Lucian não respondeu, mas seus olhos percorreram o rosto de Ivy, como se estivesse tentando absorver cada detalhe.Os olhos dele brilhavam sob a luz suave que vinha da janela, a intensidade de seu olhar perfurando a alma de Ivy. Ele estava ali, tão real quanto a dor que ela carregava no peito, tão sólido quanto as lembranças que a atormentavam.Ivy deu um passo à frente, seus pés descalços tocando o chão frio, o coração disparando no peito.Ela piscou novamente, esperando que sua mente estivesse pregando uma peça cruel, mas Lucian não desapareceu. Ele continuava parado, imóvel, o rosto sério, as sombras dançando em suas feições angulosas.— Você... você está aqui? — A voz dela saiu trêmula, um sussurro impregnado de incredulidade e esperança.Lucian não respondeu de imediato. Seus olhos escuros se moveram lentamente, percorrendo o rosto de Ivy, depois descendo pela camisa larga que ela usava – sua camisa. Uma onda de emoções passou por seu olhar, rápidas demais para serem identificad
Ivy encarou Lucian profundamente. O seu peito subia e descia com a respiração acelerada, a frustração e a raiva fervilhando dentro dela.— Pare de brincar comigo, Lucian! — ela explodiu, os olhos faiscando. — Eu sei que você é um lobo, mas apenas isso?Lucian inclinou levemente a cabeça, um sorriso provocador brincando em seus lábios.— Você sabe que sou um lobo — ele repetiu lentamente, como se estivesse saboreando as palavras. Então, arqueou uma sobrancelha, os olhos dourados brilhando com algo perigoso. — Mas apenas isso?O coração de Ivy martelou forte. O tom dele era quase divertido, mas havia algo mais ali — algo sombrio, como se ele estivesse testando os limites dela.Ela estreitou os olhos, cruzando os braços com força.— Pare de enrolar e fale sério, Lucian. O que você é, de verdade?Ele não respondeu imediatamente. Apenas observou Ivy com um olhar intenso, como se decidisse o quanto poderia revelar. Então, inclinou-se ligeiramente para frente.— Você se lembra da vez em que
Lucian não disse nada.E o silêncio que se alongava entre eles era ainda mais pesado, denso.Ivy sentiu um arrepio percorrer sua pele enquanto encarava Lucian, esperando desesperadamente que ele dissesse algo, qualquer coisa, que confirmasse ou negasse o que estava óbvio diante dela.A mandíbula dele permaneceu travada, e os olhos dourados, sempre tão provocadores, agora pareciam sombrios, opacos, carregando um peso que Ivy não sabia nomear.O coração dela martelava forte.— Lucian — ela insistiu, a voz saindo mais baixa do que pretendia. — Você é imortal?Ele continuou olhando para ela, mas não respondeu novamente. Aquele silêncio foi pior do que qualquer resposta.Ivy sentiu um nó se formar em sua garganta. A realidade se desenrolava diante dela como um novelo de fios soltos, e cada peça se encaixava de um jeito assustador.Ivy nunca o vira doente. Ele nunca parecia fraco. O veneno letal que não o afetou. E todo o sangue que ele havia derramado, a adega que ela viu atravessando o se
Ivy olhou para Lucian, tentando decifrar o mistério por trás de seus olhos dourados. O coração dela ainda pulsava freneticamente no peito, sua mente girando com as revelações que ele acabara de fazer. Uma maldição. Uma existência entre a vida e a morte. O preço cruel que ele pagava para continuar vivendo.Mas havia algo que ainda a atormentava, uma dúvida cruel que a corroía por dentro. Ivy precisou reunir toda a sua coragem para perguntar:— Você... alguma vez roubou tempo de mim para se manter vivo?O rosto de Lucian endureceu, e um músculo em sua mandíbula se contraiu. Ele a olhou como se ela tivesse o poder de destruí-lo com aquela pergunta. Mas não respondeu.Aquela falta de resposta foi como um golpe no peito de Ivy. Ela deu um passo para trás, a dor atravessando-a como uma lâmina afiada.— Então... é verdade? Você usou a minha vida para prolongar a sua? — A voz dela saiu embargada, carregada de traição e mágoa.Lucian fechou os olhos por um momento, como se estivesse enfrentand
