O silêncio absoluto imperava dentro do carro luxuoso. Partiram noite adentro em direção ao aeroporto. A neve e a chuva haviam cessado; o tempo parecia colaborar para aquela loucura à qual ela estava sendo obrigada a participar. Às vezes, ele falava com alguém no celular ou digitava no mesmo. Frustrada e impotente diante da situação de ser arrastada pelos caprichos desse homem, Olivia amaldiçoava o momento em que assinou aquele pedaço de papel. Infelizmente, não tinha escolha; aquele contrato era sua coleira. Abraçou a mochila rota como se esta fosse uma tábua de salvação. Voltou-se para a janela somente para evitá-lo, alheia ao fato de que, com isso, chamou a atenção dele para uma ávida observação.Lembrou-se de que não havia avisado aos seus parceiros do centro comunitário sobre essa ausência não programada. Preocupada com o andamento das coisas no próximo evento, em dois dias, tirou o celular do bolso e enviou algumas mensagens a Jackson e Noelle. Acrescentou algumas instruções para
(Pensamentos de Paul Ferris)O bom motorista ainda não acreditava no que seus olhos viram. Se um dia lhe dissessem que seu patrão agiria daquela forma, tão impulsiva, certamente mandaria a tal pessoa procurar um médico, pois estaria louca. Trabalhava para o Sr. Amonhhat desde que ele assumiu a presidência das empresas de sua família. Ele sempre foi meticuloso, perfeccionista, não admitia que o tocassem intencionalmente e jamais se deixou levar por interesses sexuais ou amorosos. Paul perdeu a conta de quantas situações constrangedoras aconteceram entre o patrão e a senhorita Vitória por esse motivo. Apesar do que diziam os tabloides, até mesmo a relação que mantinha com essa bela senhorita estava longe de ser considerada calorosa ou romântica; seu senhor fazia questão de manter seu espaço pessoal sem exceções e se mantinha no outro extremo do veículo quando saía com a senhorita. Julgava-se capaz de dizer que o conhecia melhor que a própria mãe. Com o tempo, percebeu que seu patrão tin
Hórus estava determinado a explorar aquela estranha química e conexão entre eles. Afinal, essa era a primeira vez que uma mulher rompia todas as suas defesas e convicções. Quão miserável ele se tornou, apenas pela presença de Olívia. Tentou controlar o ímpeto de beijá-la, mas isso se tornou a tarefa mais difícil de sua vida; irremediavelmente, falhou em controlar sua vontade de provar seus lábios suculentos. E isso nem era o fato mais preocupante, ele queria mais, muito mais. Só de pensar em como seria ter Olívia em seus braços, nua e suplicante, enquanto a penetrava com força, já sentia seu corpo entrar em combustão. Seu desejo incontrolável sussurrava palavras distorcidas em seu interior. Palavras como: ela sempre me pertenceu, provar de seu gosto não era o suficiente, precisamos sentir o prazer indescritível que só ela poderia dar. O plano anterior seria que ela ficasse na cobertura do Central Park, como havia dito à sua família que residiriam lá por enquanto, depois da volta dela
Olívia A palavra exaustão era um eufemismo perto de como se sentia; mesmo assim, mal conseguiu dormir. Leu as páginas deixadas para ela sobre esse enredo sórdido, tomou um banho demorado no banheiro amplo, com decoração contemporânea; imaginava que adormeceria de imediato, mas, entre cochilos rápidos, sonhava com Hórus no alto de uma pirâmide. Seus olhos a encontravam rapidamente no momento em que ele pulava do alto da construção em profunda agonia; joias esféricas de um azul brilhante se derramavam do céu tempestuoso, e ela sentia o gosto salgado das próprias lágrimas. Seu coração transbordava de tristeza, dor e solidão. A todo momento, via em seus sonhos desconexos aqueles olhos azuis cintilantes, e em todos eles havia uma profunda agonia que lhe perfurava a alma, semelhante à tempestade de areia no deserto em que estava no último sonho. Olívia balançou os cabelos molhados; o banho matinal não provocou a mesma satisfação de sempre. Ainda havia muito cansaço. Secando os cabelos, t
