Lucian sequer hesitou.Assim que os rebeldes avançaram sobre o altar, ele saltou na frente de Ivy, suas garras surgindo enquanto um rosnado animalesco escapava de seus lábios. Seus olhos brilhavam com uma fúria implacável, o lobo dentro dele à beira de se libertar.— Traidores... — Lucian rosnou, a voz baixa e mortal.E foi então que Ivy encarou Feroz parado no meio do caos, um sorriso frio nos lábios e os braços cruzados diante do peito. Seus olhos brilhavam com um brilho cruel enquanto observava a destruição ao redor como se fosse um espetáculo criado apenas para ele.— Você... — Lucian murmurou, a voz carregada de incredulidade e raiva.Ferox arqueou as sobrancelhas, fingindo surpresa. — O que foi, alfa? Esperava lealdade? Depois de tomar tanto dessa gente? Você é ainda mais ingênuo do que pensei.Lucian cerrou os punhos, os músculos tremendo de fúria. — Você se aliou aos rebeldes...— Alguém precisava dar o golpe final. — Ferox sorriu, um brilho perverso dançando em seus olhos.
— Lucian, por favor... fique comigo... — Ivy continuava a sussurrar, sua voz embargada, o rosto molhado de lágrimas. — Eu... eu preciso de você...O peito de Lucian subiu e desceu em um suspiro fraco, seus olhos se fixando nos de Ivy por um breve momento. Ela viu uma centelha de emoção neles – algo profundo, algo que ele nunca conseguiu dizer em palavras.Mas então, seus olhos começaram a fechar.— Não... Lucian! — Ivy o balançou, desesperada. — Não feche os olhos! Fique comigo!Mas a vida estava escapando dele, lentamente, cruelmente. O som da batalha ao redor desapareceu, o mundo de Ivy se fechando em um vazio escuro e frio.Ela continuou chamando por ele, segurando-o com todas as forças, recusando-se a acreditar que o perderia. Mas mesmo assim, o peito de Lucian ficou imóvel, sua pele perdendo a cor, e a dor no coração de Ivy se tornou insuportável.Tudo o que ela conhecia, tudo o que tinha, estava escapando por entre seus dedos, junto com a vida do homem que aprendeu a amar.Ivy
Ivy ficou ali, imóvel, encarando o que restava do santuário. A poeira ainda pairava no ar, misturando-se com o cheiro de pedra queimada e sangue. Tudo estava destruído – o que antes era um local sagrado agora não passava de ruínas e cinzas. O eco da explosão ainda retumbava em seus ouvidos, e sua mente se recusava a aceitar o que tinha acabado de acontecer.— Não. Não tenho tempo para ficar parada. — Ivy falou de repente, se levantando em meios aos destroços e sua dor. — Não posso ficar quando tantos precisavam de ajuda. Não quando Lucian... — Ela engoliu em seco, incapaz de continuar.Um nó doloroso apertou sua garganta, mas Ivy o empurrou para o fundo de sua mente. Ela precisava se concentrar.Respirando fundo, forçou-se a ficar ereta, apesar da dor nas costelas. Seu corpo doía de forma lancinante, mas a necessidade de ajudar era maior.Principalmente porque ao olhar ao redor, percebeu que sobreviventes gemiam, enquanto inúmeros feridos estavam espalhados pelo campo de batalha. Al
Lucian não respondeu, mas seus olhos percorreram o rosto de Ivy, como se estivesse tentando absorver cada detalhe.Os olhos dele brilhavam sob a luz suave que vinha da janela, a intensidade de seu olhar perfurando a alma de Ivy. Ele estava ali, tão real quanto a dor que ela carregava no peito, tão sólido quanto as lembranças que a atormentavam.Ivy deu um passo à frente, seus pés descalços tocando o chão frio, o coração disparando no peito.Ela piscou novamente, esperando que sua mente estivesse pregando uma peça cruel, mas Lucian não desapareceu. Ele continuava parado, imóvel, o rosto sério, as sombras dançando em suas feições angulosas.— Você... você está aqui? — A voz dela saiu trêmula, um sussurro impregnado de incredulidade e esperança.Lucian não respondeu de imediato. Seus olhos escuros se moveram lentamente, percorrendo o rosto de Ivy, depois descendo pela camisa larga que ela usava – sua camisa. Uma onda de emoções passou por seu olhar, rápidas demais para serem identificad
