Era sexta-feira à noite, e tanto Kevin quanto Antônia estavam sentados no sofá da sala enquanto assistiam a um filme de terror. A luz do cômodo estava apagada, deixando apenas uma penumbra, a qual era feita pela claridade da televisão. Entre um susto e outro, Antônia e Kevin saboreavam uma pipoca temperada, a qual era suficiente para encher dois potes com capacidade de um litro.
Enquanto isso, Fiona estava em seu quarto, sentada sobre um tapete colorido e bastante infantil, o qual havia sido dado de presente por sua mãe quando ela ainda tinha os seus dois anos de idade, e por isso ela o tinha até os dias atuais. Quando Fiona começava a brincar com as suas bonecas, ela se esquecia tanto da hora quanto dos seus afazeres, os quais são referentes às lições de casa provenientes da escola.
O filme estava tão bom e tão eletrizante que Kevin também não se lembrava de olhar o relógio, mas pelo seu celular ter emitido um som de alerta avisando que soavam as vinte e duas horas, ele se distraiu e olhou a tela do telefone, lembrando-se de Fiona, pois geralmente nesse horário, ele sempre falava que está na hora de criança ir dormir, o que deixava Antônia muito feliz, por poder ficar a sós com o seu marido em dias que estavam todos juntos no mesmo cômodo. Retirando o seu braço direito que estava envolvendo as costas de Antônia, ele se levantou e foi caminhando até o quarto de Fiona. Quando ele se aproximou, tocou a maçaneta e abriu a porta, disse:
– Vamos dormir? Já são dez horas da noite.
Mas todas as vezes que Kevin a avisava a respeito do horário, ela reclamava, pois Fiona não gostava nem um pouco de ter que interromper a sua brincadeira para obedecer ao seu pai, então ela respondeu:
– Pai, me deixa ficar mais tempo acordada! Eu ainda não terminei de brincar.
– Nada disso! Tem que dormir cedo para acordar se sentindo bem no dia seguinte. Vamos dormir! Eu posso ler um livro para você, se você quiser.
– Eu quero!
– Escolhe o seu livro favorito que eu venho daqui a pouco ler para você.
Na sala, Antônia continuava sentada no sofá comendo a sua pipoca e se refrescando com o refrigerante, quando de repente o filme acabou. Nesse momento, Kevin voltou para a sala e ela começou:
– Você perdeu o final do filme. Foi ótimo, mas não vou te contar para não ficar sem graça.
– Tenho que colocar Fiona para dormir.
– Ela já está bem grande, não?
– Vou ler uma história para ela. Pode ir dormir se você quiser. – Disse Kevin tocando com os seus lábios a boca de Antônia, e em seguida caminhando até o quarto da filha.
Aproximando-se novamente do quarto, Kevin perguntou a Fiona se ela já estava pronta para ir dormir e se ela já tinha escolhido o seu livro favorito. E Fiona, por sua vez, mostrando um largo sorriso que encantava a qualquer um, se aproximou de seu pai com um livro na mão. Quando Kevin o pegou, ela se adiantou, de modo a subir em sua cama, puxar as cobertas e se envolvendo nelas imediatamente.
Para que Fiona pegasse no sono rapidamente, Kevin foi até a porta de seu quarto e apagou a luz, deixando apenas a luz difusa do abajur amarelo que ela tinha sobre o criado mudo ao lado de sua cama. Kevin se sentou na beirada da cama de Fiona e, abrindo o livro, começou a ler o primeiro capítulo, o qual ela já tinha decorado todo o texto, pois ele frequentemente lia as mesmas palavras quase todas as noites para ela.
Cerca de dez minutos depois, Kevin interrompeu a leitura e olhou para o rosto de Fiona, e se certificando de que ela já tinha pego no sono, fechou o livro e se levantou para sair do quarto de forma silenciosa. Quando Kevin estava se aproximando da porta, ele ouviu uma voz, dizendo:
– Pai, por que você parou de ler? Eu ainda não dormi. – Disse Fiona, que estava apenas fingindo que tinha adormecido, fazendo o seu pai sorrir e se sentar novamente na cama a fim de prosseguir com a leitura.
