Deusa Mística: Promessa Selada
Deusa Mística: Promessa Selada
Por: Athena Literata
Capítulo 1 Uma Visita a Esposa Contratada.

Hórus

O relógio marcava quatro da tarde quando Hórus, em meio a uma chuva torrencial, percorria as caóticas ruas de Nova York. Sentia que precisava de uma dose de vodka para acalmar o ânimo, agridoce reflexo de uma decisão tomada quatro anos atrás, por influência de seu irmão.

Maldição! Ele já havia pego o celular inúmeras vezes para ligar para o pai, a fim de romper com a farsa que havia criado. No entanto, toda vez o guardava, praguejando em voz alta. Desistir agora significaria perder a estabilidade de sua família, um vínculo que ele valorizava acima de tudo, e a presidência da empresa; além de que a imagem daqueles olhos frágeis sempre lhe vinham a mente quando pensava em romper o contrato. Esse segundo, nunca fora sua ambição, mas uma imposição paterna após anos de preparação para sucedê-lo. Apesar de ser CEO da Nefertari, Hórus se irritava com a constante insistência de seus pais em conhecer a mulher com quem se casara secretamente quatro anos atrás, mesmo com as fotos que tiraram no dia da assinatura do casamento, com todo um ambiente montado para isso, eles insistiam em conhecer a mulher que ele escolheu para ser sua esposa. Não achou importante ver aquelas fotos, sabia que sua atuação era perfeita, e o rosto frágil e delicado de Olívia fazia ele parecer um príncipe a proteger sua amada. Que piegas. As mulheres eram sempre iguais a qualquer parte, primeiro a inocência, como sua esposa contratada, depois, a dissimulação, e por último a traição.

Seria uma ofensa à inteligência de seus pais imaginar que eles não desconfiasse dessa farsa, pois nunca haviam tido a oportunidade de conhecer a nora que tanto haviam pressionado a ser apresentada. Não se arrependeu da escolha, pois na época era o que sua mãe precisava para deixa-lo em paz, mesmo que tenha sido um capricho dela. Ela mesma acreditava que ele nunca se casaria e nunca conheceria o amor, se não fosse pelos seus dotes de casamenteira. A assertividade de sua convicção estava mais que evidente, só de se imaginar amarrado a um matrimônio ou um relacionamento sério com quem quer que fosse, era o suficiente para lhe causar desgosto e inquietação e até mesmo repulsa.

Celine, sua mãe, era espirituosa, chegou a fazer piadas com o fato de pressionar o filho mais velho com um casamento. Realmente ela era uma mulher peculiar e inspiradora em vários sentidos, principalmente a persistência. Lembrava-se de fazer de tudo para a dissuadir dessa ideia maluca, mas foi inútil. Arriscou uma namorada falsa e um noivado, foi descoberto assim que deixou Celina O’ Hare Amonhhat a sós com a pobre moça. A mãe irritada de palavras duras era difícil de digerir, ela chegou a parar de falar com ele por meses, como uma espécie de castigo. O pai o culpou pela decepção e tristeza de sua mãe e passou a regrar todos os seus passos nos negócios, como se ele fosse um estagiário iniciante. Era óbvio a mensagem que queriam passar; não era capaz de gerir sua vida privada, também não seria no âmbito profissional. De nada adiantou tentar convence-los de que a vida badalada que levava socialmente, com várias beldades ao seu lado, nada mais era que uma fachada para a imagem que precisava representar. No fim, estava quase se rendendo ao fiasco de um casamento por conveniência com Victória, uma linda modelo com quem mantinha um relacionamento casual e descompromissado

O trânsito finalmente começou a se mover, o motorista conduziu o carro em direção ao aeroporto, onde o jatinho com o logo da Nefertari o aguardava. Feliz ou infelizmente acabou sendo salvo desse problema pela ideia de seu irmão do meio, Anúbis, que no exato momento, lhe enviava a localização atualizada da mulher com quem havia se casado. Aparentemente, ela havia se mudado de Nova York para Seattle a cerca de três anos. O acordo de casamento lhe garantia uma casa confortável e um bônus anual que decidiu dar a ela depois de vê-la no dia do casamento. Estranhamente, ela nunca sacava esse bônus. O endereço anterior ficava no Queens, o atual, na periferia da cidade e isso já o intrigou. Fora bem generoso, sua esposa premiada poderia viver confortavelmente em uma ótimo apartamento em Manhattan ou no subúrbio se quisesse, além de que garantia uma vida tranquila, na qual poderia se abster de qualquer trabalho.

Anúbis foi o responsável por encontrar uma mulher com suas exigências que aceitasse aquele contrato. Elas não eram muitas, precisava de uma mulher discreta, com algum tipo de profissão que justificasse o seu afastamento, e que se abastece de uma vida escandalosa e imoral. E ele o fez rapidamente, segundo ele era uma moça humilde que nunca causaria problemas ou escândalos, nunca foi casada, era formada em medicina e colocava o trabalho em primeiro lugar. Confiou plenamente na decisão de seu irmão como sempre fizera, ele era o seu braço direito na empresa e em seus assuntos pessoais, ele sabia que nunca poderia se casar de verdade ou assumir um relacionamento concreto com alguém.

Hórus desceu do carro com sua atitude decida de sempre. O motorista abriu a porta, e se dirigiu ao jato que o aguardava com sua tripulação. Foi acompanhado pelo motorista que costumava viajar com ele e assim que se acomodou, pediu uma bebida e fechou os olhos para descansa-los. Estava exausto a semanas, muitos projetos estavam em pleno desenvolvimento, e agora esse evento grandioso da empresa para lhe tirar o pouco tempo de descanso que sobrava. Esse fim de semana planejava adiantar os contratos novos de investidores de Barcelona, mas invés disso estava voando para Seattle, primeiramente porque sua equipe não conseguiu contatar a sua esposa de mentirinha, segundo porque seus pais lhe deram um ultimato para conhece-la. Não funcionava mais dizer a eles que ela ainda estava em missão com os médicos sem fronteiras em algum lugar precário e inóspito do Sudão Meridional.

Massageando as têmporas ingeriu a bebida de uma vez, a comissária de bordo sorriu sugestivamente, não gostava de como ela se insinuava durante viagens, fez uma anotação mental sobre o assunto para providências futuras. Estava cansado demais para pedir a demissão de alguém nesse momento. Fechou os olhos novamente a ignorando, geralmente iria trabalhando durante o voo, mas realmente, os últimos dias exauriram toda sua energia, agora só queria buscar sua esposa contratada, para que ela representasse o seu papel por alguns dias e depois a despacharia de volta, e sua vida seguiria normalmente.

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