Manhattan, 31 de Abril 2021
Olhei para a garota pálida a minha frente, seus olhos pretos estavam mais assustados que nunca, seus dedos mexiam em seus cabelos loiros que iam pouco abaixo do ombro demostrando o quanto ela estava nervosa com a situação. Estávamos na sala de reuniões do meu pai, e ele, como sempre em sua cadeira de "chefe" e ao seu lado estava Jimmy, sócio de meu pai. - Papai, você não pode fazer isso comigo! Sabe que eu não quero me casar agora, muito menos com Allan, ele é meu melhor amigo!. A garota implorou à Jimmy que apenas revirou os olhos não se importando com os apelos de sua filha. - Já está feito, vocês têm 4 anos para nos dar um herdeiro, então o melhor a se fazer é casar logo para vocês tentarem o quanto antes! Essa foi a resposta fria de Jimmy e eu me segurei na cadeira para não mandá-lo se f..... junto com meu pai e essa palhaçada toda de "herdeiros de sangue". A garota simplesmente se desabou ao choro e eu mais uma vez tive que me controlar para não abraçá-la, eu estava tão apavorado quanto ela com essa situação. Eu não era homem de uma mulher só, eu gostava de dizer que não pegava figurinha repetida, talvez isso faça de mim um canalha, más é assim que são os homens dessa família, isso até que você seja encoleirado a um casamento arranjado como no meu caso, era um acordo que fossemos fieis à nossas esposas, até porque "se não formos fiéis a quem dorme do nosso lado, não somos signos da confiança de ninguém". Nao tem como não concordar com esse lema. - Podemos aliviar as coisas, já que temos 4 anos, deixe agente viver nossos últimos 3 anos de solteiros como bem quisermos, só então nos casaremos e daremos o herdeiro. - Eu disse e vi os olhos da garota se aliviarem com minha proposta. - É muito arriscado, você sabe que seu futuro está em jogo, se não me der um herdeiro em 4 anos, perderá toda a herança comigo. - Foi meu pai quem falou, eu sabia que era arriscado, más eu queria correr o risco e acho que a Dee merecia essa chance também. - Acho que estou disposto a correr esse risco. - Confirmei minha decisão e pude ver Dee relaxar instantaneamente em sua cadeira. - Eu concordo com o Allan, já que seremos obrigados a se casar, nos dê pelo menos mais esses 3 anos para nos acostumarmos com a ideia. -Dee sorria insistivamente ansiosa pela aprovação paterna. - 3 ano e nada mais que isso! - Por fim Jimmy e meu pai concordaram em ceder a nós esse tempo. Pude finalmente relaxar, Dee também parecia ter tirado um peso de suas costas também. - Obrigada. -Ao final da reunião ela se aproximou de mim e me abraçou como sempre fazia, a abracei de volta e sorri. Ela era filha do sócio do meu pai então crescemos juntos, ela sempre estava nos eventos da família e nos tornamos melhores amigos, a ponto de eu saber do lance que ela tinha com meu irmão caçula Brayn. Eu não queria fazer isso com eles más eu sabia que deveria cumprir com minhas obrigações, porém, adiaria o máximo que eu pudesse. - Sabe que não poderemos evitar o inevitável não é? -Não pude deixar de lembrá-la, mesmo sabendo que nenhum de nós gostaríamos de estar naquela situação. - Eu vou dar um jeito, eu juro, 3 anos serão suficientes para eu dar um jeito nessa situação!