Ivy acordou com a luz suave da manhã filtrando pelas cortinas. Seu corpo estava quente, envolto em um conforto que a fez suspirar antes mesmo de abrir os olhos. Mas, então, a realidade a atingiu como um golpe frio. Ela não estava sozinha.Ao virar a cabeça, o coração de Ivy parou. Lucian estava deitado ao lado dela, os cabelos bagunçados caindo sobre os olhos fechados, a expressão relaxada, quase serena. Ele parecia tão... humano. Tão vulnerável, completamente diferente do homem enigmático que a deixava em frangalhos.Ivy prendeu a respiração ao perceber que seus corpos estavam entrelaçados, suas pernas se tocando sob o lençol amassado. E, pior, ela estava completamente nua. O calor subiu por seu rosto, suas bochechas queimando com a lembrança do que haviam feito. De como havia se entregado, como havia desejado cada toque, cada sussurro, cada investida...— Eu sou uma idiota. — A realização a golpeou com força, o arrependimento se espalhando por seu peito.Ela o odiava. Ele a usara,
O rosto de Ivy ficou vermelho como nunca antes.Um calor insuportável subiu por seu pescoço até suas bochechas, seus olhos arregalados enquanto puxava o lençol, se enrolando freneticamente enquanto murmurava palavrões em um tom baixo e apressado.Lucian jogou a cabeça para trás, rindo com gosto, sua expressão completamente divertida enquanto a observava.— E você queria fugir... — Ele provocou, seus olhos brilhando com malícia. — Depois dessa, eu duvido que consiga ir muito longe.Ivy quis morrer. Se o chão abrisse naquele momento e a engolisse, seria um alívio. Mas, em vez disso, ficou ali, completamente mortificada enquanto Grace fechava a porta atrás de si, o sorriso nos lábios nunca desaparecendo.O que estava acontecendo? E como Grace estava ali... viva?Ivy puxou ainda mais o lençol contra seu corpo, o rosto ainda queimando de vergonha, enquanto tentava se recompor.Ela respirou fundo, tentando ignorar o riso contido de Lucian e o sorriso enigmático de Grace, que
Capítulo 85Aquela manhã estava fria e silenciosa enquanto Ivy seguia o guarda pela floresta. As árvores altas e retorcidas criavam sombras assustadoras sob a luz do sol crescente. Cada estalo de galho seco sob seus pés fazia seu coração disparar, mas ela não hesitava. Precisava saber o que aquele homem sabia sobre Ethan.O guarda caminhava à frente, seus passos rápidos e decididos. Ele não dizia nada, apenas gesticulou para que o seguisse, seus olhos atentos examinando o caminho à frente.Ivy apertou o seu vestido contra o corpo, tentando afastar o frio que vinha tanto daquela manhã quanto do medo crescente em seu peito.E se ele soubesse a verdade sobre tudo que aconteceu Ethan? E se tudo o que ela acreditava fosse uma mentira?Depois de alguns minutos de caminhada, eles chegaram a uma pequena cabana, escondida entre as árvores. As paredes de madeira estavam desgastadas pelo tempo, e a única janela estava quebrada, remendada com um pano velho.O guarda abriu a porta, e Ivy entrou
O vento cortante chicoteava o rosto de Ivy enquanto ela retornava à mansão, o corpo tenso e os pensamentos tumultuados. A revelação do guarda ecoava em sua mente como um trovão distante: Ethan não se matou. Alguém o fez parecer assim.A imagem de Lucian surgiu diante de seus olhos. Frio, calculista... e agora, possivelmente, cúmplice de um assassinato. Ivy sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela confiara nele. Por um breve momento, permitira-se acreditar que Lucian se importava. Que ele a protegeria. Mas ele estava escondendo a verdade.Os corredores de pedra da mansão estavam vazios quando Ivy entrou apressada, o coração batendo forte. Ela precisava confrontá-lo. Precisava de respostas.Ao virar o último corredor, parou de repente. Lucian estava lá, em escritório, de costas para ela, olhando pela janela alta que dava vista para a floresta. As mãos estavam cruzadas atrás das costas, e sua postura era rígida, como se carregasse um peso invisível.Ivy sentiu a raiva ferver dentro
