Ivy encarou Lucian profundamente. O seu peito subia e descia com a respiração acelerada, a frustração e a raiva fervilhando dentro dela.— Pare de brincar comigo, Lucian! — ela explodiu, os olhos faiscando. — Eu sei que você é um lobo, mas apenas isso?Lucian inclinou levemente a cabeça, um sorriso provocador brincando em seus lábios.— Você sabe que sou um lobo — ele repetiu lentamente, como se estivesse saboreando as palavras. Então, arqueou uma sobrancelha, os olhos dourados brilhando com algo perigoso. — Mas apenas isso?O coração de Ivy martelou forte. O tom dele era quase divertido, mas havia algo mais ali — algo sombrio, como se ele estivesse testando os limites dela.Ela estreitou os olhos, cruzando os braços com força.— Pare de enrolar e fale sério, Lucian. O que você é, de verdade?Ele não respondeu imediatamente. Apenas observou Ivy com um olhar intenso, como se decidisse o quanto poderia revelar. Então, inclinou-se ligeiramente para frente.— Você se lembra da vez em que
Lucian não disse nada.E o silêncio que se alongava entre eles era ainda mais pesado, denso.Ivy sentiu um arrepio percorrer sua pele enquanto encarava Lucian, esperando desesperadamente que ele dissesse algo, qualquer coisa, que confirmasse ou negasse o que estava óbvio diante dela.A mandíbula dele permaneceu travada, e os olhos dourados, sempre tão provocadores, agora pareciam sombrios, opacos, carregando um peso que Ivy não sabia nomear.O coração dela martelava forte.— Lucian — ela insistiu, a voz saindo mais baixa do que pretendia. — Você é imortal?Ele continuou olhando para ela, mas não respondeu novamente. Aquele silêncio foi pior do que qualquer resposta.Ivy sentiu um nó se formar em sua garganta. A realidade se desenrolava diante dela como um novelo de fios soltos, e cada peça se encaixava de um jeito assustador.Ivy nunca o vira doente. Ele nunca parecia fraco. O veneno letal que não o afetou. E todo o sangue que ele havia derramado, a adega que ela viu atravessando o se
Ivy olhou para Lucian, tentando decifrar o mistério por trás de seus olhos dourados. O coração dela ainda pulsava freneticamente no peito, sua mente girando com as revelações que ele acabara de fazer. Uma maldição. Uma existência entre a vida e a morte. O preço cruel que ele pagava para continuar vivendo.Mas havia algo que ainda a atormentava, uma dúvida cruel que a corroía por dentro. Ivy precisou reunir toda a sua coragem para perguntar:— Você... alguma vez roubou tempo de mim para se manter vivo?O rosto de Lucian endureceu, e um músculo em sua mandíbula se contraiu. Ele a olhou como se ela tivesse o poder de destruí-lo com aquela pergunta. Mas não respondeu.Aquela falta de resposta foi como um golpe no peito de Ivy. Ela deu um passo para trás, a dor atravessando-a como uma lâmina afiada.— Então... é verdade? Você usou a minha vida para prolongar a sua? — A voz dela saiu embargada, carregada de traição e mágoa.Lucian fechou os olhos por um momento, como se estivesse enfrentand
Lucian fechou os olhos assim que aquela revelação saiu dos seus lábios. Sua expressão se contorcendo em angústia.— Você acha que é fácil para mim? — Lucian continuou. — Carregar essa maldição, esse fardo? Eu me afastei de todos por tanto tempo, construí paredes tão altas para não machucar ninguém. Mas você... você foi a única pessoa que atravessou todas elas. Você me fez sentir... humano.Ivy engoliu em seco, as palavras dele atingindo-a com a força de uma tempestade. Lucian olhou para Ivy, a vulnerabilidade nua em seus olhos dourados. Ele queria tocá-la, queria segurá-la e prometer que nunca a machucaria de novo. Mas isso seria uma mentira. Ele era uma maldição ambulante, uma sombra que sugava a luz das coisas ao seu redor."Você é tão cheia de vida, Ivy... e eu sou o vazio que ameaça consumir tudo ao seu redor."Seu peito doía, apertado pelo medo de mais uma vez perder tudo, pelo medo de continuar desejando-a, sabendo que sua presença era um perigo constante para ela.E no meio de
