CAPÍTULO 5
Maicon Prass Fernandes Respirei fundo ao sentir meu peito doer. Coloquei a mão sobre ele, mas ao ver que estavam saindo e vindo atrás de mim, aguentei firme a dor, estiquei meu corpo, tentando manter o meu semblante inexpressivo, porque ninguém poderia saber que sofro de problemas cardíacos, além do Don. Em passos rápidos, tentando ignorar a dor, eu entrei naquela sala novamente, e quem saiu antes, entrou junto comigo. Hélio ainda falava e imaginava teorias sobre a filha. — Ela não queria casar na Rússia, que merda! — ele disse com raiva. Me aproximei e controlado, questionei: — Devem ter trocado o áudio utilizando algum programa. É só utilizar a voz dela de qualquer assunto e substituir. Já localizaram a pulseira? — Sim, não é longe, vamos até lá! — um soldado disse, então fomos até os carros para ir ao local. Comecei a pensar, e o Don não ficaria nem um pouco satisfeito com tudo isso, eu precisava encontrá-la depressa. Até porque o restante da equipe estavam cheios de missões, se esse acordo seria cumprido ou não, seria o Don quem iria decidir, não os russos. Fiz inúmeras ligações, inclusive para o celular dela. Liguei para um membro por fora da máfia, conhecido meu, que rapidamente me entregaria o paradeiro da prima do Don. — Diga. — Eu preciso daquele serviço novamente. Não importa o preço, mas quero o paradeiro exato de Maria Eduarda Duarte, pra ontem. — Me dê meia hora. — Tem quinze minutos. — Ok, entendido. — desliguei e continuei acelerando, até chegar num lugar mais afastado do asfalto. No local não havia nada, observei rapidamente a todos procurando pela mulher e pela pulseira, mas analisando a cena e o que o homem disse, era inútil permanecer ali. Voltei para o carro e dirigi até o Don Antony. Antes de entrar recebi a ligação que eu esperava. — Onde ela está? — Mediante de câmeras que hackeei, ela foi perseguida, vou enviar o vídeo. Os carros saíram do alcance das câmeras, mas minutos depois o carro de luxo que a perseguiu voltou ao trajeto e o carro de aplicativo foi pelo sentido contrário, em poucos metros jogou o carro num lago, que também enviarei a localização. — Estou esperando me dizer onde ela está, a minha paciência está bem curta, porra! — Entrou num avião particular. Averiguei a placa do carro e também o avião, são pertencentes à família Kim. Preciso de mais tempo para descobrir mais, porque se foram pra Rússia, que é onde imagino que a tenham levado, teremos que aguardar a aterrissagem. — Por enquanto é suficiente, certeza que foram pra Rússia. Se o destino for outro, me mantenha informado. — desliguei e entrei na casa da minha irmã com o Don Antony. — Pela sua expressão, as notícias são péssimas! — ele perguntou e o cumprimentei. — Fique tranquilo, eu já estou resolvendo. Minha teoria é que a levaram para a Rússia, gostaria de solicitar o jato, pois irei pessoalmente atrás da sua prima, só preciso de alguns homens. — ele balançou a cabeça. — Confio em você. Vá e traga aquela ragazza ingrata pra casa, tenho planos pra ela. — Obrigado, Don. Consegui o jato da família e saí de Roma levando apenas alguns homens, viajamos para a Rússia, de uma vez. Eu não perderia tempo, se eu estivesse errado, Enzo e nossos homens a encontrariam na Itália, então como gosto de arriscar alto, arrisquei. Foram onze horas de viagem. Completamente entediado, só aproveitei para dormir um pouco. A gente já tinha a localização deles, pois os pais dela já estiveram por aqui. Então observamos do lado de fora, num lugar alto. Analisei o local e planejei apertar o interfone, mas ao observar o jardim da casa com um zoom da minha câmera, estranhei... havia uma festa organizada, certamente o casamento. A casa estava cheia de convidados, por que a família da noiva não havia sido avisada da antecipação? Olhei no celular, nenhuma mensagem do meu contato dizendo que haviam aterrissado em outro lugar. — São muitos sinais de alerta, vamos invadir! — falei com os soldados. — Manteremos o protocolo, chefe? — um deles perguntou com sua arma em punho. — Não. Aqui não é a Itália, podem matar ou desacordar, o importante é levar a prima do Don de volta pra casa e em segurança. — assentiram. Peguemos mais armas e munições no jato, um soldado subiu numa árvore, depois jogou uma corda e subimos por ela, em seguida utilizamos um Rapel para descer o muro tão alto. Havia um segurança russo na entrada, usei uma faca e cortei seu pescoço. Outros apareceram e com alguns golpes os desacordamos. “Onde está Maria Eduarda?