— Você está bem? — perguntou, sentando-se na cama e tentando usar seu tom mais gentil. Olívia abriu os olhos e se voltou para ele. Parecia lúcida e consciente. Hórus sentiu o ar esvair de seus pulmões em alívio. Ele pegou sua mão, sentindo seu pulso regular. Sorriu feliz; isso significava que era ela, que sua amada estava ali ao seu lado. — O que aconteceu? — perguntou, lançando um olhar repleto de confusão. Hórus a examinou atentamente. Não havia nada aparente que revelasse a presença de Hathor; era como se sua consciência não houvesse despertado. — Você não se lembra? — A última coisa que me lembro é de visitar uma galeria no apartamento de seus pais. — Olívia passou os olhos pelo ambiente. — Estamos de volta à sua casa? — Não se lembra de mais nada? — perguntou, tentando passar naturalidade. — Não. — Se ajeitou entre os travesseiros e se sentou. — Eu desmaiei? — Sim. Quando estava na galeria, você perdeu a consciência. — Estou com uma dor de cabeça horrível. — Levo
Olívia O aroma inconfundível de café. A inebriante cafeína, em ondas do odor perfeito, chegou até seu quarto. Foi isso que a despertou na manhã seguinte. Se não fosse movida pela bebida escura e fumegante, certamente ainda estaria dormindo. O sono da noite passada foi o mais tumultuado de sua vida. Os sonhos foram piores que os anteriores, inacreditavelmente realistas, a ponto de pensar que realmente estava enlouquecendo de vez. Sentou-se na cama, confusa. Todo o seu corpo estava dolorido, e em áreas específicas havia marcas avermelhadas e roxas. Seus olhos quase saltaram das órbitas. Eram marcas de sexo? Não, isso não aconteceu. Ela se lembraria se uma noitada selvagem tivesse ocorrido. As marcas poderiam ser psicossomáticas. Não era impossível, depois de tanto tempo sob estresse e sobrecarga de trabalho. Se ocorresse novamente, poderia procurar um profissional. Se não, esperaria até que voltasse para casa para ver um psiquiatra. Olívia se levantou. Todo o seu corpo protestava
Hórus Quanto tempo mais seria obrigado a aceitar sua ausência?! Novamente mirou o relógio de pulso com impaciência. A mesa estava posta; ele esperava por Olívia há cerca de uma hora. Pensou que ela ainda estivesse esgotada e verificou se estaria dormindo, batendo na porta do quarto. O som da água corrente do chuveiro o informou que ela já estava acordada. Com certeza, ela gostaria de um banho demorado para relaxar os músculos doloridos. Naquela manhã, esperava ser despertado preguiçosamente pelo corpo quente dela enroscado ao seu. Sentir o frio de sua cama vazia foi frustrante e doloroso. Inicialmente, pensou que ela estivesse no banheiro, mas o tempo foi passando, e teve que Hórus aceitou que foi dispensado no meio da noite. Não havia nenhuma razão plausível para que ela voltasse para o seu quarto depois de fazerem amor com tanta paixão e intensidade. Estava certo de que foi muito sensível à satisfação dela; não deixou a desejar em nenhum aspecto durante o ato mais glorioso e quent
HórusO relógio marcava quatro da tarde quando Hórus, em meio a uma chuva torrencial, percorria as caóticas ruas de Nova York. Sentia que precisava de uma dose de vodka para acalmar o ânimo, agridoce reflexo de uma decisão tomada quatro anos atrás, por influência de seu irmão.Maldição! Ele já havia pego o celular inúmeras vezes para ligar para o pai, a fim de romper com a farsa que havia criado. No entanto, toda vez o guardava, praguejando em voz alta. Desistir agora significaria perder a estabilidade de sua família, um vínculo que ele valorizava acima de tudo, e a presidência da empresa; além de que a imagem daqueles olhos frágeis sempre lhe vinham a mente quando pensava em romper o contrato. Esse segundo, nunca fora sua ambição, mas uma imposição paterna após anos de preparação para sucedê-lo. Apesar de ser CEO da Nefertari, Hórus se irritava com a constante insistência de seus pais em conhecer a mulher com quem se casara secretamente quatro anos atrás, mesmo com as fotos que tirar
