Capítulo 2 Os Amonhhat.

Os Amonhhat se tornou uma família rica e poderosa em diversas partes do mundo. Ganhou ascensão meteórica nos negócios e colunas sócias pelo incrível trabalho exercido com maestria por seu pai Mohamed Amonhhat, ele tinha um talento incomparável para tudo o que gerasse lucros. Fora reconhecido pelos colunistas das principais revistas americanas e europeias como O Faraó, um mestre nos investimentos e criação de tendências para design no mundo da moda. A fama e fortuna do império da família de consagrou com a criação da Nefertari, uma marca de roupas e objetos de luxo que se tornou a grife mais valorizada e conceituada dos últimos tempos. Toda essa grandeza possuía uma divisão hierárquica, começando por seu pai no topo da pirâmide, logo abaixo Hórus e sua mãe, e depois, Anúbis, e o caçula da família, Seth.

A família em que nasceu, preconizava exclusivamente as tradições de seus antepassados, se lembrava bem de aprender desde cedo sobre a cultura do Egito e da América e de questionar suas diferenças com frequência. Nascido em Nova York, nunca se sentiu completamente conectado ao mesmo elo que unia seus pais e os dois irmãos mais novos nascidos no Cairo. Até mesmo sua mãe, que era americana, era muito mais adepta as primícias da história de seus antepassados egípcios do que ele próprio, que possuía o sangue de duas nações distintas nas veias. Houve um tempo em que chegou a acreditar realmente em todo o misticismo que moldava a existência de sua família, porém depois de acontecimentos catastróficos no passado, atribuiu toda aquela história como uma ferramenta nas mãos deles para o dominar e o obrigar a agir de acordo com o que eles queriam. Não acreditava que existia um ser supremo chamado Destino, que tecia a existência de seres divinos e poderosos através do tempo, muito menos em no amor eterno entre eles e as suas participações diretas no equilíbrio do mundo.

Seus pais, constantemente o pressionavam a abdicar da razão e ser mais coerente ao coração. Isso jamais voltaria a acontecer no entanto, quando o fez, foi massacrado por seus sentimentos, desde então jurou a si mesmo que nunca mais permitiria que seu coração pesasse mais na balança do que sua razão. Desde então mantinha-se distante de qualquer relacionamento sério, evitando proximidade com quem quer fosse, se permitia somente a convivência e constância de sua família.

O comandante anunciou a iminente aterrissagem, seu motorista fez sua prece costumeira. O avião tocava o solo, logo estavam taxiando na pista. O carro que os aguardava era idêntico ao que acabara de deixar em Nova York, geralmente o império que lhe pertencia, era padronizado. Se acomodou confortavelmente no interior e consultou o celular. O relógio já apontava além das sete, a noite caía sobre a cidade gélida. Aproveitando o trajeto, ele começou a responder e-mails, solicitando a limpeza e arrumação de seu apartamento na cobertura em Manhattan para hospedar sua esposa contratada. Quase não saia do anexo do escritório, considerava mais prático, estava sempre trabalhando até tarde e iniciando a rotina muito cedo, portanto não via motivos para não instala-la em seu apartamento praticamente desértico.

Foi informado de que estavam se aproximando da casa. Após virarem em um beco, o carro deslizou por uma rua estreita e malcuidada, ladeada por casas pequenas que pareciam lutar para se manterem de pé. Hórus abaixou o vidro e observou a casa mal iluminada e decadente diante dele. Poderia estar errado o endereço dela. Porque se assim fosse, era evidente que a mulher levava uma vida miserável. Não conseguia entender, como ela gastara o dinheiro que vinha recebendo ao longo dos anos se não tinha sequer uma moradia digna. Conjecturando, considerou duas possibilidades: ou ela apreciava uma vida simples demais e anônima, o que poderia ser um problema para sua posição e para o que estava por vir; ou ela era uma viciada, o que seria um problema ainda maior. Independentemente da verdade, não tinha grandes expectativas em relação a alguém que aceitava um acordo de casamento fictício por dinheiro. Por esse motivo nem se preocupou em conversar com ela durante a assinatura do contrato, ela poderia ser igual a mulher que o destruí, um rosto inocente e um veneno paralisante sob a camada de ingenuidade.

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