Catarina ainda estava com o pensamento voltado para Romeu quando acordou no outro dia. Seu pensamento ainda estava no momento em que ele segurou a sua mão na rua. Sua mão estava tão quente, seu toque era tão suave, e por que isso devia estar mexendo com ela? Ela tinha tantos problemas para resolver, a preocupação com sua filha ainda era tão enorme em sua mente, que por um momento ela sacudiu a cabeça e viu que não poderia se dar ao luxo de ficar pensando em Romeu, e muito menos desenvolver algum sentimento por ele. Mas aquele toque, sua mão estendida a segurar a dela, aquela puxada que ele deu tão repentinamente, tão forte, dando segurança, andando na rua, segurou a sua mão, puxou-a para atravessar a rua, sorriu, deu aquela volta com o braço em seus ombros, mesmo sendo estranho, parecia que eles eram próximos. Carência pensou ela ..devo estar carente Catarina suspirou e levantou da cama, decidida a se concentrar no que era realmente importante: encontrar uma maneira de trazer sua fil
— Carol! Minha filha, onde está sua mãe? Me fale logo, quero saber por que o Deputado concordou em receber vocês! — Ruan estava ansioso para saber de Carol onde sua mãe estava.Confusa, Carol não sabia o que deveria ou não contar a seu pai.— Estávamos lá, a tia Ana pediu ao patrão para nos receber e ele decidiu ajudar a mamãe.— Ajudar a quê? A fugir? Ah, ora bolas, sua mãe por acaso tem um caso com o deputado? Você percebeu algo? Eles já se conheciam? Ninguém recebe uma mulher casada em casa e a esconde com a filha. Aquela vagabunda deve estar me traindo. — Ruan, desconfiado, começou a se irritar.— Pare, Papai! Mamãe não conhecia ninguém, ela fugiu porque estava com medo de você.— Vou voltar lá e quero saber o que houve. Olha só como sua mãe está maluca, te levou a uma casa cheia de traficantes armados, te colocando em risco. — Ruan se lembrou do ocorrido na mansão.Pensando nisso, Ruan deu umas voltas na sala, franziu a testa e coçou uma das orelhas, pensativo.— O que será que f
Ruan parou em um bar antes de ir para casa após a delegacia. Pediu uma bebida e olhou para o celular enquanto aguardava. Um casal do lado de fora chamou sua atenção; estavam tirando fotos e sorrindo. Ele olhou novamente para o celular e procurou por fotos dele e sua família, mas não encontrou nada na galeria. Coçou a cabeça e bebeu de um gole só a bebida trazida pelo garçom.Mais uma vez, mexeu no celular e não havia fotos de Clara, nem da filha Carol. Torceu a cara, franziu a testa e pediu outra bebida, sem entender por que o casal do lado de fora o irritava tanto. Será que sentia falta de Clara? Não... não poderia ser. Ela não tinha nada de especial, e por que sentiria falta se nunca pensava nela? Por onde ela estaria? E com quem? Já era o segundo dia desde que ela fugira com a filha. Carol estava em casa após ele a buscar, mas e Clara?Como ela teve coragem para fugir...? Então se lembrou de Ana.Ruan pediu mais uma bebida, e depois outra, até que já era noite quando decidiu ligar
Ruan acordou de ressaca como sempre. Fez um café e chamou Carol para levá-la à escola.— Mas, papai, você já fez meu café da manhã?— Fiz café. Talvez tenha leite na geladeira. Vamos, acorde logo, temos que sair.Carol levantou e se apressou a sair mesmo sem tomar seu leite.— Mamãe não me deixaria sem meu leite. Eu vou ficar com fome.— Tome, pegue esse dinheiro e coma algo na escola.Aproveitou para parar em um bar próximo à sua casa, pediu um café com leite e um salgado, e observou as notícias do dia. Nenhuma mencionava o tiroteio.— Vamos, Carol, coma logo esse salgado, pare de reclamar e vamos para a escola.— Vou te deixar na escola e espero que sua mãe não apareça para te pegar. Saiba que eu estarei vigiando.Ana tentava pensar em um plano para poder pegar Carol e levá-la a Clara. Pensou em ir à escola, mas sem a permissão do pai não conseguiria tirar Carol de lá. O Sr. Leonara passara a manhã toda ocupado ao telefone, tentando evitar que vazassem notícias sobre seu irmão e a
