Hyun
Eu queria ser uma rosa branca, mas de que adianta ser uma rosa branca se, ao ser branca, deixo de ser uma rosa? Por isso, permaneço em mim mesmo, transbordando e habitando no planeta do amor, firme na ideia do caule, só para ver onde irei florescer. A rosa branca é a flor dos antepassados. Vi as manchas mesmo nas primeiras letras escritas em nossa história, mas escolhi remover os sinais do caminho que diziam “volte atrás”. Eu queria te amar, cuidar de você, te dar meu coração sem medo, sem olhar para trás. Mas todos os verbos que conjuguei foram poucos demais. Enquanto você só via os espinhos, eu segurava em minhas mãos as pétalas da rosa branca; tentei te mostrar a magia que estava no seu florescer. Mas todos os verbos que conjuguei foram poucos demais. Lembro das noites em que meu coração batia descontrolado na ânsia de ouvir de você, na esperança de saber se me traria flores ou dor (nunca conheci o seu ‘meio-termo’). Quantos contrastes! Ainda assim, continuarei a te amar, mesmo de longe. — Bella, você pode me ouvir? Bella, Bella, Bella, Bella, você pode me ouvir? — Hyun! Hyun, acorde! 6 de outubro de 2024 Que barulho foi esse? Como? Quem está aqui agora? Aquela voz… Meus olhos se abriram lentamente. Eu podia ver a realidade agora. Meu corpo tremia, frio e suado. Será que ainda estou nessa solidão? Que vida inútil eu tenho. — Hyun, você está bem?? Hyun! – Gritou o homem, berrando para o céu. O céu? Ah, sim, o céu. Eu estava de novo em um dos jatos particulares da minha família. Para muitos, essa vida de luxo poderia parecer incrível, mas para mim? Não, para mim era nada além de fantasias sem valor. Lentamente, tirei os fones de ouvido onde estava ouvindo minha música favorita, “LET THE WORLD BURN”, do cantor Chris Grey. Aquela música me representava mais do que qualquer outra coisa. “Eu deixaria o mundo queimar. Deixaria o mundo queimar por você. É assim que tudo sempre termina. Se eu não posso ter você, ninguém mais pode. Eu deixaria queimar, deixaria o mundo queimar só para ouvir você chamar meu nome. Eu veria tudo queimando.” Essa música, sim, essa música me dava uma energia inexplicável. Transmitia mais do que um simples sentimento para mim. Era como se eu pudesse queimar o mundo a qualquer momento por Bella, só por ela. Sinto tanta falta dela. — Hyun! – Gritou o homem com todo o ar que restava naqueles pulmões envelhecidos. Não havia outra opção; eu tinha que responder. Que nojento são esses mordomos insensíveis. — Que merda! Como você consegue gritar tão alto, senhor? — Murmurei lentamente enquanto meus olhos reviravam de raiva. Que tédio, que vida tediosa. — Você estava murmurando aí, sonhando com sabe-se lá o quê. Quem é Bella? – Perguntou o homem, olhando para mim com um olhar de julgamento. Meus olhos o fitaram com uma velocidade incrível. Eu ainda podia ouvir a música tocando nos meus fones, mesmo distante, eu ainda a ouvia. — Você sabe quem ela é. Não me teste, Jorge. —Disse em um sussurro enquanto meus lábios tremiam. — Eu pensei que depois de cinco anos, depois de cinco malditos anos, você teria desistido dela. Mas não, você ainda quer ser amigo dela. Ou talvez algo mais. – Murmurou o homem me encarando. Aquele olhar… Oh, aquele olhar fazia meus órgãos fervilhar. Era como se meus pulmões fossem explodir. — O que diabos é isso? Somos melhores amigos desde a infância. Não importa o que você pense, você nunca entenderá nossa conexão. – Eu disse com um nó doloroso no peito. Era difícil para mim; eu tinha perdido completamente o contato com ela. Minha família achou melhor que eu cortasse todos os laços com a Coreia do Sul. Mas que bagunça