Para o meu desgosto, Henry ficou mais tempo do que eu imaginava, esperava que ele fosse ver a Mia, mas logo fosse embora, ela é bebê, o máximo que faz é rir de suas palhaçadas e chorar de cansaço ou dor, o que ele tanto faz la em cima? Só falta ter dormido.
Agora me pergunto, onde estão suas viagens repentinas? Seu trabalho dia e noite, porque era isso que vivíamos nos últimos dias de casamento, um distanciamento total entre casal, nada mais mudava o nosso humor gélido um com o outro, odeio admitir isso, mas é a realidade, não nascemos um para o outro se é que existe isso, dou graças a Deus que tive uma mãe sabia e como ela mesma diz, ninguém morre de amor.
Fiz hora na cozinha esperando ele ir embora, mas nada, já era hora da Mia jantar e ele ainda estava com ela no quarto, não teve jeito, tive que intervir. Subi as escadas e fui até o quarto me deparando com ele deitado com ela ouvindo músicas infantis. Pigarreei e ele me olhou de imediato.
— Sei que está com saudades dela, mas está na hora dela se alimentar. — eu estava na porta do quarto, ele estava deitado com ela na poltrona e eu tentava colocar na minha cabeça que aquela cena não iria mais ser comum, não aqui em minha casa. Ele fez ela rolar de cima dele para o seu lado e se levantou.
— Dou a ela, já estamos descendo. — sem acreditar, respirei com pesar, estava desconfortável com sua presença, perdi até a fome, mas tentei ser paciente.
— Está bem, quando sair deixe ela com a Dora, estarei no quarto. — sai da porta e fui para o meu quarto para deixá-los à vontade com ela, imagino que o desconforto não seja só da minha parte, não quero minha filha no meio desse fogo cruzado, por ela tenho toda paciência do mundo, mas ele que não me teste já que também não quero essa rotina dele estar aqui diariamente.
Entrei no quarto e fechei a porta, preciso colocar minha cabeça no lugar e voltar a fazer a divulgação da minha loja, preciso recuperar o foco que perdi esses dias, graças a Deus os negócios têm crescido, já tenho condições de ajudar no sustento da minha mãe, estou até considerando trazê-la para morar comigo, só não sei se ela aceitará já que gosta demais do seu cantinho.
Enquanto estava deitada pensando na vida, Bárbara me ligou por chamada de vídeo, sorri quando a vi, estava com os cabelos verdes, ela vive mudando a cor dos cabelos, já mencionei que minha amiga é louca?
Chamada de Vídeo
— O que é isso, menina, o que você arrumou dessa vez? — Perguntei assustada, parecia cor de chuchu.
— Haha tô parecendo a fiona né. — Barbara j**a os cabelos fazendo a câmera chacoalhar.
— A fiona não tem o cabelo verde, ela é verde haha, mas gostei, você é muito estilosa, já te falei isso? — ela me olhou com o seu semblante sério que de sério não tem nada.
— A para Melissa, quando odeio o meu cabelo, você vem e diz que gostou? É muito do contra em, sai fia. — sorri me divertindo com ela, Barbara é minha distração diária.
— Fazer o quê, não tenho culpa da minha humilde opinião.
— Para de conversar à toa e me mostra a Mia, vai, vai, tira essa carinha doce da câmera, só de te olhar já me deu diabete.
— Estou no quarto, ela está jantando querida. — rolei na cama ficando de barriga para baixo.
— A que mãe desmazelada, Deus me livre, a menina fica com a babá o dia todo e a noite também?
— Hahaha engraçadinha, ela está com o pai e não com a babá.
— O Henry voltou de viagem?
— Sim, acho que voltou hoje. — ponderei ter ouvido alguém na porta e olhei em direção, mas não vi ninguém e voltei a falar com Barbara.
— E vocês se entenderam ou desentenderam novamente? — perguntou sabendo da nossa rotina corriqueira.
— Diria que resolvemos os nossos problemas, fica sussa não vou te importunar mais com minhas choradeiras. — Sorri sem entrar em detalhes.
— Ha, que bom, pelo menos resolveram, amanhã vamos almoçar, quero ver a Mia.
— Sabe que não levo a Mia em restaurantes né, sua louca. Tô considerando levar ela amanhã para a loja, a equipe estará toda lá, não terei tanto o que fazer.
— Então almoçamos amanhã e depois vou ver ela o que acha. Temos que colocar o papo em dia.
— Tá bom, pode ser.
— Beijo, minha chuchu.