- É uma bela obra de arte. - mesmo que estivesse de costas, sentiu que ele se aproximava novamente. Seu corpo todo ficou rígido como uma pedra, um alívio enorme a dominou quando ouviram uma batida na porta de entrada. Ao se virar, viu que ele caminhou rapidamente para abrir a porta, e a frustração em sua expressão era visível, ouviu o que pareceu uma imprecação em outra língua. Hórus saiu para resolver algumas pendencias em seguida, e não foi visto desde então. Olívia passou o resto do dia ocupada com estilistas, consultoras de imagem, cabelereiros e maquiadores. A vontade de expulsar aquelas pessoas para que a deixassem em paz estava quase ganhando de seu bom senso. Em alguns momentos daquele culto de beleza e estilo, conseguiu se comunicar com a equipe do hospital por mensagem e foi informada que uma médica obstetra estava cumprindo suas funções em caráter provisório, ficou tentada a perguntar como providenciaram uma profissional dessas tão rápido. Poderia apostar que tinha o ded
O silêncio foi mantido durante todo o percurso, Olívia estava perdida em seus próprios pensamentos, ignorando a imagem de Hórus no terno preto moldando sua figura máscula e viril. Seu cérebro insistia em mostrar aquela imagem dele abotoando o punho da camisa escura, os cabelos pendendo em seu rosto de pele perfeita. A própria imagem da tenção. Somente quando pararam diante do prédio exclusivo do Golden Tower é que ele pegou sua mão esquerda colocando nela um anel de platina com um enorme diamante azul no centro. - Não podemos ser casados sem isso. O observou retirar uma segunda caixa do bolso, descobriu que se tratava das alianças de ouro com lindos padrões antigos desenhados. O objeto que deveriam ser o símbolo do compromisso, amor e união de um casal. O gosto amargo de seu paladar se tornou mais intenso ao sentir o frio do metal nobre deslizando em seu dedo anelar junto ao precioso anel de noivado. Olívia assentiu e aceitou a mão que ele lhe ofereceu assim que desceu do carro
Um detalhe naquela mesa digna de um banquete chamava constantemente a atenção de Olívia. Só havia quatro pessoas à mesa, porém, estavam dispostos seis pratos, dois deles virados para baixo. Aquele detalhe causava muita curiosidade, várias perguntas povoavam sua mente. Entretanto, não quis ser indelicada. Esse não era o momento para ser invasiva; também havia aquela inquietação em relação a Mohamed. Decididamente, não gostaria de chamar a atenção daquele homem para si. — Não imagina como estamos felizes por você finalmente estar entre nós; nossa família esperou muito por você — Celine comentou efusivamente. — Quando soubemos do casamento, Hórus nos disse que você teve que partir imediatamente para uma missão humanitária no Sudão. — Também estou muito feliz por poder estar de volta. Os preparativos da viagem foram bastante rápidos, devido aos surtos de várias endemias naquela região — Olívia sentiu os olhos de Hórus sobre si, praticamente queimando sua pele; ela o ignorou completamen
Ele poderia saber o que ela estava pensando? Não, não tinha como ele saber, a não ser que fosse algum telepata místico. Reconhecendo o absurdo de seus pensamentos, ela ingeriu mais vinho e voltou a prestar atenção ao ambiente à sua volta novamente. Mais uma vez, seus olhos se voltaram para os pratos vazios, virados ao contrário, sobre a mesa. — É uma tradição. Sempre colocamos a mesa como se a família toda estivesse presente quando falta alguém — Mohamed estava se mostrando uma pedra em seu sapato; apesar de não falar muito diretamente com ela desde que chegaram, agora ele fazia questão de constrangê-la. — Concordamos que seria melhor que esse primeiro contato fosse somente entre nós quatro. Anúbis e Seth não se ofenderam. — Obrigada por me orientar, Sr. Amonhhat. Eu não quis ser indelicada — com a menção dos dois outros integrantes da família, o clima ficou tenso à mesa; até mesmo Celine, com seu ar de anfitriã perfeita, pareceu desconfortável. Seria algum tipo de segredo de famíl