– Tá tudo bem, pessoal – Mason disse quando viu que pessoas começavam a notar que havia algo errado com Ayla, mesmo que estivessem num cômodo do lado oposto de onde se concentravam os convidados – acho que ela só precisa de um pouco de ar fresco.
Ouviu Samarina pedir pacientemente aos curiosos que dessem um pouco de privacidade, e quase prendendo os dedos de um garoto curioso que insistia em ficar ali também. Deitou Ayla em um sofá mudando-o de posição o virando para a porta de vidro que levava à varanda, de onde vinha uma brisa agradável.
– Que porra foi essa? – perguntou a Samarina, que sentou-se ao lado da amiga.
– Um feitiço poderoso – ela respondeu, estava séria como nunca havia achado que poderia ser – estou a meses tentando aprender sobre, mas somente um bruxo do mesmo coven poderia me dizer com exatidão como revogá-lo.
– Sabe o que ela é, então? – Mason estreitou os olhos, precisava daquela informação.
– Não tenho ideia. – Samarina balançou a cabeça negativamente – tudo que sei é que Ash se sacrificou para manter o que quer que fosse quieto dentro dela.
– Ash?
– Ash Daniels era um bruxo humano de uma linhagem poderosa.
Mason ouviu de Samarina sobre como Ash estava lutando contra uma doença grave e pretendia tirar a própria vida depois de uma última viagem pela Europa, aparentemente ele tinha poucos meses de vida. Foi nessa mesma época que Ayla estava na França a passeio com a família, e Ash se apaixonou por ela. O namoro foi o ponto de virada na personalidade de Ayla, segundo Sama, que foi de menina introvertida, de poucas palavras e poucos amigos para a garota que dançava em cima da mesa, bebia e usava drogas.
– Nos conhecemos em uma festa no apartamento de Ash – ela explicou – eu nunca estive em um coven, nunca achei que teria lugar em algum, mas conheci Ash Daniels em um grupo fechado de bruxos – ela suspirou, como se lembrar do bruxo fosse algo doloroso – ele era o tipo de pessoa que falava com todo mundo, compartilhava seu conhecimento da arte, as pessoas gostavam dele, sabe….
– Você disse que ele se sacrificou…. – Mason queria entender porque exatamente Ash faria isso.
– Ele tentou entender o que acontecia com Ayla. Ao lado de Ash ela sentia-se livre, e talvez por isso algo começou a se manifestar, e quanto mais ela gostava de sua recém-descoberta liberdade, mais coisas estranhas começaram a acontecer – Samarina olhou para Ayla por alguns segundo – havia momentos que ela ficava bastante agressiva, havia outros que parecia não ter medo de absolutamente nada, era imprudente, e a rebeldia dela escalou níveis que fizeram os Greenwood tirarem dela alguns privilégios.
– Hum, por isso as mentiras, saídas às escondidas….
– Eu sempre concordei com Ash quando ele dizia que Ayla não conseguiria ser ela mesma enquanto não se libertasse de sua parte “obscura”, e que podia não parecer, mas ninguém sofria mais do que ela com essa situação.
Pensou no quanto a garota deveria estar atormentada lidando com o desconhecido, lembrando-se de quando ele mesmo passou pela transição. Esteve fora de controle durante meses, mesmo sendo treinado e ensinado desde a mais tenra idade sobre como seria quando sua fera despertasse. Mesmo com todo cuidado da alcateia sua transição foi difícil, não imaginava o inferno que deveria ser para quem nem ao menos sabia o que realmente era.
– O que você viu, xerife? Quando entrou na mente dela – Sama aproximou-se de Mason.
– Sangue, sombras e um cântico entoado em alguma língua estranha, depois disso ela apagou.
– Um cântico…. Era próximo?
– Audível, mas logo parecia estar cada vez mais longe.
– Isso não me parece bom….
– Porque diz isso?
– Porque de alguma forma esse feitiço impediu que a criatura que ela é se manifestasse.
– Isso não deveria ser bom? – Mason olhou para Samarina como se ela não batesse bem das ideias.
– Bruxas experientes podem rastrear esse tipo de feitiço, elas o percebem.
– Para de enrolar, mulher – disse ele impaciente – o que acontece se uma bruxa rastrear essa porra desse feitiço?