Mais um dia sem notícias de Clara. Ruan já estava enlouquecendo. Eram 7h da manhã e ele ainda não havia ido para casa. Já se passaram três dias que ele não sabia o paradeiro de Clara. Sem notícias, resolveu que iria até a casa do deputado e que só sairia de lá com informações. Pediu mais uma bebida quando seu celular tocou com um recado de seu pai, que era o comandante do batalhão, informando que ele seria afastado do trabalho por má conduta e faltas injustificadas. Após uma longa discussão, desligou o celular ainda mais irritado com a situação. Meio cambaleando, seguiu até o carro e dirigiu-se para a casa do deputado. Ao chegar, parou em frente ao portão e se dirigiu à portaria, já alterando o tom de voz. — Alô, aqui é o policial Ruan e preciso falar com Ana. Abra o portão, preciso entrar. — Só um minuto, senhor. Preciso chamá-la, não tenho permissão para permitir a entrada. — Vamos, ande logo! Não ouviu quem sou? Sou policial, não me conhece? Eu que defendo essa cidade, eu qu
Ana estava tentando arranjar uma desculpa enquanto Ruan a pressionava por uma resposta de Clara. Quando seu telefone tocou, era da mansão:— Oi Margarida, estou aqui fora na portaria.— Ana, você precisa vir aqui. O Sr. Leonara não está bem. Chame a ambulância e corra para cá, por favor.Ana ficou pálida e, sem pensar, se despediu de Ruan, sem se preocupar com o escândalo dele.— Ruan, preciso ir. Tenho uma emergência e sou a responsável. Respeite meu trabalho, te ligo mais tarde. Nós nos conhecemos há anos. Preciso ir. Eu te ligo.Ana foi se afastando e se despediu, correndo em direção à mansão. Ruan tentou argumentar algo, mas viu que seria inútil, pois rapidamente Ana sumiu portão adentro. Ele respirou fundo, passou a mão na cabeça, andou de um lado para o outro e entrou no carro.— Ela não está acreditando, né! Vai ver o que vou fazer.Ligou o carro e partiu.Ao chegar na mansão, Ana encontrou o Sr. Leonara sentado em seu escritório com muita falta de ar. Enquanto aguardava pelo s
Enquanto se arrumava, Ana refletia sobre a reviravolta dramática que sua vida havia tomado nos últimos dias. Finalmente, ela conseguiu ajudar Clara a escapar da vida sofrida e abusiva que levava ao lado de Ruan. A mansão foi invadida por traficantes, e Clara fugiu com Jorge ambos desconhecidos um ao outro... Só de lembrar dessa parte, Ana sentia um frio no estômago. Ela balançou a cabeça e pôs a mão na testa, murmurando para si mesma: "Que loucura! Clara foi embora mesmo."Por alguns instantes, Ana permitiu-se relembrar tudo o que viveram até aquele ponto. Ruan, que antes era um galanteador de sorriso fácil, transformou-se em um marido inútil, violento e bêbado. "Será que fiz a coisa certa ao ajudar Clara a sair de casa?", ponderou Ana. Mas, então, a imagem de Clara, com hematomas pelo corpo e lágrimas contidas para não parecer fraca, veio à sua mente. Sim, ela tinha feito o que precisava ser feito. Clara, apesar das dificuldades, poderia estar bem agora. Ana esperava sinceramente que
Com o rosto corado ao lembrar de Jorge, Ana pensou em Clara e sorriu. "Clara está bem, conseguiu fugir logo com Jorge. Aquele homem maravilhoso, eu também fugiria fácil com ele. Como ela deve estar? Preciso voltar logo para tentar falar com ela. Fred deve dar um jeito."Perdida em pensamentos fervorosos sobre Jorge, Ana se deu conta de que já havia chegado ao seu destino, a frente da casa de Ruan. Respirou fundo e bateu palmas, mas não parecia haver ninguém em casa. Tentou abrir o portão, mas estava trancado com um cadeado, o que achou estranho. Seu celular tocou, era um número desconhecido. Decidiu atender. – Alô?– Ana! Sou eu, Clara. Estou com esse celular agora, pode falar.– Oh, Clara! Que maravilha, eu precisava muito falar com você. Estou aqui na sua casa.Ana, eufórica, tentava explicar que estava tentando resolver as coisas para Clara.– Jorge saiu com um amigo e me deixou este celular. Mas cuidado, não salve meu nome nesse número. Ruan está de olho em você. Você disse que