nojenta era essa família. — Não, meu querido jovem, eu entendo você. Você pode achar que eu não acredito nessa conexão, mas tudo o que vi foi você sofrendo. Evitando amizades, fazendo tatuagens em sua homenagem. Mas… mas eu nunca vi Bella vir te procurar, Hyun. Sinto muito. Você mudou seu estilo, tornou-se um cara forte, com cabelo comprido, tatuagens e piercings. Mas acho que essa rebeldia não funcionou. Ela não veio por você. As palavras do homem perfuraram meu peito como uma flecha envenenada. Senti meu coração queimando, doendo de tal forma que precisei levar minha mão direita ao peito e socá-la para tentar encontrar ar. Meus olhos se encheram de lágrimas e se abaixaram. Toda aquela luta, toda aquela armadura desmoronara em segundos. Senti a mão do homem em meu ombro trêmulo, firme, deixando carícias sabendo o peso que aquilo tinha para mim. A tristeza que sentia por ela não ter tentado vir atrás de mim, ou ao menos me enviado uma carta. M*****a seja, Bella! — Me deixe em paz. – Foram as únicas palavras ditas em um tom rouco, quase inaudível. Lentamente passei as mãos sobre os olhos para secar qualquer vestígio de lágrimas. Eu não queria sofrer, chorar por alguém que provavelmente estava aproveitando a vida, se divertindo, talvez até namorando e formando novos relacionamentos, quem sabe até um novo melhor amigo. Sempre me vi como um tolo. Pude ver a nossa foto como papel de parede no celular, pois minha cabeça estava baixa, e os meus olhos olhando para baixo, onde o telefone caíra aos meus pés. Talvez eu tivesse jogado ou simplesmente deixado cair, não importava. Lentamente o peguei e olhei mais de perto para a foto. Um sorriso irônico se formou em meus lábios. — Não me importo – Murmurei, jogando o telefone em uma de minhas mochilas vermelhas. Fiquei ali, olhando para os jeans da minha calça pálido, vendo como se alinhavam perfeitamente com meu corpo musculoso. Eu vestia um suéter branco de gola alta da Ralph Lauren. Meu pai não achava o visual muito “old money”, mas me visto de uma forma que me agrada. Um fino colar com pingente de safira com a inicial “A” com correntes de ouro branco. Meu Rolex prateado, uma bolsa de mão da Hermes e mocassins parisienses também da Hermes. Meus brincos e piercings eram de diamante. Eu estava, como sempre, extremamente perfumado com meu Sauvage da Dior, junto com o creme para a pele da mesma marca e fragrância. O que realmente havia mudado em mim era minha percepção do mundo. Eu tinha vivido muitas experiências diferentes no exterior, mas não houve um dia em que eu não me lembrasse da minha antiga vida na Coreia. — Hyun, estamos prestes a aterrissar agora. – Jorge disse em um tom baixo, enquanto tentava imaginar o que eu estava sentindo por estar de volta. — Olá, Coreia. Estou de volta. Murmurei em um sussurro. As palavras escaparam dos meus lábios rosados enquanto meus olhos permaneciam focados no ar, na natureza e nas cores vibrantes. O dia não poderia estar mais bonito.Depois de algumas horas, eu já estava dentro do carro, um Bentley que, além de ser extremamente luxuoso, atraía atenção por onde passava. Eu não precisava de mais atenção desnecessária, mas o que eu podia fazer? Era a vida que eu levava, como herdeiro de uma das empresas mais importantes de Seul e do mundo.— Tem certeza disso? Você realmente quer fazer o seu último ano nessa escola de novo? Eu sei que é uma das melhores escolas, mas você não precisa voltar. – Jorge disse em um tom baixo, olhando para mim com um ar preocupado. Ele era um dos melhores mordomos que eu já tive e realmente cuidava de mim.Lentamente, virei meu olhar para o portão da escola, que estava fechado. Todos já deviam estar em aula. Meus lábios me trouxeram de volta dos pensamentos quando percebi que estavam machucados de tanto nervosismo.— Eu vou, sim. Não se preocupe, vou me comportar dessa vez. Só vou entrar e estudar. Mais tarde, quando o carro vier me buscar, conversaremos mais, Jorge. Tenha uma ótima tarde
