Ele poderia saber o que ela estava pensando? Não, não tinha como ele saber, a não ser que fosse algum telepata místico. Reconhecendo o absurdo de seus pensamentos, ela ingeriu mais vinho e voltou a prestar atenção ao ambiente à sua volta novamente. Mais uma vez, seus olhos se voltaram para os pratos vazios, virados ao contrário, sobre a mesa. — É uma tradição. Sempre colocamos a mesa como se a família toda estivesse presente quando falta alguém — Mohamed estava se mostrando uma pedra em seu sapato; apesar de não falar muito diretamente com ela desde que chegaram, agora ele fazia questão de constrangê-la. — Concordamos que seria melhor que esse primeiro contato fosse somente entre nós quatro. Anúbis e Seth não se ofenderam. — Obrigada por me orientar, Sr. Amonhhat. Eu não quis ser indelicada — com a menção dos dois outros integrantes da família, o clima ficou tenso à mesa; até mesmo Celine, com seu ar de anfitriã perfeita, pareceu desconfortável. Seria algum tipo de segredo de famíl
A consciência nadava em uma espécie de limbo. Não havia nada coerente em sua mente. Ouvia palavras ao longe, vozes foram reconhecidas. No entanto, não fazia ideia do que estavam dizendo. Dentre elas, a voz de Hórus se fez ouvir claramente. — Olívia... — Hórus... — Acorde, Olívia, por favor, acorde... — Não me sinto... bem... — Olívia sentiu o toque inconfundível das mãos dele em sua pele. Hórus a amparava em seus braços. A entonação de sua voz era de preocupação. Celine também estava próxima; sentia sua presença e agora também a de outra pessoa. A pressão esmagadora de Mohamed fez com que ela abrisse os olhos no momento em que Hórus falava. — Não deveria ter feito isso, mãe. Ela não entende nada dessas coisas. Olívia desmaiou de choque. — Nosso filho está certo, a semelhança dela não prova que ela seja Hathor. — Olívia é o receptáculo de Hathor. Não a confunda com qualquer uma, Osíris — a voz furiosa e sobrenatural de Celine foi direcionada a Mohamed. — Não me t
Hórus Várias horas haviam se passado desde que eles chegaram em casa. Olívia apagou completamente, praticamente respirava fracamente. A comoção foi grande na casa de seus pais quando ela começou a demorar para voltar. Não havia sinais da presença de Hathor, muito menos evidências de seus poderes. O desespero o invadiu com força extrema; se ela tivesse se perdido pelo toque do espírito de Osíris, a culpa seria totalmente sua. Por se deixar levar pelas palavras de sua mãe, que sempre esteve obcecada pela ideia fixa da união entre ele e Hathor nesta existência. Estava ciente de sua punição. O Destino decidiu puni-lo com o que mais doeria. Ele o afrontou, desrespeitou o seu poder e transgrediu os seus desígnios. Tudo porque não era permitido que seus filhos nascessem; em todas as transmigrações até aqui, o deus Hórus e sua companheira Hathor geravam duas crianças, mas todas morriam antes ou durante o nascimento. Na última era em que geraram o primeiro filho, Hathor foi atacada por
— Você está bem? — perguntou, sentando-se na cama e tentando usar seu tom mais gentil. Olívia abriu os olhos e se voltou para ele. Parecia lúcida e consciente. Hórus sentiu o ar esvair de seus pulmões em alívio. Ele pegou sua mão, sentindo seu pulso regular. Sorriu feliz; isso significava que era ela, que sua amada estava ali ao seu lado. — O que aconteceu? — perguntou, lançando um olhar repleto de confusão. Hórus a examinou atentamente. Não havia nada aparente que revelasse a presença de Hathor; era como se sua consciência não houvesse despertado. — Você não se lembra? — A última coisa que me lembro é de visitar uma galeria no apartamento de seus pais. — Olívia passou os olhos pelo ambiente. — Estamos de volta à sua casa? — Não se lembra de mais nada? — perguntou, tentando passar naturalidade. — Não. — Se ajeitou entre os travesseiros e se sentou. — Eu desmaiei? — Sim. Quando estava na galeria, você perdeu a consciência. — Estou com uma dor de cabeça horrível. — Levo
