais o pai dele.

Chegamos num lugar estranho. Precisei aguentar, ser carregada pelo maledetto, que de repente me jogou numa cama e saiu trancando a porta.

Não sei por quanto tempo fiquei ali, e quando finalmente consegui me levantar, o meu pesadelo voltou a me atormentar, e Anton estava de volta.

— Adiantamos o casamento, já que meu pai ficou satisfeito com seu áudio. Faça o favor de trocar de roupa, esse é seu vestido de casamento, logo alguém virá arrumar você, não deixe meu pai irritado, ou eu mato você depois da cerimônia! — com raiva grudei na camisa dele e comecei a chacoalhar.

— INFELIZ! EU NÃO VOU CASAR COM UM MONSTRO! NÃO VOU VESTIR PORCARIA NENHUMA! E VOU MATAR VOCÊ! — apertei o meu anel e ele liberou a pontinha da faca. Com rapidez passei pelo seu rosto, fazendo um corte suave, mas que o deixou furioso, me arrancou dele e me jogou na cama.

— Cala a boca sua infeliz! Você cortou o meu rosto e vai pagar caro por isso — passou a mão no local cortado — Agora vai fazer o que eu mandar, se não, vai sofrer as consequências! — ele começou a arrancar o meu casaco, que estava por cima do vestido, e eu lutei o quanto pude para evitar, passando meu anel em seus braços.

Ele me puxava e eu me virava tentando escapar, e ele foi jogando as cobertas no chão, até conseguir arrancar o casaco, e eu não parava de gritar.

Anton tentava tapar a minha boca, me esforcei muito para tentar me livrar, mas nada adiantava.

— Quero você de branco em dez minutos, está me ouvindo?

— Eu vou destruir tudo que estiver na minha frente!

— Se insistir vou aplicar outra dose, então casarei com uma quase defunta, mas que se foda, porque é insuportável, e eu serei Don de qualquer maneira, está entendendo? — comecei a gritar mais alto, quem sabe o senhor Kim não me ouvisse? A única coisa que ele queria era o cargo de Don.

Me assustei quando ele jogou o vestido de noiva no chão e puxou uma faca pequena. Com medo que ele me cortasse, paralisei.

Nesse instante ele cortou meu vestido entre os seios e desceu até a minha barriga, porém num surto tentei afastá-lo, e ele cortou a minha área interna da coxa, próxima à virilha e gritei ainda mais.

— Perfeito, sua idiota! — falou e terminou de rasgar com as mãos, me fazendo tremer de raiva ao ficar só de lingerie na frente dele. — O corte é superficial e na medida.

Anton foi arrancando a minha roupa e me afastei pela cama, enquanto meu sangue escorria um pouco.

Ele colocou meu vestido rasgado, de algodão, sobre o corte enquanto eu gritava.

— Se não colocar o vestido, vai ficar pelada! — ele se abaixou me entregando o vestido de noiva, e quanto mais depressa vesti, não iria ficar de lingerie.

— Você vai pagar caro por isso, não perde por esperar! — falei entre dentes, mas ele deu a mínima, me puxou da cama e me colocou no chão.

— Vai ficar de joelhos até eu sair! Se levantar, eu mato você e busco sua irmãzinha pra tomar seu lugar! — arregalei os olhos e fiquei em choque, sem dizer nenhuma palavra e obedecendo. A minha irmã não poderia ficar perto desse monstro, eu não iria deixar.

Assim fiquei ali parada, eu não iria chorar, nunca choro. Sem contar que aquele maledetto não merecia nenhuma lágrima.

Percebi que ele não trancou a porta, pensei em levantar, mas tive medo. Quando a maçaneta girou e a porta abriu, pensei que fosse ele, mas me assustei ao ver o consigliere do diavolo novamente, numa situação tão constrangedora.

— Foi você quem planejou isso? — foi a única conclusão que cheguei, pois como teria vindo tão rápido?

— Não... — ele começou a falar, e fiquei confusa, sem saber o que pensar, talvez estivesse apenas cumprindo seu trabalho, e eu saberia em breve. Por um momento me preocupei com minha família, após me devolver para o meu pai, serei julgada por fugir, mesmo que o Russo tenha me sequestrado.

Ele me puxou pelo braço, e mesmo com raiva, claro que eu iria com ele. Dos ogros ele ainda era o melhor, por ser da confiança da minha família, caso estivesse mentindo, morreria, e também não me fazia se sentir um rato como Anton fez.

Fui praticamente arrastada por corredores, e precisei subir por uma corda e foi difícil pra descer, com o corpo tão fraco.

Não eram muitos soldados, e ao colocar o pé no chão não aguentei, acabei me apoiando no Maicon para ir até o carro que estavam.

Quando entramos, eu precisei me dar por vencida.

— Obrigada, consigliere! — encostei no seu ombro, porém ele me empurrou para a janela.

— Não me agradeça, porque não vou mentir para o Don! Você foi outra vez irresponsável e agora está desonrada, duvido que haverá algum noivo que te aceite novamente! — virei pra ele depressa, sentindo meu coração acelerar.

— Desonrada? Como sabe que aconteceu alguma coisa? — questionei.

“Será que aquele homem fez alguma coisa enquanto eu dormia e esse consigliere sabe?“

— Poupe sua defesa, e guarde-a para o conselho! Com certeza eu serei o advogado de acusação! — senti meu coração feito louco, e por mais raiva que eu sentisse, ele estava certo... guardaria minhas energias para explicar como tudo aconteceu; sem contar que precisaria de um banho para observar meu corpo e ter certeza de que Anton não fez nada comigo que eu não tenha visto.

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