O silêncio entre nós parecia gritar. Queria dizer tantas coisas, mas, ao mesmo tempo, nenhuma palavra parecia certa. Queria perguntar por que ela nunca tentou entrar em contato, se ela sentiu minha falta tanto quanto eu senti a dela. Queria explicar que cada dia sem ela parecia um castigo. Mas, naquele momento, tudo o que consegui fazer foi olhar para ela, com o coração disparado e a mão tremendo levemente sobre a mesa.Bella desviou o olhar por um segundo, como se tentasse processar o que estava acontecendo, antes de voltar a me olhar. — Você voltou. – Ela disse, e havia algo indefinido em sua voz… alívio, confusão, talvez até medo.Dei de ombros, tentando parecer casual, mesmo que por dentro eu estivesse desmoronando. — Eu prometi que voltaria, não prometi?E lá estava. O peso daquela promessa, feita anos atrás, quando éramos apenas duas crianças correndo pelos campos, acreditando que o mundo sempre seria fácil e gentil. Eu não sabia o que viria a seguir, mas uma coisa era certa:
28 de setembro de 2019Eu mal conseguia pensar em outra coisa enquanto caminhava pela escola. Ver Bella novamente trouxe de volta uma enxurrada de memórias que tentei manter enterradas por tanto tempo. Mas agora, tudo estava vívido de novo, como se tivesse acontecido ontem.A briga. O momento em que tudo desmoronou. Era 28 de setembro de 2019, e eu ainda lembrava de cada detalhe. Mal conseguia respirar quando cheguei à casa dela naquela manhã. As malas já estavam no carro, a passagem de avião pronta, e tudo o que eu queria era vê-la antes de partir. Não tinha dormido na noite anterior, minha mente correndo com ideias de como a convencer a ir comigo.A porta se abriu, e lá estava ela, Bella. Surpresa, confusa. Tão linda e, ao mesmo tempo, tão distante do que eu precisava naquele momento.— Hyun, o que você está fazendo aqui tão cedo? – Ela perguntou, seus olhos grandes cheios de expectativa, completamente alheia à tempestade que estava prestes a se formar.Não pe
Assim que aquelas garotas se aproximaram e começaram a falar, percebi que Bella ficou desconfortável. Elas sabiam exatamente o tipo de atenção que queriam de mim, e o fato de ignorarem Bella completamente só aumentava minha irritação. Notei como ela apertou o copo, tentando disfarçar, mas vi o ciúme em seus olhos. Ela suspirou baixinho, provavelmente tentando controlar as emoções. Mantive uma expressão séria, olhando para as garotas com um ar entediado, sem a menor vontade de ceder. — Não estou interessado – Respondi secamente, desviando meu olhar delas e voltando minha atenção para Bella, como se o mundo ao nosso redor fosse insignificante. — Ah, Hyun, você não precisa ser assim! Poderíamos nos divertir. – Insistiu uma delas, mordendo o lábio, tentando me provocar. Mas fui direto: — Eu disse não. Agora, se nos derem licença, estamos conversando. Elas ficaram visivelmente desconcertadas, murmurando algo antes de se afastarem com expressões frustradas. Enquanto se iam, notei
