- É uma bela obra de arte. - mesmo que estivesse de costas, sentiu que ele se aproximava novamente. Seu corpo todo ficou rígido como uma pedra, um alívio enorme a dominou quando ouviram uma batida na porta de entrada. Ao se virar, viu que ele caminhou rapidamente para abrir a porta, e a frustração em sua expressão era visível, ouviu o que pareceu uma imprecação em outra língua. Hórus saiu para resolver algumas pendencias em seguida, e não foi visto desde então. Olívia passou o resto do dia ocupada com estilistas, consultoras de imagem, cabelereiros e maquiadores. A vontade de expulsar aquelas pessoas para que a deixassem em paz estava quase ganhando de seu bom senso. Em alguns momentos daquele culto de beleza e estilo, conseguiu se comunicar com a equipe do hospital por mensagem e foi informada que uma médica obstetra estava cumprindo suas funções em caráter provisório, ficou tentada a perguntar como providenciaram uma profissional dessas tão rápido. Poderia apostar que tinha o ded
O silêncio foi mantido durante todo o percurso, Olívia estava perdida em seus próprios pensamentos, ignorando a imagem de Hórus no terno preto moldando sua figura máscula e viril. Seu cérebro insistia em mostrar aquela imagem dele abotoando o punho da camisa escura, os cabelos pendendo em seu rosto de pele perfeita. A própria imagem da tenção. Somente quando pararam diante do prédio exclusivo do Golden Tower é que ele pegou sua mão esquerda colocando nela um anel de platina com um enorme diamante azul no centro. - Não podemos ser casados sem isso. O observou retirar uma segunda caixa do bolso, descobriu que se tratava das alianças de ouro com lindos padrões antigos desenhados. O objeto que deveriam ser o símbolo do compromisso, amor e união de um casal. O gosto amargo de seu paladar se tornou mais intenso ao sentir o frio do metal nobre deslizando em seu dedo anelar junto ao precioso anel de noivado. Olívia assentiu e aceitou a mão que ele lhe ofereceu assim que desceu do carro
Um detalhe naquela mesa digna de um banquete chamava constantemente a atenção de Olívia. Só havia quatro pessoas à mesa, porém, estavam dispostos seis pratos, dois deles virados para baixo. Aquele detalhe causava muita curiosidade, várias perguntas povoavam sua mente. Entretanto, não quis ser indelicada. Esse não era o momento para ser invasiva; também havia aquela inquietação em relação a Mohamed. Decididamente, não gostaria de chamar a atenção daquele homem para si. — Não imagina como estamos felizes por você finalmente estar entre nós; nossa família esperou muito por você — Celine comentou efusivamente. — Quando soubemos do casamento, Hórus nos disse que você teve que partir imediatamente para uma missão humanitária no Sudão. — Também estou muito feliz por poder estar de volta. Os preparativos da viagem foram bastante rápidos, devido aos surtos de várias endemias naquela região — Olívia sentiu os olhos de Hórus sobre si, praticamente queimando sua pele; ela o ignorou completamen
Ele poderia saber o que ela estava pensando? Não, não tinha como ele saber, a não ser que fosse algum telepata místico. Reconhecendo o absurdo de seus pensamentos, ela ingeriu mais vinho e voltou a prestar atenção ao ambiente à sua volta novamente. Mais uma vez, seus olhos se voltaram para os pratos vazios, virados ao contrário, sobre a mesa. — É uma tradição. Sempre colocamos a mesa como se a família toda estivesse presente quando falta alguém — Mohamed estava se mostrando uma pedra em seu sapato; apesar de não falar muito diretamente com ela desde que chegaram, agora ele fazia questão de constrangê-la. — Concordamos que seria melhor que esse primeiro contato fosse somente entre nós quatro. Anúbis e Seth não se ofenderam. — Obrigada por me orientar, Sr. Amonhhat. Eu não quis ser indelicada — com a menção dos dois outros integrantes da família, o clima ficou tenso à mesa; até mesmo Celine, com seu ar de anfitriã perfeita, pareceu desconfortável. Seria algum tipo de segredo de famíl