Depois que ele leu mais alguns capítulos, ele viu pela expressão facial relaxada de Fiona que ela, de fato, tinha adormecido e que ele poderia ir para o seu quarto a fim de dormir também.
Quando Kevin chegou no quarto, Antônia já estava deitada embaixo das cobertas. E quando ele se aproximou da cama e se deitou, ela perguntou:
– Amor, você não acha que a Fiona passa tempo demais na ociosidade? Ela fica brincando o tempo todo. Você não acha que ela deveria fazer algum curso?
Olhando para Antônia e sentindo o seu coração disparar devido a descarga de adrenalina acompanhava pela impaciência, ele disse:
– Eu acho que a Fiona, assim como qualquer criança, tem que estudar, mas também tem que brincar. Boa noite. – Disse Kevin, virando-se para o lado oposto de Antônia, de modo que estivesse de costas para ela, como um sinal para que ela não ficasse o importunando naquele momento.
No dia seguinte era sábado, mas Kevin tinha o costume de acordar cedo, a fim de aproveitar bastante as horas do dia. Então se espreguiçando e olhando pela janela o lindo céu azul, ele se levantou e foi até o quarto de Fiona a fim de ver se estava tudo bem, e se ela já tinha despertado. Vendo ele que ela ainda estava em seu sono tranquilo, como o de todas as noites, ele foi até o banheiro escovar os seus dentes e posteriormente até a cozinha para preparar o seu café da manhã e os alimentos, tanto de Antônia quanto de Fiona para quando elas acordassem.Quando os raios dourados do sol entraram pelo quarto de Fiona, eles causaram uma claridade tão intensa que foi o suficiente para despertar a criança que parecia estar em um sono profundo. Quando ela abriu os seus pequenos olhos, ela olhou para a janela e viu que tinha um beija flor batendo rapidamente as suas asas enquanto bebia um pouco de
Em uma velocidade impressionante Fiona adormeceu ao som daquelas gotas de chuva que caiam sobre uma casa muito simples de telha. O som dos trovões era persistente, fazendo com que o som ficasse ainda mais atraente e com o efeito relaxante.No entanto, depois de algumas horas de sono, Fiona sentiu que algo estava para acontecer. Sendo despertada de seu sono, ela abriu os olhos e viu uma silhueta ao longe que se aproximava lentamente da janela escura do seu quarto. Quanto mais essa silhueta se aproximava, mais claramente ela conseguia ver a criatura que a tinha ido visitar naquela noite. E de repente o seu rosto se encostou no vidro transparente da janela e olhando fixamente para o rosto de Fiona, disse através de transmissão de pensamento, pois a criatura não mexia com os lábios, mas conseguia passar a sua mensagem claramente para a criança:– Fiona, nós precisamos de sua ajuda. A rainha precisa de você.<
O dia amanheceu e os raios solares fizeram com que Fiona se lembrasse de novo daquela criatura que ela nunca tinha visto antes, e sobre a mensagem que ele tinha passado para ela. Pensando em contar para o seu pai quando ele chegasse em casa, ela tentou ensaiar o seu texto, mas cerca de alguns segundos depois ela mesma se certificou de que ninguém acreditaria nela, pois nem ela mesma tinha certeza do que tinha visto. Então ela decidiu que seria melhor não contar a ninguém, pelo menos por enquanto, pois talvez essa visão tenha ocorrido apenas naquela noite e não vai mais acontecer. Ou talvez, se ela contasse a alguém, dependendo do que essa pessoa acreditasse poderia confundir as suas ideias, dizendo que aquela figura poderia se o espírito de sua mãe que estava tentando se comunicar, ou algum ser das trevas fingindo ser alguém do bem, a fim de enganá-la. Enfim, tomada por esses questionamentos e hipóte