— Beijo querida, até amanhã. — desliguei a chamada e deixei meu celular de lado, preciso pensar no que tenho que fazer amanhã além de ir ao banco, a minha cabeça parece que teve um apagão, nada me tira da cabeça que ele está aqui perto.
“Meu Deus, que saco, Melissa se desliga.” — pensei comigo mesma, deitei minha cabeça no travesseiro e fechei os olhos.
HenryAssim que vi Melissa sair daquela sala, praticamente empurrei Renata para longe e corri para o elevador, que se fechou antes de eu conseguir alcançá-lo. Mas não antes de ver o olhar de decepção de Melissa. Caramba, ela não merecia isso.— O que foi que eu fiz? — murmurei, atordoado, enquanto Renata vinha atrás de mim.— Ei, ei, aonde você vai? Deixa ela! — Ela disse, tentando me impedir.— Dá um tempo, Renata! — Saí disparado atrás de Melissa. Como o elevador estava ocupado, desci correndo pelas escadas. Quando cheguei ao térreo, a vi conversando com Ricardo, mas, ao ouvir minha voz, ela entrou no carro e partiu.— O que tá acontecendo, Henry? — perguntou Ricardo, surpreso, enquanto eu bati no carro, tentando impedi-la de ir embora. Mas era tarde demais.— Fiz besteira, irmão. Melissa me viu com Renata. — Passei as mãos pela cabeça, imaginando as conclusões que ela já devia ter tirado.— Você enlouqueceu? — Ricardo perguntou, sério.— Cara, eu nunca traí a Melissa... — disse, de
Desapego e Novos PlanosMelissaEstou finalmente me libertando e mudando os pensamentos de uma boba apaixonada. Sabe quando você cria a fantasia de que encontrou o amor da sua vida? Pois é, eu também tinha essa ideia. Achava que poderíamos superar qualquer fase ruim, mas essa ilusão desmoronou.Decidi evitar saber da vida pessoal do Henry. O que ele faz ou deixa de fazer não é mais da minha conta, desde que não envolva a mim ou à minha filha. Está na hora de seguir em frente. Tive meu período de luto sentimental, chorei o que tinha que chorar e perdi noites me perguntando o porquê de tudo. Por semanas, levantei exausta, com olheiras que tentava disfarçar com maquiagem. Mas agora estou cuidando de mim e me surpreendendo com a força que tenho encontrado. Bárbara, minha amiga, foi a única que esteve comigo, ouvindo todas as minhas lamúrias e me apoiando.Mas, infelizmente, as coisas não têm sido tão fáceis. Tenho visto Henry mais do que gostaria, pois ele vem diariamente à minha casa par
MelissaBárbara e eu terminamos nosso almoço e conversamos bastante sobre a viagem a Angra dos Reis. Quero muito ir e planejo levar Mia comigo. Henry, às vezes, faz questão de reclamar, mas estou decidida a ter esses momentos de lazer com minha filha. Cogito até convidar Dora para vir conosco. Ela vive sozinha na cidade e mora conosco; nada melhor do que uma viagem para que ela também possa descansar. Angra é linda, e será minha primeira vez lá, então estou empolgada com a oportunidade.Depois de muita conversa e risadas com a Bárbara, nos despedimos na porta do restaurante. Combinamos de sair mais tarde, e talvez seja bom para mim. Tenho mania de achar que só o trabalho me ajuda a descansar a mente, mas a verdade é que preciso de uma pausa real. Entrei no carro, percebendo que Bárbara conversava animadamente com o garçom.— Ah, essa Bárbara não perde tempo! O que será que ela está aprontando agora? — murmurei, manobrando o carro. Buzinei duas vezes, recebendo o aceno de despedida del
MelissaVoltei para casa cheia de sacolas. Dessa vez, comprei tudo que queria, e o caminho foi embalado por várias músicas de sofrência. Estacionei o carro em frente à casa e, assim que desci, percebi minha vizinha, Marli, de plantão na porta, me olhando de cima a baixo, como sempre. Essa mulher é insuportável — do tipo que faz questão de implicar com qualquer coisa. Nunca conversamos, e faço questão de manter distância. Seu marido e seu filho, por outro lado, são pessoas muito mais agradáveis e educadas. Diferente dela, ambos são tranquilos e simpáticos.Henry morria de ciúmes do filho dela, Rômulo, só porque ele trocava algumas palavras comigo sobre o dia a dia. Para Henry, isso já era motivo de sobra para implicar. Parecia até que ele queria me trancar em casa. Já Marli, contraditória como só ela, adorava bater papo com ele. E, segundo Rômulo, sua mãe detestava quando ele ou o pai conversavam comigo. O mais irônico é que ela vive de fofoca e, segundo Rômulo, elas acham que eu sou i