– O coven do Ash. Eles responsabilizam Ayla pela morte dele.
– P**a que o pariu, mais treta com bruxas humanas – ele passou a mão pela barba cerrada, impaciente – acha que virão atrás dela? Porque não teriam vindo antes?
– Talvez o feitiço não tivesse sido usado ainda, eu não posso dizer com certeza – ela respirou fundo – meu conhecimento ainda é bem limitado, xerife.
– Sama, preciso que fique de olho nela – ele falou baixo, percebendo que ela parecia voltar a si.
– O que acha que tenho feito desde que ela mudou-se para cá?
– Talvez uma bruxa de além da névoa possa ajudá-la – disse pensativo, voltando-se em seguinte para Ayla.
Observou um breve movimento dos cílios longos e conseguiu ouvir o batimento cardíaco de Ayla voltando ao normal aos poucos, ela voltaria a si logo, e não havia como deixá-la ali. Principalmente se tivesse bruxas atrás dela. Bruxas humanas o irritava, quase sempre, e por menos que gostasse de Ayla, não poderia simplesmente deixá-la nas mãos delas. Sentiu um arrepio quando ela abriu os olhos, porque por um segundo teve a impressão que aqueles olhos não eram os dela, um brilho sutil perpassou por eles e ela respirou fundo. Com uma expressão confusa ela tentava assimilar o que Samarina dizia, sobre ela ter misturado bebida e como passou mal de repente, então ela vomitou, fazendo Mason libertar-se da visão encantadora de Ayla Greenwood despertando, o que ele agradeceu, pois podia até dizer a si mesmo que não gostava da garota, mas a verdade é que mal conseguia tirar os olhos dela sempre que a via.
– Xerife – Sama repreendeu-o – dá um tempo.
– O que ele faz aqui? – Ayla disse tentando levantar e voltando a sentar sentindo-se tonta.
– “Ele” a segurou quando a senhorita desmaiou, e a trouxe para cá em segurança – o xerife disse entrando no campo de visão de Ayla.
– Então eu diria que não fez mais que sua obrigação.
– Talvez – concordou – mas, tenho que dizer Ayla, você faz certas coisas parecerem um sacrifício – então esticou a mão para que ela se apoiasse para levantar-se, mas Ayla vacilou, como se estivesse exausta – Sama, a festa se concentra do outro lado, encoste as portas de acesso, vou tirar a Srta. Greenwood discretamente daqui.
No caminho de volta, Mason se viu preocupado com o estado de Ayla, que estava enjoada e pálida ao seu lado. Tocou seu rosto de leve, a pulsação dela estava longe de estar normal e ela estava gelada. Pediu a Samarina que alcançasse sua jaqueta, ao seu lado no banco de trás. Sama, que vinha encarapitada entre os dois, olhou torto para o xerife quando o viu dirigir com os joelhos enquanto cobria sua amiga, o que Mason fez de conta que não viu.– Pegou a chave? - perguntou a ela, enquanto olhava de canto para Ayla encolhendo-se debaixo do tecido macio da jaqueta.– Ayla estava deixando o ginásio de esportes depois de ensaiar a coreografia por tempo demais, sua vontade era chamar Lane para uma conversa, pois em sua opinião a veterana exagerava quando cobrava que as meninas se esforçassem à exaustão. Annie havia torcido o tornozelo e outras integrantes da torcida vinham se machucando a cada ensaio, e Ayla pensava que se continuassem assim logo não teriam nem as reservas em condições de se apresentar. Ia na frente de um grupinho animado que combinava alguma festa, tentando ignorar quando falavam seu nome enquanto faziam uma lista de quem queriam convidar.A última ainda era um grande mistério para ela, não lembrava de quase nada, e pensava o quanto deveria estar chapada, afinal a sensa5
Ayla já tinha até esquecido que sua mãe havia pedido para que levasse uma porção de pudim com calda de caramelo ao xerife enquanto vestia um vestido de malha curto e confortável. Calçou uma sapatilha e decidiu que o melhor a fazer era ir logo, já que ela e Samarina queriam continuar assistindo a série sobre médicos, para terminar a terceira temporada. Pediu licença à amiga, dizendo que voltaria em seguida e que o dinheiro para a pizza estava na sua bolsa. Abriu o pote amarelo com a tampa branca para ter certeza que Sama havia colocado calda de caramelo e logo depois fechou a porta atrás de si. Já devia passar das nove da noite, e viu a luz do quarto do xerife acesa enquanto se dirigia a casa vizinha, havia cheiro de grama cortada recentemente, e de salmão, molho levemente apimentado, e maçã. Pensou por um momento que imaginava que um homem como Ma