Nós nos encontramos do lado de fora do local da festa, onde minha Lamborghini preta já estava chamando a atenção. Saí do carro, ajustei meu paletó e caminhei até ela, abrindo a porta com um olhar admirado. — Você está incrível – Eu disse em um tom baixo, soltando um suspiro suave enquanto apreciava sua aparência.Ela sorriu, tentando esconder seu coração acelerado, e respondeu.— Você também não está nada mal. – Trocamos um olhar intenso, ambos sentindo a conexão crescente que vinha se desenvolvendo ao longo do dia.Entrando na festa juntos, atraímos a atenção de muitos, e Bella sentiu o peso dos olhares. Eu sabia que sempre fui popular, mas ver todos os olhos voltados para nós trouxe uma mistura de orgulho e nervosismo. Caminhamos para um canto mais tranquilo, nossas mãos se tocando levemente enquanto andávamos, o que provocou um arrepio em Bella.Alguns minutos depois, uma das garotas que havia se aproximado de mim mais cedo reapareceu com um sorriso provocativo, seguida por outras
Bella Eu fiquei parada onde Hyun me deixou, sentindo o peso de cada palavra que ele havia dito. Sua ausência ao meu lado era quase tangível, como uma pressão sobre mim. Tentei ignorar o vazio que agora me envolvia, mas o arrependimento já começava a se infiltrar.Olhei para o meu celular, onde a mensagem do meu ex-namorado ainda estava visível. Apenas ver o nome dele me fazia querer apagar tudo, deixar para trás o passado que me trouxe tanta vergonha. Mas agora parecia tarde demais para desfazer o que havia acontecido.Com um suspiro, olhei na direção onde Hyun havia desaparecido, meu coração se apertando com o pensamento de que talvez eu o tivesse afastado novamente. Lembrei-me de todas as vezes que imaginei esse reencontro, de como sempre quis que fosse perfeito, e agora tudo parecia estar desmoronando. Eu sabia que precisava explicar, mas ao mesmo tempo me sentia paralisada, sem saber como reconstruir a ponte entre nós.Caminhei lentamente p
Eu respirei fundo, tentando afastar os pensamentos sobre Jeon da minha mente. — Sim, estou bem — respondi, tentando sorrir, embora o sorriso não tenha chegado aos meus olhos.Hyun olhou diretamente para mim, claramente não convencido. Ele deu um passo à frente, o suficiente para que eu sentisse o conforto familiar de sua presença. — Bella, eu vi você com ele — disse ele, a voz baixa e cheia de preocupação. — Você sabe que não precisa enfrentar isso sozinha, certo? Você sabe que estou aqui para você, minha pequena raposa.Abaixei a cabeça, lutando contra a onda de emoções que ameaçava transbordar. Eu não queria que o passado me assombrasse novamente, especialmente agora que tinha Hyun de volta. — São coisas que eu preferia esquecer — murmurei, meus olhos encontrando os dele, buscando compreensão. Meu coração aqueceu ao ouvi-lo me chamar pelo apelido que eu tanto amava.Hyun suspirou, colocando gentilmente a mão em meu ombro. — Então, me deixe te ajudar a esquecer — disse ele, sua
Eu senti a mão dele tocar suavemente meu rosto, seus dedos deslizando até a base do meu queixo. Ele o inclinou para cima, até nossos olhos se encontrarem. — Então, o que vamos fazer a respeito? — ele sussurrou, sua voz carregada de desejo e expectativa.Eu não respondi com palavras. Em vez disso, me inclinei um pouco mais, sentindo nossos lábios quase se tocarem. A tensão entre nós era palpável, o ar parecia carregado com uma eletricidade prestes a explodir.Ele fechou o espaço que restava, e nossos lábios finalmente se encontraram em um beijo que carregava todos os sentimentos que eu havia guardado por tanto tempo. O mundo ao nosso redor desapareceu, e, por aquele breve momento, nada mais importava.Quando nossos lábios se separaram, mantive meus olhos fechados por mais alguns segundos, tentando absorver tudo o que havia acabado de acontecer. Era como se eu estivesse flutuando, e um sorriso suave e involuntário surgiu nos meus lábios. Quando finalmente abri os olhos, encontrei o olh