CAPÍTULO 40 Maria Eduarda Duarte Não sei se o que sinto é só raiva do Maicon, porque meu peito dói e sinto vontade de chorar, mas não consegui. Pra ele o carro vale muito, e eu não valho nada... Por que diabos criei esperanças com um homem que não deixa sua esposa sentar no seu carro? Sou tão desprezível assim? Ele não imagina como me doeu tirar a minha mão de cima dele, me senti nojenta, asquerosa, não quero saber dele mais perto de mim, não quero sofrer. Um nó horrível se instalou na minha garganta, mas me mantive firme, até olhei para dentro do carro pra ter certeza de que não sujei nada quando desci, mas não parecia ter sujado. Quando chegamos em casa, ele nem se deu ao trabalho de me responder quando o acusei. Está certo que o cachorro estava machucado, e pode ser patético eu pensar assim, mas poxa... é horrível sentir que o cachorro é tão mais importante que eu, ele tem sentimentos pelo Colt, se pelo menos tivesse um pouquinho desse carinho, dessa
CAPÍTULO 41 Maicon Prass Fernandes Tentei ser direto, deixar que o Don resolvesse aquilo de uma vez, a minha sede de vingança não conseguia mais adiar a tortura daquele Anton, eu estava a ponto de explodir de raiva. Quando todos foram embora e ficaram apenas meus homens, fui em direção do quarto com Maria Eduarda. Avistei o Alex levando o Colt para cuidar dele num espaço que tenho na casa, então apressei o passo para acompanhar Maria primeiro, só que ela não gostou, ainda no corredor, vi que as coisas não eram tão simples. — Pare de andar tão rápido, estou dolorida — disse de cara fechada. — Já vou chamar a médica, descanse um pouco... — eu mal falei e fui empurrado de repente para a parede fria do corredor, ainda bem que estou sempre em alerta, poderia ter me desequilibrado. — Eu não preciso de médica! Porque não pergunta se estou bem? — me empurrou novamente, mas mal me mexi — Você só sabe se fazer de bom marido perto do Don, mas a verdade é que não me dá a mínim
CAPÍTULO 42 Maicon Prass Fernandes Se eu já estava irritado, agora fiquei ainda mais. Saindo do quarto não tranquei, não quero mais confusão, deixei a Maria Eduarda lá, se quiser andar pela casa, que ande, os portões estarão trancados pra ela, e Anton com meus homens, mal consegue andar. Fui até o Alex e vi que já havia enfaixado a pata do Colt, que estava dormindo com o efeito do sedativo. — Como ele está? Acha que precisamos chamar um veterinário ou até o levar até uma clínica? — perguntei. — É melhor não chamar a atenção, e o Colt é forte, também bem bravo, deveria cuidar dele aqui, deixar um pouco sedado, não pode levantar o osso quebrou, coloquei tala. Acredito que a Duda possa te ajudar com isso quando voltar a trabalhar — comecei a tossir. — Até parece, ela morre de medo dele e ele avança nela, sem chance. — Então fique mais alguns dias em casa, o deixe dormir mais, tem grande chance dele voltar ao normal se cuidar. — É uma pena ela ser assim
CAPÍTULO 43 Maria Eduarda Duarte Depois que o Maicon saiu e não me trancou, fui atrás dele pra ver o que faria, mas ao ouvir sobre o Colt, confesso que fiquei triste... ele poderia não voltar a andar? Eu poderia cuidar dele, talvez agora que está debilitado me dê uma trégua, não é? Quem sabe até o Maicon fique feliz e me trate melhor, porque ainda prefiro que goste mais do Colt, a dar tanto valor ao carro. Acabei derrubando um prendedor de cabelo, e sabendo como o Maicon é ligeiro, logo saí correndo e praticamente pulei na cama. Passei um tempo pensando, até me surpreender com ele de novo ali no quarto. Nunca o vi assim, acho que foi a primeira vez que senti que se preocupou comigo de verdade. Não sei se foi porque ele falou que se preocupou, ou se foi por sentir a intensidade das suas ações, que não parecia com aquele robô programado do Don, ele parecia mais humano, havia emoção no seu semblante e não pensou para responder nada, foi natural. Olhei pra
