Ayla se olhou no espelho, escovava os cabelos, enquanto admirava o lindo vestido que Stacy havia providenciado para ela, botas e uma jaqueta de couro. Havia notado que com o início da transição, sua pele parecia mais aveludada, seus dentes ainda mais brancos, e os cabelos mais sedosos. Seus sonhos nas últimas noites, pareciam uma extensão da realidade de tão vívidos, e agora ela conseguia ver seus olhos mudando de cor nos momentos em que sua fera se manifestava. Mason havia lhe dito talvez houvesse outras mudanças durante a primeira Lua Cheia, que seria na noite seguinte, e por mais que ele dissesse que deveria tentar manter-se calma, não achava que estava preparada para garras e presas. Deu uma última olhada no quarto e saiu e assim que fechou a porta ouviu rosnados e vozes se alterando.Passou pela sala principal rapidamente, a porta estava aberta e as bruxas formavam uma meia Lua voltada para o portão principal, Stacy segurava firme o braço de Mason, impedindo-o de ir em direção do
O Rei ainda olhava para Ayla, enquanto Nick Wolfram falava sobre o porque de estar em sua presença, mas ela não tinha certeza se ele estava prestando atenção, logo ele olhou para Mason e com cara de poucos amigos, colocou o dedo indicador, sobre os lábios fazendo com que o sobrinho finalmente se calasse.– O que significa tudo isso, Nicholas? – ele encarou Wolfram.– Vossa Majestade deve ter recebido minhas mensagens sobre a má conduta do Capitão Mason Field. Desde me desafiar, por um direito que era meu, por ter se relacionado com uma humana e por ela se voltar contra o Tratado, matando guardas a serviço da realeza – ele olhou para Mason com desprezo – amanhã, Majestade, é Lua Cheia, e eu peço o que é justo, como mandam os costumes, que Mason Field seja julgado por ter me tirado o direito de caça, para que eu mesmo possa caçar minha presa antes da próxima lua, ou perderei esse direito.Ayla estremeceu diante do silêncio na sala do trono, um calafrio percorreu-lhe a espinha quando se
Ayla estava de volta a casa dos Greenwood e mesmo sabendo que ainda tinha o feitiço de Ash mantendo sua fera presa, a sensação de que logo aquela proteção seria retirada a fazia olhar a situação de outro jeito. Pensava no que aconteceria quando sua transição fosse completa, se poderia continuar vivendo entre humanos, ou se tornaria um perigo real para eles. Havia visto o que Mason era capaz de fazer, e como se comportava com mais clareza nos últimos dias, esteve ainda que por pouco tempo, do outro lado da névoa, e mesmo diante da insinuação do Stacy que poderia viver lá se achasse mais seguro, sabia que sua adaptação a um novo mundo poderia ser bem difícil.Fora as transformações que ela notava cada vez que se olhava no espelho, havia outras, algumas sutis, como se sua audição estivesse se ajustando, mas agora ela conseguia filtrar o que queria ouvir, também percebia algumas cores e cheiros mais profundamente, e tinha a impressão que sua performance na torcida também seria diferente,
Mason foi para a fronteira e tanto ele quanto a fera estava alertas, e a bloodline libertou toda a raiva que sentia desde que Ayla esteve nas mãos de Nick Wolfram, deixou-o matar e perseguir os malditos rebeldes, mestiços e quem tivesse coragem de cruzar seu caminho, deixando para trás uma trilha de corpos e horror por onde passava. Mas, isso não era o suficiente, estavam inquietos, sentindo-se como se lhes faltasse algo. Mason voltou a forma humana, muito antes do que costumava, irritado pois sabia que sua presença na masmorra não seria o ideal para Ayla, pois em plena Lua Cheia poderia induzi-la a uma dolorosa meia transformação, já que havia o feitiço que impedia que ela se tornasse loba. Ele mesmo já havia passado algumas noites em uma, não era o lugar para Ayla, e aquilo estava deixando-o louco. Imaginava se ela estava com medo, se havia passado por alguma mudança, cada vez mais certo que deveria ter insistido com ela para que desistisse daquela ideia. Vestiu-se rapidamente, um j