“ — Me perguntava a cada segundo, olhando no relógio, observando quando tempo havia passado. Fomos pelos fundos e ouvimos gritos que pareciam de mulher. Eu e os soldados nos dividimos, sempre tentando encontrar a porta do quarto, porque tinham muitos e ainda precisávamos nos esconder. Apareceram homens, os desmaiamos conforme entramos, mas os gritos de mulher ficaram mais altos e fiquei preocupado, pois estava certo de que se tratava da prima do Don, era meu dever protegê-la, e não consegui fazer isso. De repente o barulho parou, me escondi atrás de uma parede por um tempo, tentando ouvir algo por alguns minutos, quando notei uma das portas abrirem, e Anton Kim sair de dentro com um semblante satisfeito e algo na mão. Esperei por quatro segundos, quando ele dobrou o corredor, me apressei em abrir a porta do quarto. A cama estava toda bagunçada, e um lençol branco sujo com algo que parecia sangue; precisei respirar fundo, colocando a mão no peito. “Se essa peste foi desonrada, será um escândalo!“ “Mas porque me preocupar com isso?“ — Respirei fundo. Maria Eduarda estava de joelhos no chão, completamente descabelada e com rosto vermelho, mas não parecia ter chorado. Estava vestida de noiva e me olhou com raiva. — Foi você quem planejou isso? — tive vontade de apertar seu pescoço. — Ficou louca? Atravessei o mundo às ordens do Don, atrás de uma irresponsável, feito você. É ridículo pensar que eu seria tão idiota. Agora levante-se depressa e venha comigo, porque não pensarei duas vezes para te desmaiar e evitar stresse! — a puxei pelo braço a levantando do chão, ela não evitou, também não me importei se ainda duvidava ou não, problema é dela.CAPÍTULO 6 Maria Eduarda Duarte Com os olhos pesados e meu corpo mole, tentei levantar a cabeça muitas vezes, mas não consegui. Não sei quanto tempo durou isso, mas de repente ouvi vozes familiares, e quando por fim abri os olhos ouvi: — Filho, por que a sua noiva está dormindo tanto? Acho que vou chamar nosso médico de confiança para examiná-la quando chegarmos em casa. — “era o senhor Kim?“ — Pai, ela está cansada, só isso! Me dê um momento com ela, vou acordá-la e enviaremos o áudio que o senhor pediu. — Não demore, Anton! Já faz dez minutos que está sozinho com ela, e ainda não se casaram! Sabe que seu casamento precisa ser honrado! — tentei falar, erguer a mão para pedir ajuda, pois aquele senhor não parecia compactuar com esse louco, porém não consegui. — Claro pai... — ouvi a porta fechar, e me enchi de raiva quando o infeliz jogou a água que estava num copo na minha cara. — Acorda, querida! Envie uma mensagem dizendo que está tudo bem, e vou te tratar como uma
CAPÍTULO 7 Maicon Prass Fernandes Maria Eduarda estava sonolenta, evitei contato com ela, não tenho nada a ver com a sua vida. Estranhei que no avião continuou dormindo, se trancou no quarto, e ainda precisei bater para lembrá-la que precisava comer. — Senhorita Duarte, abra a porta! Você não comeu. Eu disse para sua família que estava bem! — encostei na porta para tentar ouvir. — Azar o seu! Me deixa em paz, estrangeiro! — respirei fundo, não queria quebrar a porta, mas ela não estava me dando opção. — Estou pouco me fodendo pro que você pensa, mas se a ordem é que coma, derrubo essa porta e te enfio goela abaixo! Tem dois segundos para decidir! De repente, um dos soldados apareceu com uma chave e sorri ao abrir a porta. Ela me deu uma olhada, mas desdenhou me ignorando. Maria Eduarda estava deitada de bruços, ainda com aquele vestido de noiva, provavelmente desconfortável. Dei dois passos à frente, parecia tão delicada agora, deitada sobre o seu próprio braço, que
CAPÍTULO 8 Maicon Prass Fernandes — Eu vi a mancha nos lençóis, porém não tenho certeza do que aconteceu. Pode se tratar de um estupro pelos gritos, ou até alguma agressão. — disse a verdade, e o olhar da Maria Eduarda pra mim foi pesado, começou imediatamente a gritar, fazendo escândalo: — MENTIRA! VOCÊ ESTÁ SE VINGANDO DE MIM, SEU SOLDADO ESTRANGEIRO DE MERDA! NÃO ACONTECEU ABSOLUTAMENTE “NADA” ENTRE EU E ESSE IMBECIL DO ANTON KIM, QUE TEVE AMNÉSIA E PENSA QUE É MEU NOIVO! — ela ficou furiosa, tentou vir pra cima de mim, mas sua mãe a impediu, então se virou para o pai — Pai... pelo amor de Deus, acredita em mim? Esse cara está blefando, Anton apenas me viu com roupas de baixo, porque cortou e arrancou meu vestido, tentando me desprender dele, me cortou entre as pernas, mas nada aconteceu! — Fiquei calado enquanto ela inventava suas mentiras, e seus pais a olhavam com reprovação. — Maria Eduarda, entenda uma coisa... você conhece as regras, e mesmo assim saiu de casa sem auto