— Não importa o que aconteça, Ivy, eles já nos condenaram. O único consolo que me resta é que, ao menos, estaremos juntos até o fim.Os corredores escuros da masmorra vibravam com o eco da voz de Ethan e das gotas d'água que caíam das paredes frias de pedra.Ivy estava sentada contra a parede, o metal gélido das correntes apertando seus pulsos e tornozelos. Ela havia perdido a noção do tempo ali dentro. Dois anos pareciam uma eternidade, um ciclo interminável de escuridão, fome e silêncio quebrado apenas pelos gemidos baixos de dor de seu irmão preso na cela ao lado.— Juntos até o fim, sim. — Ivy finalmente responde. — Mas isso não significa que vamos morrer sem lutar.Ethan não tivera tempo de rebater a resposta coberta de resignação e coragem de sua irmã, porque no mesmo instante, surgiu uma luz no fundo do corredor. A luz fraca das tochas iluminava os passos calculados de Lucian, o alfa. Ele era uma figura intimidante, com ombros largos e olhos que pareciam queimar de raiva ete
Ivy tentou resistir, lutar contra as sensações que inundavam seu corpo. O cheiro de Lucian parecia invadir cada fibra de seu ser, enquanto a conexão que surgia entre eles pulsava como uma corda apertada ao redor de seu coração. Ela sentia o peso de sua fome, de sua fraqueza.E o seu corpo acabou por ceder, desabando como se finalmente estivesse entregando tudo o que tinha lutado para segurar nos últimos anos. As correntes em seus pulsos tilintaram quando ela caiu no chão de pedra, seu cabelo rubro se espalhando ao redor de seu rosto pálido.Antes que possa apagar completamente, Ivy sente braços fortes e calorosos amparando sua queda. Aquele toque, aquele calor enviam conjuntos de faíscas sobre todo o seu corpo frágil, a deixando ainda mais desnorteada. Lucian reage antes que qualquer outro pudesse se mover. Em um movimento rápido, ele a segurou antes que seu corpo atingisse o chão completamente. Sua mão firme a amparou, mas o toque fez o laço entre eles pulsar ainda mais forte. Era
Ivy emergiu, tossindo e completamente furiosa. Seus cabelos molhados grudaram no rosto enquanto ela o encarava com ódio puro.— Você é um tirano! Um monstro!— E você é teimosa. — Lucian cruzou os braços, observando-a com uma calma que só a irritou mais. — Agora, faça o que pedi, ou a próxima vez não será tão gentil.Ele saiu do banheiro antes que ela pudesse dizer outra palavra, deixando-a sozinha, molhada e cheia de raiva, mas sem opções. Ivy jurou que ele não venceria, mesmo que tivesse que lutar com cada fibra do seu ser.Ciente de que naquela altura do tempo, lutar contra Lucian seria uma imensa perca de tempo e ela precisava fazer o que ele ordenara, até certo ponto, para assim conseguir notícias do seu irmão, Ivy mergulha completamente.Não sabia que precisava de um banho e que se sentia tão suja até o momento em que saiu da banheira e se secou completamente. Se sentiu melhor, e um pouco mais determinada. Esticando as mãos, ela encontrou um vestido azul celeste ao lado do biomb
Ivy estava presa no grande salão, e naquele instante, tudo que ela desejava era desaparecer entre as sombras. O espaço era amplo, com paredes de pedra e tetos altos que amplificavam cada som, mas para ela, parecia sufocante. Porque ela sempre soubera que não era bem-vinda, e a hostilidade estava presente em toda a atmosfera.Principalmente naquele instante, quando aquela loba avançou suas garras afiadas contra ela, os olhos prateados e cobertos por um ódio cego e latente.O movimento foi rápido demais para Ivy reagir, e a garra daquela loba rasgou sua bochecha antes mesmo que ela pudesse chamar por sua loba. Aquela fêmea parece disposta a continuar com seu golpe e Ivy sente seu sangue gelar, porque percebe que não teria chance alguma contra ela. Principalmente com a situação deplorável e fraqueza que seu corpo se encontrava.— Você é tão covarde quanto os fracassados dos seus pais. — A loba volta a rosnar e se prepara para atacar Ivy novamente, que só desvia os olhos e espera pelo gol