Na manhã seguinte, acordou sozinho na cama.O silêncio ao seu redor indicava que estava sozinho no quarto. Hórus se levantou olhando a sua volta, as roupas dela ainda estavam espalhadas pelo chão. Mas o seu roupão havia desaparecido.Vestiu um short leve, e saiu a procura dela. O cheiro de café inundou suas narinas. Ele não muito adepto a bebida, mas a consumia as vezes.Olívia estava à beira do fogão preparando o desjejum.Precisavam conversar sobre o homem que morreu no hospital em Seattle. Na noite anterior não foi capaz de insistir no assunto. No entanto precisava saber o que tudo sobre o que ele representava para ela.Provavelmente foi com ele que ela gastou tudo que ganhava e o pouco que tinha. As informações que recebeu, continha relatórios de despesas médicas altíssimas.O nome dele, representava uma ameaça para o que tinha com sua esposa. Porque simplesmente, não conseguia deixar para lá o que aconteceu no passado dela. Hórus se aproximou, a abraçando pelas costas. Seu perf
Olívia Não saberia dizer o que a despertou, abriu os olhos ainda pesados de sono e viu que ainda estava no quarto de Hórus. Ele não estava na cama e nem no seu ângulo de visão, ela se sentou e puxou o edredom para cobrir seu corpo que se arrepiava de frio. Ele estava presente em cada canto de sua vida, não apenas fisicamente, mas de um jeito que ela nunca imaginou possível. Ao descobrir e se conectar a sua essência mística, Olivia sentiu que o fio que a unia a Hórus era muito mais profundo do que qualquer outra força que conhecia.A verdade era que sua ligação com Hórus a fascinava e, ao mesmo tempo, a assustava. Ela gostava da sensação de estar protegida ao seu lado, de compartilhar momentos silenciosos que falavam tanto quanto qualquer palavra. Gostava de extravasar a energia que sentia vibrar dentro de si, a cada segundo que olhava para ele. Mas sentia também o peso de algo maior, algo ancestral, que se apoderava de seus pensamentos e da sua vontade.O medo do desconhecido não i
A imagem no espelho mostrava uma mulher completamente diferente do que ela costumava ser. Não se tratava do vestido azul royal de corte assimétrico que brincava com suas formas.Também não eram os diamantes nas joias caras que adornavam seu pescoço fino, as orelhas e pulsos.Tratava-se de seu interior, aquelas duas figuras tão distintas convivendo dentro de si pareciam se fundir naquele reflexo, essa mudança se acelerava à medida que ficava mais tempo com Hórus. Confessava que aquele aviso dele de manhã a pegou de surpresa. O tom de voz estava carregado de frieza, o alerta possuía um fundo de palavras não ditas que a deixou pensativa.Mas não queria estragar essa noite de grande expectativa por causa de uma possível má interpretação.Olívia soltou um suspiro. Quando foi que se tornou essa mulher tão preocupada em agradar exclusivamente um homem?! Mal se reconhecia como a antiga mulher decidida e desapegada.Na verdade, já imaginava quando foi que essa mudança aconteceu, a dependência
A noite transcorria muito melhor do que imaginou. Não causou nenhum incidente desconfortável, e não foi insultada por ninguém.Aparentemente, estava se saindo bem em representar aquele papel de dama da alta sociedade.Foi apresentada a muitas pessoas importantes, influentes e outras do convívio da família de Hórus. A maioria deles foram gentis, muitos teceram elogios e teve também quem a bajulasse esperando cair nas graças da nova Sra. Amonhhat.Isso a fez rir muito por dentro, eram oportunistas interesseiros que nem sonhavam que ela era uma pobretona de Seattle sem poder algum nas decisões de Hórus. Celine a ajudou decorar o nome de algumas pessoas que julgava importante na posição em que se encontrava agora. Não achou necessário dizer a ela que tinha memória fotográfica e que se lembraria de todos eles. Gostava de ouvir a mulher falar sobre eles e sussurrar um ou dois segredos em seus ouvidos. Isso também suavizava sua ansiedade constante.Hórus permanecia ao seu lado com gestos r