Olívia O aroma inconfundível de café. A inebriante cafeína, em ondas do odor perfeito, chegou até seu quarto. Foi isso que a despertou na manhã seguinte. Se não fosse movida pela bebida escura e fumegante, certamente ainda estaria dormindo. O sono da noite passada foi o mais tumultuado de sua vida. Os sonhos foram piores que os anteriores, inacreditavelmente realistas, a ponto de pensar que realmente estava enlouquecendo de vez. Sentou-se na cama, confusa. Todo o seu corpo estava dolorido, e em áreas específicas havia marcas avermelhadas e roxas. Seus olhos quase saltaram das órbitas. Eram marcas de sexo? Não, isso não aconteceu. Ela se lembraria se uma noitada selvagem tivesse ocorrido. As marcas poderiam ser psicossomáticas. Não era impossível, depois de tanto tempo sob estresse e sobrecarga de trabalho. Se ocorresse novamente, poderia procurar um profissional. Se não, esperaria até que voltasse para casa para ver um psiquiatra. Olívia se levantou. Todo o seu corpo protestava
Hórus Quanto tempo mais seria obrigado a aceitar sua ausência?! Novamente mirou o relógio de pulso com impaciência. A mesa estava posta; ele esperava por Olívia há cerca de uma hora. Pensou que ela ainda estivesse esgotada e verificou se estaria dormindo, batendo na porta do quarto. O som da água corrente do chuveiro o informou que ela já estava acordada. Com certeza, ela gostaria de um banho demorado para relaxar os músculos doloridos. Naquela manhã, esperava ser despertado preguiçosamente pelo corpo quente dela enroscado ao seu. Sentir o frio de sua cama vazia foi frustrante e doloroso. Inicialmente, pensou que ela estivesse no banheiro, mas o tempo foi passando, e teve que Hórus aceitou que foi dispensado no meio da noite. Não havia nenhuma razão plausível para que ela voltasse para o seu quarto depois de fazerem amor com tanta paixão e intensidade. Estava certo de que foi muito sensível à satisfação dela; não deixou a desejar em nenhum aspecto durante o ato mais glorioso e quent
Caminhar sempre ajudou Hórus a refletir e pensar melhor. O parque estava praticamente deserto e silencioso nessa manhã de inverno. A nuvem de calor que expelia por sua boca, lembrava um fino nevoeiro; o ar gélido funcionava como um combustível para o seus sentidos perturbados, pelo que acabou de acontecer durante o café.Seus pais haviam saído da cidade para uma curta viagem de negócios a Milão, portanto só poderia contar com Anúbis para descobrir o que exatamente estava acontecendo.Os cabelos negros como as plumas de um corvo de seu irmão, se destacava na paisagem esbranquiçada.Sentou-se ao seu lado no banco gelado do Central Park. A expressão tensa e preocupada no rosto de Anúbis era constante, ele sempre foi o mais responsável, mais centrado e cheio de senso de dever.A consequência disso, era uma expressão carregada e autoritária que poderia dizer, era a cópia do pai deles.- Obrigado por vir.- Você pareceu bastante irritado ao telefone. – Anúbis olhava fixamente para frente.
Olívia não conseguia crer que estava no quarto dele, quando foi que saiu do seu próprio quarto? A constatação de sua nudez a constrangeu, suas mãos rapidamente tentaram esconder suas partes.Ao mesmo tempo, sua pele entrava em combustão, só de olhar para ele. A vontade de possuí-la impresso ali em sua íris azul, fazia seu sexo se molhar instantaneamente. Hórus queria devora-la inteira.Desesperada para fugir daquela situação, se virou em direção a porta. Como um raio que rasgava os céus, Hórus se materializou a sua frente. Seus olhos cintilavam em um azul surreal.- Onde pensa que vai?- Me desculpe, eu não deveria estar aqui. - Não há nenhum outro lugar onde deva estar. Ele a arrebatou em seus braços fortes, inspirando o forte cheiro que exalava de dentro dela. Olívia sentia algo se apoderar de seus pensamentos e comandos, o desejo sexual por esse homem era uma força da natureza.Seus quadris se moviam de encontro a ele, involuntariamente.- Está tão linda, minha prometida. – a voz