Fiona, por sua vez, teve curiosidade de ver como estava o céu naquele instante, se era possível ver as faíscas nas nuvens, as quais eram causadas pelas descargas atmosféricas. Mas quando ela se aproximou da janela para direcionar os seus olhos para o céu, ela viu que ele estava repleto de estrelas e sem nuvens. Então ela ficou em dúvida de onde poderia estar vindo aquele som de chuva e de trovões. Sentindo um pouco de medo daquela situação, Fiona voltou a se deitar na cama e mergulhar embaixo de seu cobertor.Alguns minutos depois, a mesma criatura que tinha aparecido na janela de seu quarto na noite passada, mais uma vez apareceu. Depois de chamar o seu nome, ele acrescentou mais uma mensagem:– Fiona, venha comigo! A rainha precisa de você.Ouvindo esse som, Fiona levantou um pouco a coberta para deixar os seus olhos descobertos. E quando ela viu a criatura na janela, ela se assu
No instante em que Fiona e o seu mais novo amigo Flan atravessaram o portal mágico, ela sentiu um vento soprar o seu rosto, mas não era um vento comum. Ele era tão forte que arrepiou cada fio de seus cabelos. Em concomitância com o ar fresco que refrescava o seu rosto, ela sentia uma onda de medo e de adrenalina que percorria o seu corpo ao sentir que estava sendo puxada para o interior daquele universo que ela nunca imaginou que pudesse existir. Cada segundo que passava, ela ficava mais amedrontada. E essa sensação fez com que ela fechasse os olhos, mas não conseguia falar, pois por mais que ela tentasse, a sua ansiedade era tão grande que não permitia que os seus lábios emitissem som algum.Quando a sensação que atraía o corpo de Fiona parou, ela se sentiu que o medo a estava deixando, pois no mesmo instante sentiu alivio tanto na mente quanto em seu coração. Por isso ela
Depois de Fiona passar algumas horas caminhando ao lado de Flan por aquele imenso jardim, ela finalmente perguntou:– Eu estou adorando tudo isso, mas eu tenho uma dúvida... Por que você me trouxe para este lugar?Após andar por alguns instantes de cabeça baixa e sem dar nem uma palavra, Flan finalmente quebrou o silêncio e respondeu:– Eu te trouxe, pois nós precisamos de você no Reino das Esmeraldas.– Precisam de mim? Por quê?– A rainha teve uma filha há alguns anos, mas a sua única filha foi sequestrada por uma bruxa que vive em outro reino, o qual se chama Reino das Trevas.– Então a filha da rainha está vivendo neste outro reino? É só irmos até lá e pegarmos a menina de volta! – Disse Fiona, como se o problema fosse um dos mais simples de se resolver.– Sim. Mas tem um problema...
Ao longo da conversa, a rainha disse a Fiona o motivo pelo qual ela precisava muito de sua ajuda. Entretanto, o duende Flan já havia conversado sobre isso, brevemente, com ela. Mas Fiona ficou com uma dúvida:– Eu estou preocupada com o tempo que isso tudo vai durar, pois meu pai me espera em casa.Abrindo um sorriso doce e gentil, a rainha respondeu: – Não se preocupe, criança. Enquanto você estiver aqui conosco, o tempo não estará passando na Terra. E quando você voltar para a sua casa, vai ver que os ponteiros do relógio estarão marcando o mesmo horário.– Esse resgate vai demorar muito tempo?– Só depende de você. Nós temos muitos amigos e animais, os quais podem ser parceiros nesse resgate. Pode contar comigo para o que você precisar. Inclusive, você terá grandes recompensas por estar nos ajudando.– O
Aos poucos Fiona percebeu que os cavalos alados estavam reduzindo a sua altura de vôo, de uma forma tão lenta que era quase imperceptível, a fim de continuarem passando segurança a todos.Logo depois, Fiona notou que o passeio tinha terminado quando os animais já estavam com as suas patas próximas ao chão, pousando sobre a relva verde e perto das flores, que por sua vez exalavam um perfume delicioso de lavanda, o qual era uma das fragrâncias favoritas de Fiona.A rainha desceu do cavalo alado com muita facilidade, bem como o duende Flan. Mas Fiona não teve a mesma praticidade, necessitando mais uma vez da ajuda de Flan. Quando os três estavam no chão, Fiona sentiu o orvalho da relva molhar a pele dos seus pés, através da fina sapatilha. Mas ela não deixou que isso a tirasse do foco, pois ela estava interessada em conhecer o local onde viviam os unicórnios.E mai