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06. A profecia finalmente é revelada

POV: Elara

Eu já estava farta de tudo aquilo.

Enfurecida, saí do quarto e fui correndo para Draven, que caminhava tranquilamente apesar de nossa discussão tensa segundos atrás:

— O que são essas marcas? — perguntei, segurando meu próprio pulso com força.

Draven ficou em silêncio por um longo momento.

— Responda! Estou aqui como sua refém, apesar de você insistir que não é o caso, mas eu quase morri há pouco tempo atrás e agora ISSO apareceu!

Como se algum feitiço houvesse sido recitado, as marcas começaram a desbotar e desvanecer. Minha pele agora estava lisa novamente. Arfei e encarei minhas duas mãos, apenas para confirmar que realmente tinham desaparecido.

— Você não deveria tê-las ainda.

Minhas sobrancelhas se uniram em uma expressão de pura frustração.

— Isso não responde minha pergunta! — Dei um passo à frente. — Você disse aos outros dragões que eu fazia parte de uma profecia. E até agora não me explicou nada sobre isso. Exijo que me responda!

Não havia diversão em seus olhos quando o Rei finalmente me respondeu:

— A verdade pode ser um fardo pesado demais, Elara.

Era a primeira vez que ele dizia o meu nome. Apesar de tudo, amei o som que saiu de sua garganta ao pronunciá-lo…

Antes que minha expressão facial vacilasse, refutei:

— Engraçado, porque o peso da ignorância já está me esmagando!

O músculo em seu maxilar se contraiu, e percebi que ele estava segurando sua própria irritação.

— Então tudo bem. Mas esteja ciente de que, uma vez que eu começar, não há como voltar atrás.

Engoli em seco, mas mantive a postura.

— Eu não quero voltar atrás.

Draven me avaliou por um instante, como se estivesse considerando se deveria mesmo me contar. Então, ele soltou outro suspiro, passando uma das mãos pelos cabelos escuros.

— Venha comigo.

Mais uma vez, me senti oprimida entre as paredes do palácio do rei Dracônico. Alguns dos olhares dos passantes havia mudado; era mais curiosidade que julgamento. Claro que ainda tinha aqueles que só faltavam me devorar de tanto ódio explícito.

Chegamos a um salão cavernoso, bem espaçoso e cheio de quinquilharias que eu conhecia bem: livros de magia, guias de herbalismos, cristais, objetos astronômicos… e, bem no meio de tudo, destoando do ambiente, uma enorme piscina de lava fervente.

Cheguei perto, mas não muito. A punição do fogo havia me deixado com mais medo ainda de qualquer tipo de calor.

Como se observasse um lago cristalino enquanto pensava nas melhores palavras, Draven finalmente começou:

— Essa profecia foi recitada a mim muitas vezes — sua voz estava mais baixa, mas ainda carregada de autoridade. — Eu me lembro de todas as palavras de cor.

Fiquei em silêncio, esperando que ele continuasse.

Seus olhos se encontraram com os meus, intensos e cheios de segredos.

— Sob a última lua vermelha, o fogo devorará o sangue real. Da morte surgirá a escolhida, destinada a unir ou destruir. O coração do rei de chamas despertará, mas sua escolha decidirá o futuro. Se aceitar o destino, os dragões renascerão. Se o rejeitar, a eternidade será seu fardo."

O silêncio que se seguiu foi esmagador.

Meu corpo inteiro se retesou. Eu senti um arrepio percorrer minha espinha.

— O fogo devorará o sangue real… — minha voz saiu trêmula. — Eu sou de sangue real.

Draven não respondeu. Mas ele também não precisou.

Minha respiração ficou presa na garganta.

— Então… a profecia fala de mim?

Ele desviou o olhar, o maxilar travado.

— Ainda não sabemos.

— Ainda não sabem?! — Exclamei, sentindo uma onda de indignação tomar conta de mim. — Eu fui queimada viva! Eu deveria estar morta! Então foi isso o que quis fazer, não foi? Me testar.

Coloquei as mãos na cabeça e comecei a andar de um lado para o outro.

Apesar de aquilo fazer certo sentido, era muito difícil de acreditar. Eu, sendo parte de uma profecia dracônica?

Antes que ele pudesse responder, um novo som interrompeu nossa conversa.

A porta da câmara se abriu, e Kael entrou sem cerimônia, os olhos dourados dançando entre mim e Draven.

— Espero não estar interrompendo um momento intenso — ele disse com um meio sorriso, embora sua postura mostrasse que ele sabia exatamente o que estava acontecendo.

Draven apenas suspirou, parecendo cansado.

— O que você quer, Kael?

O meio-dragão inclinou a cabeça.

— Ouvi o rei finalmente mencionando a profecia. Tive que ver com meus próprios olhos.

Me virei para ele, ainda processando tudo.

— Você sabe sobre isso também?

Kael me lançou um olhar divertido.

— Todo mundo sabe. Pelo menos, todo mundo que importa.

Cruzei os braços.

— Mas ninguém achou necessário me contar.

— Claro que não — ele deu de ombros. — Draven nunca foi fã de dividir segredos.

O rei lançou um olhar mortal a Kael, que apenas riu baixinho.

— Isso não é uma brincadeira.

— Eu sei. Mas você precisa admitir que deixar a garota no escuro não foi a melhor decisão.

Draven cerrou os dentes, mas não retrucou.

O meio-dragão então se virou para mim, seu olhar agora mais sério.

— Quer saber por que todo mundo conhece essa profecia? Porque é a base da nossa história. A última lua vermelha apareceu cem anos atrás… e foi quando tudo mudou para os dragões.

Meu coração deu um salto.

— Cem anos atrás?

Ele assentiu.

— Foi quando o rei anterior morreu. E quando os humanos traíram os dragões.

Engoli em seco. Isso era muita informação para processar de uma vez.

— E onde você se encaixa nisso tudo? — perguntei, tentando entender.

Kael sorriu de lado, seu olhar ficando ligeiramente melancólico.

— Eu sou apenas alguém que nasceu no meio do caos. Meio humano, meio dragão. Nunca fui totalmente aceito por nenhum dos lados. Mas Draven… ele me deu um lar.

Fiquei surpresa. Não esperava que os dois tivessem uma história tão profunda.

— Então vocês são amigos?

Kael riu, lançando um olhar para Draven.

— Eu gosto de pensar que sim. Ele gosta de pensar que eu sou uma pedra no sapato.

Draven revirou os olhos, mas não negou.

— Kael é meu guerreiro mais leal.

O meio-dragão sorriu com satisfação.

— Agora você está me elogiando? Isso é o que chamaria de um dia histórico.

A tensão no ar diminuiu um pouco com a brincadeira, mas minha mente ainda estava presa à profecia.

E antes que eu pudesse pressionar Draven por mais respostas, a porta foi aberta de maneira brusca.

— ISSO É UMA FARSA!

Eu me virei a tempo de ver Lysara entrando, os olhos ardendo em fúria.

— Essa humana não é a escolhida!

Apontando para si mesma com certo orgulho, apesar de pânico nas feições, ela disse algo que eu definitivamente não esperava ouvir:

— EU sou!

Kael e Draven se olharam, totalmente confusos. Lysara avançou, seus olhos brilhando com uma mistura de raiva e certeza absoluta.

— Essa profecia sempre falou sobre mim. Não sobre ela!

Meus olhos encontraram os de Draven, esperando alguma reação.

Mas, pela primeira vez, ele parecia verdadeiramente… surpreso.

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