- Ela estava certa de que conseguiria mudar as coisas, então eu confiaria nela, eu sabia que ela conseguia ser bem teimosa quando queria.Rio de Janeiro, 2024 "Era meu aniversário de 18 anos, mamãe sabia que eu era reservada e não ligava para festas, más ela insistiu em fazer e ela organizou tudo, a festa teria sido incrível, más em cima da hora ela precisou correr para buscar o bolo, já que ligaram avisando que não poderiam fazer a entrega. Os convidados já estavam na nossa casa, ela ficou tão nervosa com a ligação em cima da hora que saiu correndo para o carro e não olhou a rua antes de atravessar. Eu estava sentada conversando com umas amigas do colégio quando a vi sair às pressas, não demorou muito e ouvimos o som. Corremos todos para fora e ela estava caída na calçada de uma casa à alguns metros de distância, escorria s.... da sua cabeça e quando eu cheguei até ela seus olhos antes verdes e vivos, agora estavam vítreos e sem vida, seus cabelos loiros estavam manchados de san... A pancada foi muito forte, ela morreu na hora". Acordei suando frio, como de costume algumas lágrimas escorriam de meu rosto, iam
Rio de Janeiro, 2024 Estava sentado em uma mesa afastada de um restaurante no Rio de Janeiro, Há alguns meses a filha do sócio do meu pai me ligou avisando que tinha encontrado uma solução para o nosso problema, o que eu achei impossível, mandei alguns de meus homens vir ver o que ela tinha conseguido e eles voltaram para NY com a foto de uma morena radiante. Decidi que viria por conta própria ver o que ela tinha aprontado dessa vez. Não demorou muito até que uma mulher incrível de longos fios ruivos entrou pela porta do restaurante e desfilou até minha mesa, se eu não a conhecesse há anos eu não teria a reconhecido, os fios ruivos combinaram muito bem com ela. — Allanzinho!... — Ela nunca mudava, simplesmente se jogou nos meus braços me apertando o mais forte que ela conseguia. — Uau, você está incrível. — Você também não está nada mal, e pelo que vejo acho que não tem mais nenhuma parte do seu corpo sem tatuagens. — Ela olhava para minhas mãos q
Rio de Janeiro, 2024 Meu pé ainda estava doendo um pouco, só Maddie pra ser tão desastrada e quebrar algo de vidro justo em cima do meu pé, mesmo assim me obrigue a calçar um salto alto para minha colação de grau, até porque, não é todos os dias que eu me formo em Administração e secretariado pela UFRJ. Maddie tinha feito uma maquiagem fraca em mim, ela sabia que eu gostava de valorizar a beleza natural. Ela praticamente me obrigou a usar um de seus vestidos preto, eu não importei muito pois o conjunto de Beca tamparia qualquer roupa que eu estivesse por baixo.Maddie estava radiante em seu vestido verde musgo que era igualmente lindo A colação de grau foi cansativa como todas, porém eu estava finalmente formada e saber que esse era meu último dia na Universidade me fez comemorar internamente. — Se eu soubesse que uma colação de grau era tão cansativa e demorada juro que teria colocado uma sapatilha no lugar desses saltos. — Maddie revirou os olhos do meu comentário
— Aí! Gritei assim que tentei abrir os olhos, e uma dor terrível invadiu minha cabeça . — Toma, beba isso. — Reconheci a voz de Maddie, eu ainda estava de olhos fechados pela dor, ela colocou um comprimido na minha boca e me deu um copo com água , engoli o comprimido e senti Maddie deitar minha cabeça em seu colo, me deixei levar pela calma de um cafuné e acabei adormecendo de novo. Quando acordei já não estava mais com tanta dor assim, consegui abri os olhos normalmente, eu não estava no meu quarto, eu estava em uma cama, más com certeza não era a minha e nem a do quarto de Maddie em meu apartamento. — Maddie! — Chamei assim que sai e dei de cara com um corredor luxuoso, eu não fazia ideia de que horas eram ou de aonde eu estava. — Bom Dia senhorita Miller, quer que eu a leve até seus amigos? — Uma mulher de meia idade muito elegante e educada apareceu vestida de comissária. — Eu sou a Hanna, pode me levar até Maddie, por favor. — Ela sorriu doce
