Depois do banho, Catarina foi se deitar na cama nova, enquanto Romeu e Tito continuavam conversando sobre os negócios que ambos tinham a resolver. Deitada na cama, Catarina sentia o cheiro amadeirado e doce de Romeu ainda pairando no ar, trazendo uma estranha sensação de conforto e segurança, mesmo sabendo tão pouco sobre ele.Ela sabia que ele tinha se envolvido com duas mulheres e que seus negócios envolviam quartéis de vários estados, algo que parecia assustador à primeira vista. Mas, por algum motivo, ela não se sentia assustada. Pelo contrário, a presença de Romeu, com sua firmeza e gentileza, trazia uma calma que ela não sentia há muito tempo.Deitada na cama, Catarina começou a se perguntar mais sobre Romeu. Quem ele era realmente? O que o levou a essa vida? E por que ele estava disposto a ajudá-la? As perguntas dançavam em sua mente, mas ela não sabia se era certo sentir essa curiosidade, se era seguro deixar-se envolver mais.Enquanto ela se perdia nesses pensamentos, a voz d
Catarina ainda estava com o pensamento voltado para Romeu quando acordou no outro dia. Seu pensamento ainda estava no momento em que ele segurou a sua mão na rua. Sua mão estava tão quente, seu toque era tão suave, e por que isso devia estar mexendo com ela? Ela tinha tantos problemas para resolver, a preocupação com sua filha ainda era tão enorme em sua mente, que por um momento ela sacudiu a cabeça e viu que não poderia se dar ao luxo de ficar pensando em Romeu, e muito menos desenvolver algum sentimento por ele. Mas aquele toque, sua mão estendida a segurar a dela, aquela puxada que ele deu tão repentinamente, tão forte, dando segurança, andando na rua, segurou a sua mão, puxou-a para atravessar a rua, sorriu, deu aquela volta com o braço em seus ombros, mesmo sendo estranho, parecia que eles eram próximos. Carência pensou ela ..devo estar carente Catarina suspirou e levantou da cama, decidida a se concentrar no que era realmente importante: encontrar uma maneira de trazer sua fil
— Carol! Minha filha, onde está sua mãe? Me fale logo, quero saber por que o Deputado concordou em receber vocês! — Ruan estava ansioso para saber de Carol onde sua mãe estava.Confusa, Carol não sabia o que deveria ou não contar a seu pai.— Estávamos lá, a tia Ana pediu ao patrão para nos receber e ele decidiu ajudar a mamãe.— Ajudar a quê? A fugir? Ah, ora bolas, sua mãe por acaso tem um caso com o deputado? Você percebeu algo? Eles já se conheciam? Ninguém recebe uma mulher casada em casa e a esconde com a filha. Aquela vagabunda deve estar me traindo. — Ruan, desconfiado, começou a se irritar.— Pare, Papai! Mamãe não conhecia ninguém, ela fugiu porque estava com medo de você.— Vou voltar lá e quero saber o que houve. Olha só como sua mãe está maluca, te levou a uma casa cheia de traficantes armados, te colocando em risco. — Ruan se lembrou do ocorrido na mansão.Pensando nisso, Ruan deu umas voltas na sala, franziu a testa e coçou uma das orelhas, pensativo.— O que será que f
Ruan parou em um bar antes de ir para casa após a delegacia. Pediu uma bebida e olhou para o celular enquanto aguardava. Um casal do lado de fora chamou sua atenção; estavam tirando fotos e sorrindo. Ele olhou novamente para o celular e procurou por fotos dele e sua família, mas não encontrou nada na galeria. Coçou a cabeça e bebeu de um gole só a bebida trazida pelo garçom.Mais uma vez, mexeu no celular e não havia fotos de Clara, nem da filha Carol. Torceu a cara, franziu a testa e pediu outra bebida, sem entender por que o casal do lado de fora o irritava tanto. Será que sentia falta de Clara? Não... não poderia ser. Ela não tinha nada de especial, e por que sentiria falta se nunca pensava nela? Por onde ela estaria? E com quem? Já era o segundo dia desde que ela fugira com a filha. Carol estava em casa após ele a buscar, mas e Clara?Como ela teve coragem para fugir...? Então se lembrou de Ana.Ruan pediu mais uma bebida, e depois outra, até que já era noite quando decidiu ligar