Quando Mason chegou ao Dawson’s, percebeu que parecia mais cheio do que o normal, não demorou para encontrar Stacy e Ivan em uma mesa do outro lado do bar, próximo à uma janela, respondeu aos cumprimentos de quem ia encontrando, e o proprietário logo foi ao seu encontro. Marvin Dawson’s havia herdado o bar que estava na família desde os acontecimentos nos anos trinta até quando a cidade foi evadida, e recentemente o havia reformado, e mesmo Mason que não era do tipo que frequentava a noite da cidade com frequência, gostava que o bar tivesse aquela ambientação meio antiga, meio sombria. O piso escuro, mesas de madeira rusticas, e os balcões e cadeiras altas com assentos vermelhos. As paredes antigas de uma casarão centenário, e as vigas no teto, com iluminação agradável, e claro, a esposa do próprio Daws
Ayla estava tranquila naquela manhã de sábado, havia acordado cedo, e desceu para o café da manhã já usando o uniforme da torcida e por isso recebeu um sorriso de aprovação de Rose, que estava terminando de tomar seu café antes de ir para o hospital. A mãe disse-lhe que tentaria escapar para vê-las no jogo dos garotos, e mesmo não fazendo questão da presença dela. E nem era o fato de que a mãe parecia reviver sua época de cheerleader através dela, comparando-as como se estivessem disputando vaga na equipe, mas porque cada vez que Rose aparecia nesses eventos, Justine Walker parecia convencida que era multitalentos, e a colocava em mais alguma atividade extra.Lane passou em sua casa para que fossem juntas, mas o que Ayla não esperava era que Samarina estivesse no carro com a maior cara de
Mason estava entretido com as explicações sobre como Stacy pretendia neutralizar, pelo menos por hora os covens locais que rebelavam-se contra o Tratado. Ela foi esperta ao literalmente “plantar” pequenas mudas de uma flor muito comum na fronteira da névoa, espalhando-as discretamente tornando a fuga das bruxas que tentavam capturar Mason um tanto dolorosa. Usando as informações que conseguiu tirar dos restos mortais de suas irmãs, as flores exalavam à quem pertencesse ao mesmo coven um odor quase imperceptível, fazendo com que sua pele ardesse como se queimasse no fogo do inferno!– Isso deve mantê-las longe – disse ela, aceitando a cerveja que Ivan lhe oferecia.– Magia intermediária de bruxas não humanas – o vampiro concordou &ndas
– Mason Field – disse Lane sedutora, parecia despi-lo com o olhar – é sempre um prazer, xerife!Pensou que ela estava ainda mais bêbada do que Ayla.– Será que posso ter um momento da sua atenção? – Mason tentou não rir do arremedo de sedução dela – não podemos simplesmente encerrar a festa assim.– Não só podemos, como vamos – disse puxando Ayla com ele enquanto deixava o cômodo.– Xerife, por favor, é sábado! Porque não solta Ayla e aproveita, tenho certeza que sua presença deixará minhas convidadas felizes!
Assim que Sylvie saiu e fechou a porta olhou ao redor, pensando se deveria abrir a persiana que cobria a janela que dava para o corredor, mas depois pensou que muito provavelmente não iria ver nada dali, além de que, o xerife poderia não gostar que fizesse isso, pensou que, pelo menos, tinha o celular para distrair-se enquanto aguardava. Nos grupos transbordavam fotos e vídeos da festa de Lane o’Neal e esperava que não estivesse presente, pelo menos nos comprometedores. Segurou uma gargalhada quando viu Lane pagando peitinho enroscada no DJ, e alguns convidados protagonizando beijos triplos com atletas. Havia aparecido dançando em alguns vídeos, mas nada que pudesse ser chamado de vulgar, respirou aliviada, além desses vídeos, algumas fotos com as garotas, mas nada que pudesse comprometê-la.Ouviu passos se aproximando e nã