Ivy acordou com a luz suave da manhã filtrando pelas cortinas. Seu corpo estava quente, envolto em um conforto que a fez suspirar antes mesmo de abrir os olhos. Mas, então, a realidade a atingiu como um golpe frio. Ela não estava sozinha.Ao virar a cabeça, o coração de Ivy parou. Lucian estava deitado ao lado dela, os cabelos bagunçados caindo sobre os olhos fechados, a expressão relaxada, quase serena. Ele parecia tão... humano. Tão vulnerável, completamente diferente do homem enigmático que a deixava em frangalhos.Ivy prendeu a respiração ao perceber que seus corpos estavam entrelaçados, suas pernas se tocando sob o lençol amassado. E, pior, ela estava completamente nua. O calor subiu por seu rosto, suas bochechas queimando com a lembrança do que haviam feito. De como havia se entregado, como havia desejado cada toque, cada sussurro, cada investida...— Eu sou uma idiota. — A realização a golpeou com força, o arrependimento se espalhando por seu peito.Ela o odiava. Ele a usara,
O rosto de Ivy ficou vermelho como nunca antes.Um calor insuportável subiu por seu pescoço até suas bochechas, seus olhos arregalados enquanto puxava o lençol, se enrolando freneticamente enquanto murmurava palavrões em um tom baixo e apressado.Lucian jogou a cabeça para trás, rindo com gosto, sua expressão completamente divertida enquanto a observava.— E você queria fugir... — Ele provocou, seus olhos brilhando com malícia. — Depois dessa, eu duvido que consiga ir muito longe.Ivy quis morrer. Se o chão abrisse naquele momento e a engolisse, seria um alívio. Mas, em vez disso, ficou ali, completamente mortificada enquanto Grace fechava a porta atrás de si, o sorriso nos lábios nunca desaparecendo.O que estava acontecendo? E como Grace estava ali... viva?Ivy puxou ainda mais o lençol contra seu corpo, o rosto ainda queimando de vergonha, enquanto tentava se recompor.Ela respirou fundo, tentando ignorar o riso contido de Lucian e o sorriso enigmático de Grace, que
Capítulo 85Aquela manhã estava fria e silenciosa enquanto Ivy seguia o guarda pela floresta. As árvores altas e retorcidas criavam sombras assustadoras sob a luz do sol crescente. Cada estalo de galho seco sob seus pés fazia seu coração disparar, mas ela não hesitava. Precisava saber o que aquele homem sabia sobre Ethan.O guarda caminhava à frente, seus passos rápidos e decididos. Ele não dizia nada, apenas gesticulou para que o seguisse, seus olhos atentos examinando o caminho à frente.Ivy apertou o seu vestido contra o corpo, tentando afastar o frio que vinha tanto daquela manhã quanto do medo crescente em seu peito.E se ele soubesse a verdade sobre tudo que aconteceu Ethan? E se tudo o que ela acreditava fosse uma mentira?Depois de alguns minutos de caminhada, eles chegaram a uma pequena cabana, escondida entre as árvores. As paredes de madeira estavam desgastadas pelo tempo, e a única janela estava quebrada, remendada com um pano velho.O guarda abriu a porta, e Ivy entrou
O vento cortante chicoteava o rosto de Ivy enquanto ela retornava à mansão, o corpo tenso e os pensamentos tumultuados. A revelação do guarda ecoava em sua mente como um trovão distante: Ethan não se matou. Alguém o fez parecer assim.A imagem de Lucian surgiu diante de seus olhos. Frio, calculista... e agora, possivelmente, cúmplice de um assassinato. Ivy sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela confiara nele. Por um breve momento, permitira-se acreditar que Lucian se importava. Que ele a protegeria. Mas ele estava escondendo a verdade.Os corredores de pedra da mansão estavam vazios quando Ivy entrou apressada, o coração batendo forte. Ela precisava confrontá-lo. Precisava de respostas.Ao virar o último corredor, parou de repente. Lucian estava lá, em escritório, de costas para ela, olhando pela janela alta que dava vista para a floresta. As mãos estavam cruzadas atrás das costas, e sua postura era rígida, como se carregasse um peso invisível.Ivy sentiu a raiva ferver dentro