Ivy encarou Lucian profundamente. O seu peito subia e descia com a respiração acelerada, a frustração e a raiva fervilhando dentro dela.— Pare de brincar comigo, Lucian! — ela explodiu, os olhos faiscando. — Eu sei que você é um lobo, mas apenas isso?Lucian inclinou levemente a cabeça, um sorriso provocador brincando em seus lábios.— Você sabe que sou um lobo — ele repetiu lentamente, como se estivesse saboreando as palavras. Então, arqueou uma sobrancelha, os olhos dourados brilhando com algo perigoso. — Mas apenas isso?O coração de Ivy martelou forte. O tom dele era quase divertido, mas havia algo mais ali — algo sombrio, como se ele estivesse testando os limites dela.Ela estreitou os olhos, cruzando os braços com força.— Pare de enrolar e fale sério, Lucian. O que você é, de verdade?Ele não respondeu imediatamente. Apenas observou Ivy com um olhar intenso, como se decidisse o quanto poderia revelar. Então, inclinou-se ligeiramente para frente.— Você se lembra da vez em que
Lucian não disse nada.E o silêncio que se alongava entre eles era ainda mais pesado, denso.Ivy sentiu um arrepio percorrer sua pele enquanto encarava Lucian, esperando desesperadamente que ele dissesse algo, qualquer coisa, que confirmasse ou negasse o que estava óbvio diante dela.A mandíbula dele permaneceu travada, e os olhos dourados, sempre tão provocadores, agora pareciam sombrios, opacos, carregando um peso que Ivy não sabia nomear.O coração dela martelava forte.— Lucian — ela insistiu, a voz saindo mais baixa do que pretendia. — Você é imortal?Ele continuou olhando para ela, mas não respondeu novamente. Aquele silêncio foi pior do que qualquer resposta.Ivy sentiu um nó se formar em sua garganta. A realidade se desenrolava diante dela como um novelo de fios soltos, e cada peça se encaixava de um jeito assustador.Ivy nunca o vira doente. Ele nunca parecia fraco. O veneno letal que não o afetou. E todo o sangue que ele havia derramado, a adega que ela viu atravessando o se
Ivy olhou para Lucian, tentando decifrar o mistério por trás de seus olhos dourados. O coração dela ainda pulsava freneticamente no peito, sua mente girando com as revelações que ele acabara de fazer. Uma maldição. Uma existência entre a vida e a morte. O preço cruel que ele pagava para continuar vivendo.Mas havia algo que ainda a atormentava, uma dúvida cruel que a corroía por dentro. Ivy precisou reunir toda a sua coragem para perguntar:— Você... alguma vez roubou tempo de mim para se manter vivo?O rosto de Lucian endureceu, e um músculo em sua mandíbula se contraiu. Ele a olhou como se ela tivesse o poder de destruí-lo com aquela pergunta. Mas não respondeu.Aquela falta de resposta foi como um golpe no peito de Ivy. Ela deu um passo para trás, a dor atravessando-a como uma lâmina afiada.— Então... é verdade? Você usou a minha vida para prolongar a sua? — A voz dela saiu embargada, carregada de traição e mágoa.Lucian fechou os olhos por um momento, como se estivesse enfrentand
— Não importa o que aconteça, Ivy, eles já nos condenaram. O único consolo que me resta é que, ao menos, estaremos juntos até o fim.Os corredores escuros da masmorra vibravam com o eco da voz de Ethan e das gotas d'água que caíam das paredes frias de pedra.Ivy estava sentada contra a parede, o metal gélido das correntes apertando seus pulsos e tornozelos. Ela havia perdido a noção do tempo ali dentro. Dois anos pareciam uma eternidade, um ciclo interminável de escuridão, fome e silêncio quebrado apenas pelos gemidos baixos de dor de seu irmão preso na cela ao lado.— Juntos até o fim, sim. — Ivy finalmente responde. — Mas isso não significa que vamos morrer sem lutar.Ethan não tivera tempo de rebater a resposta coberta de resignação e coragem de sua irmã, porque no mesmo instante, surgiu uma luz no fundo do corredor. A luz fraca das tochas iluminava os passos calculados de Lucian, o alfa. Ele era uma figura intimidante, com ombros largos e olhos que pareciam queimar de raiva ete