CAPÍTULO 44 Maria Eduarda Duarte Eu poderia jurar que aquele consigliere dormiu aqui, mas devo estar ficando maluca. Acho que sonhei que ele estava me abraçando nu e me esquentando, porque no sonho eu estava brava porque me tirou a arma, mas ela continua aqui, devo ter ficado louca, mesmo. Olhei para a cama tão bagunçada, achei que deveria arrumar e colocar as coisas no lugar, porque provavelmente ele deve ter proibido a Ivete de entrar. Juntei as coisas do chão, e fiquei chateada quando vi que quebrei as sombras mais bonitas do kit de maquiagem, não teve conserto. Estranhei que tinha roupas que não vi antes no cesto, mas arrumei tudo e saí carregando para procurar a lavanderia, porém vi o Colt deitado num dos quartos, e parei para observá-lo. — Você está bem, amigo do Maicon? — ele me olhou, levantou as orelhas, mas vi que não conseguia levantar — Ah, você está sob sedativo? Deixei o cesto na porta e criei coragem chegando mais perto. Ele é um cach
CAPÍTULO 45 Maria Eduarda Duarte Fiz questão de vestir o meu melhor vestido. Claro que é discreto, mas é um modelo exclusivo, não chega até o joelho, é justo, e tem um casaco que faz conjunto. Coloquei a bota e passei uma maquiagem... que pena ter quebrado aquela sombra. Arrumei os cabelos e fui até a sala procurando meu marido. Quando me viu, Maicon tossiu. — Aonde você vai? — me olhou dos pés a cabeça. — Como assim? Combinamos de sair, você não vai se arrumar? — agora fui eu quem o olhou por inteiro, ele sempre é tão bonito, mesmo com uma roupa mais casual. — Só vamos almoçar, pra mim está ótimo — balancei a cabeça concordando. — Está bonito assim, jeans te cai muito bem — falei e ele ficou me olhando, então começou a andar na direção da porta. — Não vamos de Maserati? — perguntei quando ouvi o alarme de um carro comum de uso da máfia. — Não — disse apenas, e não questionei. Ele já havia dito que eu não andaria mais no precioso carro.
CAPÍTULO 46 Maria Eduarda Duarte Maicon fechou a cara para Sabrina e respondeu secamente: — Eu vou me sentar aqui — olhou pra mim — Querida... pode ir onde combinamos, ok? — só que Sabrina segurou meu braço quando fui sair. — Eu não entendi, você está com esse cara? Não tem vergonha de frequentar um lugar como esse com ele? — olhei sem saber o que dizer. — Por que eu teria, Sabrina? — respondi com outra pergunta, já meio impaciente, ela já estragou as coisas uma vez, não gosto dela. — Como é? — Maicon se aproximou, e com a raiva do seu rosto, vi que apertaria o pescoço dela até a morte. Então Sabrina me puxou bem perto dela. — Não ouviu nada do que eu disse? Não é porque ele agora é Consigliere e consegue pagar para comer num lugar como esse, que vai deixar de cheirar a lixo — sussurrou no meu ouvido, fiquei imóvel, sentindo a raiva me consumir. Maicon me afastou dela. — O que disse pra minha esposa? — a encarou. — Que precisam sair dessa mesa,
CAPÍTULO 47 Maria Eduarda Duarte A raiva me consumia, e eu sentia que se não me controlasse, poderia fazer uma cena ainda mais vergonhosa. O restaurante estava lotado, com o murmúrio das conversas ao fundo e o tilintar dos talheres, mas para mim, tudo parecia um borrão distante e todos me olhavam. Apenas a fúria dentro de mim era clara e presente. Olhei para Maicon, que estava me observando com um olhar divertido. A necessidade de despejar o que estava entalado na minha garganta era grande, mas o olhar daquelas pessoas precisava parar. — Fala pra esse povo parar de me olhar, Maicon! O show já acabou, que saco! — reclamei quando me sentei na cadeira, soltando todo o ar pela boca. Ele olhou para os lados e me pareceu suficiente, não sei qual o tipo de influência que ele tem aqui, mas as pessoas foram disfarçando enquanto eu mexia no guardanapo, como se nada estivesse acontecendo. Meu coração batia forte, e eu podia sentir a tensão no ar. As pessoas ao redor a