Capítulo 04

Voltamos para casa, antes paramos no supermercado e compramos sorvetes.

— Fiquem aqui. disse Natasha

— Está bem. disse Lilian

Quando voltei, estavam jogando papéis uns nos outros.

— Não poso deixar vocês sozinhos? perguntou Natasha

— Com certeza, não. disse Liam

— O que trouxe? perguntou Lilian

— Sorvete. respondo

— Como conseguiu roubar? perguntou Liam

De imediato puxo o freio de mão do carro.

— Ficou maluca? perguntou Liam

— Como assim, “roubou” ? pergunto

— Foi apenas uma brincadeira. respondeu Liam

— Muito sem graça por sinal. disse Natasha

— Desculpe. disse Liam

Tomamos sorvete como jantar, foi divertido. Lilian propôs um jogo. Concordamos e jogamos.

— Então, escolho você, Andrew. disse Lilian

— Sim? perguntou Andrew

— Qual é o seu maior medo? perguntou Lilian

— Meu medo, não sei, que tal. Ficar invisível para a sociedade, não ser notado. disse Andrew

— E o seu Natasha ? perguntou Liam

— Não tenho medo. respondo — Minto, só um. Ficar sozinha, de modo que ninguém perceba meu sofrimento.

Mas não se engane, Natasha não tinha nada do tipo. “Frágil e que adora batom sabor cereja”. Nada disso. Encara os perigos de cabeça erguida, tomando cuidado para não tropeçar.

— Chega desse jogo. disse Natasha

— Tudo bem. disse Lilian

Recebo uma ligação, era a mamãe.

— Alô? Mãe? Tudo bem? pergunto

— Sim filha, preciso de um favor. disse a mãe

— Claro o que é? pergunto

— Preciso que você vá ao banco. disse a mãe

— Sem problema. respondo

— E entregue nesse endereço. Rua Oeste nº 150. disse a mãe

— Está bem. disse Natasha

Saímos e fomos até o endereço indicado um pouco afastado da cidade.

— É aqui? perguntou Andrew

— Sim. respondo

Era uma casa grande, roxa e assustadora. Parecia abandonada há anos.

— Vamos entrar. disse Natasha

— Espera, vocês nunca assistiram filmes de terror ou suspense. Assim que começa, um grupo de pessoas vão até a casa abandonada e depois desparecem. disse Liam

— Estou com medo Natasha. disse Lilian

— Não precisa é apenas uma paranoia de Liam. disse Natasha

— Fico melhor ouvindo isso. disse Lilian

— Não se preocupe. disse Andrew

— Eu não vou. disse Liam

— Então fique aqui sozinho. disse Natasha

— Quer saber eu vou. disse Liam

Entramos na casa e nos separamos.

— Vem comigo, Liam. disse Natasha

— Vou com o Andrew. disse Lilian

Subimos as escadas e demos de cara com um quadro sem rosto. Ou seja, foram retirados.

— Que bizarro. disse Liam

— Nem me fale. disse Natasha

— O que exatamente estamos procurando? perguntou Andrew

— Não sei exatamente. disse Lilian

— Você é diferente. disse Liam

— Diferente? Por quê? perguntou Natasha

— Não é tão marrenta, quanto pensava. disse Liam

Dou um soco no nariz dele, não suporto as piadas.

— Não, isso foi um elogio. disse Liam

— Vamos deixar o dinheiro aqui e ir embora. disse Natasha

— Magnífica ideia. disse Liam

— Ela é espetacular. disse Andrew

— Gosta mesmo dela? perguntou Lilian confusa e com o olhar surpreso

— Sim, a cada dia me apaixono, pelo seu jeito, o modo de vestir, a sua calça rasgada, a sua camisa preta no formato de caveira, o seu cabelo alaranjado, preso no rabo de cavalo. Enfim de tudo. respondeu Andrew

— Rápido, vamos. disse Natasha

— Claro. disse Liam

— O que aconteceu com você? perguntou Lilian

— Te explico depois. disse Liam

Ouvimos ao longe sirenes de polícia se aproximando.

— Não temos muito tempo. disse Natasha

— Uma armadilha? perguntou Lilian

— Provavelmente. respondeu Natasha

Seguro nas mãos de Lilian e a puxo para entrarmos no carro, damos partida e saímos pela estrada de terra até a cidade.

— Estranho, por que a mamãe faria isso com a gente? perguntou Lilian

— Talvez aquela ligação não fosse a mamãe.

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