HenryFui tolo. Achei que minha filha ficaria tranquila na minha casa, afinal, ela nunca estranhou nenhum outro lugar antes. Mas foi o oposto: assim que acordou, Mia começou a chorar como nunca. Olhava para a sala, para as paredes, e seu choro só aumentava. Tentei acalmá-la, peguei-a no colo, cantei como sempre faço, mas nada parecia ajudar. Ela me olhava com aqueles olhinhos cheios de lágrimas, fazendo bico antes de soltar mais um choro desesperado. Meu coração apertou. Ela só parava um pouco quando eu mostrava seus vídeos infantis favoritos no celular, mas temia cansá-la demais. Mia é tão pequenina, mais franzina do que outras crianças da sua idade, e sempre me preocupei com isso.— Filha, é o papai. Olha aqui o papai. — Eu falava, tentando acalmá-la, mas era inútil; ela chorava sem parar, com as lágrimas escorrendo pelo rosto. — Meu Deus, vamos sair daqui. — Coloquei-a no bebê conforto e saímos do apartamento. No corredor, seu choro ainda ecoava, e temi que alguém achasse que eu a
MelissaHenry está testando minha paciência. Ele realmente pensa que pode marcar território aqui, como fez quando viu Rômulo no portão. Não sei qual a graça que ele encontra nessas provocações.Mais tarde, dei banho na minha pequena, e logo ouvi a campainha tocar, seguida dos gritos inconfundíveis da tia louca da Mia, Bárbara, entrando porta adentro.— Melissa, cadê minha lindeza? Melissa! Não me faça essa menina dormir, ou eu acordo ela! — Bárbara gritou da sala. Quando ela estava prestes a subir, eu e Mia aparecemos no topo da escada.— Deixa de ser doida, mulher! Olha aqui sua princesa, toda cheirosa. — Falei enquanto descia as escadas com Mia nos braços. Ainda me perguntei onde estava Henry, já que ele não estava na sala. Será que foi embora?— Ai, meu Deus, olha essa fofura! Vem com a tia, minha princesa! — Ela abriu os braços, e Mia logo sorriu contente. — Não me dê esse sorriso, ou vou te morder! — Bárbara pegou minha pequena no colo e fomos nos sentar.— Comprei cada look para
MelissaHenry não sabe disfarçar quando algo o incomoda. No momento em que olhei para ele, já vi aquela expressão revoltada que ele lança sem medir as consequências. Não me importo tanto, mas o desconforto que isso causa nas outras pessoas me incomoda. Assim que viu Henry, Rômulo se despediu rapidamente.— Meninas, foi bom conversar com vocês, e podem contar comigo para a festa. — Rômulo se levantou, nos cumprimentou com um beijo no rosto e se afastou, percebendo o olhar afiado de Henry, que, quando quer, realmente assusta.— Fica tranquilo, Rômulo, o Henry não é louco de tratar ninguém mal na minha frente. — Bárbara comentou, enquanto Henry se aproximava de nós com sacolas nas mãos.— Não quero problemas. — Ele respondeu, ciente da proximidade de Henry.— Oi, Bárbara. — Henry lançou um olhar de reprovação para mim. — Cadê minha princesa, o amor da minha vida? — disse, pegando Mia nos braços como se não tivesse passado o dia inteiro com ela.— Você não avisou nossa mãe que estava saind
Continuação...— Não fala assim, amiga, parece até que a Renata é mais importante para ele do que você. E ela não é. — Bárbara comentou, me fazendo rir.— Você é demais, Bárbara. Mas não dou duas semanas para eles assumirem que estão juntos. — Disse, expressando o que realmente penso. — Agora vamos nos arrumar, ou a gente não sai, né?— Claro que vamos. Esqueci minha roupa, mas vou buscar e já volto, ok?— Vai lá, estou te esperando. Seu pai passou aqui hoje e ficou um bom tempo.— Vou falar com ele sobre o Henry. Essa história de ele vir aqui todos os dias não está legal para você. — Ela falou, mexendo no meu cabelo.— Não fale nada. Só quero que a Mia não sofra com a ausência dele. Logo as coisas entram nos eixos.— Amiga, você está falando isso há três semanas e tudo continua igual ou até pior. Ele poderia vir em um horário em que você não esteja em casa. Caramba! É impossível superar quando ele aparece todos os dias. Vi no seu olhar que ele ainda mexe com você. — Bárbara disse, me