Viviane

“Um completo absurdo!” Era o que Viviane pensava sobre aquilo. Quem aquela garota imaginava que era? Na verdade, com quem ela imaginava que estava falando? Será que ela não conseguia imaginar o quão sortuda ela era por estar trabalhando para aquela família? Quantas vizinhas dela deveriam estar morrendo de inveja por ela estar no bairro mais rico da cidade, a maior parte do seu dia, segura, bem alimentada, com bons benefícios. Afinal, sua família era muito boa com seus empregados.

Viviane não gostava da ideia de sua governanta cuidar da contratação das empregadas. Afinal, governanta era algo tão provincial, antiquado. Mas, seu finado pai valorizava tanto, não só aquela função, mas a sua ocupante, e havia prometido a si mesma que manteria Aurora enquanto ainda estivesse viva. Mas possivelmente estava gagá, teria que conversar com ela de novo pois as contratações não estavam de acordo. Onde já se viu, logo no começo do dia, já dar uma resposta atravessada para sua patroa. Mas Viviane colocou rapidamente ela no seu devido lugar. Pelo menos, essa tinha acertado no café da manhã. As frutas estavam bem selecionadas, o suco e o café bem preparados, os bolos escolhidos combinando corretamente. Ficou um pouco mais tranquila. Na verdade, pensava que o que ela precisava era só um pouco mais de autoridade. Aliás, essa geração precisava mais de pulso firme.

Para onde tinha ido o tradicional?. Antigamente, falar atravessado com alguém mais velho, com um pai, com um patrão, era sinônimo de pelo menos um belo tapa na cara. Rapidamente se resolvia, ela pensava. Agora, tanta liberdade de escolha, tantas regras que ela considerava tão prejudiciais para o desenvolvimento humano. Na idade daquela garota, Viviane já estava casando e tendo seu filho. Se tornava uma chefe de família. Pouco depois, responsável por uma fortuna, herdeira, a nova cara de um clã dos mais respeitados na sociedade. Seu filho, poucos anos mais jovem que a garota, ainda precisava de estímulo para levantar da cama e ir pra aula de alemão. Bom, mas não podia mais preocupar-se com aquilo agora. Precisava fazer sua meditação e sua aula de Yoga e toda aquela preocupação não fazia bem pra sua pele. Ainda tinha que terminar alguns detalhes da sua apresentação de mais tarde e as roupas que tinha preparado para sua gravação ainda não tinham chegado. Parece que tudo que ela pensava em fazer era prejudicado pelo serviço ruim que alguém prestava. Isso porque ela pagava sempre com antecedência e acima da média. Talvez, na opinião dela, o problema fosse exatamente esse. O fato de receber antecipado dava a pessoa a confiança de que poderiam deixar de trabalhar direto. Pensamento pequeno e de quem nunca teria nada na vida, pois se corressem o risco de perder clientes bons como ela, nunca iriam ter nada na vida.

Olhou para a mesa novamente, ainda se recuperando do que considerava decepção que sofreu à mesa, algo que era profundamente sagrado para ela e ficou pensativa.

Um último pedaço do seu bolo de cenoura light preferido e estava pronta para ir até o solário.

Seu dia seria longo, além de gravar os vídeos para suas redes sociais e fazer o que considerava a parte mais chata, que era responder aos comentários selecionados por sua equipe, ainda precisaria ir à academia na parte da tarde, pois seu personal já tinha notificado pela segunda vez sua ausência e depois ela teria muita dificuldade de recuperar o cronograma de treinos. Ela olhava pela vista da janela e pensava como ela conseguia passar por toda aquela rotina. Achou que faria bem m****r mensagem para sua secretária e pedir para marcar um spa para o final de semana. Aliás, talvez fosse melhor ligar. Os jovens de hoje ficam o tempo todo com o celular na mão e não vêem as mensagens importantes.

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