Ruan acordou de ressaca como sempre. Fez um café e chamou Carol para levá-la à escola.— Mas, papai, você já fez meu café da manhã?— Fiz café. Talvez tenha leite na geladeira. Vamos, acorde logo, temos que sair.Carol levantou e se apressou a sair mesmo sem tomar seu leite.— Mamãe não me deixaria sem meu leite. Eu vou ficar com fome.— Tome, pegue esse dinheiro e coma algo na escola.Aproveitou para parar em um bar próximo à sua casa, pediu um café com leite e um salgado, e observou as notícias do dia. Nenhuma mencionava o tiroteio.— Vamos, Carol, coma logo esse salgado, pare de reclamar e vamos para a escola.— Vou te deixar na escola e espero que sua mãe não apareça para te pegar. Saiba que eu estarei vigiando.Ana tentava pensar em um plano para poder pegar Carol e levá-la a Clara. Pensou em ir à escola, mas sem a permissão do pai não conseguiria tirar Carol de lá. O Sr. Leonara passara a manhã toda ocupado ao telefone, tentando evitar que vazassem notícias sobre seu irmão e a
Mais um dia sem notícias de Clara. Ruan já estava enlouquecendo. Eram 7h da manhã e ele ainda não havia ido para casa. Já se passaram três dias que ele não sabia o paradeiro de Clara. Sem notícias, resolveu que iria até a casa do deputado e que só sairia de lá com informações. Pediu mais uma bebida quando seu celular tocou com um recado de seu pai, que era o comandante do batalhão, informando que ele seria afastado do trabalho por má conduta e faltas injustificadas. Após uma longa discussão, desligou o celular ainda mais irritado com a situação. Meio cambaleando, seguiu até o carro e dirigiu-se para a casa do deputado. Ao chegar, parou em frente ao portão e se dirigiu à portaria, já alterando o tom de voz. — Alô, aqui é o policial Ruan e preciso falar com Ana. Abra o portão, preciso entrar. — Só um minuto, senhor. Preciso chamá-la, não tenho permissão para permitir a entrada. — Vamos, ande logo! Não ouviu quem sou? Sou policial, não me conhece? Eu que defendo essa cidade, eu qu
Ana estava tentando arranjar uma desculpa enquanto Ruan a pressionava por uma resposta de Clara. Quando seu telefone tocou, era da mansão:— Oi Margarida, estou aqui fora na portaria.— Ana, você precisa vir aqui. O Sr. Leonara não está bem. Chame a ambulância e corra para cá, por favor.Ana ficou pálida e, sem pensar, se despediu de Ruan, sem se preocupar com o escândalo dele.— Ruan, preciso ir. Tenho uma emergência e sou a responsável. Respeite meu trabalho, te ligo mais tarde. Nós nos conhecemos há anos. Preciso ir. Eu te ligo.Ana foi se afastando e se despediu, correndo em direção à mansão. Ruan tentou argumentar algo, mas viu que seria inútil, pois rapidamente Ana sumiu portão adentro. Ele respirou fundo, passou a mão na cabeça, andou de um lado para o outro e entrou no carro.— Ela não está acreditando, né! Vai ver o que vou fazer.Ligou o carro e partiu.Ao chegar na mansão, Ana encontrou o Sr. Leonara sentado em seu escritório com muita falta de ar. Enquanto aguardava pelo s
Enquanto se arrumava, Ana refletia sobre a reviravolta dramática que sua vida havia tomado nos últimos dias. Finalmente, ela conseguiu ajudar Clara a escapar da vida sofrida e abusiva que levava ao lado de Ruan. A mansão foi invadida por traficantes, e Clara fugiu com Jorge ambos desconhecidos um ao outro... Só de lembrar dessa parte, Ana sentia um frio no estômago. Ela balançou a cabeça e pôs a mão na testa, murmurando para si mesma: "Que loucura! Clara foi embora mesmo."Por alguns instantes, Ana permitiu-se relembrar tudo o que viveram até aquele ponto. Ruan, que antes era um galanteador de sorriso fácil, transformou-se em um marido inútil, violento e bêbado. "Será que fiz a coisa certa ao ajudar Clara a sair de casa?", ponderou Ana. Mas, então, a imagem de Clara, com hematomas pelo corpo e lágrimas contidas para não parecer fraca, veio à sua mente. Sim, ela tinha feito o que precisava ser feito. Clara, apesar das dificuldades, poderia estar bem agora. Ana esperava sinceramente que