Olivia caminhou perdida nas emoções que a entristecia.Lembrou-se do aviso de Hórus, sobre seu irmão.Não compreendia o motivo de se manter longe de um familiar dele, sentia que eles eram afastados, possivelmente com diferenças não resolvidas; mas ele ainda era seu irmão, não?O que teria acontecido de tão terrível entre eles para romper laços dessa forma? Eles eram filhos de deuses, todos os filhos também deveriam ter a mesma natureza divina. Anúbis e Hórus era bem evidente, sabia seus papeis no mundo, e o que eles representavam. Mas e quanto ao terceiro filho? Que tipo de divindade ele era?Se perguntava por que o membro mais novo da família não compareceu a um evento tão importante para os Amonhhat.O farfalhar de folhas e um movimento próximo a um punhado de vegetação bem cuidada, chamou sua atenção. A voz de alguém pedia ajuda, em fio baixo de som. Ela se voltou quando reconheceu o barulho produzido pela dificuldade respiratória.Olívia se aproximou rapidamente da moita alta. Ci
Até aquele momento, Hórus não pronunciou uma palavra, e já estavam quase chegando em casa. Não houve despedida dos familiares, ele a conduziu firme para uma saída lateral onde não tinha imprensa alguma. O motorista esperava com expressão apreensiva, com certeza temia pelo iminente desastre que se anunciava na fisionomia de seu patrão.Olívia observava tudo de forma profunda. Suas resoluções cada vez mais sólidas. Hórus estava distante de seu coração, não sentia a ligação entre eles crescer desde que falaram sobre Simon. Era como se ele tivesse rompido os fios que uniam seus sentimentos.Se já imaginava que houve um problema grave entre ele e o irmão caçula, agora sabia que estava muito além de uma discordância ou briga sem sentido.Entendia agora porque ele disse que a própria família era disfuncional. Todos pisavam em ovos a respeito de Hórus e Seth, e o primeiro parecia próximo de assassinar o irmão, enquanto o outro zombava de sua ira e da posição da família que tinha.Durante o p
HórusObservar o rosto dela desfalecido naquela cama de hospital foi a única coisa que fez por horas.Seu rosto frágil estava com um hematoma na face esquerda, pelo choque com a pedra de mármore. Os médicos disseram que ela não tinha fraturas, somente um concussão na cabeça.Todos afirmavam que ela deveria acordar em poucos minutos, mas não foi o que aconteceu. Desde que chegou com ela ao hospital, aguardava o momento em que veria seus olhos se abrirem novamente. Os minutos se arrastaram, e nada aconteceu. Exames de imagem foram repetidos, nada de diferente. Fisicamente, nada a mantinha inconsciente.As feridas nos braços dela eram muito evidentes, ver aquilo lhe causou um ódio enorme de si mesmo.Hórus tocou seu peito dolorido, as sombras de seus pensamentos pensavam tanto sobre si que comprimiam seu coração. Tudo estava se repetindo. Mais uma vez, estava sendo trocado pelo seu irmão. A raiva, a dor e a decepção se união em uma fúria insidiosa que crescia sem parar. Olhou para Olív
Hórus se voltou, sentindo seu sangue gelar com a pronuncia daquele nome. Todos evitavam falar sobre ela, sua família não pronunciava o nome dela como se estivessem evitando o mal encarnado.Martina, a doce e alegre mulher que um dia sonhou em desposar. Acreditando que finalmente havia encontrado sua companheira.A energia de Martina ainda era uma lembrança marcada em Hórus.- Você disse que Amith devorou a alma dela. Falou baixando os olhos. O rosto dela lhe veio à mente, seus olhos límpidos como o céu.A maçaneta da porta a sua frente começou a se mover. Anúbis estendeu a mão, mantendo-a trancada, impedindo de Olívia sair.- Me solte! Eu quero ir embora! Você não pode fazer isso seu bastardo filho da puta! – gritava Olívia enlouquecida dentro do quarto.A troca de olhares entre eles foi uma disputa por território. Seu irmão deixava claro que não concordava com o que ele estava fazendo.- Ela foi julgada e entregue a Amith quando seu coração pesou muito mais que a pena. Já lhe disse