A consciência nadava em uma espécie de limbo. Não havia nada coerente em sua mente. Ouvia palavras ao longe, vozes foram reconhecidas. No entanto, não fazia ideia do que estavam dizendo. Dentre elas, a voz de Hórus se fez ouvir claramente. — Olívia... — Hórus... — Acorde, Olívia, por favor, acorde... — Não me sinto... bem... — Olívia sentiu o toque inconfundível das mãos dele em sua pele. Hórus a amparava em seus braços. A entonação de sua voz era de preocupação. Celine também estava próxima; sentia sua presença e agora também a de outra pessoa. A pressão esmagadora de Mohamed fez com que ela abrisse os olhos no momento em que Hórus falava. — Não deveria ter feito isso, mãe. Ela não entende nada dessas coisas. Olívia desmaiou de choque. — Nosso filho está certo, a semelhança dela não prova que ela seja Hathor. — Olívia é o receptáculo de Hathor. Não a confunda com qualquer uma, Osíris — a voz furiosa e sobrenatural de Celine foi direcionada a Mohamed. — Não me t
Hórus Várias horas haviam se passado desde que eles chegaram em casa. Olívia apagou completamente, praticamente respirava fracamente. A comoção foi grande na casa de seus pais quando ela começou a demorar para voltar. Não havia sinais da presença de Hathor, muito menos evidências de seus poderes. O desespero o invadiu com força extrema; se ela tivesse se perdido pelo toque do espírito de Osíris, a culpa seria totalmente sua. Por se deixar levar pelas palavras de sua mãe, que sempre esteve obcecada pela ideia fixa da união entre ele e Hathor nesta existência. Estava ciente de sua punição. O Destino decidiu puni-lo com o que mais doeria. Ele o afrontou, desrespeitou o seu poder e transgrediu os seus desígnios. Tudo porque não era permitido que seus filhos nascessem; em todas as transmigrações até aqui, o deus Hórus e sua companheira Hathor geravam duas crianças, mas todas morriam antes ou durante o nascimento. Na última era em que geraram o primeiro filho, Hathor foi atacada por
— Você está bem? — perguntou, sentando-se na cama e tentando usar seu tom mais gentil. Olívia abriu os olhos e se voltou para ele. Parecia lúcida e consciente. Hórus sentiu o ar esvair de seus pulmões em alívio. Ele pegou sua mão, sentindo seu pulso regular. Sorriu feliz; isso significava que era ela, que sua amada estava ali ao seu lado. — O que aconteceu? — perguntou, lançando um olhar repleto de confusão. Hórus a examinou atentamente. Não havia nada aparente que revelasse a presença de Hathor; era como se sua consciência não houvesse despertado. — Você não se lembra? — A última coisa que me lembro é de visitar uma galeria no apartamento de seus pais. — Olívia passou os olhos pelo ambiente. — Estamos de volta à sua casa? — Não se lembra de mais nada? — perguntou, tentando passar naturalidade. — Não. — Se ajeitou entre os travesseiros e se sentou. — Eu desmaiei? — Sim. Quando estava na galeria, você perdeu a consciência. — Estou com uma dor de cabeça horrível. — Levo
Olívia O aroma inconfundível de café. A inebriante cafeína, em ondas do odor perfeito, chegou até seu quarto. Foi isso que a despertou na manhã seguinte. Se não fosse movida pela bebida escura e fumegante, certamente ainda estaria dormindo. O sono da noite passada foi o mais tumultuado de sua vida. Os sonhos foram piores que os anteriores, inacreditavelmente realistas, a ponto de pensar que realmente estava enlouquecendo de vez. Sentou-se na cama, confusa. Todo o seu corpo estava dolorido, e em áreas específicas havia marcas avermelhadas e roxas. Seus olhos quase saltaram das órbitas. Eram marcas de sexo? Não, isso não aconteceu. Ela se lembraria se uma noitada selvagem tivesse ocorrido. As marcas poderiam ser psicossomáticas. Não era impossível, depois de tanto tempo sob estresse e sobrecarga de trabalho. Se ocorresse novamente, poderia procurar um profissional. Se não, esperaria até que voltasse para casa para ver um psiquiatra. Olívia se levantou. Todo o seu corpo protestava