Hanna. Depois do episódio meio estranho no jatinho do pai de Maddie, finalmente estávamos no nosso quarto de hotel da empresa de viagem que ela tinha contratado, era um hotel bem simples e num bairro bem afastado de NY, porém eu me senti mais confortável lá do que no jatinho da noite anterior. - Achei que seu namorado fosse ficar com você em um quarto separado. - Eu sei que eu comecei essa viajem da forma errada, más quero que possamos passar esses três dias em NY, só nós duas. -Fiquei surpresa pela resposta de Maddie, não que eu estivesse feliz com a idéia de ser vela deles durante esses três dias num país estrangeiro. - Obrigada. -A surpreendi com um abraço e ela logo retribuiu. - Eu fiz uma lista dos lugares que quero te levar, então se você não estiver muito cansada podemos almoçar num restaurante de frente ao Central Park e depois podemos fazer um tour por aí. - Acho que dormi o suficiente, vou tomar um banho e podemos ir pra onde você qu
- Hanna o que ouve? Você está bem? Parece que acabou de ver um fantasma! -Maddie me olhou nos olhos, eu devo estar com a cara muito assustada mesmo, pois ela realmente pareceu preocupada comigo. Apontei para onde estava a figura masculina no escuro e fiquei estática, não tinha mais ninguém lá. - Eu vi Maddie, talvez seja a pessoa que vem me vigiando esses anos todos, Eu tive aquela sensação de novo e quando eu olhei ao redor ele estava ali! - Apontei desesperadamente para o lugar vazio, isso não pode estar acontecendo, eu não tinha tomado nenhuma bebida, eu não podia estar delirando ou imaginando coisas! - Hanna, você está me assustando, tem um monte de gente nos olhando, más não tem ninguém ali onde você está apontando, ainda está vendo alguém ali?! - Não, Más eu vi, eu não estou louca Maddie. - Senti as lágrimas escorrem em meu rosto, eu realmente estava apavorada, quando essa sensação vai parar?! Maddie me abraçou. - Me desculpa, eu não deveria
Algumas horas antes na 10ak Club. - Me explica mais uma vez porque não podemos simplesmente deixar seu pai contar a verdade pra garota e nos casar o quanto antes?- Perguntei enquanto rodava de um lado ao outro numa sala privativa do Clube, Bryan estava com as mãos na cintura de Maddie de forma protetora. - Eu achei que fosse ser mais fácil, más não é, eu passei a amá-la e a aceitei como irmã mais velha, não posso fazer isso com ela. -Maddie respondeu me fazendo revirar os olhos. - Se você não quer fazê-la sofrer, sinto lhe informar que o único jeito de você fazer isso é levando ela de volta para sua vida no Brasil e aceitando o fato de que será minha esposa. - Respondi sem paciência recebendo um olhar fuzilante do meu irmão com a minha ideia. - Eu faria isso, juro que pela Hanna eu faria esse sacrifício, más infelizmente eu não posso mais ajudá-la. - Por que? Me diaga! -Exclamei já sem paciência. - Maddie está grávida Allan, grávida de um
'West Side' Estava em frente ao West Side, sentei em um banco e estava esperando ela sair. Tirei um cigarro da carteira e comecei a fumar, eu quase nunca fumava, só o fazia quando estava extremamente nervoso, e era o meu caso naquele momento. Vi quando ela saiu da estação, parecia desnorteada, se encolheu em seu sobretudo e ficou parada por um tempo, por incrível que pareça ela se aproximou do banco e se sentou ao meu lado, um pouco afastada. Ela chorava baixinho e isso só tornava as coisas mais difíceis para mim. - Eu sempre achei que a minha vida era uma me...., más hoje eu tive certeza disso!- Ela começou a desabafar, acho que pensou que eu não entenderia seu idioma.Esperei ela contar como tinha sido deixada ali para finalmente falar. - Eu sinto muito. -Ela me olhou um pouco assustada quando a respondi em seu idioma. - Você fala o português! - Não tão bem quanto você, más sim, eu falo. - Me desculpe o desabafo, achei que você n