Mason entrou na delegacia irritado. A marca ardendo em seu ombro, e a ideia de ir atrás de Ayla imediatamente parecia-lhe cada vez mais tentadora, mas definitivamente, por mais que estivesse louco por ela, a ideia de largar tudo para uma foda rápida no meio do dia era inconcebível. Era a porra de um alfa, afinal! E ainda que tivesse a impressão que seu lobo estava furioso por não se deixar levar pela luxúria, resistiria. Ou, pelo menos, lutaria bravamente contra seus desejos. Bateu a porta da sala, estava tenso, mal humorado. Que loba atrevida, afinal nem havia passado pela transição e se sentia no direito de marcá-lo. Nunca. Ninguém havia feito isso.Bebeu um grande gole do café que pegou no bistrô e o gosto de caramelo pareceu delicioso, então, tentou afastar Ayla de seus pensamentos mais uma vez, e concentrar-se no trabalho, o vandalismo correndo solto na cidade, em propriedades locais, como por exemplo a propriedade dos Devoe, uma tentativa de invasão na casa dos Kent. Havia bruxa
Ayla sentiu-se feliz por poder aproveitar a noite na boate, que estava bem movimentada, com as garotas e Mason, que a observava do bar enquanto ela dançava. Os efeitos da Lua Cheia estavam mais brandos, apesar de achar que com ou sem ela, a atração entre ela e o alfa só aumentava, e nem em suas fantasias mais escondidas havia imaginado um lobo entrando pela janela de madrugada para dormir com ela. Ele definitivamente despertava nela um fervoroso desejo, e claro, um pouquinho de ciúmes, como naquele instante, quando uma garota sentou-se ao seu lado no bar, sorrindo como uma tola e inclinando-se para Mason.Ele retribuiu o olhar de Ayla, pediu licença e foi ao seu encontro, fazendo várias mulheres olharem em sua direção, ele sabia realmente lidar com a impressão que causava, com a diferença que agora, seu interesse era somente nela, e não em todo rabo de saia que achasse atraente. Ele aproximou-se, e apontou discretamente para o anel superior, onde estavam alguns sombrios, então o acomp
Mason olhava para Stacy preparando o chá, enquanto aguardavam Ayla chegar. Estava preocupado com a situação que enfrentariam, o drama adolescente entre garotas, porém, estavam perto demais de conseguir o tal grimório. Não se importava com o drama naquele instante, que as garotas se entendessem depois, o importante para ele, era que retirassem de Ayla o feitiço que deveria ter controlado sua fera, pois a ideia de vê-la em correntes novamente deixava-o possesso.Ela não demorou, e logo chegou ainda vestida com a roupa da torcida, feliz, e contando sobre algum êxito escolar, enquanto Stacy perguntava se estava com fome, e oferecia a ela algo para comer, havia frutas, sanduíches, mas Ayla pediu apenas um pouco do chá, que tinha lá, claro, sua função. A conversa com o besouro não era novidade para Ayla, que ainda não entendia como a bruxa manter suas lembranças intactas com os insetos. Stacy explicou a ela, que o besouro era apenas um elemento do feitiço que os silenciava para o mundo exte
Ayla deixou a casa de Mason, depois de tentar convencê-los de que a única pessoa capaz de pegar o grimório de Ash era ela. Sama não iria ouvi-los, porque eles não conheceram Ash, eram as duas que compartilhavam algum tipo de ligação com o bruxo, mesmo que ele já estivesse morto, e dentro do que fosse possível, tentaria mostrar a amiga que não seria capaz de fazer qualquer feitiço que ele tivesse criado. Mas, antes de sair para onde quer que a aprendiz de bruxa estivesse, teria que se acalmar, e Stacy e Mason, querendo protegê-la, faziam com que se sentisse sufocada. Tinha certeza que Samarina não faria nada contra ela. Eram amigas, afinal, e acreditava que quais fossem os motivos que a levaram a pegar o livro sem pedir permissão, poderiam falar sobre isso, e tudo seria esclarecido. Antes de passar pelo portão de casa, enviou uma mensagem para Sama. "Eu sei que está com o livro. Estou indo buscá-lo." Nem precisou ver se ela havia visualizado, pegou a chave do carro e seguiu para a casa