"Diz a lenda que o Rei Lycaon, na Grécia Antiga era fervorosamente devoto à Zeus, construindo para ele um templo na cidade de Arcádia e em homenagem ao deus, realizava sacrifícios humanos. Zeus, quis saber se isso era mesmo verdade e então disfarçou-se de peregrino. Mesmo os súditos de Lycaon desconfiando que o visitante era um deus, convidou-o para um banquete, servindo à ele carne de suas vítimas.Zeus, enfurecido, transformou Lycaon em uma besta, e foi assim que surgiu o primeiro lobisomem."
Ayla acordou assustada, não pelo toque do despertador, mas pelo agoniante sonho que a perseguia a meses no qual ela assistia sem nenhuma reação enquanto Ash morria aos seus pés. Precisava achar seus remédios, que sua mãe teve a brilhante ideia de colocar em alguma das caixas que ainda ocupavam o pequeno depósito nos fundos da casa. Ainda não havia tomado coragem de ir até lá, precisava conhecer melhor aqueles sons, às vezes a recente percepção do que acontecia ao seu redor a confundia e assustava, e isso havia lhe causado alguns acidentes. Não raramente usava protetores auriculares, mas havia ocasiões que precisava de silêncio, ou tinha a impressão que enlouqueceria.
Mason debruçou-se sobre o volante e olhou ao redor, aparentemente toda Helltown estava no sítio dos Kent e isso não era o que ele queria, com a Lua Cheia se aproximando, seu lobo estava indócil e provocador e seu maior desejo era deixar-se correr pela mata, já que fosse em território humano ou pra lá da névoa, era sua responsabilidade manter o controle, seu e da fera. Saiu do carro e seus sentidos foram invadidos por música alta, conversa e odores, fosse do churrasco, do pequeno roedor morto em algum lugar do jardim, ou dos perfumes femininos a medida que entrava na casa. Fez as vez
– Tá tudo bem, pessoal – Mason disse quando viu que pessoas começavam a notar que havia algo errado com Ayla, mesmo que estivessem num cômodo do lado oposto de onde se concentravam os convidados – acho que ela só precisa de um pouco de ar fresco.Ouviu Samarina pedir pacientemente aos curiosos que dessem um pouco de privacidade, e quase prendendo os dedos de um garoto curioso que insistia em ficar ali também. Deitou Ayla em um sofá mudando-o de posição o virando para a porta de vidro que levava à varanda, de onde vinha uma brisa agradável.–
No caminho de volta, Mason se viu preocupado com o estado de Ayla, que estava enjoada e pálida ao seu lado. Tocou seu rosto de leve, a pulsação dela estava longe de estar normal e ela estava gelada. Pediu a Samarina que alcançasse sua jaqueta, ao seu lado no banco de trás. Sama, que vinha encarapitada entre os dois, olhou torto para o xerife quando o viu dirigir com os joelhos enquanto cobria sua amiga, o que Mason fez de conta que não viu.– Pegou a chave? - perguntou a ela, enquanto olhava de canto para Ayla encolhendo-se debaixo do tecido macio da jaqueta.– Ayla estava deixando o ginásio de esportes depois de ensaiar a coreografia por tempo demais, sua vontade era chamar Lane para uma conversa, pois em sua opinião a veterana exagerava quando cobrava que as meninas se esforçassem à exaustão. Annie havia torcido o tornozelo e outras integrantes da torcida vinham se machucando a cada ensaio, e Ayla pensava que se continuassem assim logo não teriam nem as reservas em condições de se apresentar. Ia na frente de um grupinho animado que combinava alguma festa, tentando ignorar quando falavam seu nome enquanto faziam uma lista de quem queriam convidar.A última ainda era um grande mistério para ela, não lembrava de quase nada, e pensava o quanto deveria estar chapada, afinal a sensa5
Ayla já tinha até esquecido que sua mãe havia pedido para que levasse uma porção de pudim com calda de caramelo ao xerife enquanto vestia um vestido de malha curto e confortável. Calçou uma sapatilha e decidiu que o melhor a fazer era ir logo, já que ela e Samarina queriam continuar assistindo a série sobre médicos, para terminar a terceira temporada. Pediu licença à amiga, dizendo que voltaria em seguida e que o dinheiro para a pizza estava na sua bolsa. Abriu o pote amarelo com a tampa branca para ter certeza que Sama havia colocado calda de caramelo e logo depois fechou a porta atrás de si. Já devia passar das nove da noite, e viu a luz do quarto do xerife acesa enquanto se dirigia a casa vizinha, havia cheiro de grama cortada recentemente, e de salmão, molho levemente apimentado, e maçã. Pensou por um momento que imaginava que um homem como Ma
Quando Mason chegou ao Dawson’s, percebeu que parecia mais cheio do que o normal, não demorou para encontrar Stacy e Ivan em uma mesa do outro lado do bar, próximo à uma janela, respondeu aos cumprimentos de quem ia encontrando, e o proprietário logo foi ao seu encontro. Marvin Dawson’s havia herdado o bar que estava na família desde os acontecimentos nos anos trinta até quando a cidade foi evadida, e recentemente o havia reformado, e mesmo Mason que não era do tipo que frequentava a noite da cidade com frequência, gostava que o bar tivesse aquela ambientação meio antiga, meio sombria. O piso escuro, mesas de madeira rusticas, e os balcões e cadeiras altas com assentos vermelhos. As paredes antigas de uma casarão centenário, e as vigas no teto, com iluminação agradável, e claro, a esposa do próprio Daws