Ivy estava sozinha no quarto, sentada na beira da cama com a pasta pesada em seu colo. A capa de couro estava gasta, mostrando sinais de anos de manuseio, e os papéis lá dentro estavam amarelados, cheios de anotações apressadas e manchas que pareciam lágrimas borradas.Seu coração batia rápido enquanto abria a pasta, as mãos trêmulas. Ela não tinha certeza se queria saber o que estava ali, mas precisava descobrir a verdade.A primeira página continha o relatório da morte de Ethan. O papel oficial descrevia o caso como suicídio, detalhando a cena da masmorra onde ele foi encontrado.Ivy sentiu um nó na garganta ao ler aquelas palavras frias e impessoais. Mas então, algo chamou sua atenção.No canto do relatório, uma anotação à mão. A caligrafia era familiar – forte e angular, definitivamente de Lucian: "Inconsistências na cena. Acessos restritos violados. Medalhão desaparecido."Seu coração quase parou. — Ele sabia. Ele soube desde o início que algo estava errado. — Ivy murmurou em v
O silêncio na sala se tornou insuportável, pesado com todas as palavras não ditas e as verdades que finalmente vieram à tona. Ivy sentia o coração acelerado, a dor da traição ainda queimando em seu peito enquanto encarava Lucian, que permanecia imóvel à sua frente, os ombros curvados sob um peso invisível.Ela apertou a pasta contra o peito, como se aquilo pudesse protegê-la da enxurrada de emoções que ameaçava derrubá-la. As palavras vinham amargas em sua garganta, mas ela as empurrou para fora mesmo assim:— Você sabia... — Sua voz falhou, os olhos ardendo com lágrimas não derramadas. — Você sabia de tudo isso... e nunca me contou.Lucian levantou o olhar, e Ivy foi pega pela dor crua em seus olhos. Não era o olhar frio e calculista do Alfa implacável. Era o olhar de um homem quebrado, carregando uma culpa que o consumia.— No começo... eu não sabia. — ele murmurou, a voz rouca, como se cada palavra lhe custasse um pedaço da alma. — Quando Ethan... quando ele se foi, eu não fazia i
O silêncio dentro da mansão era absoluto, mas dentro de Ivy, o caos rugia. Ela ainda sentia que estava noescritório de Lucian, o lugar que ficou impregnado com o peso das palavras que ele dissera. Ela não queria ouvir. Não queria aceitar. Então fugira dali, como se pudesse escapar da verdade.Ela se refugiou no jardim, no canto mais afastado, onde as sombras das árvores pareciam engolir o mundo. O ar frio daquele fim de tarde, tocava sua pele, mas ela mal sentia. Seu peito subia e descia, o lobo dentro dela inquieto, clamando por algo que ela se recusava a dar nome."Eu te quero, Ivy." Ivy queria responder a Lucian que o ele achava sentir, era porque o vínculo o obrigava. Não porque ela havia tirou o chão dele desde o primeiro dia, como ele havia feito com o dela.Mesmo assim, as palavras de Lucian se repetiam, quebrando as barreiras que ela erguera. O pior era que, no fundo, ela sabia. Sabia que já não podia mais negar o que sentia. Mas aceitar isso significava abrir mão de todas
A noite era deles. Pela primeira vez, sem barreiras, sem medo, sem fugas. Ivy sentia o toque de Lucian como se fosse a única coisa real no mundo, como se estivesse queimando e sendo salva ao mesmo tempo. Os lábios dele eram firmes e famintos contra os seus, e cada gesto, cada suspiro, parecia carregar tudo o que haviam reprimido por tanto tempo.No silêncio da mansão, entre lençóis amassados e respirações entrecortadas, Ivy sentiu que, finalmente, havia encontrado um lugar onde pertencia. Lucian a segurava como se nunca fosse deixá-la ir, sussurrando promessas que ela queria desesperadamente acreditar.— Não há mais volta, Ivy — ele murmurou contra sua pele, os olhos intensos cravados nos dela. — Você sabe disso, certo?Ela soube. E, pela primeira vez, permitiu-se não ter medo.E se seguiu assim a noite inteira.Na manhã seguinte, quando o sol já filtrava-se pelas cortinas, lançando um brilho dourado sobre o quarto, Ivy despertou devagar, sentindo o calor ao seu lado, o corpo de L