Os Amonhhat se tornou uma família rica e poderosa em diversas partes do mundo. Ganhou ascensão meteórica nos negócios e colunas sócias pelo incrível trabalho exercido com maestria por seu pai Mohamed Amonhhat, ele tinha um talento incomparável para tudo o que gerasse lucros. Fora reconhecido pelos colunistas das principais revistas americanas e europeias como O Faraó, um mestre nos investimentos e criação de tendências para design no mundo da moda. A fama e fortuna do império da família de consagrou com a criação da Nefertari, uma marca de roupas e objetos de luxo que se tornou a grife mais valorizada e conceituada dos últimos tempos. Toda essa grandeza possuía uma divisão hierárquica, começando por seu pai no topo da pirâmide, logo abaixo Hórus e sua mãe, e depois, Anúbis, e o caçula da família, Seth.A família em que nasceu, preconizava exclusivamente as tradições de seus antepassados, se lembrava bem de aprender desde cedo sobre a cultura do Egito e da América e de questionar suas
Ouviu o motorista conversar com alguém, uma vizinha curiosa com certeza. Ela afirmava que não havia ninguém na casa, que a dona do lugar estava trabalhando. Hórus tinha ciência de que ela possuía graduação em medicina e especialização na área, mas não imaginou que exercesse a profissão, nem mesmo mandou investigar as atividades dela. Pensando nisso, o fato de viver na completa miséria exercendo medicina e recebendo as quantias vultosas mensais que lhe enviava, era ainda mais irreal. Tinha que admitir, havia negligenciado Olívia Morrison por tempo demais. Enviou uma mensagem a Anúbis para que este o informasse onde ela trabalhava, depois de alguns minutos se lembrou que ele estava em um jantar de negócios. Não havia alternativa se não esperar. Resolveu ler novamente as informações de sua ‘esposa’, quando foi interrompido por vozes esganiçadas que se aproximavam cada vez mais do carro. Duas mulheres açoitavam a porta de seu lado, com as mãos em punhos pedindo ajuda desesperadas, ele ape
Hórus pediu ao motorista que o levasse de volta ao endereço anterior, acomodando-se no interior aquecido do automóvel. Ligou para Anúbis.— Hórus... — ele atendeu no segundo toque.— Encontrei minha querida esposa. Ela trabalha no hospital St. Mathews, aqui em Seattle. — O que te levou a um hospital? Está tudo bem?— Sim, tudo está bem. Foi só um incidente. Enfim, vou falar com ela e preciso que você contorne a situação com nossos pais até que ela esteja em Nova York, pronta para ser apresentada.— Não se preocupe, farei com que pensem que você foi pessoalmente buscá-la junto aos médicos missionários.— Ótimo. Obrigado, Anúbis.Desligando o telefone, percebeu que já estavam novamente em frente à casa dela. Olívia possivelmente o faria esperar por muito tempo; certamente seria relutante em acompanhá-lo e tentaria desfazer o contrato assim que abrisse aquela linda boca. Mas, julgando pela reação de seu corpo, não seria capaz de permitir que ela desaparecesse tão fácil assim. Algo em se
Olívia MorrisonA lufada de ar frio quase a derrubou pela calçada úmida pela quarta vez; andava devagar porque geralmente escorregava facilmente. A canseira de um turno de vinte e quatro horas também contribuía para a letargia de seus passos, e os pés estavam dormentes. O carro escuro e luxuoso estacionado em frente à sua casa era uma decepção. Esperava fervorosamente que ele já tivesse ido embora de Seattle, mas aparentemente teve esperanças em vão. Infelizmente, o plantão de hoje foi marcado pela presença daquele homem no hospital. Todos queriam saber o que o maravilhoso Hórus Amonhhat estava fazendo na cidade e por que ela falara com ele como se ele fosse um cafajeste. A bem da verdade, nunca imaginou que o veria novamente. Depois de assinar os papéis do contrato de casamento, ele simplesmente foi embora sem olhar para trás. Lembrava-se de se perguntar o motivo de tanta frieza; era tão excessiva que beirava a hostilidade. Mas não se deixou levar por esse caminho. Depois do choque d