CAPÍTULO 9 Maicon Prass Fernandes Com o silêncio no local, o senhor Maxim Kim tomou a frente: — Tudo bem, a jovem está certa. Mais um motivo para querer Maria Eduarda como nora, uma verdadeira mafiosa. — seus homens abaixaram as armas. — ELA É LOUCA! VAI DOER PRA CARAMBA PRA TIRAR ESSA BALA! — Anton gritou, Don Antony só faltou enfiar a pistola na boca do maledetto, e senhor Kim interviu. — Espere! — senhor Kim tentou apaziguar. — Podem continuar, levem a Maria Eduarda para dentro, isso já foi longe demais! — Don Antony insistiu, mesmo que o senhor Kim tenha colaborado com ela. Acompanhei sua desgraça de longe. — Tem certeza que quer resolver dessa maneira, Don? Ainda acho que posso ser generoso o suficiente e declarar paz entre nós, mesmo sem o acordo de casamento, reconheço o erro dos meus filhos. Parece muito vantajoso, não acha? Porque se matarem o Anton, por mais que seja um imbecil, não poderei fechar os olhos. Então, prefiro me acertar com ele, caso contrário, não
CAPÍTULO 10 Maria Eduarda Duarte Eu fiquei arrasada. Pensava que a minha família jamais desconfiaria de mim, e agora estou aqui, implorando para que alguém me entenda e me dê outra chance, e tudo por culpa daquele idiota do Anton, e do mentiroso do consigliere, que disse algo sem saber e me deixou nesse problema imenso. Depois que os Russos se foram, a minha família entrou na sala. — Mãe... eu te mostro o corte e você conversa com eles, eu não menti. — tentei mais uma vez. — Filha, é que tudo tomou um rumo complicado e... — antes que ela terminasse de falar, o Don me desesperou, dizendo que outra vez, escolheria meu marido. — Mas quem seria? Quem? — perguntei apavorada, então o consigliere surgiu do nada e chamou o Don para fora. Quando saíram me senti melhor, aliviada. — Senta, filha. — minha mãe sugeriu, mas eu não conseguiria. — Será que o Don já tem alguém em mente para dizer isso? — perguntei meio baixo, encostando na parede da sala de jantar. — Eu acho que si
CAPÍTULO 11 Maria Eduarda Duarte Em passos lentos eu ordenei que os soldados fechassem a casa e subi para o meu quarto. Olhei para mim mesma e detestei me ver com aquele vestido branco que não queria vestir. A minha garganta doeu demais ao pensar que sonhei em usar um vestido desses e aquele maledetto do Anton destruiu meu sonho. Decidida, peguei uma tesoura na gaveta e comecei a cortar, fiquei olhando para o espelho e deixando aquele modelo horrível cair em partes no chão, pelo menos umas cinco delas, e comecei a pisar em cima. A dor aumentou, agora foi para o peito e não posso, não consigo chorar, me sinto tão sufocada. Desde criança a minha irmã gêmea Maria Luíza, tem crises de pânico ao ver alguém chorar, então todos fomos proibidos de fazer isso na frente dela. Quando ficamos adolescentes, descobrimos que não é só pânico, ela tem o mesmo transtorno bipolar do nosso primo e Don, “Antony”, e que alguns fatores se tornam gatilhos pra ela. Mas co
CAPÍTULO 12 Maria Eduarda Duarte Vesti uma calça e uma camiseta simples. Calcei um tênis e peguei outra mochila. Arrumei algumas coisas e precisei descer para procurar a minha antiga, que por sorte encontrei na sala, também pude pegar meus documentos. Não levaria o celular dessa vez, quem sabe não rastreariam, então peguei apenas a pulseira que estava arrebentada, meu pai ficaria chateado se eu não levasse, porém, coloquei no bolso, com uma pistola carregada na cintura. Dessa vez eu não pediria nenhum carro no aplicativo, peguei a chave de um dos modelos simples da casa, e esperei o momento correto para sair, ou seja, quase duas horas depois, e ainda me assustei quando questionada. — Onde a senhorita vai? — um dos soldados perguntou quando cheguei no portão. — Buscar uma amiga para passar a noite aqui. — menti, eu iria para bem longe. — Ok. — depois que o portão foi aberto eu disfarcei por alguns minutos dirigindo devagar, e então pisei fundo. O carro do
CAPÍTULO 13 Maicon Prass Fernandes O infeliz em quem atirei, estava vigiando a casa por ordens de Anton. Não sei como conseguiu isso, e muito menos engoli como eles entraram na propriedade sem que ninguém visse. O levei até o reduto e fiz questão de eu mesmo torturar. Um soldado tirou o sangue para exame de compatibilidade e eu segui em frente, acabei descobrindo que o infeliz matou um dos nossos soldados para conseguir espionar, pelo menos não temos um traidor, foi apenas descuidado. Com a mente cansada de ouvir tanta merda de uma mulher só, depois de tantas pancadas, ordenei aos nossos soldados: — Enquanto não saem os resultados, cortem as pontas dos dedos com a tesoura grande e costurem até que eu volte. Não vou demorar. — Sim, chefe. — virei as costas e fui pra casa tomar um banho. Hoje seria, mais uma das noites que trabalharia com meu carro, precisava de mas adrenalina para suportar a voz da Maria Eduarda amanhã, porque ela me irritou muito por hoje. Saí acelerand